quarta-feira, 10 de junho de 2020

Tanta história para contar!



Tanto que ficou por dizer, dos 261 comentários que esta magnífica crónica de Helena Matos recebeu, alguns, é certo, a não merecerem essa designação de comentários, na sua banalidade ou mesmo infantilidade, que naturalmente não transcrevi. Mas tenho pena de ter deixado passar outros, por motivo do excessivo tamanho do texto.
A mediocridade instalada definitivamente no país, apontada por Helena Matos, que, naturalmente, reage com ironia colérica a tanto cinismo, suportado por um povo desde sempre “educado” para “aturar” os desmandos desses que o governam e igualmente se inscrevem nas mesmas origens de falta de princípios “ab ovo”, numa pátria “metida no gosto da cobiça e na e na rudeza Duma austera, apagada e vil tristeza, como lembrava o pobre do Camões, que se recorda neste 10 de Junho como "seu Dia" (entre o de outros), propício às explosões do "Ódio" de Almada Negreiros sobre a tal "pátria onde Camões morreu de fome e onde todos enchem a barriga de Camões" - excluindo, naturalmente, este ano, por conta da Covid-19 ... ou do desconhecimento real dessa figura que se festeja.

Um país às avessas e na linha/premium
Não, não é um vírus. É um processo de discriminação em curso. Não, não é anti-racismo. É manipulação. Não, não é austeridade. É pobreza selectiva. Não, não é uma bazuka. É o tacho do costume.
HELENA MATOS, Colunista do Observador
0BSERVADOR, 07 jun 2020
Tudo é definido pelo seu contrário.
Não, não é anti-racismo. É a manipulação do costume. E o paternalismo de sempre. Um cidadão de São Tomé foi assassinado no Seixal, o seu pai ficou gravemente ferido. Amigos, vizinhos e familiares das vítimas fizeram uma manifestação no bairro da Cucena onde vivem os agressores que são apresentados como ciganos. Pediam justiça e falavam de racismo. Reportagens sobre a manifestação no bairro da Cucena? Ora, ora manifestações contra o racismo só podem ser as correctas, aquelas que a esquerda-activista autoriza, patrocina e organiza.
Um ucraniano morre em Lisboa segundo tudo indica em consequência de violência policial. Manifestações? Indignações?… Ainda se o governo fosse outro. Agora com um executivo tão progressista é tão mais fácil gritar contra o Trump!
O combate ao racismo justifica tudo e o seu contrário neste momento. Querem fazer uma tese que ninguém critica? Falem de racismo. Fazer um anúncio fofinho? Falem de racismo. Um argumento para um filme?… Desde claro que seja o racismo de que se pode falar: o exercido pelos brancos sobre os negros.
Provavelmente veremos aparecer nas próximas legislativas um movimento – liderado por Joacine Katar Moreira? – que vai fazer da cor da pele o seu programa político. Sobretudo veremos o epíteto racista ser usado para neutralizar qualquer um que tenha um pensamento discordante ou que questione o activismo dito anti-racista. Um activismo que acentua a vitimização e não a autonomia e que promove o ressentimento em vez do conhecimento. E sobretudo um activismo que não quer cidadãos mas sim comunidades das quais eles, os activistas, são os mediadores com o mundo.
