Parecem caprichos de menina mimada, mas
acertam todos no vinte. Mas não resultam, especialistas que somos, na pieguice
e no atraso, não chegam, pois, para modificar as mentalidades, há muito
definidas por séculos de incúria intelectual, forjadora não só de vazio mas de pobreza
torpe e calaceira, como estigma que nos persegue, de mísero fado popular. Por
isso, bem pode Alberto
Gonçalves indignar-se, que as suas setas jamais penetram nas
mentes coriáceas e batoteiras dos nossos orquestradores da opinião nacional,
piegas e parasitária. Outros o fizeram, com mais seriedade ou mais humor, mas
aqui nos encontramos, sempre, na mesma veneração – desta vez de ídolos que
representam o jargão de uma sensibilite que não é mais do que sintomática da
habitual esperteza em proveito próprio.
Bem pode, pois, Alberto Gonçalves, obstinadamente, defender
razões de superior calibre, não temos calcanhar de Aquiles por onde penetrem as
suas setas avisadas, não para matar mas para difundir luzes, mesmo que só pelos
pés. Continuemos, pois, servis e patéticos. Patetas.
As minhas indignações não são menos do que as deles /.premium
Venho por este meio informar as autoridades competentes
das coisas que me incomodam, as quais gostaria que fossem removidas sem demora
e, nos casos aplicáveis, incineradas de seguida.
ALBERTO GONÇALVES
OBSERVADOR, 20 jun 2020
Lamentavelmente, ainda não atingi a
sofisticação necessária para combater o racismo, o sexismo, o capitalismo, o
fascismo, o colonialismo, o cubismo e outras calamidades através da
vandalização de estátuas, da destruição de propriedade alheia e do roubo de
televisores em lojas da especialidade. Isso não significa que eu não seja
sensível e não me ofenda. Pelo contrário, sinto muito e ofendo-me imenso.
Sucede apenas que reajo a impulsos diferentes daqueles que movem os comunistas,
perdão, os pacifistas que arrasam tudo o que lhes surge à frente. E que não sou
pessoa para me manifestar em público, arriscando apanhar covid ou sarna. Assim,
venho por este meio informar as autoridades competentes das coisas que me
incomodam, as quais gostaria que fossem removidas sem demora e, nos casos
aplicáveis, incineradas de seguida.
Estatuária
As
estátuas “clássicas” e figurativas não me maçam. Nem me entusiasmam: nunca me
aproximei de uma para descobrir a personagem representada. Poderia haver um
busto de Idi Amin na minha rua e eu continuaria sem saber. Se calhar, até há. O
que não há é direito de encher o país com rotundas e, depois, encher as
rotundas com o esterco visual designado por “arte pública”. Às vezes,
o esterco é despejado fora das rotundas, como aconteceu – agora sim – perto de
minha casa com a “obra” de um tal Cabrita Reis. Consta que aquilo custou 300
mil euros. Venda-se ao ferro-velho e recupere-se 50 paus. É verdade que os
hábitos recomendam a mera vandalização, mas vandalizar “arte pública” é, inevitavelmente,
melhorá-la.
Toponímia
No
Norte o problema é menos grave. No Sul, porém, existe a hipótese de darmos por
nós a conduzir na Avenida Álvaro Cunhal, na rua General Vasco Gonçalves, na
rua Che Guevara (juro: é na Amadora) ou na rua Vladimir Ilitch Lenine (na Póvoa
de Santa Iria, que não conheço e fique ceguinho se um dia vier a conhecer).
Parecendo que não, é aborrecido aturar homenagens a assassinos,
consumados ou platónicos. É favor trocar
os nomes em questão por gente que não colaborou, directa ou indirectamente, com
opressões e chacinas. De caminho, aproveitem para rever a rua de Leça da
Palmeira evocativa de um professor de físico-química que era pedófilo, e a quem
o meu pai, seu explicando, ameaçou, cito, “partir-lhe o focinho”.
Audiovisual
A
HBO proibiu o “Gone With The Wind”. A BBC censurou o “Fawlty Towers”. A Netflix
varreu não sei quantos filmes a título de “ofensivos”. Por mim, podem continuar
a sanha e desaparecer com tudo. Fora o “Us” (com restrições) e o “Better Call
Saul” (sem restrições), há anos que não aparece filme ou série ficcionais de
que goste. E o que gosto tenho em DVD.
Mesmo os documentários, o último género a fintar ocasionalmente as palermices
vigentes, estão a especializar-se na “denúncia” – do sr. Trump, do sistema judicial
americano, do sistema prisional americano, da indústria alimentar, da indústria
farmacêutica, dos dramas “ambientais” e do que calha. Detesto
denunciantes. E detesto “causas”.
