Tanto que ficou por dizer, dos 261
comentários que esta magnífica crónica de Helena Matos recebeu, alguns, é certo, a não merecerem essa
designação de comentários, na sua banalidade ou mesmo infantilidade, que naturalmente
não transcrevi. Mas tenho pena de ter deixado passar outros, por motivo do
excessivo tamanho do texto.
A mediocridade instalada definitivamente
no país, apontada por Helena Matos, que, naturalmente,
reage com ironia colérica a tanto cinismo, suportado por um povo desde sempre “educado”
para “aturar” os desmandos desses que o governam e igualmente se inscrevem nas
mesmas origens de falta de princípios “ab
ovo”, numa pátria “metida no gosto da
cobiça e na e na rudeza Duma austera, apagada e vil tristeza, como lembrava o pobre do Camões, que se recorda neste 10 de Junho como "seu Dia" (entre o de outros), propício às explosões do "Ódio" de Almada Negreiros sobre a tal "pátria onde Camões morreu de fome e onde todos enchem a barriga de Camões" - excluindo, naturalmente, este ano, por conta da Covid-19 ... ou do desconhecimento real dessa figura que se festeja.
Um país às avessas e na linha/premium
Um país às avessas e na linha/premium
Não, não é um vírus. É um processo de
discriminação em curso. Não, não é anti-racismo. É manipulação. Não, não é
austeridade. É pobreza selectiva. Não, não é uma bazuka. É o tacho do costume.
HELENA MATOS, Colunista do Observador
0BSERVADOR, 07 jun 2020
Tudo é definido pelo seu contrário.
Não, não é anti-racismo. É
a manipulação do costume. E
o paternalismo de sempre. Um
cidadão de São Tomé foi
assassinado no Seixal, o seu pai ficou gravemente ferido. Amigos,
vizinhos e familiares das vítimas fizeram uma manifestação no bairro da Cucena
onde vivem os agressores que são apresentados como ciganos. Pediam justiça e
falavam de racismo. Reportagens sobre a manifestação no bairro da Cucena? Ora, ora
manifestações contra o racismo só podem ser as correctas, aquelas que a
esquerda-activista autoriza, patrocina e organiza.
Um ucraniano morre em
Lisboa segundo tudo indica em consequência de violência policial. Manifestações?
Indignações?… Ainda se o governo fosse outro. Agora com um executivo tão progressista
é tão mais fácil gritar contra o Trump!
O combate ao racismo justifica tudo e o seu contrário neste momento. Querem fazer uma tese que ninguém critica?
Falem de racismo. Fazer um anúncio
fofinho? Falem de racismo. Um
argumento para um filme?… Desde claro que seja o racismo de que se pode falar: o exercido pelos brancos sobre os negros.
Provavelmente
veremos aparecer nas próximas legislativas um movimento – liderado por
Joacine Katar Moreira? – que vai fazer da cor da pele o seu programa político.
Sobretudo veremos o epíteto racista ser usado para neutralizar qualquer um que
tenha um pensamento discordante ou que questione o activismo dito anti-racista.
Um activismo que acentua a vitimização e não a autonomia e que
promove o ressentimento em vez do conhecimento. E
sobretudo um activismo que não quer cidadãos mas sim comunidades das quais
eles, os activistas, são os mediadores com o mundo.
Não, não é um processo exemplar.
É um processo que correu mal. A técnica
é simples: à primeira evidência de falhanço grita-se milagre. Ao primeiro
sinal de que vem aí um problema garante-se que foi feito tudo o que se podia
fazer. Perante o descalabro garante-se que foi um processo exemplar. Os ventiladores que estavam
sempre a chegar e afinal ainda não chegaram não são nesta lógica um
procedimento que correu mal mas sim “um processo exemplar”
A
23 de Março, o Governo comprou à China 500 ventiladores. Custaram 9,3 milhões
de euros. António Costa anunciou que 500 ventiladores chegariam da China até 14
de Abril. A 17 de Abril, só tinham chegado 65 ventiladores. Como se perceberá
posteriormente, neste caso receber não é sinónimo de chegar. Os jornais
fazem títulos com “Portugal recebe” mas
uma coisa é recebê-los na China outra bem diversa é fazê-los chegar a Portugal.
