domingo, 30 de novembro de 2025

Nugas


Habituados que a isso estamos. “Quanto é melhor esperar por D. Sebastião…” mesmo sem bruma.

O “traidor”

Ronaldo já dera indícios de perdição. Daí a precipitar-se na Geena da Casa Branca na comitiva do mafarrico Mohamed Ben Salman para cair nos braços do Grande Satã seria um passo.

JAIME NOGUEIRA PINTO Colunista do Observador

OBSERVADOR, 29 nov. 2025, 00:1854

Como sabem todos os que me conhecem, não percebo nada de futebol. Mas sei que Cristiano Ronaldo é capitão da selecção nacional e um grande jogador de futebol, talvez o melhor do mundo. E também que é o português mais famoso do globo. Sei ainda que se chama Ronaldo em homenagem a Ronald Reagan, o tal que, antes do advento de Trump, era “o actor de segunda” preferido da Esquerda, o representante máximo do mais abjecto fascismo, da mais extrema das extremas direitas. Um sinal premonitório, talvez.

Ronaldo já dera indícios de perdição: caíra na blasfémia de falar da sua fé em Deus, incorrera na heresia de se manifestar contra a agenda “cultural” das novas esquerdas e cometera o pecado capital de dizer bem de Trump.  Daí a precipitar-se na Geena da Casa Branca na comitiva do mafarrico Mohamed Ben Salman para cair nos braços do Grande Satã seria um passo.

“Entrou por terrenos que não domina” afirmou doutoralmente um especialista, desses que, se deixarmos, nos entram em casa para nos explicarem o mundo.  Ronaldo podia ser muito bom nos terrenos relvados, a correr e a dar chutos na bola, mas não percebia nada dos complexos terrenos da alta política e estratégia internacional (que eles, especialistas, dominavam). No fundo, não passava de um futebolista iletrado de Câmara de Lobos que cometera “o engano” (ou, menos insultuoso para Ronaldo mas mais grave para Portugal e para o mundo, “a traição”) de se sentar à mesa com o Hitler norte-americano, a estrela negra de todos os polígrafos, o símbolo da direita radical e do populismo neo-fascista. E depois, Ronaldo era um funcionário da Arábia Saudita, um “animal de companhia” do Xeique, que se deixara passear até à Casa Branca pela trela das suas obrigações contratuais, a fim de branquear o regime saudita e amaciar o Ogre norte-americano, que, como é sabido, se alimenta de celebridade e de celebridades (sendo, de resto o único político que usa e aprecia a iguaria). Sim, Ronaldo, carente de palco e de atenção, queria palco e atenção, o pobre queria estar entre bilionários e ombrear com os poderosos da terra

Mas se queria palco, enganou-se, porque – sempre segundo os especialistas nacionais – foi parca a projecção internacional do crack português. Ainda que a sua visita à Casa Branca tivesse saído com destaque em alguns órgãos de comunicação de somenos (New York Times, Le Figaro, C-News, Paris Match, 24 heures, El País, ABC, La Razón), o que era essa efémera glória, perante a gravidade do acto que cometera? Não mais do que os trinta dinheiros de Judas, a vil recompensa por uma inqualificável traição à pátria (ou melhor, à boa opinião dos fazedores de opinião da pátria).

Isto e muito mais disseram os media e os comentadores domésticos que não costumam falhar sobre a América (excepto, talvez, quando da eleição americana de 5 de Novembro de 2024, que afinal Kamala Harris  não ganhou, ou quando, nas anteriores presidenciais, apostaram tudo na Administração Hillary).  Engano, ignorância, ambição, ganância, traição, tudo isso estaria por detrás do abjecto comportamento de Ronaldo.

Tudo menos a motivação mais simplesa avançada pelo conhecido editor de desporto do New York Times, Henry Bushnell, em “Ronaldo, Trump, MBS at the White House? This is the world in 2025 (and World Cup in 2026)”.

E o que dizia Bushnell no editorial, depois de elaborar sobre o interesse mútuo de Trump e Ronaldo no encontro e sobre os vários interesses desportivos, económicos e políticos em jogo no jantar da Casa Branca? Dizia que, quanto a Ronaldo, devia conceber-se a explicação mais simples (que é também a mais inconcebível para a nossa “boa opinião”):  que o futebolista português quisera conhecer Trump porque – imagine-se – admirava Trump, para ele o único capaz de acção, ou da acção necessária para se pudesse fazer a paz.  De resto, tinha-o dito claramente a Piers Morgan: “Gostava um dia de o encontrar … Quero mesmo estar com ele, aqui ou onde quer que seja, porque ele é uma das pessoas que podem fazer as coisas acontecer. E eu gosto de gente assim”.

Ora Cristiano podia passar entre os pingos da chuva com uma declaração destas na América, mas não aqui, não em Portugal. Aqui não se pode gostar de “gente assim”.  Aqui, só gostam de “gente assim” os ignorantes, os enganados, os ambiciosos, os gananciosos, os traidores.

Pensando bem (ou tão bem como os nossos bem-pensantes) deve até ter sido para subir na consideração geral, começando por subir na consideração doméstica, que Donald Trump, o odioso pináculo da “gente assim”, quis ter Ronaldo na Casa Branca, chegando mesmo a confessá-lo no discurso do jantar.  Disse o Presidente norte-americano que quando apresentou Ronaldo a Barron, seu grande fã, subiu na consideração do filho: “I think he respects his father a little bit more now” .

Como é sabido, contribuir para que Donald Trump suba na consideração de quem quer que seja é um pecado capital e um acto de traição. E vindo de Cristiano Ronaldo, uma das bandeiras nacionais, a traição é à pátria.

Não admira que o país mediático tenha ficado entre o choque e a incredulidade. Efeitos do TDS, Trump dérangement syndrome, que não os poupa.

A SEXTA COLUNA       HISTÓRIA       CULTURA       CRISTIANO RONALDO       FUTEBOL       DESPORTO

COMENTÁRIOS (de 54)

