Repugnante, também, por impecavelmente redutor.
E reponho o comentário de Carlos Chaves, totalmente com ele irmanada. Só rezando
para que haja muitas excepções ao que expõe NAZARÉ ALEGRA:
CARLOS CHAVES: Então, mas os socialistas/comunistas estão lá há sete
anos e não está tudo bem nas escolas? Que surpresa!
Caríssima Nazaré Alegra obrigado por nos trazer este quadro arrepiante do que
se passa nas nossas escolas. Peço-lhe
desculpa por eventualmente a desiludir mas não, eles não vão resolver esta
crise na escola pública como muito bem lhe chama. Para eles não
existe crise, existe sim uma estratégia a ser aplicada para a destruição da
célula familiar (por exemplo através de políticas erradas de educação de género
e “cidadania”) e para manterem a sociedade inculta para melhor controlarem e
torná-la dependente do Estado (leia-se PS). Se o futuro de um país são as
crianças e os jovens, imaginem o que nos espera!
Que história é essa da crise na escola pública?
Nos recreios há muito tempo e espaço
para as drogas, para o bulling e para outras asneiradas que os tornam
irreverentes, malcriados, por vezes maus. Muito tempo de recreio cansa,
desmotiva.
NAZARÉ ALEGRA Ex-diretora de serviços da acção social da
Segurança Social. Ex-deputada da Assembleia Regional da Madeira.
OBSERVADOR,14
nov 2022, 00:049
As notícias sobre os problemas das
Escolas Públicas são muitas e foram imensas no início do ano escolar. A falta
de professores, o envelhecimento destes profissionais, o facto de muitos
professores se reformarem anualmente sem que sejam substituídos, a média da
idade dos professores ser cada vez mais alta, as greves da Fenprof
reivindicando-se melhoria de vencimentos e de carreiras, assim como melhores
condições de trabalho, tudo isto tem sido tão repetido que quem não tem filhos
em Escolas Públicas, ou mesmo quem tem, já não quer ouvir, não regista, não lhe
interessa.
Desliga-se. Tornaram-se um lugar-comum
este tipo de notícias e de greves.
Contudo, há sempre um dia em que a nossa
atenção para problemas desta gravidade “acorda”, desperta. E, de repente dei-me
conta da gravidade e variedade destes problemas. Vejamos alguns.
Bulling e violência.
Já há algumas semanas foi
noticiado que, numa Escola Pública com ensino secundário, cerca de meia centena
de jovens, que me pareceram ter 11/13 anos, bateram tanto num colega, que este
teve de ser levado à urgência de um hospital para receber tratamentos e não
estava nada bem. A notícia era acompanhada de um vídeo que assustava também
pelo número de alunos, todos em cacho, “malhando” num colega, fazendo um
barulho assustador. Que capacidade de violência, de insensibilidade, de
maldade, tinham aquelas crianças!
Estes jovens, fizeram bulling ao
colega, obrigando-o naquele dia a ir pedir namoro a uma rapariga, de joelhos,
no recreio da escola, para “gozarem”, pois sabiam que ela iria dizer que “não”.
Fuga da escola pública, crescimento
da desigualdade social.
No fim do ano escolar, alguém da
minha família telefonou-me para dizer que ia tirar o filho mais novo, de 12
anos, da escola pública para uma escola privada. Não tinha tido no 5º e 6º ano
professores “estáveis” em muitas disciplinas e a Matemática, no ano passado, só
teve professor em Maio. Os alunos passam muitas horas no recreio.
O filho gostava muito da escola. Os
primeiros quatro anos tinham sido muito, muito bons, mas o 5º e o 6º ano foram
muito problemáticos. Quando chegou à nova Escola, triste e desconfiado, foi
acolhido à porta por um professor e na turma foi surpreendido com a presença de
mais cinco ex-colegas cujos pais também os tinham transferido de escola.
Soluções inaceitáveis para a falta de professores.
Perguntei a um neto porque é que tinha
dificuldade com a Matemática. Houve épocas em que fora bom nessa disciplina. A resposta deixou-me
estarrecida. Não teve professor de Matemática no 7º e 8º ano. A solução que a
escola encontrou foi destacar para esta turma três professores com horários
incompletos, para darem os três a mesma disciplina: um dava aulas às
segundas-feiras, outro às quartas e o último às quintas-feiras. (Poupou-se a
admissão de mais um Professor!). Provavelmente, julgava ele, os professores
não faziam reuniões entre si e as matérias dadas não se articulavam bem umas
com as outras. Assim, sente-se com más bases, o que lhe tem dificultado muito o
10º,11º e agora 12º ano.
A abertura de contratação de
professores sem todas as qualificações.
Um jovem com o 12º ano, com 18 anos, ou
pouco mais, candidatou-se a professor da escola pública. Foi aceite, pelo que,
de momento (!), desistiu da faculdade.
Uma pequena abordagem da visão dos
alunos do secundário quanto à actual situação da escola pública. Combinei
então com outros netos, estes actualmente no 11º ano e que estão em escolas
públicas diferentes, para fazerem um pequeno inquérito sobre as dificuldades
que os alunos têm tido com o funcionamento das escolas e a falta de
professores.
Ao fim de três dias consideraram que o
inquérito não nos levava muito longe. As respostas eram sempre as mesmas.
