OBSERVADOR,
21/11/22
Vidas! Alheias, nossas. Não é possível relativizar, afinal, no caricato
de uma contemporaneidade absurda – em esplendor e chiqueiro.
Uma excelente
crónica de PATRÍCIA FERNANDES, Professora na Escola de Economia e Gestão da
Universidade do Minho e na Faculdade de Letras da Universidade do Porto
I - NOTÍCIAS:
Formações e uma "taxa rosa". O dia 1 de votações
PAN lidera nas cedências feitas pelo PS nas votações para o OE, com um projecto-piloto
que vai distribuir bens menstruais, um estudo sobre a "taxa rosa" e o
"espaço Gisberta". Livre e PSD seguem atrás.
"Não há condições" para adesão da Ucrânia à
UE
Primeiro-ministro comparou entre media e redes sociais com a
"direita democrática" e a "direita populista". Defendeu
também reforma da ONU e disse que Ucrânia não deve aderir à UE agora.
AR despede-se
de Jerónimo, Chega não aplaude.
Jerónimo fica conhecido por
"cordialidade e simpatia" e deixa "muitos amigos" no
Parlamento, lembrou presidente da Assembleia da República. PSD juntou-se aos
aplausos, IL em parte e Chega não.
Em directo/ Boris: Putin queria
assumir-se como "novo czar"
Há 3 horas: Ucrânia diz que Rússia está a mobilizar
residentes na Crimeia
Há 3 horas: Ministro dos Negócios Estrangeiros da Hungria visita
Rússia pela 2.ª vez em seis semanas
Há 4 horas: AIEA conclui que não há
preocupações imediatas sobre segurança na central de Zaporíjia
Há
4 horas: Rússia inicia
transferência de activos em territórios anexados.
Ucrânia
"chega à Crimeia em dezembro"
Militar
na reserva, adjunto do ministro da Defesa ucraniano, acredita ser possível
recuperar a península da Crimeia até ao fim do ano. Um "cisne negro"
na Rússia ajudaria Kiev a alcançar os objectivos.
Rússia
patrocina terrorismo? PE diz que sim.
A
resolução, debatida na sessão plenária de outubro, tem aprovação garantida
pelos dois maiores grupos do PE, o Partido Popular Europeu (PPE) e a Aliança
Progressista dos Socialistas e Democratas.
Apoio à Ucrânia
será necessário por "muito tempo"
II- CRÓNICA:
“A Guerra ao Ocidente” e a encruzilhada
identitária
Murray assume
sem medo a defesa do ocidente e no fim o livro destaca os benefícios que os
brancos legaram ao mundo.Resta saber se é possível vencer a guerra quando
aceitamos entrar na luta identitária
PATRÍCIA FERNANDES Professora
na Escola de Economia e Gestão da Universidade do Minho e na Faculdade de
Letras da Universidade do Porto
OBSERVADOR, 21 nov 2022, 00:189
Quem
está familiarizado com os últimos livros de Douglas Murray (A estranha morte da Europa e A insanidade das massas)
não se surpreenderá com A Guerra ao Ocidente, publicado
entre nós no mês passado. O estilo jornalístico mantém-se, pelo que não se
trata de uma obra de filosofia ou teoria política: embora baseie a sua análise
em fontes académicas, Murray propõe-se descrever o que tem vindo a acontecer no
Ocidente a partir de exemplos e situações reais. Mantém-se igualmente o
principal mérito dos seus livros: o autor referencia todos os exemplos e
situações que percorre, possibilitando ao leitor a confirmação das informações
e a avaliação externa das suas afirmações.
De
um título tão combativo poderíamos esperar que Murray se debruçasse sobre as
várias dimensões de ataque aos princípios liberais do sistema ocidental, sob aquilo
que temos designado como wokismo.
No entanto, este livro circunscreve-se a uma dimensão muito particular desse
ataque: aquela que resulta da Teoria
Crítica da Raça (TCR), que acusa o projecto ocidental de ser
resultado de ideias de homens brancos e assente num racismo socialmente
construído.
É
então um ataque à “branquitude”
que Murray pretende denunciar, considerando, em especial, o que aconteceu nos
últimos dois anos. Na verdade, as ideias da TCR já se encontravam em ampla
circulação nos meios académicos norte-americanos desde os anos 1980,
promovidas por autores como Derrick Bell, bell hooks, Kimberlé Crenshaw e
Richard Delgado; mais recentemente, destacam-se Ta-Nehisi Coates, Ibram X. Kendi ou Robin DiAngelo.
Mas foi o verão de 2020, em resultado da morte de George Floyd, que levou à
explosão destas ideias e da popularidade do movimento Black Lives Matter (BLM),
naquilo que Murray diagnostica como um ataque cerrado, a partir da
perspetiva racial, à cultura, sociedade, conhecimento, princípios e valores
ocidentais.
Partindo assim da raça
(capítulo 1), Murray debruça-se sobre o ataque da TCR ao ensino da história e
ao simbolismo das figuras históricas (capítulo 2), passando pelo tema das
reparações. Mas eu
destacaria, certamente por defeito de formação, o capítulo 3,
dedicado à religião, filosofia e ciência. Aí,
Murray debruça-se sobre os autores clássicos que têm sido descredibilizados
como racistas – Immanuel Kant, Aristóteles, David Hume, John Stuart Mill –, e
sobre o espírito das Luzes que tem estado sob ataque:
“Porque o sistema que [foi aí estabelecido] é
a antítese do sistema que está hoje a ser construído: um sistema inteiramente
oposto à ideia de racionalismo e de verdade objectiva; um sistema dedicado a
varrer toda a gente do passado, bem como do presente, que não se vergue ao
grande deus do presente: “eu”.”