José Cortes: Devia-se ler mais Ayn Rand e perceber o Objectivismo. Que nunca se lhe canse a pena, Jaime Nogueira Pinto.                   Antonio Madureira: Excelente análise! Parabéns.       Luis Silva > Manuel Gonçalves: Alguns boys pensam, na sua cegueira, que vêem mais que os outros.                 João Floriano: Jaime Nogueira Pinto escreveu a crónica VERDE. Já tínhamos a canção O Nosso Amor é Verde. O Cristiano Ronlado é Verde de coração porque foi no Sporting que começou a sua carreira de grande futebolista. Verde também é a inveja nacional, esse grande defeito tipicamente nosso. Finalmente é Verde como as uvas cobiçadas pela raposa que como as não conseguia alcançar, voltou-lhes a cauda felpuda com ar de desprezo. Mas quando um bago caiu, a raposa cheia de esperança voltou para o reclamar. São como raposas desdenhosas os que censuraram Ronaldo por se ter banqueteado com  a vinha inteira. Não sou dos que idolatra Ronaldo, mas reconheço-lhe enormes qualidades de trabalho, persistência, disciplina, amor pelo que faz, que o tornam um caso de excepção e de exemplo em Portugal e no mundo. Mas como diz o ditado: «Os cães ladram e  a caravana passa».                               Maria Emília Santos: Óptimo artigo, disse tudo o que era preciso! As coisas são assim, porque a comunicação social em Portugal pertence à esquerda e logo, só tem direito a antena quem é de esquerda! Trump e Cristiano Ronaldo são de direita, por isso é preciso denegri-los! O que Cristiano Ronaldo devia fazer, era criar um canal de televisão neutra, em Portugal, que defenda a verdade e informe os portugueses da realidade! Parabéns Cristiano Ronaldo pela coragem de enfrentar os mentecaptos ideológicos! O mais importante para nós portugueses, neste momento, era uma comunicação social  neutra, que nos permitisse ser livres! A Cristiano Ronaldo fica o pedido dos portugueses da criação de um canal de televisão NEUTRO! UM CANAL DE NOTICIAS QUE NOS TORNE LIVRES!                Maria Cordes: O pensamento português, se é que existe, está espartilhado por uma censura muito mais efectiva e obscurantista, do que a do lápis azul do Estado Novo. Quem discordar, é condenado à fogueira e no inconsciente, vai-se forjando uma censura interior. Quem há dois ou três anos, dizia alto e bom som, numa sala, que votava Chega? O choque era semelhante ao de anunciar que iria iniciar uma sessão de striptease. Nos muceques que se criaram em Portugal, o Chega é admirado, sem constragimentos.                  Lily Lu: Grande Cristiano.     Maria Nunes: Excelente artigo JNP.                      granel cardoso: Na mouche, obrigado, JNP           Manuel Gonçalves: O putino-trumpismo é uma realidade muito perigosa: Já morreram centenas de milhares, provavelmente mais de um milhão de pessoas, às mãos do ogre Putin, com quem Trump, por si ou pelos seus amigos/ intermediários mais próximos, tem óptimas relações; Corrupção e nepotismo nos EUA a uma escala nunca vista no mundo ocidental das últimas décadas; Destrate e traição dos aliados; Veneração dos regimes totalitários - até com a actual Venezuela ele se entende, se tiver vantagens pessoais, familiares ou de grupo; Tudo num invólucro de publicidade e propaganda, para enganar os ingénuos. Mas enfim, há quem não veja nada e se dedique a artigos “ Alberto Gonçalves “                   Maria Helena Oliveira: Hilariante.                  Manuel Magalhaes: Cristiano Ronaldo é uma pessoa completamente independente pois toda a notoriedade que conquistou foi por mérito próprio e por isso não deve nada a ninguém e está no seu pleno direito de fazer, dizer e ter as opiniões que muito bem entender, nós portugueses é que temos de lhe estar agradecidos por, repito, por mérito próprio ter projectado o nome de Portugal no mundo da forma como o tem feito e sem nos pedir nada em troca!!!                Sr Leão: JNP, mais um artigo que, sendo de opinião, também é de verdade.          Américo Silva: Muito bem!          Francisco Almeida: Não posso deixar de notar que muitos dos que consideram Ronaldo traidor, não disseram palavra sobre o silêncio de Marcelo depois do discurso de João Lourenço.                Maria Tubucci: Soberbo, Sr. JNP. Uma das “especialistas” de entre as muitas que habitam nas TVs até disse que, “Ronaldo era o cão de mão do príncipe”. Que jumenta, que valente dor de hastes! Como se a opinião dela contasse para algum coisa, além do dinheiro que recebe para vomitar baboseiras. Só resta saber se as baboseiras vieram daquela cabeça woke ou de alguém que lhe ordenava no ouvido para ela as repetir….                   maria santos: Disse um ilustre idiota, que não cabe nomear, que Cristiano Ronaldo "entrou em terrenos que não domina" Eu também, quando sou convidada a ir a casa de alguém e aceito, não domino a casa alheia, sinto-me é lá bem. Ronaldo é o exemplo do equilíbrio entre a soberba inteligência e a soberba força de vontade. Equilíbrio, desde miúdo.                 Nuno Abreu: Gostei. Oportuno. Uma pedrada no charco da estupidez!                 L Faria: Eu assisto fervoroso às palestras televisivas dos nossos comentadeiros com lugar cativo nas tvs. É um espectáculo hilariante. A certeza com que dizem as coisas. A forma convicta como se consideram sumidades nas balelas que soltam da boca para fora. Aprecio particularmente uma comentadora da sic, especialista, imagine-se, em assuntos intencionais, e a forma, quase orgásmica, como explica a superior inteligência e sabedoria de quem? Lula da Silva. É de chorar a rir. Assistam, é divertido.               Carlos Chaves: Caríssimo Jaime Nogueira Pinto, obrigado por esta excelente e certeira crónica, do princípio ao fim! Só é pena admirar-se um Trump que vai condenar a Europa novamente a uma guerra, é certo que por culpa própria, por abandono dos seus aliados de quase dois séculos e meio, não dando valor nenhum aos acordos internacionais e aos valores humanos! Pena, é pouco, com amigos destes não precisamos de inimigos!                      Alexandre Barreira: Pois. Caro Jaime, Tem toda a razão. E o "rapaz"....está-se "kaghando". Prá......."pantalha".....!                    Graciete Madeira: Excelente crónica.                    MariaPaula Silva: Excelente e hilariante  relato sobre a invejinha dos tugas  (e a muita falta de cultura!!!) Neste país perdem-se horas infinitas a comentar m&rdices e a discutir tremoços.                 José Mendes Gil: Acho que Ronaldo tem todo o direito de ser admirador ou amigo de Trump; o que se pode questionar é se devia ir integrado numa comitiva do príncipe da Arábia Saudita que não respeita os direitos humanos.                  Filipe Paes de Vasconcellos: Uma tristeza vê-lo naquela sala de vendedor de gravatas. Isto de fazer acontecer não é uma qualidade, mas sim, no caso, um defeito. CR7 não precisava disto.                    MCMCA A > Maria Cordes: A censura inconsciente é muito mais terrível que a do lápis azul porque escraviza intelectualmente fechando as pessoas num ghetto ideológico. Vejo pessoas de direita (algumas até inteligentes) regozijando-se com a vitória de Mandani em NY, desconhecendo a sua agenda ideológica , só porque é contra Trump.               Carlos Carvalho: Fantástico!            S N: Nada a obstar quanto ao que é referido a Ronaldo. Pelo contrário, todas as reservas quanto ao elogio a Trump e à sua administração. A vitória de há um ano pouco surpreendeu. Apesar dos Riscos enormes, Kamala era demasiado má. Por isso os próprios democratas insistiram em manter Biden, porque ele ainda poderia ter hipótese de ganhar a Trump... Enfim, aí está uma tragédia americana e de todo o mundo, a desvendar por capítulos, mas inequívoca e assustadora. Mas não para todos.          Francisco Ramos > Maria Emília Santos: Bem dito e melhor pensado.

