quinta-feira, 4 de junho de 2020

Já começámos a descer



Da árvore. Mas muito aos tropeções ainda. O certo é que, contrariamente à virulência de alguns comentadores, contra o tom aparentemente faceto de JMT, este, ao apontar as contradições resultantes de uma pandemia desconhecida, e que se tornam um tanto cómicas, dentro da tragédia do desconhecido, o fez de uma forma séria, esclarecedora a respeito dos desequilíbrios resultantes da nossa ignorância. Não merece tanto azedume assim.
OPINIÃO CORONAVÍRUS
Três meses de pandemia em Portugal – o resumo
Convém que a civilização humana não fuja toda para cima de uma árvore quando ainda desconhece o verdadeiro perigo daquilo que a está a perseguir.
JOÃO MIGUEL TAVARES                PÚBLICO, 28 de Maio de 2020
Usar máscara produz uma falsa sensação de segurança – é desaconselhado o uso de máscara. Usar máscara produz uma verdadeira sensação de segurança – é obrigatório o uso de máscara em espaços fechados e em transportes públicos.
O pico da pandemia vai serem meados de Abril. O pico da pandemia vai ser em finais de Maio. O pico da pandemia já passou (foi em Março).  As crianças são grandes transmissores do vírus e não podem aproximar-se dos avós. As crianças são fracos transmissores do vírus e podem abraçar os avós. Limpe todas as superfícies. A covid-19 pode não se transmitir através das superfícies. O papel das superfícies na transmissão do novo coronavírus é ainda desconhecido.
Uma pessoa, depois de apanhar o vírus, fica imune. Depois de apanhar o vírus, uma pessoa não fica imune. Uma pessoa, depois de apanhar o vírus, fica um bocadinho imune.
A vacina pode chegar daqui a cinco meses e bater recordes de rapidez. A vacina pode demorar ano e meio. A vacina pode nunca chegar.
Tentar alcançar a imunidade de grupo é uma loucura. A imunidade de grupo é a única solução.
As pessoas podem sentar-se lado a lado num avião porque estão sempre a olhar para a frente. As pessoas não podem sentar-se lado a lado num cinema ou num teatro, talvez por estarem sempre a olhar para trás. Sentar num areal vazio é proibido a 3 de Maio. Sentar num areal razoavelmente cheio é permitido (e estimulado) a 23 de Maio.
As creches reabrem, confiando que crianças entre seis meses e seis anos conseguem manter distâncias. As escolas não reabrem, porque miúdos entre os seis e os 16 anos não conseguem manter distâncias. 
Até 30 de Setembro, estão proibidos os festivais ou espectáculos de natureza análoga. Até 30 de Setembro, “se uma entidade promotora definir como iniciativa política, religiosa, social” um festival ou espectáculo de natureza análoga, então (esclarecimento da Presidência da República)“deixa de se aplicar a proibição”.
Cuidado: vem aí uma segunda vaga no final do ano. É possível que a segunda vaga nunca chegue. Temos de nos preparar para a segunda vaga.
Tudo isto, que atrás ficou escrito, não é uma caricatura. Para cada uma daquelas frases consigo indicar um link, uma referência bibliográfica ou um decreto-lei. São afirmações proferidas nos últimos meses por instituições respeitáveis, difundidas em jornais sérios, oriundas de governos, de direcções-gerais, da Organização Mundial de Saúde ou de estudos científicos. E, por muito estranho que isto vos possa parecer, não as trago hoje aqui para dizer mal de políticos, de médicos ou de cientistas – trago-as com um único objectivo: mostrar o nível de incerteza que ainda rodeia a covid-19 e o tamanho pandémico da nossa ignorância.
Bem pode este vírus estar a ser estudado há meio ano por centenas de milhares de pessoas, em milhares de laboratórios, em duas centenas de países. No que diz respeito às questões fundamentais da doença – quanto mata e exactamente como se transmite – aquilo que se sabe é ainda brutalmente insuficiente. Daí ter decidido compilar esta listinha de afirmações divergentes ou simplesmente contraditórias, que podem sempre exibir a quem tem demasiadas certezas sobre o assunto. Moral da história: convém que a civilização humana não fuja toda para cima de uma árvore quando ainda desconhece o verdadeiro perigo daquilo que a está a perseguir.
