sábado, 6 de junho de 2020

Capital linguístico


Capital linguístico
Um convite, onze adjectivos caracterizando a ideia, onze caracterizando António Costa (e Silva) do convite de António Costa sem Silva, conquanto espinhoso - este, mais um adjectivo desviado do baralho. A saber:
Adjectivos para IDEIA (de António Costa – sem Silva): maravilhosa, excelente, fantástica, divina, impecável, estupenda, magnífica, esplêndida, prodigiosa, brilhante.
Adjectivos - (ou variantes) - para ANTÓNIO COSTA (e SILVA): genial, rápido, realista, experiente, original, tradicionalista, socialista, poeta, altruísta, duplica (cada plano estaliniano…)
E a desmontagem de AG, com razões fundamentadas para o seu pessimismo, que, ao contrário da maioria dos comentadores, não me fez rir, neste continuar no reino grotesco do nosso “por água abaixo”.

O convite de António Costa a António Costa (e Silva) /premium
Claro que o governo tem sido uma girândola de génios, mas António Costa (e Silva) é ainda mais genial do que os restantes. Prova? Se não fosse, António Costa, génio entre génios, não o escolheria.
ALBERTO GONÇALVES
OBSERVADOR, 06 jun 2020
O convite de António Costa a António Costa (e Silva) para salvar a economia foi uma ideia maravilhosa. Isto porque António Costa (e Silva) é genial. Claro que o governo tem sido uma girândola de génios, do Ronaldo das Finanças ao Mantorras da Economia, sem esquecer os diversos Quaresmas e Barriganas que integram a ilustre família Vieira da Silva. Mas António Costa (e Silva) é ainda mais genial do que os restantes. Prova? Se não fosse, António Costa, génio entre génios, não o escolheria.
O convite de António Costa a António Costa (e Silva) para salvar a economia foi uma ideia excelente. Isto porque António Costa (e Silva) é rápido. Em apenas dois dias, desenhou um plano para 10 anos. E note-se que trabalhou de borla. Se o governo não fosse forreta e lhe tivesse adiantado uns trocos, o coitado teria matutado por 10 dias e planeado a economia para o próximo meio século. Ou vinte dias para um século inteiro. E custava tanto patrocinar António Costa (e Silva) durante um mês e assegurar a nossa prosperidade até 2170?
O convite de António Costa a António Costa (e Silva) para salvar a economia foi uma ideia fantástica. Isto porque António Costa (e Silva) é realista. Há dois anos, afirmou que não valia a pena investir em Portugal porque, ao contrário do PSD do tempo de Álvaro dos Santos Pereira (palavras dele), o PS governa “em função do que dizem os autarcas e a opinião pública, sem haver uma visão”. Se cada empresário com dois dedos de testa e uma mão fora do bolso do contribuinte pensasse assim, haveria por cá muito menos falências. E menos empresas. E menos salvadores. E menos trapaceiros.
O convite de António Costa a António Costa (e Silva) para salvar a economia foi uma ideia divina.Isto porque António Costa (e Silva) é experiente. Aqui há décadas, apetrechado de um mestrado informal em maoismo, andava metido naqueles grupelhos que se combatiam para decidir quem mandava em Angola e assim melhor açambarcava as riquezas e explorava os infelizes cidadãos. O currículo dá-lhe um conhecimento privilegiado do que é a corrupção, o terceiro mundo e, desculpem a redundância, Portugal.
O convite de António Costa a António Costa (e Silva) para salvar a economia foi uma ideia impecável. Isto porque António Costa (e Silva) é original. Foi o próprio António Costa a garantir que o seu quase homónimo “pensa fora da caixa”. De início, julguei que se referia ao banco público, a CGD, cujas instalações, por razões insondáveis, impediam o homem de raciocinar em condições. Depois percebi que é uma daquelas expressões infantis, que no caso tenta significar “inovação” ou algo similar. A propósito de expressões cretinas, António Costa (e Silva) jura que “ser membro do governo não faz parte do [seu] ADN”. Segundo António Costa, a circunstância de António Costa (e Silva) pensar fora da caixa “ajuda a ir mais além”. Estou em pulgas para descobrir onde.
O convite de António Costa a António Costa (e Silva) para salvar a economia foi uma ideia estupenda. Isto porque António Costa (e Silva) é tradicionalista. Afinal, vai conceber (ou já concebeu, em dois dias) o enésimo programa socialista para elevar o país ao Olimpo das nações. Se os anteriores correram tão bem, não há motivo para que este não corra melhor: em teoria, o que distingue o socialismo é a capacidade de aprender com os erros – caso, na prática, o socialismo não fosse perfeito logo à partida.
O convite de António Costa a António Costa (e Silva) para salvar a economia foi uma ideia magnífica. Isto porque António Costa (e Silva) é socialista. Após muito reflectir (dois dias, caramba), concluiu que aquilo de que Portugal carece é de mais intervenção estatal. Pelos vistos, havia cerca de 0,04% da sociedade a que o Estado não chegava e, logo, era incapaz de purificar. De futuro, deixará de haver. Um alívio.
O convite de António Costa a António Costa (e Silva) para salvar a economia foi uma ideia esplêndida. Isto porque António Costa (e Silva) é poeta. Escreveu, que eu tivesse apurado, as obras “Aroma de Pitangas num País Que Não Existe”, “Jindungo nos Olhos dos Outros é Mufete”, “Jacarandá e Mulemba”, “Fotografias Lentas do Diabo na Cama” (acreditem se quiserem: só um dos títulos é falso). Este último tem epígrafes de Goethe e Pound. Felizmente, segue-se António Costa (e Silva), com deslumbres assim incontestáveis: “O fluxo do tempo/Percorre o corpo/Dia a dia/Ano a ano”.
O convite de António Costa a António Costa (e Silva) para salvar a economia foi uma ideia prodigiosa. Isto porque António Costa (e Silva) é altruísta. Em vez de assinar os livros sozinho, em todos cedeu metade das páginas a Nicolau Santos, outro nome forte da poesia e do jornalismo e o responsável por mostrar ao mundo outro Silva, outro poeta e outro grande economista do PS: o inesquecível Artur Baptista. Como não se compara o sublime, não compararei as líricas de ambos. Cito o conhecido crítico literário Pedro Santos Guerreiro, prefaciador de um dos livros, para dizer que na poesia de António Costa (e Silva) “há beijos, muitos beijos (beijos-mulher), há aromas, há silêncios, há olhos fechados que pensam o sabor da beleza”, e que o que há em Nicolau Santos “não é sexo (também é sexo) nem é busca de musa (também é busca de musa), é, no final, amor, sempre o amor”. Assim é que é bonito.
O convite de António Costa a António Costa (e Silva) para salvar a economia foi uma ideia brilhante. Isto porque António Costa (e Silva) duplica no calendário cada plano quinquenal de Estaline, e terá um impacto certamente menos exuberante em matéria de pobreza, fome e canibalismo. A desvantagem é que os génios de Estaline frequentemente não sobreviviam aos respectivos sonhos, e à semelhança do bom povo terminavam em valas comuns. Os génios escolhidos por António Costa acabam os geniais planos melhor do que começaram, ao contrário da ralé. Nisso a URSS era democrática.
Nota: esta coluna e o autor dela vão de férias por uma semana. Regressam ambos dia 20. Entretanto, respeitem as indicações da DGS e do governo, sejam elas quais forem. Quando isto acabar, vamos todos abraçar Portugal. Vai correr tudo bem. Aliás, já corre.

