Julgava eu que seria geral a concordância
dos comentadores com os considerandos de Raquel Abecasis sobre Zelensky e o
povo ucraniano numa guerra criminosamente desencadeada por um
criminoso unanimemente assim considerado, pensava eu - e afinal defensor também,
Zelensky e o seu povo, deste Ocidente inerte (que, apesar de tudo, o apoia com
armas e bagagens, pelo menos até ver). O asqueroso comentário de Bento Guerra
provou que não era unânime esse pensamento e havia entre nós cá, como já se
provara meio século antes, aliás, os defensores das entregas pátrias aos
agressores apoiados pelos putins da época. Felizmente, houve quem desmascarasse
o Guerra (Bento). Repito, pois, os respectivos comentários – de Bento Guerra e NLB que nos ensinam sobre nós próprios, com os cobardes
pedantes “do costume” arrasados pelos
íntegros sabedores e respeitadores de antigas regras:
bento guerra: Esta também caiu no
espectáculo da entrada em Kherson, cidade abandonada pelos russos por óbvios
motivos tácticos. Antes de começar a destruição da Ucrânia (não tão grande como
as televisões comandadas mostram) teria sido possível uma negociação, apoiada
nos Acordos de Minsk, de 2014, sob o patrocínio de vários líderes. Mas o ego do
actor de comédia não resistiu e tem sido esta "mercearia de guerra"
diária. O país está com uma baixa do Pib superior a 30 por cento e vai viver da
caridade alheia, por décadas, além de perdas de vidas de ambos os lados e
milhares de milhões de destruição. Não ofendam o Churchill.
NLB > bento guerra: Para os apoiantes do criminoso
do Kremlin, os russos recuam e retiram-se sempre vitoriosamente. Cidade a
cidade, aldeia a aldeia, saqueiam, destroem, matam, violam, raptam e depois
retiram-se vitoriosamente até à "vitória" final. E ainda tem a
distinta lata de dizer que a destruição "não é tão grande como as
televisões comandadas mostram"! Devem os ucranianos ficar enternecidos e
agradecidos aos invasores por tamanho comedimento? E continua a falar nos
Acordos de Minsk, mas a omitir convenientemente o Memorando de Budapeste de
1994 (21 anos antes daqueles!), em que a Ucrânia aceitou entregar o seu arsenal
nuclear à Rússia em troca da garantia do respeito pela sua integridade
territorial. Tivesse este sido respeitado e nunca teria havido a anexação da
Crimeia em 2014, nem esta criminosa agressão à Ucrânia agora. Melhor teria sido
mesmo a Ucrânia nunca ter entregado o seu arsenal nuclear ao regime russo. Mas
disso não fala, claro. O costume...
Volodymyr Zelensky, o Churchill do século XXI
No dia 24 de fevereiro estávamos nas
mãos do ditador russo. Hoje esse cenário está afastado. Foi Volodymyr Zelensky
que nos salvou do triste realpolitik que nos deixava paralisados há muitas
décadas.
RAQUEL ABECASIS Jornalista e ex-candidata independente pelo
CDS nas eleições autárquicas e legislativas
OBSERVADOR, 15
nov 2022, 00:1742
No
dia 24 de fevereiro de 2022,
o mundo viu-se outra vez envolvido numa guerra com contornos perigosos e com
potencial para transformar o conflito numa guerra global. De um dia para o
outro, a Europa voltou a viver a destruição provocada pelas armas. Cidades
arrasadas, valas comuns, trincheiras cavadas e milhares de mortos e refugiados.
Um cenário impensável para um continente que, depois do fim da Segunda Guerra
Mundial, tinha feito um compromisso de paz duradoura.
A história repete-se. Infelizmente, o tempo vai esbatendo a memória e o
enfraquecimento das instituições e de quem as representa faz o resto. Quando
esquecemos a história e as raízes acabamos por abrir espaço à repetição dos
erros.
Felizmente, o horror que vivemos no
tempo presente trouxe-nos uma surpresa. Também é sempre assim na história, as
crises revelam o carácter daqueles que nos podem ajudar a sair delas.