Não, não é um processo exemplar. É um processo que correu mal. A técnica é simples: à primeira evidência de falhanço grita-se milagre. Ao primeiro sinal de que vem aí um problema garante-se que foi feito tudo o que se podia fazer. Perante o descalabro garante-se que foi um processo exemplar. Os ventiladores que estavam sempre a chegar e afinal ainda não chegaram não são nesta lógica um procedimento que correu mal mas sim “um processo exemplar”
A 23 de Março, o Governo comprou à China 500 ventiladores. Custaram 9,3 milhões de euros. António Costa anunciou que 500 ventiladores chegariam da China até 14 de Abril. A 17 de Abril, só tinham chegado 65 ventiladores. Como se perceberá posteriormente, neste caso receber não é sinónimo de chegar. Os jornais fazem títulos com “Portugal recebemas uma coisa é recebê-los na China outra bem diversa é fazê-los chegar a Portugal. A 7 de Maio, já íamos em 1151 ventiladores comprados à China, mas dos tais ventiladores que estavam sempre a chegar, a ser entregues e a ser recebidos, tinham chegado 73. A 3 de Junho, o Correio da Manhã diz que dos ventiladores comprados à China 887 estão por chegar e a 6 de Junho anuncia-se que os ventiladores chegarão a 8 de Junho. Certamente um exemplo do que não devia ter acontecido.
Não, não é uma bazuka. É o tacho do costume para os rapazes do costume. O imaginário pátrio em relação aos fundos europeus oscila entre as almofadas e as bazukas. Agora estamos na fase da bazuka. Ou seja, um dinheiro que vem não se sabe donde vai ser distribuído em rajada pelas clientelas do regime, em adjudicações agora até devidamente isentadas do visto do Tribunal de Contas. Os apoios anunciados por Bruxelas irão permitir ao PS continuar a protelar as reformas necessárias enquanto promove os mecanismos para se perpetuar no poder, como é o caso da regionalização que voltou à agenda mal se percebeu que ia haver dinheiro. A bazuka dos fundos da UE vai traduzir-se em países como Portugal e Espanha numa política activa de compra de eleitores-clientes por parte dos governos socialistas.
Não, não é um vírus. É um processo de discriminação em curso. Os nadadores salvadores não devem entrar na água passando o socorro a ser efectuado preferencialmente por instruções transmitidas à distância aos náufragos (como se sabe uma pessoa a afogar-se é um ouvinte atento!) As aldeias ficam sem arraiais nem procissões. O santuário de Fátima foi cercado pelas autoridades. Em Lisboa, os centros comerciais continuam fechados. Nas lojas de bairro contam-se as pessoas que podem entrar. Os restaurantes parecem um tetris entre as mesas que se podem ocupar e as que garantem o distanciamento. O tal que é só para alguns. O distanciamento obrigatório tornou-se em Portugal uma marca de classe ou mais propriamente da pertença à classe errada. Ao mesmo tempo que os ajuntamentos estão proibidos o PCP faz comícios e o Campo Pequeno enche-se com os bonzos do regime a sorrir do pimba, agora devidamente editado pelo progressismo culto que à falta doutra inspiração canta Quim Barreiros. A CGTP e uns auto-denominados anti-racistas infringem as regras (para os outros) do distanciamento social numas manobras-manifestação na Alameda… O que há uns anos teria motivado pedidos de desculpa agora normalizou-se. O vírus institucionalizou os privilégios da casta. E a casta vai lutar tenazmente para os manter.
Não, não é um passozinho. É uma negociata para que não exista referendo à regionalização. «Costa acelera regionalização» anunciava o Expresso (os governantes do lado bom aceleram, os do lado mau atropelam). Esse acelerar vai passar pela eleição indirecta dos presidentes das Comissões de Coordenação e Desenvolvimento (CCDR). De imediato o Presidente da República veio explicar “que o Governo não está a fazer uma regionalização: «”É um passozinho no sentido de aproximar os autarcas das Comissões de Coordenação e Desenvolvimento (CCDR), mas isso é uma coisa, regionalizar é outra coisa”, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa aos jornalistas na praia da Ericeira, concelho de Mafra (Lisboa), onde foi dar um banho de mar, na abertura da época balnear
Traduzindo, ficamos com o pior dos dois mundos: esta eleição indirecta, agora apresentada desta forma tão inócua, vai dentro de um ou dois anos transformar-se num facto que implica a passagem para a fase seguinte. E como então nos explicarão, não só já não faz sentido equacionar o referendo à regionalização como convocá-lo choca com todos os “passozinhos” entretanto dados. Marcelo numa outra praia qualquer explicará então que o passozinho de 2020 não foi no sentido que ele tinha combinado mas de qualquer modo, e antes pelo contrário, como disse que tinha dito, por sua vez e na medida em que… agora vou ali mergulhar.