 

 

Os braços abertos

 

De um Ocidente que deseja parecer decente, mantendo um imobilismo reverente perante um oriente - também sulista (este por contaminação) - para provar respeito humanista, bondade universalista, que a palavra “comunismo” subentende virtuosamente, em etimologia abarcante, ou mais envolvente. Que Alberto Gonçalves não cale nunca as suas reflexões necessárias a uma sociedade que virou em doçura irrisoriamente fraudulenta, aparentemente colhida nos livros da virtude à esquerda, que é de bom-tom reverenciar – ou apenas subentender - porque obtida em leituras de produção mais recente, e não nas da tradição mais antiquada - mais saloia, por conseguinte.

Um “islamofóbico” volta a confessar-se

Nem se trata de eles serem “maus” e nós “bons”: trata-se de sermos diferentes, no “modo de vida” e no modo como eles defendem os “modos” deles e nós desprezamos os nossos.

ALBERTO GONÇALVES Colunista do Observador

OBSERVADOR, 29 nov. 2025, 00:2167

Na quarta-feira, em Washington, dois membros da Guarda Nacional dos EUA foram baleados por um afegão com estatuto de refugiado, que gritou “Allah Akbar” no momento dos disparos. Um deles, uma mulher, acabou por morrer dos ferimentos. O outro continua em risco de vida. Canais televisivos como a CNN e MSNBC passaram as semanas anteriores ao ataque a chamar “fascista” (e “nazi”, não esquecer “nazi”) à presença de militares nas zonas “complicadas” da cidade, em apoio à polícia. Alguns comentadores chamaram os militares de “caçadores de escravos. Outros apelaram a que os “não-brancos” adquirissem armas e resistissem. Dias antes, uma senadora democrata previu que os militares começariam a disparar sobre civis. Pelos vistos, aconteceu o inverso, embora isso não tenha invertido as opiniões da esquerda, que finge lamentar o ataque e continua a insultar Trump com sinceridade.

Há um aspecto comum ao atentado de Washington e, por exemplo, os atentados de Junho, em Boulder, Colorado (12 feridos, todos judeus) ou de Nova Orleães a 1 de Janeiro (14 mortos, 57 feridos): a religião dos terroristas. E não vou inventariar as tentativas de terrorismo frustradas pelas autoridades ao longo do ano, nem incluir os protestos violentos a pretexto de Gaza, nem recuar para além de 2025. Se a América tem um problema geral com a imigração, tem um problema particular com a imigração de muçulmanos. Ainda assim, se comparada com a Europa, a América vende saúde.

Na Europa, a situação é grave a ponto de, ao longo das duas últimas décadas, o terrorismo dito islâmico ter deixado aos poucos de ser notícia, e as medidas preventivas se tornarem referências permanentes na paisagem. A menos que um camião passe a ferro uma ou duas dúzias de incautos, os esfaqueamentos ou tentativas de esfaqueamentos de transeuntes já se encontram integrados no pitoresco local. Nos mercados natalícios, nas feiras, nos eventos desportivos, nos centros históricos e turísticos e onde calha não faltam barreiras físicas, reforço policial, câmaras de vigilância, vistorias aleatórias, encerramento de ruas e demais tralha securitária para desmotivar os “jihadistas” de matar e desmotivar os restantes cidadãos de viver dignamente. E, face ao que sucede em África, do Níger à Nigéria, do Mali a Moçambique, do Burkina Faso à Somália, a Europa pode agradecer a Deus – ou, o que se calhar é hoje mais adequado, a Alá.

Em Fevereiro de 2011, enquanto os ocidentais elogiavam o carácter “secular” e “democrático” da Primavera Árabe e diversas jornalistas estrangeiras eram violadas no Cairo, escrevi para o “Diário de Notícias” uma cronicazinha intitulada “Um ‘islamofóbico’ confessa-se”. Eis, com um pedido antecipado de desculpas, um longo excerto:

“(…) Chamo-me Alberto e sou um bocadinho “islamofóbico”. Nem sei bem porquê. Talvez porque, no meu tempo de vida, nenhuma outra religião inspirou tantas chacinas (já repararam que há pouquíssimos atentados reivindicados por católicos, baptistas, judeus, budistas ou hindus?). Talvez porque nenhuma outra religião relevante pune os apóstatas com a pena de morte. Talvez porque não perceba que os países subjugados à palavra do Profeta consagrem na lei ou no costume o desprezo (e coisas piores) de mulheres, homossexuais, pretos, brancos e fiéis de outras religiões. Talvez porque não se possa dizer que a “sharia” trata as minorias abaixo de cão dado que, não satisfeitos com o enxovalho dos semelhantes, os muçulmanos também acreditam que os cães são uma emanação do demónio e sujeitam os bichos a crueldades inomináveis. Talvez porque alguns líderes espirituais do islão foram convictos aliados de Hitler na época do primeiro Holocausto e alguns dos seus sucessores ganham a vida a exigir o segundo. Talvez porque a presumível maioria de muçulmanos ditos “moderados” é discreta ou omissa na condenação dos muçulmanos imoderados. Talvez porque, nas raras oportunidades democráticas de que dispõem, os muçulmanos ditos “moderados” teimem em votar nos partidos menos moderados (na Argélia ou em Gaza, por exemplo). Talvez porque inúmeros muçulmanos se ofendam com as liberdades que o Ocidente demorou séculos a conquistar, incluindo o subvalorizado mas fundamental direito ao deboche. Talvez porque uma considerável quantidade de imigrantes muçulmanos no Ocidente rejeite qualquer esboço de integração e, pelo contrário, procure impor as respectivas (e admiráveis) tradições. Talvez porque, no Ocidente, o fervor islâmico colhe a simpatia dos espíritos totalitários à direita (já vi “skinheads” a desfilar lenços palestinianos e a manifestar-se em prol do Irão) e, hoje, sobretudo à esquerda.

E é isto. São minudências assim que determinam a minha fobia, no fundo uma cisma pouco fundamentada. Um preconceito, quase. Sucede que muitos dos que, do lado de cá de Bizâncio, acham intolerável tal intolerância, são pródigos na exibição impune de fobias ao cristianismo ou ao judaísmo (o popular “anti-sionismo”). E essa disparidade masoquista, receosa e ecuménica de pesos e medidas constitui, no fundo, o reconhecimento do confronto que nos opõe ao islão, (…) e o maior sintoma de que eles estão a ganhar por desistência. Adivinhem quem está a perder.”