Volodymyr Zelensky é sem dúvida o homem providencial deste início do
século XXI. Há poucos meses, o mundo conheceu um homem corajoso e determinado. A
coragem e determinação de Zelensky, aliadas ao seu sentido estratégico e à sua
fantástica capacidade de comunicação, estão a servir não só para um sucesso
totalmente imprevisível no desenrolar desta guerra, como na descoberta de um
líder que, aconteça o que acontecer, já ganhou e já garantiu o seu lugar na
história.
Ao
longo destes meses, vi muitos comentadores de bancada desvalorizarem as
pretensões de Zelensky e gozarem com as comparações entre o Presidente
Ucraniano e o herói europeu da Segunda Guerra Mundial, Winston Churchill. A
todos eles digo que é fácil destruir, difícil é construir em cima de ruínas e
Zelensky está a fazê-lo.
A começar no primeiro dia em que recusou o exílio dourado oferecido
pelos Estados Unidos e a acabar nesta luta incansável e inteligente que há nove
meses trava, dia após dia, contra a invencível Rússia, Zelensky está a dar
a todo o mundo a lição de que é urgente que todos compreendamos que o poder não
está nem no dinheiro nem na chantagem das armas, está na irredutibilidade dos
princípios e dos valores.
É
bom termos consciência de que no dia 24 de fevereiro estávamos nas mãos do
ditador russo, Vladimir Putin. Hoje esse cenário está afastado porque
em Kiev está e nunca deixou de estar Volodymyr Zelensky. Foi ele, com a sua coragem, determinação e
inteligência que nos salvou do triste realpolitik que nos deixava paralisados
há muitas décadas.
Agora
que estamos a entrar no Inverno e que a guerra vai surtir os seus efeitos mais
diretamente no nosso modo de vida, é bom não esquecermos que a nossa
liberdade e o nosso modo de vida estão dependentes do sacrifício de
Zelensky e de milhões de ucranianos que dão a vida para que continuemos a
viver a nossa vidinha. Qualquer sacrifício que tenhamos de fazer é uma anedota
comparado com o que o bravo povo ucraniano está a viver.
A conquista de Kherson traz-nos uma esperança, necessária para
ganhar coragem para os horrores que ainda aí vêm. Saibamos aproveitar para
recarregar energias no apoio a um povo e ao seu líder, que estão a fazer pelo
mundo e pela Europa o que poucos de nós seríamos capazes.
Sim, Volodymyr Zelensky é o Churchill do século XXI. E que
precisados que estamos de um homem assim à escala global.
GUERRA NA
UCRÂNIA UCRÂNIA EUROPA MUNDO
COMENTÁRIOS:
Manuel Cardozo; Bravo. Todos devemos estar espantados com a resiliência (esta sim) coragem
e bravura do povo ucraniano e sem dúvida Zelenski é quem melhor a representa.
Independentemente do que virá a seguir pode e deve ser já considerado o maior
defensor da liberdade e das liberdades dos indivíduos e dos povos, deste
século. Falta que lhe entreguem e ao povo ucraniano o Nobel da Paz. Maria Tejo: Completamente de acordo
consigo. Zelenski foi o Homem no sitio certo à hora certa que se revelou
espantosamente um grande líder e um grande defensor do seu país e do seu povo.
Convenceu os líderes gelatinosos europeus e mesmo mundiais com um simples argumento:
o de ter razão e legitimidade. Tal como Churchill fez lutando contra ventos e
marés. A Europa livre deve muito a Churchill, tal como o futuro deverá muito a
Zelenski. Obviamente nunca poderemos esquecer a ajuda preciosa do amigo
americano. Tiago
Manso: Excelente artigo. Tenho repetido inúmeras vezes que a geração europeia dos
nossos avós (ou bisavós, consoante o caso) estaria agora envergonhada com o que
se passa na Europa. Sim, eles combateram e morreram para salvar a Europa de Hitler.