Não, não é austeridade. É pobreza selectiva. A ministra da Administração Pública, Alexandra Leitão, veio declarar a governamental recusa das políticas de austeridade. A senhora ministra é uma pessoa dada às contradições: nos tempos em que teve responsabilidades na Educação amava tanto a escola pública mas tanto que colocou as filhas no ensino privado. Agora declara recusar a austeridade num país que a está a viver. Desde que dentro da bolha da Administração Pública continue a rotina das progressões, dos aumentos e dos empregos vitalícios não há austeridade.
Não, não eram túmulos. Eram e são berçários de intolerantes. Esta semana escrevia Rui RamosNo princípio do século, ainda a esquerda vivia ao som da política de “terceira via” de Bill Clinton e Tony Blair. Foi o ambiente apocalíptico criado com a guerra do Iraque (2003), a crise financeira (2008) e, depois, as alterações climáticas, que permitiu aos restos grisalhos da extrema-esquerda dos anos 70 saírem dos seus túmulos universitários e arranjarem novos recrutas. Quem já os conhecia, pôde constatar que, talvez com menos citações de Marx, estavam na mesma.O retrato está certo à excepção do detalhe daquilo que Rui Ramos retrata como “túmulos universitários”: não eram nem são túmulos. Eram e são chocadeiras, berçários, estufas… ou como se quiser chamar aos ambientes devidamente protegidos onde é suposto conseguir-se o sucesso da reprodução. Durante anos e anos, as universidades encheram-se de observatórios, gabinetes e institutos onde os líderes de extrema-esquerda se cobriram de títulos académicos e aumentaram a sua influência. Pior, onde antes havia conhecimento eles colocaram a ideologia. Temas de investigação, atribuição de bolsas, conferências… tudo passou a estar subordinado à sua visão do mundo. Atribuem-se bolsas em função do sexo ou da cor da pele. Discute-se se a matemática tem género e proíbem-se conferências de autores não alinhados. Não, não eram túmulos. Eram e são berçários de intolerantes. E de ignorância.
Colunista do Observador
COMENTÁRIOS
MCMCA: Um resumo soberano do nosso pequenino mundo povoado de intelectuais elitistas que olham o povo como um conjunto amorfo e que deve ser por eles educado. Fazem de nós gato sapato com o maior despudor e, agora, que o centrão se aglutinou e arrebanhou na gamela BE e alguns PCPs, perderam por completo o pudor e, contradizendo-se em público, já nem se incomodam tal é o desprezo que, eles e os serviçais capangas da comunicação, pelo povo nutrem. HM tem o aplauso dos que trabalham e são despudoradamente roubados pelo poder vigente, e o ódio dos mais "porcos" de G. Orwell. De cara lavada HM se apresenta e é a ela que agradeço com gratidão o serviço que presta à imensa mole de gente que labuta para sustentar os predadores Vampiros de J. Afonso.
Sergio Coelho: Excepcional. É o que temos. Dai cada vez mais pobretanas e atrasados....
Mario Bros: Simplesmente perfeito ! Tragicamente perfeito, infelizmente. Que bela ditadura organizada sobre o olhar "atento" do Senhor Presidente da Republica !
Pedro Pinto: Parabéns à Helena Matos. Como sempre acutilante e sem meias palavras.
artur neves neves: Excelente texto e análise da realidade que hoje vivemos. Um embuste, uma mentira e uma ilusão das esquerdas unidas. A regionalização foi objecto de referendo e foi chumbada mas estes esquerdóides sociopatas não desistem, .Mais tachos e mais impostos que pagaremos para sustentar mais uma camada da administração pública... Enquanto isto sucede temos um presidente amigo do sistema e um povo completamente amestrado com as manobras destes sociopatas das esquerdas unidas.