COMENTÁRIOS:
Carlos Almeida: Nem sempre me agrada mas hoje, tenho de reconhecer, foi genial.
Ana Ferreira: Aleluia.....Salazar reencarnou no antonio costa ( e silva)....aleluia!
Anarquista Inconformado: Que seria deste Observador, sem os A.G. ressabiados e perdidos no século passado?
Liberal Não-Confinável > Anarquista Inconformado: Senhor Conde, seja bem aparecido. Explique-nos lá, por que gosta tanto de Alberto Gonçalves e dos outros ressabiados e perdidos do século XX? É que o Senhor Conde nunca perde o banquete, é ou não é? Ai não, não é!
Frederico Bernardes: É que para além de inconsequentes, os textos do AG nem sequer têm graça. Está sempre a querer dar uma de "enfant terrible" primário, género, "ninguém manda em mim", e a querer iluminar-nos com verdades que segundo ele não estão ao alcance dos "tapadinhos". Pior só mesmo aquela médica que também aqui escreve que diz que isto da COVID é tudo uma invenção. Santa paciência...
José Miranda: Óptima crónica. Conheço o António Costa Silva e não me parece que seja grande estrela. A escolha do Costa deve ter sido sugerida pelo Nicolau . Como se sabe este sempre foi apoiante do PS. O Balsemão nunca o pôs como director do Expresso; ele saberá porquê... Entretanto Costa deu a presidência da Lusa ao Nicolau, que já tinha um tacho na RDP. No PS os cargos são para os boys, familiares, amigos e amigos dos amigos. Assim vamos...
josé maria > José Miranda: A CRESAP foi criada pelo hipócrita e repulsivo Passos Coelho para, alegadamente, estabelecer critérios de objectividade, imparcialidade e competência na nomeação de altos cargos dirigentes da administração pública. Mas logo a seguir à sua criação, o PSD e o CDS fartaram-se de nomear pessoas dos seus partidos para os mais diversos cargos e assessorias, ao arrepio das próprias regras desse organismo, Passos Coelho, Assunção Cristas e Mota Soares que o digam.
Ana Ferreira >josé maria: e o que é que isso tem a ver com artigo do AG?
Joaquim Moreira > josé maria: Hipócrita e repulsivo, é este seu comentário mentiroso e não só abusivo. Quem criou a CReSAP foi o PS de Sócrates. Que Pedro Passos Coelho recuperou, puro e duro, depois de falar com o líder do PS, o António José Seguro. Que sugeriu o mesmo socialista João Bilhim, que se tinha demitido, por não ser respeitado nem ouvido. Usar uma mentira muito repetida, para que passe a ser verdade, ainda que consentida, só mesmo para quem a verdade devia ser proibida. Se fosse um bocadinho rigoroso, sabia muito bem, que agora é que a CReSAP não escolhe ninguém. Continua a existir, só para dar empregos a amigos, a sério e não a mentir. Tenha juízo e deixe de comentar só para se ouvir!
Hercilia Oliveira: Mais uma Excelente crónica do Alberto Gonçalves! Depois do COVID19, temos a pandemia "COSTA"! Esta pandemia é originada pela quantidade de anúncios que este "Vírus" tem lançado no país. O que nos salva, é que como a maioria não chega a sair do "laboratório", não nos afectará praticamente nada!
Joaquim Moreira: Claro que o governo tem sido uma girândola de génios, mas António Costa (e Silva) é ainda mais genial do que os restantes. Prova? Se não fosse, António Costa, génio entre génios, não o escolheria. Neste sumário, Alberto Gonçalves resume bem este nosso fadário. Mas muito mais importante do que as qualidades de António Costa (e Silva), aqui muito bem descritas, é o convite e a oportunidade, de contratar esta grande sumidade. Na verdade, como sempre disse, desde a criação da Geringonça, Portugal não tem sido governado. Tem sido gerido de forma a manter, uma Grande Família Socialista no poder. Que não faz, como nunca fez, ideia nenhuma sobre o rumo que deve ter. Portanto, e para não se distraírem do que andam a fazer, contrataram alguém que é suposto saber. Mas há mais uma coisa que é muito importante dizer: o passado recente mostra que tanto faz ter como não ter. Eu explico melhor: os empresários portugueses provaram que, depois de a elite ter decretado o fim de muitos "negócios sem futuro", provaram que tinha, com muita persistência e trabalho duro.  