Literatura
Alfabetizadas
através da leitura de tutoriais de guerrilha urbana e embalagens de tofu, as
patrulhas da moral correm logo a vetar Mark Twain e George Orwell. Não faz mal: tenho as obras completas em local
seguro. No entanto, se é para queimar livros, reclamo a queima de: 1) “narrativas”
dedicadas a divulgar ao mundo os debates do autor com o respectivo “eu
interior”, estilo José Luís Peixoto ou Gustavo Santos; 2) “romances
históricos” cujo romancista confunde a História com o enredo do “Vamos Jogar ao
Totobola”, estilo Isabel Stilwell ou o filho do prof. Freitas; 3) derivações
pacóvias e “exóticas” do “realismo mágico”, estilo José Saramago ou Mia Couto; 4) lirismo a cargo de “poetas” interessadíssimos
nos resultados da bola e em rimar obsessivamente “país” com “diz”, estilo
Manuel Alegre e Manuel Alegre; 5) toda a literatura que é infantil na
medida em que os perpetradores são demasiado limitados para rabiscar textos
legíveis por um adulto normal, estilo Isabel Alçada e Alice Vieira; 6) qualquer
obra consumida na Festa do “Avante!” e no acampamento de Verão do BE (estou a
brincar: os camaradas só conseguem ler slogans em t-shirts, e alguns desistem a
meio).
Universidade
Sempre
ofendidos, os “progressistas” que berram na rua, e praticam homeopatia em casa,
querem cancelar o ensino de factos e trocá-lo pelo ensino das comichões que
lhes perpassam a meninge. Exemplo? O papel de Churchill na II Guerra deve ser
escondido porque o velho Winston não apreciava indianos e era brusco com as
senhoras. Dado não frequentar universidades, tanto se me dá. Só reivindico o
encerramento, e subsequente demolição, de toda a instituição académica que
aceite, ou sequer pondere aceitar, a docência de Boaventura de Sousa Santos, ou
que permita que os seus docentes mencionem o nome de Boaventura de Sousa Santos
em tom abonatório e não para saudável efeito de galhofa.
“Media” e “redes sociais”
Os
comunistas, perdão, os anti-racistas pretendem a censura das opiniões que os
fazem chorar. Eu não pretendo censurar as opiniões que me fazem rir.
Humanidade
Conforme
lhes compete, os “anti-fascistas”, “anti-racistas” e anti-etc. desejam, assaz
legitimamente, abater as criaturas que não pensam como eles – ou, se formos
exactos, as criaturas que pensam. Neste
domínio, não tenho apetites de reciprocidade. É certo que quando, três anos
após Pedrógão e no início da maior derrocada económica da contemporaneidade, as
mais altas figuras do regime se juntam em cerimónia patética a celebrar a
realização de uns jogos da bola em Lisboa, a minha vontade imediata era que um
raio fulminasse os figurões e fosse por ali fora, a fulminar as figurinhas da
hierarquia. A cada dia, as afirmações do Presidente da República, do
primeiro-ministro e das “autoridades” em geral refinam o carácter grotesco e o
desprezo profundo pela ralé. Mas não sou adepto de soluções drásticas: basta-me
que deportem os figurões e as figurinhas para um ermo a milhares de quilómetros
daqui. O problema é que, por causa da covid, já quase nenhum país aceita
portugueses. E esses portugueses em particular não seriam tolerados mesmo sem
covid. Voltemos então à hipótese do raio fulminante.
COMENTÁRIOS:
Ana Ferreira: agora
O que tem mais piada é que quem conhece AG sabe que não acredita em 99% do que
aqui semanalmente escreve. Acontece que, fino como um alho como se diz na sua
terra, resolveu alimentar a frustração de alguns, poucos, fornecendo-lhes a
necessária ração semanal e, como recompensa, além de algum, rir-se com o
destilar da bílis dos infelizes.
Tomás Aquino: Brilhante. “qualquer obra consumida na Festa do “Avante!”
e no acampamento de Verão do BE (estou a brincar: os camaradas só conseguem ler
slogans em t-shirts, e alguns desistem a meio).”
Belo Miro 0: Simplesmente
brilhante. Valeu uma prolongada e sonora gargalhada. Uma pergunta: A
porta do canil abre mais tarde aos Sábados? É que não vejo a habitual canzoada
canhota que costuma vir a terreiro insultar o AG.
Maria Augusta: Uma pergunta: A
porta do canil abre mais tarde aos Sábados? É que não vejo a habitual canzoada
canhota que costuma vir a terreiro insultar o AG.
Tomás Aquino
>
Maria Augusta:
Só se for para tu saíres...
Maria Augusta >
Tomás Aquino:
O primeiro já disse "Presente" Muito bem!
Helder Machado: Quadro pintado
com esmero. "Ai de vocês, mestres da lei e fariseus, hipócritas! Vocês são
como sepulcros caiados: bonitos por fora, mas por dentro estão cheios de ossos
e de todo tipo de imundície. Assim são vocês: por fora parecem justos ao povo,
mas por dentro estão cheios de hipocrisia e maldade". Mateus 23:27-28. Obrigado.
JB Dias: E como é
usual, a brincar se dizem grandes verdades ...