Não vale a pena maravilharem-se com a minha capacidade premonitória. Acertei na previsão porque os sinais eram imensos, e a previsão fácil. Infelizmente. Em quase 15 anos, nada mudou ou tudo mudou para pior. Sobretudo mudou a dimensão do êxodo, com cerca de 50 milhões de imigrantes a subirem entretanto ao Hemisfério Norte. Desses, uns 18 ou 20 milhões são muçulmanos. Destes, é plausível que uma percentagem mínima e consequente chegue ou fique rapidamente “radicalizada”, e que uma percentagem muito maior leve por cá uma existência decente mas subordinada a “valores” incompatíveis com os que temos – ou tínhamos. Não é plausível que o arrranjo corra bem. Nem se trata de eles serem “maus” e nós “bons”: trata-se de sermos diferentes, no “modo de vida” e no modo como eles defendem os “modos” deles e nós desprezamos os nossos. E no modo como muitos dentre eles nos acham “maus”, e muitos de nós concordam.

Um livro célebre de 1996 lembrava que “o islão tem fronteiras sangrentas”. Desde então, as fronteiras reergueram-se, difusas, em cada praça e avenida de Berlim, Londres, Paris, Estocolmo ou Nova Iorque. Às vezes, o sangue jorra. Porém, a demografia deixará a violência obsoleta. A demografia e a resignação: outro livro “polémico”, este de 1922, notava que o colapso dos impérios coincide com a invasão de povos “jovens e férteis”. Ambos os livros profetizaram que o Ocidente se derrotaria a si mesmo.

ISLÃO       RELIGIÃO       SOCIEDADE~

COMENTÁRIOS (de 82)

José Paulo Castro: Em Portugal, foi em 1981 que a taxa de fertilidade passou abaixo do mínimo aceitável para a manutenção demográfica. Mais de 4 décadas a envelhecer. Hoje em dia, a parte dos nascimentos devida a mães imigrantes quase se equipara à das nativas. O que quer dizer que sem isso a contribuição das nativas ainda seria menor... No resto da Europa, o cenário é parecido ou até pior.  O líder turco Erdogan disse um dia às imigrantes turcas na Holanda para terem cinco filhos cada uma até serem 10-15% da população, para que nunca mais seja possível fazer leis contra eles. Mais claro não podia ser. O que fazem os holandeses? Votam em partidos liberais globalistas que fazem pactos de governo com todos os outros partidos para que o PVV nunca governe, mesmo ganhando. Um pouco pela Europa toda, o cenário político é igual. O Ocidente quer mesmo destruir-se. Ou já não é Ocidente: perdeu a noção da sua essência há umas décadas. Começo a achar que aqueles 'atrasaditos' retrógrados da Opus Dei, com a sua promoção de famílias de cinco a oito filhos por mulher, ainda vão ser quem consegue inverter a tendência e apontar uma solução para competir com o Islão nos nossos domínios.                    Maria Emília Santos: É assim tal e qual, mas em Portugal, os partidos do governo e toda a esquerda, como é óbvio, votaram contra a proposta do Chega, para se parar de financiar mesquitas para esses terroristas que assim que puderem já nos matam! E pior ainda! São cedidos terrenos do nosso País, em zonas nobres para a construção de lugares para eles, como está a ser construído na Madeira uma madraça que é nada mais nada menos que uma escola do Alcorão! Pobre Portugal! Quando acordar já será muito tarde e já não haverá salvação! Traidores!                   Maria Paula Silva: Muito, muito, muito BOM! Todos os ocidentais têm  neste momento, ou terão em breve,  um problema particular com a imigração de muçulmanos.  Não sejamos ingénuos. E sim, eles desprezam-nos. E sim, maioritariamente são aliados dos partidos comunistas. Obrigada AG, não desista.               João Floriano: Já passaram 14 anos desde a publicação do texto que AG aqui transcreve, e ele era cronista no DN. Em 2011 ainda poucos portugueses estavam preocupados com o islamismo na Europa. O meu filho viveu muitos anos em Vallecas, um bairro madrileno  e já em 2014 falava da mudança que se estava  a verificar: a invasão de islâmicos e sul-americanos que mudaram a atmosfera do bairro. Eu achava que havia por ali muito exagero. Mas não havia. Uma das consequências quase imediatas foi o aumento do custo da habitação. Numa casa familiar  passavam a viver 20 ou mais recém-chegados, em beliches, colchões no chão e mesmo que no final do contrato de arrendamento a casa estivesse em mau estado, o proprietário fazia as contas e entre alugar por 500 euros ou 1500 mesmo com buracos nas paredes, optava pelos 1500. Do mesmo modo o ambiente no prédio degradava-se a olhos vistos com barulho, lixo,  rixas, portas de entrada  partidas, vandalismo nas garagens. O resultado era o afastamento dos moradores habituais que iam procurar casa fora de Madrid, o que também teve e está  a ter consequências no mercado imobiliário, tipo dominó. Mas a verdade é esta como AG bem escreve: não é  a questão de haver bons e maus, porque há de tudo  em todas as crenças. O problema são as diferenças inconciliáveis que não permitem em muitos casos uma convivência pacífica como se pode ver nos inúmeros atentados e esfaqueamentos que se banalizaram. Qualquer chamada de atenção para este estado de coisas é imediatamente abafado por forças sobretudo de esquerda, muito preocupadas com o discurso de ódio, como se viu ontem no debate de Catarina Martins com Ventura, quando esse mesmo discurso de ódio tem sido usual por parte da esquerda. Já nos esquecemos de todos os lindos e amorosos adjectivos com que Bloco e seus proxis mimoseavam  a direita? Foi a esquerda que nos arrastou para a divisão, para o antagonismo, para as barricadas. Mas a situação já seria suficientemente má e não haveria necessidade de a piorar com a oikofobia que mina a Europa na actualidade. Releio regularmente o texto de Auturo Pérez Reverte e cada vez o acho mais actualizado. Muitos factores estão contra os «velhos» europeus: a taxa paupérrima de fertilidade em comparação com o vigor reprodutivo dos «novos» europeus, os números de chegadas que só fazem crescer legal ou ilegalmente , sem que os governos possam tomar atitudes de concreta oposição ao fenómeno; não precisávamos da oikofia que está  a destruir a Europa              Paul C. Rosado > Pedra Nussapato: Generalização abusiva? É a essência do islão ser fascista, opressor e violento. É claramente perceptível no Corão e  na matriz cultural de todas as sociedades islâmicas. No Islão isso é a regra e não a excepção,  ao contrário do que ocorre na sociedade ocidental. Se ainda não percebeu isto, temo que não tenha uma pedra no sapato, mas sim no lugar do cérebro.               Maria Cabral: Nem preciso ser islamofóbica, basta-me ser mulher para cheirar o perigo. Não entendo como pode uma só mulher achar que estará segura. Também não entendo as mulheres muçulmanas que apesar de tudo são bastantes. Estão à espera do quê? Quando vêm para o Ocidente onde encontram protecção e mantêm-se naquela escravidão. Serão elas a raiz do problema? Confesso que me escapa alguma coisa mas julgo que há antes de mais um problema de doença mental seríssimo.                    João Floriano > Pedra Nussapato: Caro Pedra: Em relação a esta questão que infelizmente agora surgiu no Alentejo e que merece toda  a minha repulsa (parece que voltamos ao tempo da escravatura nos cafezais brasileiros ou nos campos de algodão do Sul dos estados confederados com capatazes - efectivos da GNR -  a vigiar os trabalhadores), está-se  a desviar  atenção do que realmente levou a este escândalo. Ontem Ventura deixou isso bem claro perante Catarina Martins, geringonceira e que aprovou um conjunto de leis desastrosas sobre imigração selvagem e que possibilitou estes casos ultrajantes.              Lily Lu > Pedra Nussapato: Atentados terroristas, São 95% perpetrados por muçulmanos. Crimes de escravidão, não são 95% perpetrados por portugueses.                     A FJ: Esta é a verdadeira razão para a ascensão da "extrema-direita" por essa Europa fora. Chamar a isto racismo ou fascismo é uma tentativa manhosa da esquerda de branquear a sua responsabilidade no estado de coiias actual. Felizmente o eleitorado já percebeu, os políticos vão ter de perceber também. Se viver numa sociedade em que qualquer um pode ser esf*queado ou vi*lado a cada esquina é humanismo, bem podem m*ter o humanismo num sítio que eu cá sei. Se acham que estou a exagerar vejam a situação no UK ou na Suécia, não pela CS tradicional, obviamente. Para esses está tudo bem. Felizmente, em Portugal, a "torneira aberta" trouxe os seus problemas, mas aparentemente não trouxe radicais islâmicos.                 granel cardoso > Manuel Ferreira21: Ou corremos com eles, ou eles nos converterão à força, como está escrito no dito livro deles, o Corão, que significa submissão.             granel cardoso: Obrigado AG, por dizer o que se passa frente aos nossos olhos e os media e que os ditos políticos do sistema, principalmente, escondem e negam. Existe uma guerra entre o Islão e a civilização, nomeadamente a ocidental, que esta última não quer ver e principalmente defender-se, e até combate quem o quer fazer.                 Paul C. Rosado: O Islão é, mais que uma religião, uma ideologia inequivocamente fascista. Isso é claro para todos. A esquerdalha finge que não vê, porque prefere fascistas ao capitalismo. Temos de dizer-lho na cara, sempre que possível.             Luis Silva > Pedra Nussapato: Não consegues alinhar uma ideia decentemente. Sofres de discurso caótico.

