Bonita história de força moral feminina. Também as há –
e muitas! – masculinas. Têm um chefe a servir de exemplo.
GUERRA
NA UCRÂNIA
"Disseram-me que a minha tarefa era não morrer,
mas viver". Jornalista ucraniana recorda os primeiros dias da
invasão russa
No dia 24 de fevereiro, Margaryta Rivchachenko estava à
porta do centro de recrutamento em Kiev. Horas depois chamavam-na como paramédica
e começava o seu trabalho: “Não morrer”.
OBSERVADOR, 15
nov 2022, 01:08 1
▲“Lembro-me de estar em choque
durante muito tempo”, disse Margaryta
Quando Margaryta Rivchachenko acordou no
dia 24 de fevereiro, por volta das 10h00, o telemóvel estava inundado com
dezenas de chamadas e mensagens da família e amigos. A Rússia tinha invadido o
território ucraniano. A guerra tinha começado.
“Lembro-me
de estar em choque durante muito tempo”, recorda numa entrevista ao El Mundo, a partir da Ucrânia. Assim que se recompôs, não
perdeu mais tempo. A jornalista, de 25 anos, saiu de casa e foi doar sangue a
um hospital em Kiev. Pouco depois seguia para um escritório de recrutamento com
um grupo de amigos. “Abria às 8h00,
mas chegamos às 6h45. Queríamos ser os primeiras a alistar-nos”, explica.
A resposta no centro de recrutamento não
foi o que estava à espera: “Meninas, é
melhor irem-se embora … ou cozinhar algo para nós. A guerra é
aterrorizadora, porque é que se querem alistar?”. A conversa não a
desmotivou e, horas depois, recebia a chamada de que precisavam dela não para
combater, mas como paramédica. Começava, assim, o seu trabalho: “não morrer”.
“Disseram-me
que a minha tarefa era não morrer, mas viver. Se um médico fica ferido é um
problema, porque ameaça a segurança dos outros soldados.”
Começou por ajudar na defesa da
Ucrânia como paramédica, mas agora é como assessora de imprensa que continua a
ajudar o país. As redes sociais, onde tinha uma presença forte antes da guerra,
são uma das suas armas e é através destas plataformas que tem lançado campanhas
para apoiar as tropas ucranianas. Na última angariação conseguiu 45.500
euros para adquirir roupas quentes para ajudar os soldados a enfrentar o
inverno duro que se aproxima, contou ao El Mundo.
Nas páginas nas redes sociais há um
antes e um depois da invasão. As imagens de viagens, saídas com amigos são
apenas uma recordação. No dia 24 de fevereiro Margaryta Rivchachenko aparecia de
sorriso no rosto, no centro de recrutamento em Kiev, assumindo que “não podia ficar quieta” enquanto decorria
uma guerra e a sua família era bombardeada. Dias depois publicava a primeira fotografia já fardada, reconhecendo que “já nada
restava da vida passada”. Desde então, é raro vê-la sem a farda vestida.
Contínua uma presença assídua nas redes
sociais, mantendo o bom humor, enquanto partilha com os seguidores o dia-a-dia
num país em guerra. “Obrigada pelos
fones. Agora há uma hipótese de não ser uma avó surda aos 25 anos”, escreveu
recentemente numa publicação na conta de Twitter.
“Tive
de me juntar ao exército ucraniano para receber um bouquet destes”, escreveu numa outra publicação, partilhando o momento
em que recebeu um enorme ramo de rosas vermelhas na véspera do Dia da Mulher.
Até 23 de fevereiro “tinha uma vida bela e glamorosa”, resume num dos
últimos posts no Instagram. Regressava de uma viagem para celebrar o
aniversário e, pelo meia dia de 24 de fevereiro, estava no centro de
recrutamento. Foi uma decisão consciente, resume: “Ou lutamos todos e sobrevivemos, ou nós e o nosso país vamos
morrer”.
GUERRA NA
UCRÂNIA UCRÂNIA EUROPA MUNDO
COMENTÁRIOS
Manuel Cardozo: Belo exemplo. Estou emocionado
e é por isso que acredito que o mundo ainda pode ter salvação.
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