Maria Narciso: Olhem para os EUA. Onde está a Grande Bandeira de Donald Trump....... – Autoridade – Ordem - Segurança.
Liberal Não-Confinável > Maria Narciso: A alternativa às suas esquerdas dementes não são as direitas dementes de Donald Trump.
Carminda Damiao: Muito bem Helena Matos. Verdades que precisam de ser ditas. Excelente como sempre, aliás eu aconselhava o colega do artigo anterior, o Gonçalo Homem de Almeida Correia, a ler a Helena para obter uma perspectiva mais detalhada do que é viver em Portugal, talvez deixasse de ter uma ideia tão romântica daquilo que é a realidade do nosso país.   Rui Fernandes: Excelente crónica, parabéns.   Pedro Ferreira: Excelente artigo.  Carlos Almeida: Excelente artigo Helena. Clareza e objectividade que conforta quem assiste a esta desgovernação da esquerda caviar que manipula e mente para se manter no poder.  Alberto Pereira: Análise muito bem feita à actual realidade!
Mário Silva Em relação aos EUA é uma realidade mais complexa, com aspectos quer de primeiro quer de terceiro mundo e que conheço bastante mal para opinar, mas incluiria também no primeiro mundo países como a Holanda, Dinamarca, Suécia ou Noruega. Na minha perspectiva tanto os países nórdicos como a Suíça são países desenvolvidos. Pagar muitos impostos não é por si só sinal de desenvolvimento, se assim fosse Portugal era um país de primeiro mundo mas a realidade está bem longe disso.
Nos grupo dos países mais desenvolvidos há diferentes modelos económicos, o que os une é uma série de aspectos variados tais como: elevado nível de civismo, instituições fortes e justas, elevados níveis de igualdade, classes políticas que trabalham em prol do bem de todos e não apenas do seu bolso. Quer a Suíça quer a Suécia partilham estes aspectos mas diferem muito no que diz respeito aos impostos. Eu prefiro o modelo suíço ao nórdico mas isso é algo pessoal.
Atenção que não quero com isto dizer que qualquer destes países que mencionei seja perfeito. Concordo com o que falou sobre o dinheiro sujo na Suíça e poderia acrescentar também o poderio da indústria farmacêutica que não foi ganho de forma totalmente ética. Duvido que haja os países sem alguns "telhados de vidro": a Noruega vive também de petróleo explorado em sítios corruptos e a Suécia e a Alemanha têm grandes fabricantes de armamento que vendem a países em guerra. Há no entanto nestas sociedades uma vontade de aprender com os erros e continuar a melhorar. Por ex, neste momento na Suíça está-se a discutir a aprovação de uma série de regras restritas para fazer negócios de forma mais ética e os bancos já não vivem (tanto) de dinheiro sujo como no passado.
Portugal progrediu muito desde que entrou na UE mas os últimos 15 anos tem estagnado a vários níveis e neste período os países do Bloco de Leste evoluíram muito mais. Não falo só a nível económico, falo de desenvolvimento humano no geral (sobretudo civismo, isso que referiu de estacionar em segunda fila e coisas afins). Tais países ainda não estão no primeiro mundo mas estão a aproximar-se mais depressa que nós. Como português isso deixa-me triste pois não acho que eles sejam mais capazes que nós a nível individual, mas tenho de dar o braço a torcer que a nível colectivo, de sociedade estão a ser mais eficazes.
Para terminar não é verdade que "só pode crescer muito quem esteve estagnado", só pode crescer mais rápido quem começa mais pobre. A questão aqui é que por ex. a República Checa ou a Polónia já nos ultrapassaram e ainda assim continuam a crescer mais que Portugal. Por isso digo que temos alguma coisa a aprender com estes países, sem preconceitos. Só assim podemos melhorar a nossa sociedade, não é com Chegas, nem com o sistema que nos tem governado nos últimos 30 e tal anos.
