O barro humano
Cada vez mais barrento. Ainda bem que Alberto Gonçalves pega no tema, com a habitual destreza
intelectual, mau grado a insanidade mental destes tempos, que não impedirá o
aborto de prosseguir e se enraizar neste espaço terráqueo, indiferente à
indignação, suponho que geral, descontando as tais acefalias das competências falsamente
apiedadas do costume, apenas desejosas de saliência…
O assassino que era “eles”
A militância LGBT&Cia. reconhece,
sem reparar, o favorecimento que a sua cultura da vitimização suscita. Tanta
lamúria contra o privilégio acabou por produzir peculiares nichos de
privilegiados.
ALBERTO GONÇALVES Colunista do
Observador
OBSERVADOR, 26 nov 2022, 00:224
Há dias, numa cidade do Colorado, um
sujeito armado entrou numa discoteca gay, matou cinco pessoas e feriu dezoito. O acontecimento tinha tudo para excitar os
“media”, que à questão do controlo das armas podiam acrescentar o “crime de
ódio”, protagonizado pelo típico fanático de extrema-direita, motivado pela
“homofobia”, o “fascismo”, o “trumpismo”, o “divisionismo”, o “racismo”, a
“supremacia branca” e a reacção conservadora ao avanço das políticas
“identitárias”. As redes sociais já acendiam fogueiras e preparavam a festança.
Estava a caminho um drama nacional, quiçá global.
Infelizmente,
os advogados do homicida tornaram pública a informação de que este se diz “não-binário” e que atende pelos pronomes “they/them”. Ou
seja, que em princípio integra a popular “comunidade”
LGBTPlus. Num
ápice, a maioria dos “media” moderou o assunto quase ao ponto do sumiço. Quanto
às redes sociais, e a uma minoria rija dos “media”, aproveitaram as fogueiras
entretanto acesas para, inabaláveis, prosseguir o berreiro contra a
“homofobia”, o “fascismo”, o “trumpismo”, etc. E para colocar em causa que o
assassino seja de facto aquilo que diz ser.
Aqui
é que a história começa a ficar interessante. O primeiro mandamento
nas Novas Tábuas da Lei ordena: “Nunca duvidarás da forma pela qual um
indivíduo se identifica, ou do género que adopta, opções que respeitarás cega e
inequivocamente”. Sucede
que, no caso do homicida do Colorado, houve quem desatasse a duvidar. Para
inúmeros simpatizantes da “causa” LGTBExtra, o homicida é mentiroso e os
advogados do homicida são mentirosos. Dando voz aos gritos de milhares de
anónimos, uma transsexual convidada pela CNN diz que viu imagens e concluiu de
imediato tratar-se de um homem, e dos “binários”.
Não sei se a tal transsexual da CNN também não seria apenas um moço
com peruca. Sei que, a partir do instante em que se manda às malvas o direito à
“auto-identificação” de acordo com interesses circunstanciais, a arbitrariedade
do exercício é exibida às claras. Urge, pois, reescrever o primeiro mandamento:
“Nunca duvidarás da forma pela qual um indivíduo se identifica, ou do género
que adopta, opções que respeitarás cega e inequivocamente, excepto se isso
criar engulhos aos delírios que gostamos de espalhar”. De repente, a
possibilidade de se poder fingir ser o que não se é torna-se real. E, com uma
crueldade que só se conhecia no heteropatriarcado branco, passe o pleonasmo,
despacha-se o pobre homicida com os pronomes “he/him”.
O empenho em recusar a alegada escolha do homicida é engraçado. O argumento subjacente tem mais graça: o homicida,
garantem, mente para ser beneficiado na Justiça. Vamos admitir que a conversa do “não-binário”, por
parte do atirador, é mesmo conversa, como aliás costuma acontecer. O ponto não
é o logro, e sim as consequências do logro. A
militância LGBT&Cia. reconhece, sem reparar que reconhece, o favorecimento
que a sua cultura da vitimização suscita. Tanta lamúria contra o privilégio
acabou por produzir peculiares nichos de privilegiados, uma piada cuja “punch
line” se perde logo que percebemos o respectivo perigo.
A
cartilha “identitária” pode ser primitiva, cómica, infantil e, conforme provam
as reacções ao trágico episódio do Colorado, facilmente exposta ao ridículo. É
ridículo definir indivíduos segundo traços privados, socialmente irrelevantes e
frequentemente inventados. E é de um ridículo maior impor a todos a
categorização determinada por cada um. Mas sobretudo a cartilha “identitária” é
perigosa, e perigosíssima no estranho universo da propaganda “trans”.
Uma coisa é uma criatura – uma
criatura que não sofra de rara disforia de género – imaginar ser o que
evidentemente não é, desde um espécime do sexo oposto a um exemplar de espécie
diferente, passando por uma personagem de ficção ou um objecto inanimado. Outra
coisa é sermos compelidos a participar na farsa, sob pena de acusações de
intolerância e, não se riam, “bullying”.