A 7 de Maio, já íamos em 1151 ventiladores comprados à China, mas dos tais
ventiladores que estavam sempre a chegar, a ser entregues e a ser recebidos,
tinham chegado 73. A 3 de Junho, o Correio da Manhã diz que dos
ventiladores comprados à China 887 estão por chegar e a 6 de Junho anuncia-se
que os ventiladores chegarão a 8 de Junho. Certamente um exemplo do que não devia ter acontecido.
Não, não é uma bazuka. É o
tacho do costume para os rapazes do costume. O
imaginário pátrio em relação aos fundos europeus oscila entre as almofadas e as
bazukas. Agora
estamos na fase da bazuka. Ou seja, um dinheiro que vem não se
sabe donde vai ser distribuído em rajada pelas clientelas do regime, em
adjudicações agora até devidamente isentadas do visto do Tribunal de Contas. Os
apoios anunciados por Bruxelas irão permitir ao PS continuar a protelar as
reformas necessárias enquanto promove os mecanismos para se perpetuar no poder, como é
o caso da regionalização que voltou à agenda mal se percebeu que ia haver dinheiro. A bazuka dos fundos da UE vai traduzir-se em
países como Portugal e Espanha numa política activa de compra de
eleitores-clientes por parte dos governos socialistas.
Não, não é um vírus. É um
processo de discriminação em curso. Os nadadores salvadores não devem
entrar na água passando o socorro a ser efectuado preferencialmente
por instruções transmitidas à distância aos náufragos (como se sabe uma pessoa
a afogar-se é um ouvinte atento!) As
aldeias ficam sem arraiais nem procissões. O santuário de Fátima foi cercado
pelas autoridades. Em Lisboa, os centros comerciais continuam fechados. Nas
lojas de bairro contam-se as pessoas que podem entrar. Os restaurantes parecem
um tetris entre as mesas que se podem ocupar e as que garantem o
distanciamento. O tal que é só para alguns. O distanciamento obrigatório
tornou-se em Portugal uma marca de classe ou mais propriamente da pertença à
classe errada. Ao mesmo
tempo que os ajuntamentos estão proibidos o PCP faz comícios e o Campo Pequeno enche-se com os
bonzos do regime a sorrir do pimba, agora devidamente editado pelo
progressismo culto que à falta doutra inspiração canta Quim Barreiros. A CGTP e
uns auto-denominados anti-racistas infringem as regras (para os outros) do
distanciamento social numas manobras-manifestação na Alameda… O que há uns anos
teria motivado pedidos de desculpa agora normalizou-se. O
vírus institucionalizou os privilégios da casta. E a casta vai lutar tenazmente
para os manter.
Não, não é um passozinho. É
uma negociata para que não exista referendo à regionalização. «Costa acelera regionalização»
anunciava o Expresso (os governantes do lado bom aceleram, os do lado mau
atropelam). Esse acelerar vai passar pela eleição indirecta dos presidentes das
Comissões de Coordenação e Desenvolvimento (CCDR). De imediato o Presidente da
República veio explicar “que o Governo não está a fazer uma regionalização: «”É um passozinho no sentido de
aproximar os autarcas das Comissões de Coordenação e Desenvolvimento (CCDR),
mas isso é uma coisa, regionalizar é outra coisa”, afirmou Marcelo Rebelo de
Sousa aos jornalistas na praia da Ericeira, concelho de Mafra (Lisboa), onde
foi dar um banho de mar, na abertura da época balnear.»
Traduzindo, ficamos com o pior dos dois mundos: esta eleição indirecta, agora apresentada desta forma tão inócua, vai dentro
de um ou dois anos transformar-se num facto que implica a passagem para a fase
seguinte. E como então nos explicarão, não só já não faz sentido equacionar o
referendo à regionalização como convocá-lo choca com todos os “passozinhos”
entretanto dados. Marcelo numa outra praia qualquer explicará então que o
passozinho de 2020 não foi no sentido que ele tinha combinado mas de qualquer
modo, e antes pelo contrário, como disse que tinha dito, por sua vez e na
medida em que… agora vou ali mergulhar.