Luís Faria: Ninguém como o AG para mostrar, com fino humor, a indigência dos génios que nos governam e deste povo que idolatra a indigência e tudo aceita. Pobre povo, nação demente! O Alberto Gonçalves é o jornalista com maior afinação no sarcasmo e na perspicácia. Rio, mas fico triste com o que está a acontecer ao país. A dívida como uma nuvem ainda mais ameaçadora,  as empresas dependentes do estado, o estado infestado pelos maiores incompetentes que as repúblicas alguma vez pariram, Portugal dependente de uma entidade maoista, imperialista, degenerada que continua a comprar-nos a soberania e nós, portugueses, aceitamos, porque, miseráveis como ficámos, já só pensamos na sobrevivência, tudo o resto está fora das nossas aspirações. O dia 10 de Junho é o dia do luto por um país que existiu quase 900 anos, até os portugueses perderem a força, a virtude e se terem submetido ao socialismo.
Maria Alva: Da mais fina ironia. Boas férias AG.
Ana Brito: É por demais evidente a continuada dificuldade de Alberto Gonçalves de escrever uma crónica que ou tenha alguma piada ou constitua uma crítica política ou social ao estilo de Vasco Pulido Valente, mesmo que Alberto Gonçalves não passe de uma pálida sombra do Vasco, e isso é por demais notório e visível na falta de entusiasmo expressa nos comentários feitos pelos comentadores residentes. Nas últimas nove semanas só uma crónica de Alberto Gonçalves foi recebida com algum entusiasmo: aquela em que ele escreveu que estava intencional e deliberadamente a violar a lei ao desrespeitar todas as determinações das autoridades para combater a pandemia covid 19, com excepção do corte do cabelo que só não tinha feito porque não tinha cabelo. Estranha e muito triste forma de ganhar a vida e de pagar as facturas de cada mês.
Maria Nunes: Sábado de manhã sem AG, não é sábado. Boas férias, até dia 20. A propósito, adorei a sua crónica. Nunca havemos de passar da cepa torta. 
Adelino Lopes: E já agora, boas férias. Ficamos à espera do regresso.
Adelino Lopes: António c: o embuste para ultrapassar barreiras na Europa. É assim que eu analiso a situação. A Europa exige projectos fundamentados (não políticos), de pessoas credíveis, e portanto, nada como até encontrar um independente. Estratégia semelhante se passou com os planos de estabilidade (vigarices); areia para os olhos dos Europeus. Nem com o turismo (que Portugal teve à borla) e as cativações (como nunca se viu) lá chegaram. E depois ainda existem pessoas que acham repugnante não vir dinheiro pago pelos europeus.
Vitor Batista:  Boas férias kamarada! Até ao seu regresso, com mais uns costas no caminho.
António Coimbra: Fantástico este seu artigo, além de hilariante, a única tristeza mesmo é verificar que estamos entregues a estas alimárias que se julgam espectaculares e que paulatinamente vão destruindo o pais e o nosso futuro e o dos nossos Filhos e netos. De forma egoísta tenho pena que vá de férias, adoro os seus artigos e todos os dias oiço os podcasts, contudo espero que aproveite bem e tome boa nota das barbaridades que esta gente vai dizendo e praticando para fazer um bom apanhado de tudo no dia 20.
Miguel Sanches: Para rir muito logo de manhã, melhor é difícil.  E o ridículo sempre presente. Boas férias, Alberto Gonçalves.
Zacarias Bidon: Pole position!



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