P.S.: eu não fiquei em Portugal à espera que o resto mudasse, votei com os meus pés e saí para evoluir como pessoa. Penso que hoje sou uma pessoa mais cívica que era quando estava em Portugal e por isso venho aqui partilhar a minha experiência sempre com intuito de melhorar o país em que nasci e que está no meu coração
Bruno Costa > Mario Silva: A Polónia ou rep checa de que fala são bem mais centrais que Portugal, fazem fronteira com 4 ou 5 países. Na logística dos transportes e na logística da "internacionalidade de capitais e ideias", Portugal é e será sempre mais periférico. Nada disso ajuda o pequenino Portugal.  O que está mesmo mal em Portugal é a chica espertice de mouro caloteiro. Tudo fica mais fácil se nos focarmos em fazer pelo nosso dia-a-dia e ignorarmos as redes sociais, os seus demagogos de soluções fáceis e os conflitos, a má criação e a cobardia nas caixas de comentários. As redes sociais e as caixas de comentários fazem as coisas parecer bem piores do que estão. São a maior destilaria de veneno e ódio. Do bem e das boas coisas (que tb as temos) raramente se ouve falar nelas. Passamos a vida a queixarmo-nos dos governos. A solução passa mais pelo que queremos ser e fazer por nós mesmos (e nem tudo passa por dinheiro) e menos pelos outros ou pelas suas supostas inépcias, incluindo as dos nossos governantes.
E concluo, temos a ideia parola de que a galinha da vizinha é sempre melhor que a nossa. Somos muito deslumbrados com o ”sucesso” dos outros (mts vezes literalmente e apenas aparente), e muito pouco orgulhosos de nós mesmos. Não falo de comunidade, sou pouco dado a patriotismos...falo de nós, na qualidade individual de cada um. Depois claro, vêem os ressabiamentos.....
Lá fora e em todos esses países que enumera, as coisas tb não são fáceis e não há soluções milagrosas para a felicidade do indivíduo. Há que bater nhascas e esgalhar felicidade das coisas mais pequenas. Verá que afinal as coisas não estão assim tão feias :)
Há que ter em atenção às carraças e sanguessugas que navegam nas fragilidades dos seres, os demagogos e populistas, aka Chegas, Salvinis e camandros.
A mim esses gajos de soluções fáceis e deslumbrados não me convencem. A minha felicidade não depende, não dependeu e NUNCA dependerá 1 minuto de terceiros, sejam eles políticos ou outra classe profissional. É assim que deveremos olhar para a vida. Tudo passa mais fácil. Todos estamos interligados, mas só devemos dar importância àquilo que podemos fazer por nós. 
Mario Silva > Bruno Costa Falei na Polónia mas podia ter referido a Lituânia ou Estónia, países menos centrais e que se têm desenvolvido com bastante sucesso. Mas voltando à Polónia, antes de 1989 a posição central do país era a mesma de hoje mas não se desenvolveu por questões ideológicas. Agora que têm as mesmas oportunidades que Portugal não ficam ao sabor de factores externos como sorte ou periferismo, aproveitam-nas melhor.
É precisamente a ideologia vigente em Portugal que, a meu ver, está a atrasar o país. Não me revejo neste modelo de desenvolvimento a duas velocidades: há um grupo de pessoas que de uma forma ou outra estão dependentes do Estado e que gozam de regalias como 35h semanais de trabalho, progressões automáticas na carreira e o outro grupo que o único direito que tem é pagar impostos para sustentar o primeiro grupo.
Esta lógica que usar impostos para comprar votos e segurar-se no poder é própria de país subdesenvolvido. Se já foi a um país nórdico verifica que não é para isso que servem os impostos elevados que pagam.
Claro que Portugal tem coisas boas e muitas delas ainda não podem ser estragadas pela política: bom clima, pessoas simpáticas e acolhentes, boa comida, estilo de vida relaxado. Também não há problemas de terrorismo.