Não, não é austeridade. É pobreza selectiva. A
ministra da Administração Pública, Alexandra Leitão, veio declarar a governamental
recusa das políticas de austeridade. A
senhora ministra é uma pessoa dada às contradições: nos tempos em que teve
responsabilidades na Educação amava tanto a escola pública mas tanto que
colocou as filhas no ensino privado. Agora declara recusar a austeridade num
país que a está a viver. Desde que dentro da bolha da Administração Pública
continue a rotina das progressões, dos aumentos e dos empregos vitalícios não
há austeridade.
Não, não eram túmulos. Eram e são berçários de intolerantes. Esta semana escrevia Rui Ramos “No princípio do século, ainda a esquerda vivia ao som
da política de “terceira via” de Bill Clinton e Tony Blair. Foi o ambiente
apocalíptico criado com a guerra do Iraque (2003), a crise financeira (2008) e,
depois, as alterações climáticas, que permitiu aos restos grisalhos da
extrema-esquerda dos anos 70 saírem dos seus túmulos universitários e
arranjarem novos recrutas. Quem já os conhecia, pôde constatar que, talvez com
menos citações de Marx, estavam na mesma.” O retrato
está certo à excepção do detalhe daquilo que Rui Ramos retrata como “túmulos universitários”: não eram nem são túmulos. Eram e são
chocadeiras, berçários, estufas… ou como se quiser chamar aos ambientes devidamente
protegidos onde é suposto conseguir-se o sucesso da reprodução. Durante anos e anos, as universidades
encheram-se de observatórios, gabinetes e institutos onde os líderes de
extrema-esquerda se cobriram de títulos académicos e aumentaram a sua influência.
Pior, onde antes havia conhecimento eles colocaram a ideologia. Temas de
investigação, atribuição de bolsas, conferências… tudo passou a estar
subordinado à sua visão do mundo. Atribuem-se bolsas em função do sexo ou da
cor da pele. Discute-se se a matemática tem género e proíbem-se conferências de
autores não alinhados. Não, não eram túmulos. Eram e são berçários de
intolerantes. E de ignorância.
Colunista do
Observador
COMENTÁRIOS
MCMCA: Um resumo soberano do nosso pequenino mundo povoado de
intelectuais elitistas que olham o povo como um conjunto amorfo e que deve ser
por eles educado. Fazem de nós gato sapato com o maior despudor e, agora, que o
centrão se aglutinou e arrebanhou na gamela BE e alguns PCPs, perderam por
completo o pudor e, contradizendo-se em público, já nem se incomodam tal é o
desprezo que, eles e os serviçais capangas da comunicação, pelo povo nutrem. HM
tem o aplauso dos que trabalham e são despudoradamente roubados pelo poder
vigente, e o ódio dos mais "porcos" de G. Orwell. De cara lavada HM
se apresenta e é a ela que agradeço com gratidão o serviço que presta à imensa
mole de gente que labuta para sustentar os predadores Vampiros de J. Afonso.
Sergio
Coelho: Excepcional. É o que temos.
Dai cada vez mais pobretanas e atrasados....
Mario Bros: Simplesmente perfeito ! Tragicamente perfeito, infelizmente. Que bela ditadura
organizada sobre o olhar "atento" do Senhor Presidente da Republica !
Pedro Pinto: Parabéns à
Helena Matos. Como sempre acutilante e sem meias palavras.
artur neves neves: Excelente
texto e análise da realidade que hoje vivemos. Um embuste, uma mentira e uma
ilusão das esquerdas unidas. A regionalização foi objecto de referendo e foi
chumbada mas estes esquerdóides sociopatas não desistem, .Mais tachos e mais
impostos que pagaremos para sustentar mais uma camada da administração
pública... Enquanto isto
sucede temos um presidente amigo do sistema e um povo completamente amestrado
com as manobras destes sociopatas das esquerdas unidas.
