Veio para ficar. A doutrina
revolucionária destes tempos de valentia e gritos. Faz bem, Salles da Fonseca, em nos relembrar.
Para maior consistência informativa, que já no “Século das Luzes” teve a sua
origem, aparentemente humanitária, e que redundou nas violências de uma
Revolução Francesa de efeito desastroso também imparável. O que virá a seguir?
Para já, uma Covid-19 nos ensina a meditar sobre o que todos sabemos, desde sempre, das contingências
da obscura condição humana.
HENRIQUE SALLES DA
FONSECA
A BEM DA NAÇÃO, 18.06.20
Do que, ao longo dos anos, fui
estudando sobre Marx, o marxismo e o comunismo, retive fundamentalmente o que
segue:
Quem me conhece, não estranha estas
minhas observações, quem não me conhece, fica desde já a saber que nada me liga
ao marxismo, ao comunismo ou a qualquer outra forma de fascismo.
Quem
habitualmente me lê, sabe na perfeição o que significa cada uma das minhas
observações; quem não sabe, não me lê e, portanto, posso passar por cima das
explicações.
*
* *
Com enorme antecedência relativamente
ao colapso soviético, António
Gramsci (1891-1937), adepto marxista, previu que com a classe
proletária não se iria a qualquer lado e que a destruição do mundo ocidental
tinha que mudar de instrumento, ou seja, passar da
manipulação da boçalidade proletária para a mobilização das classes eruditas. E assim foi que apareceu o conceito de «hegemonia
e bloco hegemónico».
E
aqui, para encurtar razões e não alongar o presente texto, recorro à síntese
wikipédiana:
Gramsci
é famoso principalmente pela elaboração do conceito de hegemonia e
bloco hegemônico e também por se focar no
estudo dos aspectos culturais da sociedade (a
chamada superestrutura no marxismo clássico) como elemento a partir do qual poder-se-ia
realizar uma acção política e como uma das formas de criar e reproduzir a
hegemonia.
Alcunhado
em alguns meios como "o marxista das superestruturas", Gramsci atribuiu um papel central à separação
entre infraestrutura (base real
da sociedade, que inclui forças produtivas e relações sociais de produção) e superestrutura (a ideologia, constituída pelas instituições, sistemas
de ideias, doutrinas e crenças de uma sociedade), a partir do conceito de "bloco
hegemónico". Segundo esse conceito, o
poder das classes dominantes sobre o proletariado e todas as classes dominadas
dentro do modo de produção capitalista não reside simplesmente no controle dos
aparelhos repressivos do Estado. Se assim
fosse, tal poder seria relativamente fácil de derrotar (bastaria que fosse atacado por uma força armada
equivalente ou superior que trabalhasse para o proletariado). Este poder é garantido fundamentalmente pela "hegemonia"
cultural que as classes dominantes logram exercer sobre as dominadas,
através do controle do sistema educacional, das instituições religiosas e dos
meios de comunicação. Usando
deste controle, as classes dominantes "educam" os dominados
para que estes vivam em submissão às primeiras como algo natural e conveniente,
inibindo assim a sua potencialidade revolucionária. Assim, por exemplo, em nome da "nação" ou
da "pátria", as classes dominantes criam no povo o sentimento de
identificação com elas, de união sagrada com os exploradores, contra um inimigo
exterior e a favor de um suposto "destino nacional" de uma sociedade
concebida como um todo orgânico desprovido de antagonismos sociais objectivos. Assim
se forma um "bloco hegemônico" que amalgama a todas as classes
sociais em torno de um projeto burguês. O
poder hegemônico combina e articula a coerção e o consenso.
*
* *
Historicamente, ao movimento gramsciano original, o italiano, faltou o
apoio das grandes massas populares pelo que tudo acabou afogado nas prisões
de Mussolini – para gáudio do Partido Comunista Italiano esse, sim, controlador
de parte importante do proletariado de então.
(continua)
Junho de 2020
Henrique Salles da
Fonseca
[i] - É do lucro que se geram a poupança e o investimento.
Sem lucro, não há investimento e, daí, a não renovação dos equipamentos e a
acumulação de sucata.
[ii]- Por falta de investimento, gerou-se o colapso
económico e deste ao colapso político foi um instante. Em vez do triunfo do
comunismo, aconteceu o seu colapso.
[iii]- Todos os
homens nascem iguais pelo que não faz sentido que uns tenham mais direitos que
outros.
[iv]- A revolução é, por definição, uma acção desenvolvida
ao arrepio do quadro legal até então prevalecente. Se a revolução é constante,
não se cria um quadro legal que permita a constituição de um Estado de Direito.
Na ausência de um quadro legal, prevalece a vontade e o improviso (o capricho)
do ditador que assume a chefia da ditadura de uma das classes sobre as outras. Ao
regime submetido ao capricho do ditador chama-se fascismo.
Tags: política
portuguesa"
COMENTÁRIO
Anónimo, 18.06.2020: Ainda não
consigo entender o que está para chegar, mas já cheira mal
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