Contra os iconoclastas da nossa tristeza envergonhada.
Salles da Fonseca, como
sempre, na linha da frente.
HENRIQUE SALLES DA FONSECA A BEM DA NAÇÃO, 14.06.20
FOTO: Padre António Vieira, SJ
Foram
essas ninfas acobreadas púbio-alopécicas vivendo em pleno naturismo que por
certo impediram António Vieira de subir aos altares, mas as sofisticadas
industânicas nos seus coloridos saris não tiveram as artes capazes de obstar a
essa ascensão a Francisco Xavier.
E
se Vieira terçou a verve em defesa dos inocentes desnudos perambulando pelo
paraíso verde das Índias Ocidentais, foi Xavier que pediu ao Rei que enviasse o
inferno inquisitorial para as Índias Orientais.
Então,
a bondade perdeu os ossos nalguma vala anónima esquecida algures por ali
próxima do prosaico Elevador Lacerda ligando o mercado de escravos às
alturas da benesse divina destinada aos inocentes ocidentais, na Sé de Salvador
da Bahia, mas o promotor do radicalismo torquemadeano recebe culto e grande
veneração ao corpo exposto em ataúde dourado na Roma do Oriente.
Vá lá a gente perceber isto sem termos aqueles que vandalizaram a
estátua em Lisboa do Padre António Vieira como delinquentes ignorantes e
arruaceiros disfarçados de políticos. Os mesmos que preconizam a demolição da
Torre de Belém, de outros monumentos emblemáticos e, afinal, a destruição de
Portugal.
Não podemos ficar indiferentes.
Não ficaremos indiferentes.
* * *
Para saber
mais sobre o Padre António Vieira, ver em https://www.sitiodolivro.pt/pt/livro/exsurge-deus/9789892019703
Junho de 2020 Henrique Salles da Fonseca
COMENTÁRIOS
Anónimo 14.06.2020: Regozijo-me,
Henrique, que abordes este tema no teu blog, tu que és autor de um livro sobre
o Padre António Vieira alicerçado em ampla e, certamente, demorada pesquisa
histórica. Já decorreram 10 anos desde que o editaste e que trocámos extensos
emails sobre ele. Congratulo-me igualmente pelas reacções que este vandalismo
ignorante e perverso em relação à estátua do Padre Vieira está a suscitar na
Sociedade Civil (gostaria de ter ouvido mais a Sociedade Política a condenar
este tipo de actos). Parafraseando
o Maestro Fernando Lopes Graça é altura de acordar. “Acordai!”, pois. Disseram-me que o “Público” publica hoje um artigo
muito bom, sobre o tema, de António Barreto,
com o título “Ainda não vimos nada!”.
Li também hoje, no portal do Diário de Notícias, um artigo de três professoras da Faculdade de Letras, da Universidade de Lisboa, intitulado “Não merecia António Vieira aos portugueses…”, palavras que ele próprio proferiu quando os estudantes de Coimbra o queimaram em efígie, como herege, por ele defender a minoria judaica. Referem os autores que essa foi a segunda vandalização, pois a primeira havia sido em Maranhão, pelos colonos. Os factos de Padre Vieira ter sido desterrado para o Porto, quando regressou do Brasil, e depois abandonado à Inquisição mostram que nem o poder real nem tão-pouco os colonos tiveram em Vieira um agente ao serviço das suas políticas em relação aos índios. Se é certo que o Padre conviveu com a escravatura dos negros, nunca a defendeu, acrescentam os professores. Abraço. Carlos Traguelho
Li também hoje, no portal do Diário de Notícias, um artigo de três professoras da Faculdade de Letras, da Universidade de Lisboa, intitulado “Não merecia António Vieira aos portugueses…”, palavras que ele próprio proferiu quando os estudantes de Coimbra o queimaram em efígie, como herege, por ele defender a minoria judaica. Referem os autores que essa foi a segunda vandalização, pois a primeira havia sido em Maranhão, pelos colonos. Os factos de Padre Vieira ter sido desterrado para o Porto, quando regressou do Brasil, e depois abandonado à Inquisição mostram que nem o poder real nem tão-pouco os colonos tiveram em Vieira um agente ao serviço das suas políticas em relação aos índios. Se é certo que o Padre conviveu com a escravatura dos negros, nunca a defendeu, acrescentam os professores. Abraço. Carlos Traguelho
Anónimo 14.06.2020: E é qdo me dá
uma vontade irreprimível de me fazer australiano ou quebequois ou talvez
srilanquês, fds abraço V v Z
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https://www.sitiodolivro.pt/pt/livro/exsurge-deus/9789892019703: Sinopse: Porque foi o Padre António Vieira julgado pela
Inquisição? Eis do que se trata nesta especulação histórica em que se pretende
que seja o leitor a descobrir onde começa a fantasia por ter acabado a
realidade. Tudo começa na Polónia onde no início do séc. XVII surge um livro de
autor anónimo de que consta um conjunto de orientações a que se diz que os
Jesuítas devem secretamente obedecer a fim de que a Companhia de Jesus
conquiste o Mundo. Passados alguns anos, em Portugal, aparece o Padre António
Vieira a falar no Quinto Império, universal, totalizante, harmónico, onde cabem
todas as raças e culturas, unidas num único reino cristão e católico
espiritualmente unido pelo Papa e temporalmente pelo Rei de Portugal. Que
pressões foram exercidas na Polónia? O que se passou dentro da Igreja católica?
E em Portugal?
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