O que faz a Europa hoje? Que líderes e estadistas tem, com determinação e
coragem para enfrentar o "Hitler do Sec. XXI" ? Nenhum! E
por isso a comparação de Zelensky a Churchill é mais do que justa: é factual. bento guerra: Esta também caiu no espectáculo
da entrada em Kherson, cidade abandonada pelos russos por óbvios motivos
tácticos. Antes de começar a destruição da Ucrânia (não tão grande como as
televisões comandadas mostram) teria sido possível uma negociação, apoiada nos Acordos
de Minsk, de 2014, sob o patrocínio de vários líderes. Mas,o ego do actor de
comédia não resistiu e tem sido esta "mercearia de guerra" diária. O
país está com uma baixa do Pib superior a 30 por cento e vai viver da caridade
alheia , por décadas, além de perdas de vidas de ambos os lados e
milhares de milhões de destruição. Não ofendam o Churchill Fernando CE: Comungo consigo a apreciação
que faz de Zelensky. É um Herói que não abandonou o seu povo. Um exemplo para a
Humanidade. Com ele, o valoroso povo ucraniano que não se rende nem se verga. E
uma palavra também para o apoio corajoso da presidente da comissão europeia
Úrsula von der Leyen e da presidente do parlamento europeu Roberta
Metsola, que se mostraram irredutíveis na ajuda à Ucrânia. Rui Lima: A Churchill deram o Nobel da
literatura parecia mal dar o da Paz, mas os heróis foram os ingleses e os seus
militares tal como hoje o é o povo e as suas forças armadas da Ucrânia, dão a
vida pela sua nação. Como no Ocidente querem matar a nação que já estão
moribunda nas escolas ensinam como eram maus os nossos heróis no meu tempo
Afonso de Albuquerque era um herói hoje até dizem que era um criminoso. A
consequência desta nova ideologia anti-nação aparece nas sondagem ninguém está
disposto a dar a vida pelo seu país Luís Maria Gonçalves:
Em 1938, Neville
Chamberlain entendeu que a negociação seria melhor forma de lidar com Hitler.
Sem consultar a Checoslováquia, acordou com os Nazis a cedência à Alemanha dos
Sudetas (parte daquele país onde a maioria da população era de origem
germânica) achando que assim apaziguaria Hitler e asseguraria a paz na Europa.
Em resultado destes acordo de Munique, o menosprezo de Hitler pelo Governo
Britânico aumentou de tal forma que, passado menos de um ano, aliou-se a Stalin
e à União Soviética (através do Pacto Molotov-Ribbentrop) percebendo que tinha
as mãos livres para redesenhar a Europa a seu belo prazer, invadiu a Polónia e
desencadeou a II Guerra Mundial. Tal como Hitler, Putin subiu ao poder com
legitimidade eleitoral, mas já confessou que o desmembramento da União
Soviética foi uma tragédia. Putin nunca pararia na Ucrânia: a Abkhazia, a
Ossétia do Sul, a Moldova e os países bálticos seriam os próximos objectivos.
Até onde vamos deixar? Obrigado Volodymyr Zelenskyy, obrigado Jens Stoltenberg. Miguel Araújo: Churchill era um
democrata...dizer o mesmo de Zelensky é criar um novo conceito de democrata..... NLB
> bento guerra: Para os apoiantes do criminoso
do Kremlin, os russos recuam e retiram-se sempre vitoriosamente. Cidade a
cidade, aldeia a aldeia, saqueiam, destroem, matam, violam, raptam e depois
retiram-se vitoriosamente até à "vitória" final. E ainda tem a
distinta lata de dizer que a destruição "não é tão grande como as
televisões comandadas mostram"! Devem os ucranianos ficar enternecidos e
agradecidos aos invasores por tamanho comedimento? E continua a falar nos
Acordos de Minsk, mas a omitir convenientemente o Memorando de Budapeste de
1994 (21 anos antes daqueles!), em que a Ucrânia aceitou entregar o seu arsenal
nuclear à Rússia em troca da garantia do respeito pela sua integridade
territorial. Tivesse este sido respeitado e nunca teria havido a anexação da
Crimeia em 2014, nem esta criminosa agressão à Ucrânia agora. Melhor teria sido
mesmo a Ucrânia nunca ter entregado o seu arsenal nuclear ao regime russo. Mas
disso não fala, claro. O costume...
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