Infelizmente a qualidade de vida é que não é tão boa, principalmente para quem como eu sempre trabalhou no sector privado. Por um lado é-se explorado pelas empresas - zero possibilidades de progressão na carreira, exigir que se façam horas extra mas sem receber 1 cêntimo por isso, uma pessoa quase tem medo de pedir férias pois não sabe se depois tem o emprego - e depois é-se também explorado pelo Estado com impostos elevados e serviços públicos de fraca qualidade. Antes de 2010 ao menos o custo de vida era muito mais acessível e os impostos eram mais baixos que hoje em dia, sempre dava para poupar algum dinheiro para gozar a vida.
Como ficar contente com esta evolução? Não se pode culpar só o azar da crise de 2008 e outras "externalidades", foram acima de tudo as escolhas políticas que nos levaram a esta situação.
É um bocado verdade isso de nos deslumbrarmos com o "sucesso" alheio, ou não fossemos um país latino. O status conta muito nos países de colonização romana.
As minhas opiniões foram formadas pela minha vivência do dia-a-dia. Vivo fora de Portugal há praticamente uma década e posso verificar que a qualidade de vida é melhor noutros países com pior clima e outras desvantagens. Trabalho menos horas que em Portugal, ganho mais, tenho mais tempo livre e recursos para aproveitar a vida, sou valorizado e tratado com outro respeito quer no trabalho quer na sociedade.
Como acha que isto se consegue? Primeiro tem de se pôr a economia a crescer e depois é que se têm recursos para melhorar o resto. É por isso que os meus comentários são sobretudo orientados à vertente económica que constitui o pilar fundamental. As paredes e o telhado vêm depois.
Noto que não estou a falar de soluções fáceis mas sim de opções que vejo darem resultados noutros países. Você já viveu fora, por acaso? É que ter opiniões só com base em colunas de opinião, no "ouvi dizer" ou por passado umas semanas de férias no "primeiro mundo" pouco ou nada vale. E enterrar a cabeça na areia e fingir que em Portugal vai tudo bem e achar que os outros só estão melhor por sorte ainda menos vale.
Bruno Costa > Mario Silva: Acredito em si e congratulo-o por tanta cortesia e educação na troca de pontos de vista comigo, mesmo que não em inteira sintonia. Coisa rara aqui no Observador, ringue de pancadaria virtual. Só por isso, um bem haja !!
Não, nunca vivi fora. Mas tenho familiares mesmo MT directos e muitos amigos chegados que viveram como expatriados, por exemplo em Lausanne. Diziam que era porreiro, mas eles eram todos privilegiados. Todos com boas casas pagas, carros pagos e bons salários na Suíça, por conta de multinacionais. Estive lá umas semanas, gostei mas não adorei. Não sei se para a "plebe", empregadas a dias e construção civil, as coisas serão assim tão formidáveis. Comprovei que uma 🍕 , 1 🍻 ou qualquer entretenimento ou convívio social são caríssimos, mesmo tendo em conta os elevados salários. As rendas tb elevadas. Já géneros alimentícios nos hiper mercados ou utilidades tipo água ou telecomunicações, são ao preço da chuva, face aos salários médios lá praticados. Acho que depende mesmos das nossas prioridades e valores de vida. Quem dê valor a boémia, convívio social e tertúlia depois das 22h,não vive lá bem. :) Quem não se importar de lhes proibirem despejar o autoclismo pós 22h ou quem não tenha uma vida social muito activa, estou certo que será muito feliz pela Suíça. Não tenho quaisquer dúvidas :)
Mario Silva > Bruno Costa: Podemos e devemos discordar de forma civilizada, caro Bruno. Quem tem capacidade de ouvir opiniões diferentes tem muito mais hipóteses de aprender e evoluir como pessoa. Já os cegos e contratados que por aqui andam nos comentários tenho sérias dúvidas que consigam evoluir, mas ainda tenho alguma esperança :
Por acaso eu actualmente resido na Suíça mas na parte alemã. Antes disso vivi na Alemanha e num país do ex-Pacto de Varsóvia. É verdade o que diz, o estilo de vida é muito diferente do nosso e as pessoas também mas apesar de tudo mantenho-me por lá e não penso regressar tão cedo.