Maria Narciso: Olhem para os
EUA. Onde está a
Grande Bandeira de Donald Trump....... – Autoridade –
Ordem - Segurança.
Liberal Não-Confinável > Maria Narciso:
A alternativa às suas esquerdas dementes não são as
direitas dementes de Donald Trump.
Carminda Damiao: Muito bem
Helena Matos. Verdades que precisam de ser ditas. Excelente como sempre, aliás
eu aconselhava o colega do artigo anterior, o Gonçalo Homem de Almeida Correia,
a ler a Helena para obter uma perspectiva mais detalhada do que é viver em
Portugal, talvez deixasse de ter uma ideia tão romântica daquilo que é a
realidade do nosso país. Rui
Fernandes: Excelente crónica, parabéns. Pedro Ferreira: Excelente artigo.
Carlos Almeida: Excelente
artigo Helena. Clareza e objectividade que conforta quem assiste a esta
desgovernação da esquerda caviar que manipula e mente para se manter no poder. Alberto Pereira: Análise muito bem feita à actual realidade!
Mário Silva Em relação aos
EUA é uma realidade mais complexa, com aspectos quer de primeiro quer de
terceiro mundo e que conheço bastante mal para opinar, mas incluiria também no
primeiro mundo países como a Holanda, Dinamarca, Suécia ou Noruega.
Na minha perspectiva tanto os países
nórdicos como a Suíça são países desenvolvidos. Pagar muitos impostos não é por
si só sinal de desenvolvimento, se assim fosse Portugal era um país de primeiro
mundo mas a realidade está bem longe disso.
Nos
grupo dos países mais desenvolvidos há diferentes modelos económicos, o que os
une é uma série de aspectos variados tais como: elevado nível de civismo,
instituições fortes e justas, elevados níveis de igualdade, classes políticas
que trabalham em prol do bem de todos e não apenas do seu bolso. Quer a Suíça
quer a Suécia partilham estes aspectos mas diferem muito no que diz respeito
aos impostos. Eu prefiro o modelo suíço ao nórdico mas isso é algo pessoal.
Atenção
que não quero com isto dizer que qualquer destes países que mencionei seja
perfeito. Concordo com o que falou sobre o dinheiro sujo na Suíça e poderia
acrescentar também o poderio da indústria farmacêutica que não foi ganho de
forma totalmente ética. Duvido que haja os países sem alguns "telhados de
vidro": a Noruega vive também de petróleo explorado em sítios corruptos e
a Suécia e a Alemanha têm grandes fabricantes de armamento que vendem a países
em guerra. Há no entanto nestas sociedades uma vontade de aprender com os erros
e continuar a melhorar. Por ex, neste momento na Suíça está-se a discutir a
aprovação de uma série de regras restritas para fazer negócios de forma mais
ética e os bancos já não vivem (tanto) de dinheiro sujo como no passado.
Portugal
progrediu muito desde que entrou na UE mas os últimos 15 anos tem estagnado a
vários níveis e neste período os países do Bloco de Leste evoluíram muito mais. Não falo só a nível económico, falo de
desenvolvimento humano no geral (sobretudo civismo, isso que referiu de
estacionar em segunda fila e coisas afins). Tais países ainda não estão no
primeiro mundo mas estão a aproximar-se mais depressa que nós. Como português
isso deixa-me triste pois não acho que eles sejam mais capazes que nós a nível
individual, mas tenho de dar o braço a torcer que a nível colectivo, de sociedade
estão a ser mais eficazes.
Para
terminar não é verdade que "só pode crescer muito quem esteve
estagnado", só pode crescer mais rápido quem começa mais pobre. A questão
aqui é que por ex. a República Checa ou a Polónia já nos ultrapassaram e ainda
assim continuam a crescer mais que Portugal. Por isso digo que temos alguma
coisa a aprender com estes países, sem preconceitos. Só assim podemos melhorar
a nossa sociedade, não é com Chegas, nem com o sistema que nos tem governado
nos últimos 30 e tal anos.