Maria Nunes: Muito bem. AG,
a escalpelizar toda a hipocrisia e incompetência que grassa neste país.
Bem-vindo.
Antes pelo contrário: Deixem estar
que à força de derrubar estátuas e queimar livros, das duas uma: ou não
conseguem os seus intentos e acabarão por ter a mesma sorte que o III Reich; ou
conseguem, e vão acabar por apagar a própria História que reivindicam como
pretexto de serem discriminados... Ou seja, vão
acabar tratados simplesmente como criminosos ou incompetentes, e sem quaisquer
desculpas!!!
E
no caso da maioria dos portugueses que há 45 anos vivem da pedinchice e dos
direitos imaginários, vão acabar aniquilados pelos criminosos estrangeiros a
quem todos os dias abrem as portas... como está a acontecer aos franceses, aos
ingleses e aos alemães.
O problema é
que nos vão pôr a todos nós na mesma situação!!!
Em
Londres, desde 2011, segundo os censos, a população branca já só representa
45%, e o Mayor é um muçulmano sunita e "socialista", Sadiq Khan.
Segundo
a Universidade de Manchester há mais cidades no Reino Unido que perderam a
maioria branca: Slough, Leicester, Luton, e quase certamente, desde os censos
(que só voltarão a ser realizados em 2021), Birmingham, e Bradford onde os
cristãos já só eram 45.9% em 2011, as pessoas que não declararam qualquer
religião cerca de 25%, e os muçulmanos, 20,7%.
Cá,
temos um traidor português chamado "Medina" (nome fatídico), que
também quer entregar Lisboa aos estrangeiros e construir mais mesquitas.
O nosso 1º
Ministro é filho de um agitador comunista indiano, nascido em Moçambique.
E
deixámos entrar outros agitadores estrangeiros, ajudados pelos Partidos de
Extrema-Esquerda, que pretendem instalar cá o racismo como pretexto para criar
um ambiente revolucionário. Chega!!!:
Antes pelo contrário. Tem toda a razão.
Faisal Al Meida: Alberto
Gonçalves deveria ser proibido de tirar férias. É minha opinião, convicta, que
o interesse público nas suas crónicas - exímias na escrita, clarividentes no
raciocínio e de subtileza acutilante - se sobrepõe ao interesse particular do
próprio Alberto em descansar merecidas férias. Caro Alberto, também nós,
público em geral, temos direito a tirar férias, uns minutos por semana, do
esterco em que o País está mergulhado, lavando a alma com as suas crónicas. Dispensá-las
é-nos mais prejudicial do que o Alberto não tirar férias. Azarucho para si.
Quem o manda escrever bem assim? P.S. zé maria, venha daí o teu habitual vómito
intelectual, camarada. És a noite que nos faz rejubilar com o dia!
Gustavo Lopes: Bem, sempre
que acho que já não me consegue surpreender, eis que o AG surge com mais uma
"pérola" deste calibre. É que não falta mesmo ninguém a ser
"desmascarado" nas suas profundas idiossincrasias intelectuais
aplicadas ao mundo "imaginário" que os atormenta, o que os leva a
desenvolver uma "pseudo-intifada" com o objectivo de
"destruir" o mundo real!!! O problema é que, no que à Tugalândia diz
respeito, alguns são mesmos as altas instâncias do país... Dentro destas pérolas todas, arrisco-me a escolher a
leitura de metade da T-shitrt como o auge intelectual dos cérebros que vagueiam
na festa do Avante e nos acampamentos do Bloco. Genial!!!
Adelino Lopes: Excelente no
sentido em que expõe a hipocrisia dessa gente catalogada como progressista.
Mas, vou discordar do “abater” das obras. Acho que devem continuar. Mais, e
permitam-me que repita: faz falta um museu “comunista” que relate esse
socialismo estalinista, ou o maoista seguido pelos anarquistas. Mostre factos
em primeiro lugar. Isto não significa que não possam existir opiniões (ex do
avante), mas devidamente identificadas para sabermos do que se trata. O que eu
critico é esta tentativa de reescrever a história e o conteúdo em que
transformaram o ensino (controlo das mentes dos meninos; fermento da
ignorância). No fundo, sou frontalmente contra quem queira esconder a
realidade, nomeadamente o passado.
Vitor Batista: Alberto
Gonçalves é cada dia que passa, um refinado especialista a desancar nos
populistas do regime. Metem-se a jeito e ele não perdoa, também é dos muito
poucos capazes de o fazer, e Marcelo já deve estar com uma grande azia porque
estes cronistas e já não são poucos, malham nele sem dó nem piedade, mas ele
merece. Quanto aos outros actores, os xuxas comunas, por mim só merecem
desprezo e esperar que um raio os..........
henrique
pereira dos santos: Olhe que em São Pedro da Cova,
Gondomar, uma das principais ruas é a Rua Doutor Álvaro Cunhal, não é só no Sul
Miguel Sanches:
Que grande sova! Só merecem isto.
Jose Cruz: Bravo!
Nenhum comentário:
Postar um comentário