De facto é uma vida mais aborrecida mas como referi ganho melhor e tenho muita flexibilidade e isso permite-me com frequência ir a Portugal ou a outras paragens onde a vida é efectivamente mais "boémia". Itália e França estão mesmo aqui ao lado, pena agora a pandemia :)
Sou um desses privilegiados que trabalha para uma multinacional e ganha bem mas também conheço portugueses que trabalham na construção e hotelaria e mesmo para eles é difícil regressar. Apesar do custo de vida é possível fazer um bom pé-de-meia em alguns anos e depois poder regressar a Portugal e ter uma vida mais digna. Muitos deles não ganhariam mais do que o salário mínimo aí.
Para mim este é o grande problema que vejo no actual sistema a duas velocidades que já falei. Quem trabalha na função pública tem uma vida mais estável e com outros benefícios (35h, recuperação de rendimentos, progressões automáticas na carreira, etc.).
Quem como eu não tem cunhas e só tem emprego no sector privado tem duas escolhas: continuar aí em Portugal, a ser explorado pelos empregadores e pelo Estado (impostos elevadíssimos), vivendo mês a mês ou emigrar para tentar ter uma vida melhor. Eu optei pela segunda.
O actual governo já demonstrou claramente que quer manter este sistema e assim continuar no poder. Não os vejo interessados em melhorar a vida para todos os portugueses. Como povo precisamos mais que um governo que dá uns trocos a quem "chora".
Desde 2018 que todos os meses há uma classe a "berrar" na rua e nos media para receber mais dinheiro - foram os polícias, enfermeiros, professores e por aí adiante - e o governo o que fez? Deu-lhes os trocos para se calarem e continua o "circo". Claro que os muitos trabalhadores do sector privado que ficaram sem emprego porque as empresas fecharam não viram nada nem contam para os "defensores dos trabalhadores".
Os salários do sector privado estão estagnados há 10 anos. O custo de vida aumentou, principalmente as rendas em Lisboa e Porto. Os impostos também aumentaram. Custa-me muito entender como é que uma família com crianças consegue sobreviver aí. Haverá algumas excepções mas a classe média está a ser esmagada e perdeu-se qualidade de vida por causa disso. Não somos o único país a sofrer deste mal mas há alguns vizinhos na UE que estão a conseguir resolver este problema. Na minha opinião Portugal também conseguiria se optasse por outro tipo de sistema, com o actual parece-me que vamos continuar a regredir.
José Miranda: Sensacional crónica! A Helena Matos define como ninguém a vil situação em que Portugal vive. Apresenta factos irrefutáveis. Aqueles que preferem os argumentos aos factos vão reagir.
Cipião de Numância: Fico atarantado com esta questão dos temas raciais. E ainda mais porque, em sentido figurado, costumo dizer que como sou daltónico não consigo distinguir cores, embora tenha desde há muito como dado adquirido que distingo muitíssimo bem COMPORTAMENTOS! Donde, na maioria das vezes, toda esta discussão me pareça coisas de "lana caprina" ou meras discussões da proselitagem esquerdosa e da aterradora ociosidade em que muita gente desta área milita.