Sr Leão: Ao sábado, o artigo do AG é sempre o farol que no Observador consegue brilhar mais forte do que outro qualquer.                  Pedro Belo > Pedra Nussapato:  Generalizações??  😂😂  Fazia-lhe bem sair da aldeia e ver como estão as maiores cidades da Europa.                          Paulo Silvestre: Excelente, corajoso e lúcido! Relativamente à identificação do atacante de Washington, fiquei sempre com a impressão de que se tratava de "um veterano de guerra com problemas mentais" e que basicamente "a culpa foi de Trump pelo facto de ter mobilizado a guarda nacional" 🤭                Carlos Chaves:  “Não vale a pena maravilharem-se com a minha capacidade premonitória.” É difícil não acontecer Alberto, 2011!!!! Ambos os livros profetizaram que o Ocidente se derrotaria a si mesmo.” Está em curso a profecia a tornar-se realidade... e por nossa culpa, nossa tão grande culpa!

Obrigado por mais esta soberba crónica!                     António Soares > Pedra Nussapato: Essa sua ideia é provocada pela presença de gravilha no casco...                    José B Dias: Ambos os livros profetizaram que o Ocidente se derrotaria a si mesmo. E não é só na questão da imigração e do alargar do conceito de refugiado a quem nunca tem volta por mais que a ameaça tenha desaparecido ...                      Pedro Correia: Uma vez mais, certíssimo!!!                         J. D.L.: Allahu Akbar!, excelente crónica.                     Manuel Ferreira >21: Excelente artigo. Esperemos que não tenhamos que correr com eles novamente para o Norte de África. A história às vezes repete-se.                    Ana Luís da Silva: Excelentíssimo! Sem necessidade de acrescentar mais nada.               Alberico Lopes: É também por causa do Alberto que continuo a ser subscritor deste jornal que já foi um grande jornal e de referência mas que, estou certo voltará a ser, logo quer extirpe da sua redacção os intrusos do largo do rato, que estão a tentar "islamizar" também este nosso espaço!                     Manuel Magalhaes: Grandes verdades caladas no Ocidente pela cobardia e o comodismo de ideologias idiotas e como facilmente se pode concluir altamente prejudiciais e perigosas!!!               José Paulo Castro > Komorebi Hi: Esse facto serve para esconder a diminuição constante dos nascimentos das portuguesas nativas, de facto. Mas escusa de atribuir isso a um plano das elites pois a decisão de não ter filhos e desses filhos emigrarem depois, é exclusiva delas e dos próprios portugueses.  O apoio à imigração veio apenas disfarçar o problema de base: os portugueses não se reproduzem e não ficam no país, nem voltam. Os "portugueses de facto" estão a diminuir há décadas e continua assim.                     Luis Figueiredo > A FJ: a "torneira aberta", como lhe chama, não trouxe em Portugal radicais islâmicos...por enquanto, acrescentaria                     José Cortes: Muito bem! Não desistir!                 Carlos Almeida: Gostei muito!                      Maria Tubucci: Muito bem Sr. AG. Na minha terra quem manda é o dono da casa. Se alguém chegar à minha casa respeita as regras da minha casa. Assim, quem não respeita o que eu como, bebo ou visto, não é bem-vindo. Regresse à sua cultura e isto não é xenofobia é realidade, pois eu não tenho de aturar, sustentar ou sequer tolerar na minha casa quem me odeia, me detesta. E mais, a islamofobia não é uma fobia, mas sim um chavão usado para amordaçar e impedir que as pessoas debatam as consequências do islão, que não é uma religião, mas um sistema político que escraviza metade da sua população, as mulheres, e os restantes povos onde se implanta e onde quer sempre impor as suas leis.  Aprendi história, sei o islão fez ao longo da história e o que continua a fazer, não evoluiu, é uma ideologia totalitária muito semelhante ao comunismo, daí o facto de os comunistas e dos islamistas se darem tão bem. Pelo menos enquanto os islâmicos não mandam, pois quando mandam os comunas são os primeiros a provar a lâmina. Eu não aceito o termo “islamofóbico” porque é o que eles usam para me chantagear, e eu na minha casa não aceito uma ideologia: inferior, retrograda, misógina e sanguinária. Assim sendo, porta da rua é a serventia da casa...                   Lily Lu: É fabuloso, AG.                      Komorebi Hi > José Paulo Castro: Então o número de nascimentos em Portugal aumenta o número de residentes ou de portugueses de facto? Isso é uma narrativa que nem de longe corresponde à realidade, é conveniente para estatísticas convenientes à narrativa dos "liberais" do Centrão e aos seus aliados comunistas e para fazer crer que a "esperança de vida" aumentou, a maioria dos nascimentos por cá são de gente que veio cá parir por turismo de saúde e a coisa continua. A imigração/invasão apoiada pelos globalistas aconteceu com permissão dos governos democratas/socialistas nos USA desde Obama/Biden/Kamala/Clinton e pelo Centrão da UE que destruiu a Europa com o suborno do PCC/RPC e a coisa continua.                       João Cunha-Rêgo: Excelente artigo! Concordo a 100% em tudo o que está escrito. Só quem não conhece o mundo, é que pode fazer determinadas afirmações sem qualquer tipo de nexo. Vou fazer o papel do diabo 👿 Tentar contrariar ideias feitas 😅 Já que o Alberto Gonçalves conhece muito bem os EUA aconselho-o a fazer a pesquisa sobre os principais mass shootings. Estes massacres são efectuados por indivíduos com motivações de extrema-direita, supremacia branca, ódio racial e a minorias, entre outros casos até de paranóia. Quer isto significar que não há ligação relação entre o islão e o terrorismo? Não. Significa só que não representa nem de perto a totalidade da violência extremista ou massacres nos EUA. Isto são factos,  não percepções.  Vamos culpar todos os cristãos pelos atentados da extrema-direita e supremacistas brancos?  Temos um problema com o radicalismo islâmico. Temos. Mas o Alberto Gonçalves sabe que a esmagadora maioria das vítimas de terrorismo jihadista são… muçulmanos?                  João Pitrez Ferreira: Que delícia de crónica Alberto, muito obrigado. Que a voz não doa.