Jornalista
TÓPICOS
COMENTÁRIOS
viana
EXPERIENTE:
"convém que a civilização humana não fuja toda para cima de uma árvore quando ainda desconhece o verdadeiro perigo daquilo que a está a perseguir." Errado. Devia ler sobre o que é um risco e como se lida com ele. Risco é um conceito probabilístico, no sentido em que risco é outra palavra que utilizamos para significar incerteza: há um certo risco de = há alguma incerteza quanto ao que vai acontecer (de negativo) no futuro. Decidir o que fazer perante um risco ou mais é uma "indústria" de muitos milhões, pois ainda mais milhões podem estar em risco se a decisão for errada. Ora, quando existe uma probabilidade não negligenciável dum risco existencial (para um indivíduo, empresa, comunidade) a teoria da decisão é clara: deve-se minimizar esse risco, "subindo as árvores que forem necessárias". 28.05.2020
Jose INICIANTE: Na sua crónica JMT está quase tudo bem. Deixa de estar bem quando deixa de citar outros e passa às suas conclusões. As citações na listinha que nos trás estão todas certíssimas no seu espaço, tempo, contexto, objeto. Todas fizeram o seu caminho e cumpriram o seu propósito. Ao fim de 3 meses o processo que as citações da listinha e as outras que lá faltam formam a luta pela mitigação dos danos da pandemia SARS-CoV-2 que em Portugal está a ser um êxito! No seu papel JMC, sempre a atrapalhar, perdeu! Ganhou o povo português, o SNS, o pessoal da saúde, os estrategas da comunicação oficial. Foi vencido JMT! Ainda bem. Não está convencido e por isso tira, no fim da sua crónica, a conclusão errada. As pessoas de carne e osso seguiram a comunicação ponderada, sensata e fundamenta. Vão ficar bem. 28.05.2020
Fernando Ferreira INICIANTE: As croniquetas são sempre recheadas de disparates e de inverdades mas pelos vistos a malta adora as garatujas do escriba. 28.05.2020
JDF EXPERIENTE: Por favor elucide, para que a malta não caia nas garatujas do escriba! 28.05.2020
Pepe Legal EXPERIENTE: É um gosto ler os comentários sempre tão bem fundamentados deste comentador. Já mais lá abaixo tinha deixado este: "Sai mais uma croniqueta para a mesa do canto, para encher chouriços."
Novo Humbo MODERADOR: Que densidade...Avise antes de comentar, para saírmos de baixo. Levar com tão pesadas ponderações pode magoar. 29.05.2020
Caetano Brandão EXPERIENTE: É verdade que muita coisa não se sabe, como em tudo na ciência, aliás. Mas não é bem como JMT diz. Há 2 coisas que são certas: este vírus não é inédito faz parte duma família já há muito conhecida de vírus, não passa por isso de mais um produto de mutação dessa família e por isso a sua virulência não é muito diferente. Segundo, temos os países onde se iniciou a pandemia, designadamente a China, Coreia do Sul e Irão, que nos demonstram claramente que o surto já atingiu o fim da curva. A onda de pandemia claro que ainda continua pelo globo terrestre, mas como em todas as pandemias atinge mais umas zonas que outras. Nada de inédito, ao contrário da imagem veiculada pelos media e afins. 28.05.2020
mário borges EXPERIENTE
Como um bom populista de direita neoliberal JMT nunca desilude. Vamos é fazer como o Trump e o Bolsonaro e meter este povo dentro de autocarros e comboios lotados e enfiá-los aos montes nos hipermercados e centros comerciais. Confinamento é coisa só para a burguesia e elites. Vamos lá é matar velhos que isto até é uma forma de controlar a população mundial... JMT no seu melhor. 28.05.2020
Mario Coimbra EXPERIENTE: Francamente...como é que lê isso nesta crónica. Que canseira.