P.S.:
eu não fiquei em Portugal à espera que o resto mudasse, votei com os meus pés e
saí para evoluir como pessoa. Penso que hoje sou uma pessoa mais cívica que era
quando estava em Portugal e por isso venho aqui partilhar a minha experiência
sempre com intuito de melhorar o país em que nasci e que está no meu coração
Bruno Costa > Mario Silva: A
Polónia ou rep checa de que fala são bem mais centrais que Portugal, fazem
fronteira com 4 ou 5 países. Na logística dos transportes e na logística da
"internacionalidade de capitais e ideias", Portugal é e será sempre
mais periférico. Nada disso ajuda o pequenino Portugal. O que está mesmo mal em Portugal é a chica espertice de
mouro caloteiro. Tudo fica
mais fácil se nos focarmos em fazer pelo nosso dia-a-dia e ignorarmos as redes
sociais, os seus demagogos de soluções fáceis e os conflitos, a má criação e a
cobardia nas caixas de comentários. As redes sociais e as caixas de comentários fazem as
coisas parecer bem piores do que estão. São a maior destilaria de veneno e
ódio. Do bem e das boas coisas (que tb as temos) raramente se ouve falar nelas.
Passamos a vida a queixarmo-nos dos
governos. A solução passa mais pelo que queremos ser e fazer por nós mesmos (e
nem tudo passa por dinheiro) e menos pelos outros ou pelas suas supostas
inépcias, incluindo as dos nossos governantes.
E
concluo, temos a ideia parola de que a galinha da vizinha é sempre melhor que a
nossa. Somos muito deslumbrados com o ”sucesso” dos outros (mts vezes
literalmente e apenas aparente), e muito pouco orgulhosos de nós mesmos. Não
falo de comunidade, sou pouco dado a patriotismos...falo de nós, na qualidade
individual de cada um. Depois claro, vêem os ressabiamentos.....
Lá fora e em todos esses países que
enumera, as coisas tb
não são fáceis e não há soluções milagrosas para a felicidade do indivíduo. Há
que bater nhascas e esgalhar felicidade das coisas mais pequenas. Verá que
afinal as coisas não estão assim tão feias :)
Há que ter
em atenção às carraças e sanguessugas que navegam nas fragilidades dos seres,
os demagogos e populistas, aka Chegas, Salvinis e camandros.
A
mim esses gajos de soluções fáceis e deslumbrados não me convencem. A minha felicidade
não depende, não dependeu e NUNCA dependerá 1 minuto de terceiros, sejam eles
políticos ou outra classe profissional. É assim que deveremos olhar para a
vida. Tudo passa mais fácil. Todos estamos interligados, mas só devemos dar
importância àquilo que podemos fazer por nós.
Mario Silva > Bruno Costa Falei
na Polónia mas podia ter referido a Lituânia ou Estónia, países menos centrais
e que se têm desenvolvido com bastante sucesso. Mas voltando à Polónia, antes de 1989 a posição
central do país era a mesma de hoje mas não se desenvolveu por questões
ideológicas. Agora que têm as mesmas oportunidades que Portugal não ficam ao
sabor de factores externos como sorte ou periferismo, aproveitam-nas melhor.
É
precisamente a ideologia vigente em Portugal que, a meu ver, está a atrasar o
país. Não me revejo neste modelo de desenvolvimento a duas velocidades: há um
grupo de pessoas que de uma forma ou outra estão dependentes do Estado e que
gozam de regalias como 35h semanais de trabalho, progressões automáticas na
carreira e o outro grupo que o único direito que tem é pagar impostos para
sustentar o primeiro grupo.
Esta
lógica que usar impostos para comprar votos e segurar-se no poder é própria de
país subdesenvolvido. Se já foi a um país nórdico verifica que não é para isso
que servem os impostos elevados que pagam.
Claro que Portugal tem coisas boas e
muitas delas ainda não podem ser estragadas pela política: bom clima, pessoas
simpáticas e acolhentes, boa comida, estilo de vida relaxado. Também não há
problemas de terrorismo.