 

 

sábado, 29 de novembro de 2025

As cadeiras do poder


E da modéstia... Mundo de polidez, este nosso! Medo do nuclear… Ontem era mais corpo a corpo, a guerra, menos cobarde portanto, fruto de atritos e apetências também, mas o seu sentido tinha um sabor a menos definitivo. O russo impõe-se em glória, pobre Zelensky! Para já! Apoderando-se do que lhe não pertence com os poderes destruidores que forjou. A Terra que se cuide! Não é só o Zelensky. Hoje.

 

Em directo/ Conselheiro de Zelensky diz que Presidente está pronto para assinar o acordo de paz de 19 pontos "a qualquer momento"

Equipa ucraniana a caminho de Washington para negociar com Steve Witkoff. Rubio falha reunião da NATO na próxima semana em Bruxelas.

MARIANA LIMA CUNHA: Texto

Actualizado Há 5h

OBSERVADOR, 29/11/25

Momentos-chave

Há 5hO que se passou até agora

Há 7hUcrânia condena mulher e dois filhos adultos por espionagem para a Rússia

Há 8hPeskov diz que encontro entre Putin e enviado de Trump será "na primeira metade da semana"

Há 8hKremlin reage à demissão do chefe de gabinete de Zelensky: Ucrânia está numa "profunda crise política"

Há 11hRússia ameaça banir por completo o WhatsApp

Há 11hPaulo Rangel saúda avanços mas reitera necessidade de envolver Europa e Kiev

Há 11hTrump prepara-se para reconhecer territórios ocupados na Ucrânia como russos

Há 12hChefe de gabinete de Zelensky demite-se

Há 15hBélgica recusa plano "errado" de usar dinheiro russo congelado para apoiar Ucrânia

Há 16hUcrânia atinge refinaria de petróleo na Crimeia

Há 16hRússia já recebeu plano de paz que EUA negociaram com a Ucrânia em detalhe

Há 19hChefe de gabinete de Zelensky confirma buscas em casa e garante "cooperação total"

Há 19hChefe de gabinete de Zelensky alvo de buscas em caso de corrupção

Há 20hOrbán encontra-se com Putin para discutir Ucrânia e fornecimento "barato" de energia

Há 20hUcrânia ataca regiões russas. Kremlin diz que abateu 136 drones

Actualizações em directo

O que se passou até agora

O conselheiro de Volodymyr Zelensky, Myhailo Podolyak, referiu que a Ucrânia está pronta para assinar um plano de paz de 19 pontos com os Estados Unidos, postando-se aberta para concluir a guerra de maneira construtiva e rápida. Zelenksy está preparado para deslocar-se a Washington para finalizar o acordo, mas ainda aguarda uma resposta de Moscovo. Entretanto, há comunicação activa com Donald Trump e o enviado norte-americano, Steve Witkoff, sobre o processo de negociação.

O governo russo já recebeu os detalhes atualizados do plano de paz, fruto das negociações entre os EUA e a Ucrânia em Genebra, segundo o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov. Este anunciou que as discussões sobre o plano decorrerão em Moscovo na próxima semana, embora ainda não haja uma data específica marcada para o encontro entre Vladimir Putin e o enviado especial norte-americano.

Um escândalo de corrupção abala a esfera política ucraniana, com o chefe de gabinete de Zelensky, Andriy Yermak, a demitir-se após buscas no seu gabinete e residência. Yermak estava envolvido nas negociações de paz e a sua demissão sublinha a gravidade das acusações que envolvem figuras próximas do Presidente ucraniano. Esta situação acontece num momento em que a Ucrânia está fragilizada nas negociações de paz.

Donald Trump prepara-se para reconhecer os territórios ucranianos ocupados pela Rússia, como Donbass e Crimeia, como oficialmente russos. Este movimento ocorre após ordens dadas ao seu enviado de paz, Steve Witkoff, para estabelecer uma oferta directa a Vladimir Putin, sinalizando uma possível mudança na abordagem dos Estados Unidos em relação ao conflito na Ucrânia.

Há 3h23:45André Certã 

Kiev alvo de ataque por drones e mísseis esta noite

Tymur Tkachenko, governador militar de Kiev, informou que a capital ucraniana foi alvo de ataques com drones e mísseis esta noite, com várias explosões em distritos da cidade.

Vários prédios com muitos andares foram atingidos no centro e em subúrbios do leste da cidade, indicou Tkachenko no Telegram, avançando, sem adiantar muitos pormenores, que “há vítimas

Há 4h23:28 André Certã 

Equipa ucraniana a caminho de Washington para negociar com Steve Witkoff

Uma delegação ucraniana está a caminho dos EUA para discutir o plano de paz com o enviado norte-americano, Steve Witkoff, noticiou a agência Bloomberg.

O grupo inclui o conselheiro de segurança nacional, Rustem Umerov e outros responsáveis, que se deverão encontrar com o enviado Steve Witkoff e o genro de Trump, Jared Kushner.

Há 4h23:27 Agência Lusa 

Rubio falha reunião da NATO na próxima semana em Bruxelas

O chefe da diplomacia norte-americana, Marco Rubio, não participará na reunião dos ministros dos Negócios Estrangeiros dos países da NATO na próxima semana em Bruxelas, cuja agenda será dominada pela guerra na Ucrânia, noticiou a agência AFP.