JDF EXPERIENTE: Infelizmente uma cronica certeira no que se tem visto. Já obama dizia (e muito o criticaram por isso, inclusive nestes comentarios) de que os responsáveis nem fazem um esforço para parecerem que estão em cima do assunto. Um comediante que criticou Boris Johnson fez uma caricatura destas ("Stay home, don't stay home") e muitos aplaudiram. Já esta descrição é a pouca vergonha escrita. A desconfiança nas autoridades vem pelo sentimento de insegurança que estas transmitem, algo que aqui não se fala. E informação, é mais que muita. Uma é baseada em ciencia (tipos de desinfectantes, temperaturas de lavagem, ect), outra é baseada em comportamentos sociais ("se eu disser assim, as pessoas vão comportar-se assado). Junta-se tudo, com falha humana pelo meio, temos isto: é e não é o fim do mundo! 28.05.2020
Daniel A. Seabra INICIANTE : Não é a primeira vez que João Miguel Tavares vem a este espaço destacar a incerteza relativamente ao COVID - 19. Já o fez no dia 7 de Abril. Lembro, contudo, que o mesmo João Miguel Tavares escreveu, a 2 de Abril, o seguinte: «Precisamos de uma data ao fundo do túnel Esta tem de ser uma prioridade absoluta do governo, com o apoio da comunidade científica: dêem-nos estudos, dêem-nos datas, dêem-nos alguma coisa a que nos agarrar.» Se há tanta incerteza, e se estamos perante uma situação nova que é preciso investigar, é preciso tempo para tal. Como se pode então pedir o que João Miguel Tavares pediu? Este pedido é um convite à especulação e aos palpites. O autor tem de decidir o que pretende. Quer respostas com base em palpites? 28.05.2020
JDF EXPERIENTE: Estudos tipo que dizem que a taxa de mortalidade é 3,4% e 0,7% ao mesmo tempo? E como é que sabem que o SNS colapsava? Fazia-se como no Brasil: não há ventilador, fica-se em casa à espera de vez. Entre morrer e ter vaga, alguma havia de acontecer. Se disseram "e o SNS não teria capacidade", parece mais correcto. 28.05.2020
ANIBAL SEIXAS INICIANTE: Aparentemente, um assomo de humildade? Não ! Mais demagogia. Como desta vez não tem uma das suas infalíveis certezas, limita-se a evidenciar as contradições próprias do fenómeno pandémico. Abre meia porta à demagogia para mais tarde, quando acossado, se poder justificar com alguma dose de bom senso. Já foi isso que fez quando pediu uma data para o desconfinamento. Chama-se a isto desonestidade intelectual ao serviço do populismo e do obscurantismo que, como ele sabe, são irmãos siameses.

Janus INICIANTE: Este artigo é mais um monumento à irrelevância do "pensamento" do JMT. É um chorrilho de disparates e um amontoado de palavras para encher a página do jornal. Não se aprenda nada. Por isso, pergunto mais uma vez: por que razão o Público paga a este escriba para escrever isto? É difícil entender este critério editorial, quando lemos aqui artigos de opinião de pessoas que pensam realmente o mundo em vivemos, que discorrem com profundidade sobre vários temas, de acordo com as suas tendências políticas e ideológicas!
JDF EXPERIENTE: grande conteúdo argumentativo...é uma crónica como tantas outras, mais ou menos relevantes, conforme o leitor. Se não gosta, porque lê? É obrigado? Ou é o fiscal das boas práticas de jornal, e só a presença aqui do jmt já lhe faz fastio...quer dizer, já viola regras deontológicas jornalísticas gravíssimas e inadmissíveis, porque lhe faz fastio? 28.05.2020
Janus INICIANTE: Pelo contrário, gosto de ler tudo! As crónicas do JMT não me fazem fastio, pois a irrelevância e o ridículo são divertidos. Eu respeito todas as opiniões e tenho legitimidade para questionar a linha editorial do jornal, já o senhor(a) parece ser o fiscal das críticas...só lhe falta o lápis azul, porque o resto já tem!