Outra coisa ainda é transformar (com trocadilho) a
farsa em programa, o programa em lei, a lei em crime, o crime em negócio. O inexplicável subsídio de 1200 dólares
mensais que, na semana passada, a cidade de São Francisco entendeu distribuir
entre uma quantidade por enquanto reduzida de transsexuais é praticamente um
gesto inócuo, se comparado com a mutilação hormonal e física de menores de
idade. Nos EUA e no Canadá,
milhares de meninos e meninas que anteontem acharam “giro” declararem-se
meninas e meninos são hoje submetidos a “tratamentos” para uma doença de que
não padecem. E há pais, escolas, televisões, médicos e autoridades que,
excitados por dinheiro, ideologia ou distúrbio mental, incentivam e patrocinam
a atrocidade.
Por
cá, estamos nos primórdios de tamanho impulso civilizacional. Temos partidos mortinhos por trocar o sexo
de fedelhos. Temos escolas com casas de banho à vontade do freguês. Temos um
hospital público com “redução do tempo de espera das intervenções” à “população
transgénero”. E teremos a proposta do Livre, que agora se enfiou no OE e prevê
um plano “interseccional” de “formação” em “direitos humanos” aos funcionários
públicos. E que inclui uma atenção natural aos “conteúdos” sobre “pertença
étnica”, “multiculturalidade” e, não falha, “LGBT”, com peso enorme do “T”. Às sumidades que aprovaram isto, a AR
em peso com o voto contra do Chega e a abstenção do PSD, não ocorre a
fundamentação nula destes “avanços”, não ocorre que os cidadãos são iguais
perante o Estado, e não ocorre que a discriminação, negativa ou positiva, é
sempre negativa para alguém. Ou ocorre, o que é bem pior. Dividir para reinar,
hierarquizar para oprimir.
Até ver, do circo de horrores montado nos enclaves “progressistas”
da América do Norte separa-nos o espaço do oceano e o tempo da periferia que
somos. Mas a coisa faz-se. No que toca à importação de demências, os
portugueses são submissos. Embora não se identifiquem assim.
IDENTIDADE DE
GÉNERO SOCIEDADE JUSTIÇA
COMENTÁRIOS:
Alcides Longras: À imagem de inúmeros "activismos" e "revoluções" que se
promovem ad aeternum, a identidade de género auto-alimenta-se e,
infalivelmente, auto-destruir-se-á. Lamento as vítimas que, no
tempo em que duram estas corridas em círculos, irão tombar ao ciclo vicioso que
a super-humanidade insiste em promover. Manuel Martins: Este caso, e outros que temos
por cá, são a consequência da tendência de proteger e beneficiar as minorias. O
problema está na discriminação invertida que, se é óbvia na comunicação social,
já atingiu a justiça: qualquer crime é mediatizado e tem pressão política para
a condenação pesada se for cometido por homens branco heteros, mas se for
cometido por mulher, alguém lgbt ou minoria, tal não ocorre ou então ocorre no
sentido da desculpabilização (a tal culpa da sociedade que " obrigou"
a " vitima da sociedade " a cometer crimes) Fernando Cascais:
Quando Deus
construiu Adão e Eva no seu laboratório celestial estes não tinham sexo, eram
anjas. Foi o Diabo disfarçado de falo rastejante que tentou Adão a colocar o
acessório. Assim que Adão adulterou a obra de Deus começou a olhar para o rabo
de Eva com intuitos maliciosos. Eva gostou de ser observada e adulterou-se
também para acolher Adão. Deus zangou-se com os dois e disse à anja Gabriela
para os expulsar do reino. As famosas anjas caídas são Adão e Eva, que com os
acessórios malignos e géneros diferentes reproduziram a Terra. Bem, ou isto ou
os Anunnakis, os deuses astronautas, que quando chegaram ao nosso planeta
precisaram de uma pilinha para fecundarem algumas primatas mais evoluídas para
criarem a raça humana. Em qualquer dos casos o acessório ficou. Não
obstante, a fórmula de Deus ou dos deuses astronautas ficou inscrita no nosso
ADN, e hoje, com o nosso desenvolvimento evolucional, demos conta que nos
podemos livrar do acessório e voltarmos ao estatuto de anjas ou de seres
universais. Os movimentos LGBT são o primeiro passo para ultrapassarmos a
fronteira do homem-macaco e aproximarmo-nos dos deuses. Felizmente que não vai
ser no meu tempo, porque, sempre dei muita importância ao meu acessório. Num
futuro breve, a reprodução será laboratorial, e, se num futuro mais distante
descobrirmos a imortalidade, deixamos de ter necessidade de nos reproduzirmos.
BFS Alcides
Longras > Fernando Cascais: Se para uns, o
"acessório" diz-se ter sido "mal distribuído", para outros
torna-se evidente que faltam certos acessórios. Como aquela protuberância entre
os ombros. Ou então estamos perante um caso de "identidade cerebral" e,
neste, a opção pretendida seja pelo "acéfalo"...
Nenhum comentário:
Postar um comentário