Num momento de preocupação europeia com o plano de Washington para pôr fim à guerra na Ucrânia, a ausência do representante dos Estados Unidos, país mais poderoso da Aliança Atlântica, é particularmente significativa numa reunião deste tipo, devido ao foco da discussão no conflito iniciado pela invasão russa em 2022, adianta a agência de notícias francesa AFP, que revela cita fonte próxima do assunto.

Em vez do secretário de Estado norte-americano, será o seu adjunto, Christopher Landau, quem deverá representar o país nos dias 2 e 3 de dezembro em Bruxelas, disse a fonte sob condição de anonimato.

Na próxima semana, Steve Witkoff, enviado especial de Donald Trump, deverá deslocar-se a Moscovo para reunir-se com o Presidente russo, Vladimir Putin.

Há 6h21:21 Diana Rosa 

Corrupção "vai prejudicar negociações de paz"

A Ucrânia “vai ficar fragilizada” na mesa de negociações, numa altura em que Trump já quer reconhecer territórios ocupados como russos. Especialista Ana Cavalieri explica consequências de corrupção

Há 7h20:03 Inês André Figueiredo 

Ucrânia condena mulher e dois filhos adultos por espionagem para a Rússia

A Ucrânia prendeu uma mulher e dois filhos adultos por espionagem para a Rússia. De acordo com a Sky News, trata-se de uma ex-funcionária pública da região de Khmelnytskyi e os três elementos da família foram condenados a 15 anos de prisão.

Numa publicação no Telegram, o procurador-geral da Ucrânia deu conta de que, em fevereiro de 2024, a mulher começou a trocar correspondência com um representante dos serviços secretos russos. “Concordou em cooperar em troca de dinheiro e envolveu os filhos adultos”, relata o responsável.

Neste seguimento, foram simuladas viagens em família e fotografados postos de comando, posições de defesa aérea e movimentações de soldados ucranianos. Acabaram por ser descobertos pouco tempo depois, em maio de 2024.

Há 8h19:37 André Certã 

Conselheiro de Zelensky diz que Presidente está pronto para assinar o acordo de paz de 19 pontos "a qualquer momento"

Myhailo Podolyak, conselheiro de Volodymyr Zelensky indicou, em entrevista à RTP, que o país está pronto para assinar o plano de paz acordado em Genebra com os EUA, indicando que “Zelensky está preparado para ir a Washington a qualquer momento” para finalizar o acordo.

“O Presidente da Ucrânia afirmou estar preparado a qualquer momento pois temos interesse em levar esta guerra a uma conclusão construtiva e rápida”, disse, apontando que ainda há “questões sensíveis” para discutir e que se espera uma resposta de Moscovo.

Sobre as negociações em curso, o conselheiro diz que “existe uma comunicação activa com o Presidente Zelensky” e “também com o Presidente Trump”, sublinhando ainda o papel do enviado norte-americano, Steve Witkoff.

Podolyak respondeu cautelosamente quando questionado se os avanços que ditaram a queda de alguns pontos do plano de paz significavam que Putin estaria a ceder, sublinhando que se recusariam a aceitar um tratado que introduzisse no direito internacional uma norma que permitia a conquista de território pelo uso da força. “A Ucrânia, certamente, nunca o aceitará”, afirmou

Há 8h19:03 Inês André Figueiredo

Peskov diz que encontro entre Putin e enviado de Trump será "na primeira metade da semana"

Questionado pelos jornalistas, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, recusou-se a dar uma previsão específica sobre o encontro entre Vladimir Putin e o enviado de especial Donald Trump, Steve Witkoff, mas atirou para a próxima semana.

“Na primeira metade da semana. Anunciaremos a data no devido tempo”, referiu Peskov em conferência de imprensa.

Há 8h19:01 Inês André Figueiredo 

Kremlin reage à demissão do chefe de gabinete de Zelensky: Ucrânia está numa "profunda crise política"

O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, considera que a demissão do chefe de gabinete de Volodymyr Zelensky, Andriy Yerma, indica que a Ucrânia está numa “profunda crise política”.

“Os acontecimentos que estão a decorrer em Kiev indicam uma profunda crise política, desencadeada por escândalos de corrupção”, afirmou, citado pela Sky News.

O porta-voz do Kremlin entende que pode haver diversas consequências devido ao caso e acusa o ocidente, argumentando que “toda a corrupção estava e está ligada ao dinheiro que os americanos e europeus forneceram para a guerra”.

Há 9h18:02 André Certã 

Dois petroleiros da "frota fantasma" russa registaram explosões perto da costa da Turquia no Mar Negro

Dois navios-petroleiros parte da “frota fantasma” da Rússia sancionada explodiram junto à costa turca no Mar Negro, perto do estreito do Bósforo, noticiou a agência Reuters.

Segundo a empresa de transportes marítimos Tribeca, a explosão no navio Kairos, que viajava vazio, causou um incêndio na sala das máquinas, obrigando a uma operação de resgate para as 25 pessoas a bordo.

De acordo com a direcção de Assuntos Marítimos da Turquia, o navio sofreu um “impacto externo” a pouco mais de 50 quilómetros da costa do país, viajando em direcção ao porto de Novorossiysk. Já a Tribeca, afirmou que os relatos apontavam para o facto de poder ter atingido uma mina.

“O estado dos 25 tripulantes a bordo é bom, e foram enviadas unidades de resgate para a área para a evacuação da tripulação”, afirmou a direção turca na rede social X.

O petroleiro Virat, que viajava mais a leste, também terá sofrido uma explosão, indicou à agência uma fonte próxima do assunto. A informação foi, entretanto, confirmada pela Direcção de Assuntos Marítimos, que contou que o navio foi “atingido a cerca de 64 quilómetros” da costa turca.

“Equipas de resgate e navios comerciais foram enviados para o local do incidente. Os 20 tripulantes do navio estão bem, mas foi detectada fumaça intensa na sala das máquinas. O processo está a ser acompanhado”, acrescentaram.

 

Há 10h17:28 Agência Lusa

Londres aponta dificuldades da Rússia perante drones ucranianos

Os serviços de informação britânicos apontaram hoje dificuldades crescentes da defesa aérea da Rússia para travar ataques ucranianos com drones, apesar dos avanços militares russos desde o início da invasão.

Num comunicado divulgado pelo Ministério da Defesa britânico, Londres destacou a “crescente capacidade” da Ucrânia para lançar operações combinadas com drones e mísseis, atingindo alvos militares em zonas ocupadas.

As autoridades britânicas recordaram um ataque ucraniano, em 05 de novembro, contra uma base russa perto do aeroporto de Donetsk, utilizada para armazenamento, fabrico e lançamento de ‘drones’ contra território ucraniano.

Segundo Londres, um edifício alegadamente usado para guardar ogivas foi destruído, enquanto outros dois sofreram danos significativos e um quarto registou danos no telhado.

Há 10h17:21 André Certã

Zelensky reage a demissão de chefe de gabinete e agradece por representar "posição patriótica" nas negociações

O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, reagiu à demissão do seu chefe de gabinete, Andriy Yermak, no seu discurso diário noturno.