JDF EXPERIENTE: Leia os critérios de publicação. Pronuncie-se sobre essas coisas nos canais apropriados. Eu tenho pc para escrever. Azul só mesmo esferográficas, que não uso no pc. O resto que tenho é bom senso e sentido de realidade. Experimente ter um pouco, pode ser que lhe faça bem. O Janus respeita todas as opiniões, mas a de jmt em forma de crónica tem o respeito de estar com um conjunto de criticas simplesmente destrutivas. Para questionar como é que o Público ainda cá tem o seu "escriba", é muito construtivo. Forma estranha de mostrar respeito. Ouvi aqui há uns tempos alguém dizer algo do género (foi em inglês o original): "normalmente após um «com o devido respeito», o que segue de respeito não tem nada". Com o devido respeito, que comentário de bosta que fez! 28.05.2020
Luís Cunha.909630 INICIANTE: A juntar a esse resumo também podemos acrescentar que se não tivéssemos feito um confinamento rápido os nossos mortos neste momento estariam algures entre os 5000-7000, se extrapolarmos dos números em Espanha, Itália, Suécia, Bélgica e sabendo que os nossos UCIs no início tinham pouca capacidade. Podemos continuar na normalidade mas esta doença espalha-se rápido em espaços fechados e o tempo de recuperação mesmo de quem não tem grandes sintomas é grande. O Facto de alguma informação ter sido incoerente e contraditória não significa que não tenhamos um grave problema (em teoria no outono/inverno) e que não seja preciso encontrar soluções que seriam impensáveis até há meses, como usar máscaras e limitar serviços. 28.05.2020
JDF EXPERIENTE: Se extrapolarmos os números da Suécia, Espanha, Itália e etc? A estatística é uma ferramenta espectacular, mas com muita cautela na utilização. São países com outras dinâmicas sócio-económicas, diferentes das nossas, com outra mentalidade de sentido de estar em sociedade e cumprimento de regras. Não se extrapola assim os dados. 28.05.2020
Nuno Silva EXPERIENTE: Sem esquecer que todas as máscaras são laváveis (há que poupar, desde que lavadas a 60ºC). Este tipo de pandemias eram tão comuns no passado como ir à missa ao Domingo. Sim, é necessário isolar (no passado só as elites tinham esse luxo, mas agora é possível para todos). Sim, é necessário dar tempo de imunização para que os cuidados de saúde não entupam. Distanciem-se, protejam-se, e leiam jornais! 28.05.2020
Pepe Legal EXPERIENTE: "Sim, é necessário isolar (no passado só as elites tinham esse luxo, mas agora é possível para todos)." Diga isso àqueles que perderam o salário e deixaram de ter o que pôr nas mesas, tendo que andar às esmolas nos bancos alimentares, que também não são fontes inesgotáveis. 28.05.2020
Mario Coimbra EXPERIENTE: Caro JMT, óptima cronica. Ainda há muito para saber por isso devemos estar e ser prudentes. Isto não quer dizer parados, quer dizer prudentes, atentos e sérios. Devemos trabalhar e tentar evitar contactos o mais possível. A transmissão aérea é a primeira causa. Espirro, tosse, etc. É aqui que devemos ter cuidados extra e lavar as mãos. Portanto vamos viver com cuidados mas viver, trabalhar, estudar, etc.
Pepe Legal EXPERIENTE: Parece-me que, nestes últimos tempos, JMT tem defendido algo substancialmente diferente da prudência... a prole em casa está a dar-lhe cabo dos nervos. 28.05.2020
Janus INICIANTE: Não lhe parece arriscado estar a dar palpites sobre o que devemos fazer, correndo o risco de amanhã ser desmentido, em consonância com a opinião do seu admirável comentador? Não lhe parece contraditório? Mais coerência, caro senhor! 28.05.2020
JDF EXPERIENTE: O Mário tem bastante razão. E palpites até as entidades oficiais mandam, e que remédio de irem sendo seguidos, mesmo que por vezes com o devido cuidado ou sem ser à risca por completo. O bom senso e respeito pelas regras é que deve imperar, o que vemos não ser verdade. Se isto imperasse, não precisávamos de medidas ou comentários para comportamentos sociais. Toda a gente tem direito às suas opiniões, a que estas sejam respeitadas. Sigam as próprias palavras...dá moral para se falar depois. 28.05.2020
Pepe Legal EXPERIENTE: Quando há desconhecimento, a solução não pode passar por nos atirarmos de cabeça mas por manter reservas e o máximo de cuidado. 28.05.2020

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