Fico igualmente bastante confuso com a questão marginal das reparações históricas que muita desta gentinha advoga quanto aos descendentes dos antigos escravos. E até me apetece brincar um pouco com o tema, sugerindo que uma ideia original seria defender-se que todos os seus descendentes poderiam ser devolvidos à procedência, ou seja, transportados em sentido inverso novamente para a terra dos seus ancestrais cumprindo-se em toda a sua plenitude o lema de "África para os africanos". E nem sequer se pense que defenderia que se fizesse o mesmo aos oriundos europeus, muitos deles nascidos em terras africanas, e que foram devolvidos à procedência com uma mão à frente e outra atrás, como se lembrarão dos casos de Angola, Moçambique, Guiné, Zimbabué e segue agora ocorrendo na África do Sul sob constantes ameaças aos seus bens e vidas. Pelo contrário, defenderia que todas as nações implicadas no tráfico de escravos, proporcionassem meios económicos suficientes para o início de uma nova vida.
Como se poderá inferir trata-se de um mero exercício retórico da minha parte, sem qualquer sustentação prática, mas que servirá para contrapor aos disparates assolapados defendidos pelos esquerdosos nacionais d'aquém e d'além mar em África. Lembro aliás, por mera curiosidade, que tal situação nem sequer é virgem. Existe um país em África, a que hoje chamamos Libéria, que se formou e constituiu numa deriva parecida aquela que por mera brincadeira aqui propus.
Historiando o tema, entre 1821 e 1822 uma organização chamada "American Colonization Society" financiou, sobre doutrina do presidente americano James Monroe, a compra de vastos terrenos em África colonizando-a com escravos americanos e seus descendentes. Em honra a Monroe chamaram à sua capital Monrovia e adoptaram, "à la letre" a constituição americana.
Muitos saberão o que se passou. Mas para alguns esquerdosos mais ingénuos, tontos ou distraídos acrescentaria que muitos dos indígenas desses territórios comprados foram aniquilados e, já posteriormente, surgiram por lá duas pavorosas guerras civis que colocaram o país a ferro e a fogo. Acrescentarei, finalmente, que se trata de um país onde grassa uma profunda miséria!
Talvez isto nos pudesse fazer pensar, embora tenha poucas esperanças que tal exemplo venha a colher entre a malta esquerdosa tão estulta e profundamente atoleimada!...
José Paulo C Castro > Cipião de Numância: E também há o exemplo do Haiti. Eliminaram tudo que era branco. Não consta que tenham criado uma civilização portentosa e tolerante.
Cipião de Numância >José Paulo C Castro: Perfeito exemplo, caro José Paulo Castro. A que aliás eu acrescentaria outros exemplos.
Tenho para mim que a ideologia comunista obedece a instintos e sentimentos básicos de entre os quais destacaria a INVEJA! Para muita gentinha que professa tal ideologia, o conceito de economia, é um mero jogo de soma zero. Assim, se uns quantos têm muito pouco é, tão só, porque alguns possuem demasiado!!! 
Por exemplo, aquando da abrilada muitos comunistas ocuparam as herdades alentejanas. O raciocínio destes era simples e linear e, pensavam, se ficarmos com o que é dos patrões ficamos tão ricos quanto eles. O resultado é conhecido e deram com os burrinhos na água logo que se acabou a venda da safra anual, seguida da venda do gado, alienação das alfaias agrícolas e por aí vai.
É um pouco dessa lógica que é transportada em muitos dos casos para as questões raciais. E os casos das nossas antigas colónias aí está para o demonstrar. O mais grave da questão é que a comunada e os invejosos que a suporta ainda não conseguiram aprender. E já lá vão mais de 100 anos de trágicos falhanços!...
Carlos Sousa: Sempre certa, Helena Matos, na denúncia do politicamente correto com que esta esquerdalha sufoca a democracia e a liberdade. Que credibilidade tem Costa, Marcelo e a DGS para pedir cuidados e distanciamento, depois de termos visto as imagens das manifestações de ontem com mais de 6000 prevaricadores das regras de distanciamento ?! Onde estavam as autoridades ? Talvez nas praias a verificar se as toalhas estavam a 2 ou 3 metros separadas. Grande palhaçada nesta república das bananas!
Graciete Madeira: Retrato corajoso e fiel deste ambiente de mentiras e "faz de conta" que se vive no nosso País, que parece estar completamente drogado e não reage.
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