Infelizmente
a qualidade de vida é que não é tão boa, principalmente para quem como eu
sempre trabalhou no sector privado.
Por um lado é-se explorado pelas empresas - zero possibilidades de progressão
na carreira, exigir que se façam horas extra mas sem receber 1 cêntimo por
isso, uma pessoa quase tem medo de pedir férias pois não sabe se depois tem o
emprego - e depois é-se também explorado pelo Estado com impostos elevados e
serviços públicos de fraca qualidade. Antes de 2010 ao menos o custo de vida
era muito mais acessível e os impostos eram mais baixos que hoje em dia, sempre
dava para poupar algum dinheiro para gozar a vida.
Como
ficar contente com esta evolução? Não se pode culpar só o azar da crise de 2008
e outras "externalidades", foram acima de tudo as escolhas políticas
que nos levaram a esta situação.
É um bocado verdade isso de nos
deslumbrarmos com o "sucesso" alheio, ou não fossemos um país latino.
O status conta muito nos países de colonização romana.
As minhas opiniões foram formadas pela
minha vivência do dia-a-dia. Vivo fora de Portugal há praticamente uma década e
posso verificar que a qualidade de vida é melhor noutros países com pior clima
e outras desvantagens. Trabalho menos horas que em Portugal, ganho mais, tenho
mais tempo livre e recursos para aproveitar a vida, sou valorizado e tratado
com outro respeito quer no trabalho quer na sociedade.
Como acha que isto se consegue?
Primeiro tem de se pôr a economia a crescer e depois é que se têm recursos para
melhorar o resto. É por isso que os meus comentários são sobretudo orientados à
vertente económica que constitui o pilar fundamental. As paredes e o telhado
vêm depois.
Noto
que não estou a falar de soluções fáceis mas sim de opções que vejo darem
resultados noutros países. Você já viveu fora, por acaso? É que ter opiniões só
com base em colunas de opinião, no "ouvi dizer" ou por passado umas
semanas de férias no "primeiro mundo" pouco ou nada vale. E enterrar
a cabeça na areia e fingir que em Portugal vai tudo bem e achar que os outros
só estão melhor por sorte ainda menos vale.
Bruno Costa > Mario Silva: Acredito
em si e congratulo-o por tanta cortesia e educação na troca de pontos de vista
comigo, mesmo que não em inteira sintonia. Coisa rara aqui no Observador,
ringue de pancadaria virtual. Só por isso, um bem haja !!
Não,
nunca vivi fora. Mas tenho familiares mesmo MT directos e muitos amigos chegados
que viveram como expatriados, por exemplo em Lausanne. Diziam que era porreiro,
mas eles eram todos privilegiados. Todos com boas casas pagas, carros pagos e
bons salários na Suíça, por conta de multinacionais. Estive lá umas semanas,
gostei mas não adorei. Não sei se para a "plebe", empregadas a dias e
construção civil, as coisas serão assim tão formidáveis. Comprovei que uma 🍕 , 1 🍻 ou qualquer
entretenimento ou convívio social são caríssimos, mesmo tendo em conta os
elevados salários. As rendas tb elevadas. Já géneros alimentícios nos hiper
mercados ou utilidades tipo água ou telecomunicações, são ao preço da chuva,
face aos salários médios lá praticados. Acho que depende mesmos das nossas prioridades
e valores de vida. Quem dê valor a boémia, convívio social e tertúlia depois
das 22h,não vive lá bem. :) Quem não se importar de lhes proibirem despejar o
autoclismo pós 22h ou quem não tenha uma vida social muito activa, estou certo
que será muito feliz pela Suíça. Não tenho quaisquer dúvidas :)
Mario Silva > Bruno Costa: Podemos
e devemos discordar de forma civilizada, caro Bruno. Quem tem capacidade de
ouvir opiniões
diferentes tem muito mais hipóteses de aprender e evoluir como pessoa. Já os
cegos e contratados que por aqui andam nos comentários tenho sérias dúvidas que
consigam evoluir, mas ainda tenho alguma esperança :
Por acaso eu actualmente resido na Suíça mas na parte
alemã. Antes disso vivi na Alemanha e num país do ex-Pacto de Varsóvia. É
verdade o que diz, o estilo de vida é muito diferente do nosso e as pessoas
também mas apesar de tudo mantenho-me por lá e não penso regressar tão cedo.
De facto é uma vida mais aborrecida mas como referi
ganho melhor e tenho muita flexibilidade e isso permite-me com frequência
ir a Portugal ou a outras paragens onde a vida é efectivamente mais
"boémia". Itália e França estão mesmo aqui ao lado, pena agora a
pandemia :)
Sou um desses privilegiados que trabalha para uma
multinacional e ganha bem mas também conheço portugueses que trabalham na
construção e hotelaria e mesmo para eles é difícil regressar. Apesar do custo
de vida é possível fazer um bom pé-de-meia em alguns anos e depois poder
regressar a Portugal e ter uma vida mais digna. Muitos deles não ganhariam mais
do que o salário mínimo aí.
Para mim este é o grande problema que vejo no actual
sistema a duas velocidades que já falei. Quem trabalha na função pública tem
uma vida mais estável e com outros benefícios (35h, recuperação de rendimentos,
progressões automáticas na carreira, etc.).
Quem como eu não tem cunhas e só tem emprego no sector
privado tem duas escolhas: continuar aí em Portugal, a ser explorado pelos
empregadores e pelo Estado (impostos elevadíssimos), vivendo mês a mês ou
emigrar para tentar ter uma vida melhor. Eu optei pela segunda.
O actual governo já demonstrou claramente que quer
manter este sistema e assim continuar no poder. Não os vejo interessados em
melhorar a vida para todos os portugueses. Como povo precisamos mais que um
governo que dá uns trocos a quem "chora".
Desde 2018 que
todos os meses há uma classe a "berrar" na rua e nos media para
receber mais dinheiro - foram os polícias, enfermeiros, professores e por aí
adiante - e o governo o que fez? Deu-lhes os trocos para se calarem e continua
o "circo". Claro que os muitos trabalhadores do sector privado que
ficaram sem emprego porque as empresas fecharam não viram nada nem contam para
os "defensores dos trabalhadores".
Os salários do sector privado estão estagnados há 10
anos. O custo de vida aumentou, principalmente as rendas em Lisboa e Porto. Os
impostos também aumentaram. Custa-me muito entender como é que uma família com
crianças consegue sobreviver aí. Haverá algumas excepções mas a classe média
está a ser esmagada e perdeu-se qualidade de vida por causa disso. Não somos o
único país a sofrer deste mal mas há alguns vizinhos na UE que estão a conseguir
resolver este problema. Na minha opinião Portugal também conseguiria se optasse
por outro tipo de sistema, com o actual parece-me que vamos continuar a
regredir.
José Miranda: Sensacional crónica! A Helena
Matos define como ninguém a vil situação em que Portugal vive. Apresenta factos
irrefutáveis. Aqueles que preferem os argumentos aos factos vão reagir.
Cipião de Numância: Fico atarantado com esta questão dos temas raciais. E ainda mais porque, em
sentido figurado, costumo dizer que como sou daltónico não consigo distinguir
cores, embora tenha desde há muito como dado adquirido que distingo muitíssimo
bem COMPORTAMENTOS! Donde, na maioria das vezes, toda esta discussão me pareça coisas de
"lana caprina" ou meras discussões da proselitagem esquerdosa e da
aterradora ociosidade em que muita gente desta área milita.
Fico igualmente bastante confuso com a questão
marginal das reparações históricas que muita desta gentinha advoga quanto aos
descendentes dos antigos escravos. E até me apetece brincar um pouco com o
tema, sugerindo que uma ideia original seria defender-se que todos os seus
descendentes poderiam ser devolvidos à procedência, ou seja, transportados em
sentido inverso novamente para a terra dos seus ancestrais cumprindo-se em toda
a sua plenitude o lema de "África para os africanos". E nem sequer se
pense que defenderia que se fizesse o mesmo aos oriundos europeus, muitos deles
nascidos em terras africanas, e que foram devolvidos à procedência com uma mão
à frente e outra atrás, como se lembrarão dos casos de Angola, Moçambique,
Guiné, Zimbabué e segue agora ocorrendo na África do Sul sob constantes ameaças
aos seus bens e vidas. Pelo contrário, defenderia que todas as nações
implicadas no tráfico de escravos, proporcionassem meios económicos suficientes
para o início de uma nova vida.
Como se poderá inferir trata-se de um mero exercício
retórico da minha parte, sem qualquer sustentação
prática, mas que servirá para contrapor aos disparates assolapados defendidos
pelos esquerdosos nacionais d'aquém e d'além mar em África. Lembro aliás, por
mera curiosidade, que tal situação nem sequer é virgem. Existe um país em
África, a que hoje chamamos Libéria,
que se formou e constituiu numa deriva parecida aquela que por mera brincadeira
aqui propus.
Historiando
o tema, entre 1821 e
1822 uma organização chamada "American Colonization Society"
financiou, sobre doutrina do presidente americano James
Monroe, a compra de
vastos terrenos em África colonizando-a com escravos americanos e seus
descendentes. Em honra a Monroe chamaram à sua capital Monrovia e adoptaram, "à la letre" a constituição
americana.
Muitos
saberão o que se passou. Mas para alguns esquerdosos mais ingénuos, tontos ou
distraídos acrescentaria que muitos dos indígenas desses territórios comprados
foram aniquilados e, já posteriormente, surgiram por lá duas pavorosas guerras
civis que colocaram o país a ferro e a fogo. Acrescentarei, finalmente, que se
trata de um país onde grassa uma profunda miséria!
Talvez
isto nos pudesse fazer pensar, embora tenha poucas esperanças que tal exemplo
venha a colher entre a malta esquerdosa tão estulta e profundamente
atoleimada!...
José Paulo C Castro > Cipião de Numância: E também há o exemplo do Haiti. Eliminaram tudo que era branco. Não consta que tenham
criado uma civilização portentosa e tolerante.
Cipião de Numância >José Paulo C Castro: Perfeito exemplo, caro José
Paulo Castro. A que aliás eu acrescentaria outros exemplos.
Tenho para mim que a ideologia comunista obedece a
instintos e sentimentos básicos de entre os quais destacaria a INVEJA! Para muita gentinha que
professa tal ideologia, o conceito de economia, é um mero jogo de soma zero. Assim,
se uns quantos têm muito pouco é, tão só, porque alguns possuem
demasiado!!!
Por exemplo, aquando da abrilada muitos comunistas
ocuparam as herdades alentejanas. O raciocínio destes era simples e linear e,
pensavam, se ficarmos com o que é dos patrões ficamos tão ricos quanto eles. O
resultado é conhecido e deram com os burrinhos na água logo que se acabou a
venda da safra anual, seguida da venda do gado, alienação das alfaias agrícolas
e por aí vai.
É um pouco dessa lógica que é transportada em muitos
dos casos para as questões raciais. E os casos das nossas antigas colónias aí
está para o demonstrar. O mais grave da questão é que a comunada e os invejosos
que a suporta ainda não conseguiram aprender. E já lá vão mais de 100 anos de
trágicos falhanços!...
Carlos Sousa: Sempre certa,
Helena Matos, na denúncia do politicamente correto com que esta esquerdalha
sufoca a democracia e a liberdade. Que
credibilidade tem Costa, Marcelo e a DGS para pedir cuidados e distanciamento,
depois de termos visto as imagens das manifestações de ontem com mais de 6000
prevaricadores das regras de distanciamento ?! Onde estavam as autoridades ? Talvez nas praias a verificar
se as toalhas estavam a 2 ou 3 metros separadas. Grande palhaçada nesta
república das bananas!
Graciete Madeira: Retrato
corajoso e fiel deste ambiente de mentiras e "faz de conta"
que se vive no nosso País, que parece
estar completamente drogado e não reage.
…………………………….
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