Concluíram eles, em duas boas escolas
públicas, no centro de Lisboa, que:
os anos onde os alunos têm mais
dificuldades em ter todos os professores são o 5º, o 6º, o 7º e o 8º;
a disciplina onde se sente mais a falta
de professores é a de Matemática;
assim, disseram que os alunos no 10º ano
fogem sobretudo da Matemática e optam mais por áreas sem tanta matemática;
os alunos contactados dizem que a falta
de professores os desestabiliza, torna-os inseguros, condiciona o seu futuro,
pois as suas opções de vida profissional são afectadas pela forma como decorreu
o ensino;
há muitos alunos a quem os pais arranjam
explicadores, mas isso é caro e nem todos têm acesso a esse recurso, que também
nunca é solução na medida em que muitos alunos há que não se livram “do trauma
psicossocial de não terem um ensino organizado”.
Violência dos pais para com os professores.
Tinha pensado que já tinha um bom
número de “histórias” para tipificar minimamente a crise nas escolas públicas
quando, num telejornal recente, nos é dada a notícia de que numa escola pública
duas professoras foram agredidas por várias mães de alunos seus e tiveram
tratamento médico ou hospitalar. Uma das professoras não conseguiu voltar à
escola. A outra voltou, mas foi de novo abordada por essas mães que a ameaçaram
de mais agressões, não só a ela como à família, caso voltasse à escola.
O espanto desta professora era ter 20
anos de ensino e nunca ter tido ou sabido de algo semelhante!
O que se tem deteriorado velozmente:
vencimento, carreira, estatuto social e condições de trabalho.
Face ao acima relatado, lembrei-me de
que eu e os meus irmãos fomos para a escola pública (eu em 1947) numa cidade de
província, onde tal não era hábito. Os meus pais foram pedir conselho ao Delegado
Escolar, pessoa muito considerada na cidade, que lhes disse: “Ponham os vossos filhos nas escolas
públicas (então chamadas Escolas Oficiais), pois é onde estão os melhores
professores. Porquê? Porque só no Estado têm reformas iguais ao vencimento; só
no Estado têm férias; têm previsto nos horários tempo para preparar as aulas,
ver os exercícios e os trabalhos de casa; ganham os 12 meses do ano (não havia
14) e não estão sujeitos a serem despedidos no fim de cada ano escolar. Têm
estabilidade no trabalho. Entram para o Estado por concurso público, onde são
selecionados os melhores e passam a pertencer ao quadro de pessoal. Têm uma
carreira onde estão previstas promoções. Trabalham em edifícios com boas
condições. E são reconhecidos, têm um bom estatuto social, que lhes é conferido
pelos seus alunos, pelos Pais e pelas entidades locais.”
E nós andámos sempre em escolas
públicas. Aconteceu ainda que os meninos de estratos sociais mais altos
começaram a ir para a escola pública e a gostar.
Agora percebo melhor as dificuldades
dos professores e dos alunos nas escolas públicas, o comportamento destes nos
recreios, a falta de respeito pelos professores e funcionários, o esforço que
os jovens fazem para acertar na escolha do curso. Nos recreios há muito tempo e
espaço para as drogas, para o bulling e para outras asneiradas que os
tornam irreverentes, malcriados, por vezes maus. Muito tempo de recreio cansa,
desmotiva.
E para completar esta amálgama
de problemas, na Assembleia da República foi apresentado por 35 deputados
socialistas um projecto-lei
onde se exige que a escola aceite que uma criança de 6 anos, se o pedir, possa
ser tratada por outro nome por querer ter outro género e que se façam obras nas
casas de banho das escolas públicas para serem frequentadas em função do género
e não do sexo biológico.
Um problema desta complexidade, com efeitos burocráticos, legais,
necessidade de grande acompanhamento psicossocial dos alunos, da família e
mesmo da comunidade escolar - poderá a
legislação atirar para a escola pública todo esse trabalho, fazendo desaparecer
por magia o direito de tutela dos pais, o que ainda criará mais problemas a
estas crianças no seu meio socio-familiar.
Senhores professores, pais, Comissões de Proteção de Menores em
Risco, Juízes, Ministério Público, médicos, enfermeiros, psicólogos,
assistentes sociais, deputados, autarquias e sobretudo Governo, tratem das
escolas públicas, dos seus alunos, dos professores e demais pessoal.
Tratem desta Crise na Escola Pública com bom senso, saber, rapidez e
amor.
ESCOLAS EDUCAÇÃO BULLYING SOCIEDADE
COMENTÁRIOS (De 9)
Carlos Chaves: Então, mas os socialistas/comunistas estão lá há sete
anos e não está tudo bem nas escolas? Que surpresa!
Caríssima Nazaré Alegra obrigado por nos trazer este quadro arrepiante do que
se passa nas nossas escolas. Peço-lhe
desculpa por eventualmente a desiludir mas não, eles não vão resolver esta
crise na escola pública como muito bem lhe chama. Para eles não
existe crise, existe sim uma estratégia a ser aplicada para a destruição da
célula familiar (por exemplo através de políticas erradas de educação de género
e “cidadania”) e para manterem a sociedade inculta para melhor controlarem e
torná-la dependente do Estado (leia-se PS). Se o futuro de um país são as
crianças e os jovens, imaginem o que nos espera!
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