Em
particular, destaca a investida que é agora dirigida à mais inesperada das
vítimas:
“Isso
é precisamente o que foi feito nos últimos anos com o desenvolvimento da
“matemática equitativa”. Esta é a ideia de que a matemática é em si mesma
problemática. O argumento é que a matemática é elitista, privilegiada,
e, é claro, intrinsecamente racista. [Mas] como pode um sistema que deve a sua
origem a várias civilizações, e que foi refinado no Ocidente nos últimos
milénios, ser visto como sistematicamente racista?”
Para Murray, um dos aspectos mais
relevantes desta guerra é o facto de ser promovida a partir de dentro do
próprio ocidente e não de potenciais inimigos externos. Pensemos, a título de
exemplo, em Robin DiAngelo e o seu livro Fragilidade branca: porque é tão difícil para os
brancos falar sobre racismo. Para esta autora, branca, o mundo actual
é resultado de decisões que visaram propositadamente a construção de uma
sociedade que beneficia os brancos. Nesse sentido, o racismo não carece de
prova – o sistema foi construído a partir de bases racistas – e a supremacia
branca é um facto – o sistema garante que todos os brancos beneficiem dele. Os
brancos devem “entender o racismo como um sistema para o qual [são]
socializad[os]” e não como “atos intencionais de discriminação racial cometidos
por indivíduos imorais”. E, em
prol da justiça racial, devem reconhecer a sua branquitude e o seu consequente
privilégio e tornar-se abertamente antirracistas.
(Entre
nós, a mais recente polémica sobre os polícias que terão, alegadamente,
proferido afirmações discriminatórias e racistas confronta-nos com o âmago
deste raciocínio: há responsabilidade individual quanto a esses actos, ou somos
todos vítimas pactuantes de um sistema estruturalmente racista? Voltaremos em
breve a este livro.)
O
argumento que DiAngelo nos apresenta coloca-nos na encruzilhada identitária: ele
força-nos à identificação como brancos.
Seguindo a tradição liberal, muitos autores tentam fugir ao dilema e recusam
autoidentificar-se desse modo. Mas Douglas Murray toma um caminho diferente:
“Não penso especialmente em mim como sendo branco e não quero particularmente
ser empurrado para pensar nesses termos. Mas se me vão encurralar, então
deixem-me dar-vos a melhor resposta de que sou capaz.”
Encostado à parede, assume sem
medo a defesa do ocidente, e as últimas páginas do livro são dedicadas a todas
as conquistas e benefícios que os brancos legaram ao mundo:
“O bom de se ser branco inclui ter
nascido numa tradição que deu ao mundo uma quantidade imensa, se não a maioria,
das coisas de que o mundo atualmente beneficia. A lista de coisas que os
brancos fizeram pode incluir muitas coisas más, como acontece com todos os
povos. Mas as coisas boas não são poucas.” (continua)
Resta saber se é possível vencer
a guerra quando aceitamos entrar na luta identitária.
P.S.:Um
dos exemplos referidos por Douglas Murray é a luta de Jodi Shaw contra o Smith
College por discriminação racial. A experiência de Shaw é sintomática dos
nossos tempos e as suas reflexões são muito
pertinentes. Destaco, em particular, o
documentário realizado por Eli Steele (e o dilema central de tudo
isto que é retratado nos dois minutos finais).
RACISMO
DISCRIMINAÇÃO
SOCIEDADE
COMENTÁRIOS:
João Floriano: A Guerra ao Ocidente e a
guerra a Ocidente, visto que estamos metidos numa verdadeira guerra de valores.
Há uma constatação para a qual não consigo encontrar resposta: trata-se dos
grandes movimentos emigratórios. Emigra-se de Africa e Ásia para a Europa e do
sul e centro da América para o norte, ou seja, foge-se para a branquitude e não
da branquitude. Um mundo cancelado na sua branquitude será um mundo mais pobre
e em vez de avançar vai retroceder. Todos os movimentos transportam consigo
as sementes da sua destruição. O wokismo não será diferente. Resta
saber até que ponto irá na sua destruição da civilização ocidental. Mesmo
que eu não esteja doente se alguém junto de mim insistir na minha palidez,
olheiras e ar cansado, acabarei por me olhar ao espelho e ver precisamente a
imagem que me é descrita. O racismo entre nós está a ser tratado desse modo.
todos os dias somos bombardeados com opiniões e convicções sobre o nosso
racismo e mesmo que saibamos que não o somos, acabamos por pensar que
afinal talvez estejamos enganados. Quem anda por aí no dia-a-dia encontra
inúmeros exemplos deste mal estar plantado e desenvolvido pelo wokismo. Importaram uma praga que tudo consome e agora
queixam-se dela e alimentam-se dela.
Rui Lima: O Ocidente comprou o sentimento de culpa que lhe foi vendido por radicais,
a autodestruição da nossa civilização vai a bom ritmo. Neste momento é
impossível reverter a situação a demografia será implacável seremos
minoritários e teremos de prestar contas a outro Deus. O nível de riqueza
atingida só foi possível com os valores do povo europeu e com os europeus na
Europa ou com os europeus que foram para USA, Canadá ou Austrália …mais nenhum
povo teve o nosso sucesso uns nem a roda utilizavam outros nem escrita tinham. Com
menos percentagem de europeus na Europa, o caminho é empobrecer nas grandes
cidades o que vemos é terceiro mundo, mas para meu espanto andei vendo pequenas
localidades na província em França e estou em estado de choque. Os
sinos dobram pela minha civilização com a cumplicidade das elites e indiferença
do povo manietado pelos políticos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário