“Pobre
do Álvaro de Campos!” E não passamos disto, embora haja pessoas corajosas
pelo meio, a rebelar-se. Como Helena
Matos e alguns apoiantes.
Contra o novo normal candidato presidencial precisa-se
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Alguém tem de representar os que
defendem que somos iguais independentemente da nossa ideologia, que o PR tem de ter um programa e não uma
táctica e que há vida, difícil, para lá da propaganda.
HELENA MATOS OBSERVADOR,
31 mai 2020
PS. Dá-se preferência a quem não se ponha em calções ao primeiro sinal
de que pode estar a descer nas sondagens.
O
novo normal garante que Marcelo é o único sinal dissonante face a uma esquerda
que já nem precisa de disfarçar a sua arrogância. O próprio Marcelo participa
activamente desta narrativa: “sempre quero ver se eu não me candidatar e ficar tudo
nas mãos da esquerda, sim, sempre quero ver…” ouviu-lhe proferir Maria João Avillez .
Digamos
que o novo normal tem todo o tacticismo da velha política só que já ninguém se
lembra disso: desde que em Fevereiro de 2014 apareceu de surpresa num congresso
do PSD, lançando o seu nome para as presidenciais, Marcelo afirma-se
precisamente não por congregar mas sim por secar todo o campo político à sua
volta, para em seguida se apresentar como a única alternativa possível. O “sempre quero ver se eu não me candidatar” não é um desabafo de Marcelo perante as
oposições, é sim um programa de vitória sobre os seus. É esse o programa de Marcelo: foi assim que em 2016
ganhou a Passos Coelho (Sampaio da Nóvoa era uma segunda figura nos combates
que Marcelo então travou). É assim que em 2021 quer ganhar àqueles que
não se conformaram com a marcelização da direita.
O
novo normal tal como acontecia com a velha normalidade garante que os eleitores
de direita devem não só aceitar esta estratégia de Marcelo como cumprir
o papel que ele lhes reservou nela. Como? Votando nele.
Marcelo deixou passar as 35 horas na
função pública, pactuou com o ataque à PGR, calou-se sobre as cativações… mas
isso na tal lista de gestos que terá elaborado para provar a sua fidelidade aos
seus princípios junto do eleitorado que o elegeu em 2016 deve equivaler a dois
posfácios. Não só aceitou como promoveu a versão da geringonça sobre os
governos de Passos Coelho mas o que é isso ao pé dos prefácios que redigiu para
umas obras que a direita alegadamente lê?
Ser eleitor de direita será nesta
versão o que existe de mais aproximado de coleccionador de textos obscuros e do
extinto serviço militar obrigatório: tal como
o recruta não escolhia o quartel em que assentava praça também o eleitor de
direita está obrigado a no dia das eleições apresentar-se nas urnas de voto e
cumprir o seu dever. Acontece que
no novo normal tal como no velho os votos não estão garantidos: há que
lutar por eles, coisa para que manifestamente Marcelo tem pouca paciência. Marcelo
gosta da aclamação não do debate.
Mas
acontece também que Portugal precisa urgentemente que abandonemos a retórica
dos milagres, das soluções mágicas dos milhões que a Europa vai mandar (quantos
impostos vão ser criados?), das falácias
sobre a não austeridade. Do quotidiano transformado em
absurdo: as crianças não podem ir à escola mas
podem ir à praia. A DGS proíbe concentrações de pessoas mas o PCP faz comícios. Por mais que isso incomode Marcelo, as próximas
presidenciais são uma oportunidade que não se pode perder para que aconteça
uma ruptura neste ilusionismo feito poder. Ou para que pelo menos essa
ruptura comece. Afinal o novo normal começou por evidenciar a
mediocridade gerada pela velha politização dos quadros técnicos da administração
pública – a DGS está longe de ser um caso isolado – e acabou a escancarar as fragilidades do
governo: além do primeiro-ministro, dos ministros da Economia, Finanças e
Negócios Estrangeiros sobram dezenas de ministros e secretários de quem nem
se sabe o nome muito menos o que pensam.
O convite feito no novo normal a Costa
e Silva para projectar o programa de recuperação económica do país apenas
confirma o que já se sabia: o governo era muito fraco nos tempos da normalidade
e muito fraco continua a ser no tempo do novo normal. Como é seu hábito, António Costa rodeou-se de figuras
apagadas (ou que se deixam apagar) o que obviamente teve péssimas consequências
na gestão da pandemia. O novo
normal expôs uma oposição que à esquerda fez do crescimento do aparelho de estado o seu
euromilhões e que à direita, no PSD, vive uma espécie de regresso ao passado, àqueles
tempos em que criticar um governo era sinónimo de atacar o país.
E
depois, claro temos devidamente exponenciado o síndroma
André Ventura, essa patologia que se traduz por acreditar que tudo
aquilo que André Ventura diz é mau só porque é dito por André Ventura. Esta paradoxo levou a que ao mesmo tempo que aceitamos
viver sob agendas absurdas e disparatadas impostas pela esquerda radical
(agendas essas que por exemplo nos colocaram a discutir a eutanásia nas semanas
que eram preciosas para tratar da segurança dos lares por causa do Covid)
toleramos que sejam excluídos da discussão os problemas reais de milhares de
pessoas, como é o caso da insegurança, simplesmente porque esse assunto é caro
a André Ventura. Ora o que deve distinguir os políticos não são os assuntos que
abordam mas sim as soluções que propõem.
Deste
síndroma André Ventura também
faz parte a convicção que André Ventura tem um apoio de tal forma crescente que
qualquer candidato que surja à direita será derrotado por Ventura, à excepção
de Marcelo, claro. Percebo
que a tese agrade a ambos, a Marcelo e a Ventura, mas isto
não é um dilema é uma ratoeira. Ou se
quebra esta dicotomia apresentando uma outra candidatura ou os próximos anos
serão marcados pelo tacticismo egocêntrico de Marcelo e o crescimento do
ascendente político do líder do Chega que na verdade já nem precisa de abrir a
boca para ser declarado vencedor dos debates que não travou. À beira
da segunda candidatura de Marcelo a direita está a pagar o preço do medo de
fazer de política.
À
beira da sua segunda candidatura, Marcelo descobriu que as coisas podem
ser mais difíceis do que previra.
Afinal não é certo que os socialistas se mobilizem para votar nele e à direita
sabe que perdeu votos, só não sabe quantos. Acredita que apresentar-se entre os
radicalismos de André Ventura e Ana Gomes é o q.b. para que os
renitentes se disponham a ir votar Marcelo “apesar de”. Terá razão mas o
problema de quem na política vive a fazer contas é que nunca conta com as contas
dos outros. Marcelo não é o único fazer contas. E se às
parcelas Marcelo, Ana Gomes, André Ventura juntarmos uma candidatura
proveniente do centro direita, o resultado pode ser a melhor forma (e também a
única que resta) de trazer a realidade para a nova normalidade.
PS. A propósito do
Bairro da Jamaica e do papel das autarquias comunistas na proliferação das
barracas e bairros clandestinos releia-se esta entrevista de Víctor Reis,
ex-presidente do Instituto da Habitação e Reabilitação Urbana: “Desde sempre que os municípios dirigidos pelo PCP
mostraram grande resistência a assumir o papel de quem tem que ser senhorio.
Mesmo quando havia necessidade de fazer realojamentos de bairros de barracas,
estas autarquias assumiam a postura de que era um problema do governo central.
E foi assim que chegámos ao problema a que chegámos no concelho da Amadora, em
Almada e como estamos no Seixal.“
CORONAVÍRUS ELEIÇÕES
PRESIDENCIAIS MARCELO
REBELO DE SOUSA SAÚDE PÚBLICA SAÚDE ELEIÇÕES POLÍTICA PRESIDENTE DA
REPÚBLICA
COMENTÁRIOS:
José Ramos: Juntaram-se
na mesma legislatura (que promete sequelas) os dois maiores oportunistas
políticos da 3ª. República, Estado Novo e, presumo, 1ª. República. Costa e
Marcelo. E, no caso do executivo, nunca o compadrio, o nepotismo e a descarada
troca de favores estiveram tão em alta nem o "jornalismo" foi tão
voluntariamente cooperante. Até, temo-o, a arrogância, a pesporrência,
conseguem ser mais obscenas que o "respeitinho" típico dos tempos de
Salazar. A este estado de coisas chama-se colaboracionismo, covardia, venalidade
a baixo preço, indignidade.
Carlos Almeida: Mais uma excelente análise política de Helena Matos.
Água mole em pedra dura...
João Porrete: Entre Ana
Gomes e Ventura, Ana Gomes. Entre Marcelo e Ventura, Ventura. Entre Ana Gomes e
Marcelo, Ana Gomes. Ass.
Um eleitor de Marcelo em 2016. José Pedro Faria > João Porrete: Entre
um mau e outro pior, escolho o pior. Quanto pior, melhor. José Miranda: O
Trump não é um modelo de pessoa, mas é muito melhor que o da postiça Clinton. Em
termos de desempenho tem sido bem melhor que o "simpático Obama. João Porrete > José Miranda: Sem
dúvida. Trump encetou uma guerra comercial necessária contra a China, acabou
com o Estado Islâmico, foi-se embora do Iraque e está prestes a fazê-lo do
Afeganistão, forçou os alemães, portugueses e outros europeus a questionarem se
querem ou não gastar dinheiro com defesa, pôs a economia a funcionar para os
americanos típicos e, na pandemia, montou um programa gigantesco de apoio a
famílias e empresas, pôs a política de imigração dos EUA na ordem, trouxe
indústria de volta aos EUA, governando para os seus concidadãos, bloqueou os
ímpetos do Partido Comunista Chinês de exportar o seu modelo securitário e
totalitarista para outras paragens, etc. Penso que Trump será reeleito à conta
da sua política de nacionalismo económico, em especial porque a sua postura
antichinesa não é postiça, ao contrário dos democratas, que só agora começam a
perceber que andam a fazer o jogo do PCC há décadas. Frederico Bernardes > José Miranda: É
um erro pensar-se só nas questões económicas. Os líderes têm de ser muito mais
do que isso. Têm de ser defensores e exemplo de valores de progresso social e
civilizacional. Não vejo nada disso no Trump. Pelo contrário, líderes como o
Trump, Ventura e Bolsonaro (também os há de esquerda, atenção) tendem a fazer
vir à tona e a legitimar o que de pior há nas pessoas. Belo Miro 0 > João Porrete: Os
Democratas sabem muitos bem o que andaram a fazer. A maior parte deles estão no
bolso da China. Follow the money!mmHelmarques, Foi buscar exemplos que nada têm a ver com a nossa
realidade, nem dos quais estamos minimamente próximos. Portanto, desculpar maus
exemplos com outros maus exemplos serve de muito pouco. Sete Cidades: Há
muitos anos que vejo Helena Matos a remar contra a maré, com particulares
agudeza de espírito e clareza de expressão. Contudo, o barco vai sendo
arrastado e talvez seja tempo de tentar compreender donde vêm essas correntes
que nada consegue contrariar. Se for possível… porque ninguém quer ir acordar o
mostrengo que habita os fins do mundo. O facto é que ao Povo português se fazem
exigências enormes. Tem que trabalhar e produzir durante o dia e estudar ao
serão para distinguir as melhores políticas no ensino, nos negócios
estrangeiros, na ordem pública, na economia, na preservação da natureza, &
etc. E tem que saber quais são os políticos mais habilitados a cumprir as boas
políticas. Em cima disso, ainda tem que escolher o presidente dos EUA. É obra a
mais para um povo só. Joaquim
Zacarias: Depois de ler inúmeros textos de HM, RR, JMF
e de AG, ficamos surpreendidos com o seu posicionamento em relação às presidenciais.
Como é possível, depois de tanta critica feita a Marcelo e à esquerda em geral,
concluírem que o menos mau é votar no actual PR, ou então, propor alguém do
chamado centro direita, seja lá isso o que for. Votar Marcelo, é votar em quem
não tem uma idéia, uma bandeira ,um desígnio para o país. O "radical"
Ventura ,é o único politico eleito, que dá o nome aos bois, que denuncia os
arranjinhos, as artimanhas e os compadrios deste desgoverno, sempre com o apoio
deste PR .Estes excelentes cronistas afinal, também sofrem de complexos de
esquerda. Lamentavelmente.
Ana Brito: tal como os
povos dos EUA e Brasil apoiaram massivamente o candidato que disse o que eles
pensavam desde sempre, mas era silenciado pelos média e partidos, também nós,
portugueses precisamos de alguém assim, que não se refugie na retórica para se
proteger e, antes pelo contrário, exponha a verdade, brutal, nua e crua. Até
agora, essa pessoa tem sido Ventura. Terá defeitos, vícios, segundas intenções?
não sei, é novo na política. Mas aos outros já os conhecemos de ginjeira e
sabemos que não conseguimos contacto com eles. Então, quando chegamos ao ponto
em que estamos, o que é que temos a perder?
Fernando Ribeiro: Mas... HM
você tem de reconhecer que Portugal e Marcelo fazem um belo par. Estão bem um
para o outro. José Miranda:
Pela primeira vez
não estou de acordo com a Helena Matos. O PSD tem uma liderança lastimável,
o CDS não recupera credibilidade. Não existe na direita uma figura que
sobressaia. O melhor é votar Ventura, que se opõe com êxito ao politicamente correto e
fará acordar a direita. José Pedro Faria > José Miranda: Sim, o Ventura tem o típico discurso de tasca (o
chamado "sermão do taxista") que pega nas camadas culturalmente e
economicamente menos favorecidas. Altero a minha posição se o candidato for Pedro Passos
Coelho. O mais provável é não vencer, mas
tornar-se-ia o líder indiscutível da direita.
Paulo Gálatas: A América a
arder e não há um único artigo de opinião sobre o assunto, publicado neste
"jornal". Deixado o
alerta para o elefante na sala, a propos das eleições presidenciais, o Marcelo
vai ganhar. Já ia ganhar ontem, vai ganhar hoje e vai continuar a ganhar
amanhã. É tão óbvio que vai ganhar que qualquer palavra, escrita ou falada
sobre o assunto, equivale a jogar fósforos ao mar. Entretanto, os afanosos cronistas do Observador não
falam noutra coisa (ou coisas igualmente desinteressantes). Mesmo com a América
a arder.
Joaquim Moreira: Devo
confessar, para quem não sabe, que votei no candidato presidencial do
"novo normal", apesar dos comentários e cenas que fez antes de
assumir que ia ser candidato, afinal. Embora tendo várias outras alternativas,
mesmo depois das cenas que fez, acabei por votar nele, dessa vez. Agora, depois
de assistir ao seu desempenho, e de não estar nada satisfeito, com o que tem
dito e feito, tenho a impressão que, quando chegar à altura de votar, vou-me
outra vez enganar. Por uma muito simples e pragmática razão: vou ter de o
comparar com os que vão concorrer à mesma eleição. E mais, mesmo admitindo que
possa aparecer um candidato melhor, o meu voto não chega para alterar a lei de
força maior. A velha democracia, que em nome do interesse do povo, o engana com
muita sabedoria. Basta ver o que se passou com uma falsa maioria, que foi e
deixou de ser como que por magia. Mas concordo muito que era bom que aparecesse
um novo candidato presidencial, contra este “novo normal”. Mesmo que no final,
ganhe o que põe os calções quando a coisa começa a correr mal! José Emílio Ribeiro :Um texto interessante e, concordemos, com alguma
lucidez. De facto, Portugal, não pode se esgotar numa sucessão de inserções
televisivas à la selfie que colam apenas de cernelha com a realidade. Portugal
não é um reality show, perdido algures entre os calções azuis do novo rei e a megalomania
auto-laudatória dos fregueses dos Paços da república. Portugal tem que ter um
programa, uma direcção a médio e a longo prazo que, por própria razão, não
coincide com a entropia da fama dos 5 minutos ou do maniqueísmo sobre os bons e
dos maus que sustenta o tacho político de tantos dos habitués dos Telejornais.
Por isso aplaudo a nomeação do CEO da Partex para desenho de um programa
estratégico para o nosso País. E sobre esse plano (ou outro, desde que exista),
o país deve ser ouvido e quer a esquerda quer a direita (essa classificação de
campo médio, para contar à hora da dormida) têm a responsabilidade de assumir o
Poder De Executar essa Estratégia. Esta ou outra desde que exista. De facto
Portugal não se termina no presente: é o futuro, sempre o futuro, que lhe irá
dar forma. E, por isso, passado.
O Serrano: Concordo
inteiramente com Helena Matos, será de grande interesse haver um candidato
presidencial de centro-direita, pois Marcelo não merece ir a votos sozinho
nessa área, é um traquinas tão inteligente, tão inteligente, que os normais não
percebem nem compreendem como se prestou e presta a um papel destes, isto
parece mais um circo do que outra coisa qualquer. Mas quem seria esse candidato
de centro direita? Um desconhecido dificilmente teria já tempo de se impor num
eleitorado como os portugueses, que pouco mais são do que uns marionetes,
ignorantes, com enormes dificuldades em perceber o que lêem e até o que ouvem (isto
muito acentuado nas gerações até aos 4o anos, fruto da escola que têm tido, do
facilitismo e da irresponsabilidade). Claro que, felizmente, temos elites e
muito boas, os que conseguiram sair desta massa por razões várias. Se não um
desconhecido, teria de ser alguém já com alguma notoriedade, de ideias claras e
convincentes, empático, etc, etc? Quem seria essa pessoa? Acho que vai ser
muito difícil de encontrar, mas oxalá me engane. Uma pedrada neste pântano
nunca foi tão necessária!
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