O líder diz estar “grato” por ter representado “a posição da Ucrânia nas negociações exactamente como deve ser representada”. ” Tem sido sempre uma posição patriótica”, acrescentou.

Sobre o sucessor, Zelensky disse que vai começar “amanhã” uma fase de “consultas” para quem pode “liderar esta instituição”

Há 10h17:12 Agência Lusa 

Suécia anuncia em russo ter realizado um exercício de simulação de guerra

O governo sueco anunciou hoje, num comunicado também traduzido para russo, ter realizado um exercício de simulação de guerra com a participação de membros da família real e das Forças Armadas.

É a primeira vez desde a década de 1990 que um exercício desta dimensão é organizado com todos estes intervenientes, destaca o governo nórdico.

“É importante levar a cabo exercícios conjuntos, especialmente tendo em conta a situação actual em matéria de segurança. Passo a passo e exercício após exercício, fortalecemos a defesa total e a resiliência da Suécia”, declarou o primeiro-ministro Ulf Kristersson, citado no comunicado.

O exercício, baseado num cenário envolvendo uma guerra ou risco de guerra, tinha como objectivo discutir as medidas a tomar para manter a segurança da Suécia numa situação deste tipo.

Há 11h16:38 Inês André Figueiredo 

Rússia ameaça banir por completo o WhatsApp

O órgão estatal que regula as comunicações da Rússia ameaçou banir por completo o WhatsApp caso a aplicação não cumpra a legislação russa, noticia a agência Reuters.

Em agosto, a Rússia começou a limitar algumas chamadas no WhatsApp, que pertencente à Meta, e no Telegram, acusando as empresas em causa de se recusarem a partilhar informações com as autoridades policiais em casos de fraude e terrorismo.

Esta sexta-feira, segundo a Reuters, a agência de vigilância Roskomnadzor acusou o WhatsApp de não cumprir os requisitos russos destinados a prevenir e combater o crime e o órgão estatal que regula as comunicações voltou a avisar a aplicação.

Há 11h16:36Miguel Videira 

Corrupção. "Zelensky está cada vez mais isolado internamente”

Miguel Baumgartner afirma que, se Zelensky cair, o próximo líder ucraniano poderá ter maior facilidade em negociar com Putin. Sobre a Venezuela, garante que narcotráfico é “um pretexto” para Trump.

Há 11h16:03 Agência Lusa 

Paulo Rangel saúda avanços mas reitera necessidade de envolver Europa e Kiev

O ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, saudou hoje os aparentes avanços positivos nas negociações com vista a um cessar-fogo na Ucrânia, mas voltou a sublinhar que qualquer acordo tem de envolver os ucranianos e os países europeus.

“Saudamos vivamente que haja um esforço enorme para fazer aqui uma aceleração nos processos de paz. Até este momento, o que nós temos é conversações directas entre os Estados Unidos e a Rússia, conversações directas entre os Estados Unidos e a Ucrânia. O que nos dizem os parceiros ucranianos é que tem havido progressos muito positivos. E, portanto, nós, obviamente, estamos satisfeitos com isso”, disse Paulo Rangel.

“Agora, é fundamental nunca esquecer que uma solução para a Ucrânia só pode ser feita com a Ucrânia e uma solução que tem de envolver necessariamente, é imperativa, não há outra forma, a União Europeiae outros países europeus, como o Reino Unido, a Noruega ou a Turquia, acrescentou o chefe da diplomacia portuguesa, que falava à agência Lusa em Barcelona, Espanha, à margem da reunião anual da União pelo Mediterrâneo (UpM).

Há 11h15:59 Inês André Figueiredo 

Trump prepara-se para reconhecer territórios ocupados na Ucrânia como russos.

Donald Trump prepara-se para reconhecer os territórios ucranianos ocupados pela Rússia, como Donbass e Crimeia, como território pertencente ao país presidido por Vladimir Putin.

De acordo com o Telegraph, o Presidente dos EUA deu ordens ao seu enviado de paz, Steve Witkoff, e ao seu genro, Jared Kushner, para fazer uma oferta directa a Vladimir Putin, em Moscovo.

Há 12h15:25 Mariana Lima Cunha 

Chefe de gabinete de Zelensky demite-se.

O chefe de gabinete de Volodymyr Zelensky, Andriy Yermak, apresentou a sua demissão ao Presidente ucraniano, horas depois de ter sido alvo de buscas no seu gabinete e em sua casa no âmbito do escândalo de corrupção que está a abalar o governo ucraniano.

O anúncio foi feito por Zelensky, cita o Kyiv Independent. Na semana passada o Presidente ucraniano tinha escolhido Yermak para liderar a delegação ucraniana de negociações para a paz em Genebra.

Há 13h13:41 Agência Lusa

Putin saúda posição da Hungria sobre a Ucrânia e Orbán mantém importações de energia russa.

O presidente russo, Vladimir Putin, saudou a posição da Hungria sobre a guerra na Ucrânia ao receber em Moscovo o primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, que prometeu continuar a comprar petróleo e gás à Rússia.

“Conheço a sua posição equilibrada sobre a questão ucraniana”, declarou Putin a Orbán, que, no seio da União Europeia (UE), se opõe às sanções contra a Rússia e critica o apoio a Kiev.

Orbán reafirmou que a Hungria continuará a comprar produtos energéticos à Rússia, apesar das sanções decretadas pela UE por causa da invasão russa da Ucrânia em fevereiro de 2022.

Gostaria de reafirmar que o abastecimento de energia proveniente da Rússia constitui actualmente a base do fornecimento de energia da Hungria e assim continuará a ser no futuro”, declarou Orbán, citado pela agência de notícias France-Presse (AFP).

Há 15h12:18 Agência Lusa 

Deputada filha do ex-Presidente sul-africano demite-se devido ao caso russo-ucraniano

A filha do ex-Presidente sul-africano Jacob Zuma demitiu-se do parlamento após acusações de recrutamento de sul-africanos para combaterem pela Rússia na Ucrânia, anunciou hoje o diretor do partido MK.

“A camarada Duduzile Zuma-Sambudla declarou que cooperará plenamente com a investigação em curso das autoridades competentes” e “apresentou a sua demissão da Assembleia Nacional e de todas as suas funções de representação pública, com efeito imediato. A liderança do partido aceitou a sua decisão”, informou o dirigente do MK, Nkosinathi Nhleko, durante um conferência de imprensa em Durban, na África do Sul.

Nem Duduzile Zuma-Sambudla nem o seu pai – Jacob Zuma, Presidente entre 2009 e 2018 -, presentes na sala durante a conferência de imprensa, se pronunciaram.

A própria irmã de Zuma-Sambudla acusou-a, na semana passada, de estar envolvida no recrutamente de 17 sul-africanos que lançaram pedidos de socorro ao actual Presidente, Cyril Ramaphosa, alegando estarem  encurralados na região ucraniana do Donbass.