segunda-feira, 15 de junho de 2020

Terçar armas



Contra os iconoclastas da nossa tristeza envergonhada. Salles da Fonseca, como sempre, na linha da frente.
HENRIQUE SALLES DA FONSECA            A BEM DA NAÇÃO, 14.06.20
FOTO: Padre António Vieira, SJ
Foram essas ninfas acobreadas púbio-alopécicas vivendo em pleno naturismo que por certo impediram António Vieira de subir aos altares, mas as sofisticadas industânicas nos seus coloridos saris não tiveram as artes capazes de obstar a essa ascensão a Francisco Xavier.
E se Vieira terçou a verve em defesa dos inocentes desnudos perambulando pelo paraíso verde das Índias Ocidentais, foi Xavier que pediu ao Rei que enviasse o inferno inquisitorial para as Índias Orientais.
Então, a bondade perdeu os ossos nalguma vala anónima esquecida algures por ali próxima do prosaico Elevador Lacerda ligando o mercado de escravos às alturas da benesse divina destinada aos inocentes ocidentais, na Sé de Salvador da Bahia, mas o promotor do radicalismo torquemadeano recebe culto e grande veneração ao corpo exposto em ataúde dourado na Roma do Oriente.
Vá lá a gente perceber isto sem termos aqueles que vandalizaram a estátua em Lisboa do Padre António Vieira como delinquentes ignorantes e arruaceiros disfarçados de políticos. Os mesmos que preconizam a demolição da Torre de Belém, de outros monumentos emblemáticos e, afinal, a destruição de Portugal.
Não podemos ficar indiferentes.
Não ficaremos indiferentes.
* * *
Para saber mais sobre o Padre António Vieira, ver em https://www.sitiodolivro.pt/pt/livro/exsurge-deus/9789892019703
Junho de 2020  Henrique Salles da Fonseca
COMENTÁRIOS
Anónimo 14.06.2020: Regozijo-me, Henrique, que abordes este tema no teu blog, tu que és autor de um livro sobre o Padre António Vieira alicerçado em ampla e, certamente, demorada pesquisa histórica. Já decorreram 10 anos desde que o editaste e que trocámos extensos emails sobre ele. Congratulo-me igualmente pelas reacções que este vandalismo ignorante e perverso em relação à estátua do Padre Vieira está a suscitar na Sociedade Civil (gostaria de ter ouvido mais a Sociedade Política a condenar este tipo de actos). Parafraseando o Maestro Fernando Lopes Graça é altura de acordar. “Acordai!”, pois. Disseram-me que o “Público” publica hoje um artigo muito bom, sobre o tema, de António Barreto, com o título “Ainda não vimos nada!”.
Li também hoje, no portal do Diário de Notícias, um artigo de
três professoras da Faculdade de Letras
, da Universidade de Lisboa, intitulado “Não merecia António Vieira aos portugueses…”, palavras que ele próprio proferiu quando os estudantes de Coimbra o queimaram em efígie, como herege, por ele defender a minoria judaica. Referem os autores que essa foi a segunda vandalização, pois a primeira havia sido em Maranhão, pelos colonos. Os factos de Padre Vieira ter sido desterrado para o Porto, quando regressou do Brasil, e depois abandonado à Inquisição mostram que nem o poder real nem tão-pouco os colonos tiveram em Vieira um agente ao serviço das suas políticas em relação aos índios. Se é certo que o Padre conviveu com a escravatura dos negros, nunca a defendeu, acrescentam os professores. Abraço. Carlos Traguelho
Anónimo 14.06.2020: E é qdo me dá uma vontade irreprimível de me fazer australiano ou quebequois ou talvez srilanquês, fds abraço V v Z
Henrique Salles da Fonseca14.06.2020 Apoio totalmente !! Pedro Brito Correia
Henrique Salles da Fonseca14.06.2020 O tempora, o mores!... Elias Quadros
**************************************************
https://www.sitiodolivro.pt/pt/livro/exsurge-deus/9789892019703: Sinopse: Porque foi o Padre António Vieira julgado pela Inquisição? Eis do que se trata nesta especulação histórica em que se pretende que seja o leitor a descobrir onde começa a fantasia por ter acabado a realidade. Tudo começa na Polónia onde no início do séc. XVII surge um livro de autor anónimo de que consta um conjunto de orientações a que se diz que os Jesuítas devem secretamente obedecer a fim de que a Companhia de Jesus conquiste o Mundo. Passados alguns anos, em Portugal, aparece o Padre António Vieira a falar no Quinto Império, universal, totalizante, harmónico, onde cabem todas as raças e culturas, unidas num único reino cristão e católico espiritualmente unido pelo Papa e temporalmente pelo Rei de Portugal. Que pressões foram exercidas na Polónia? O que se passou dentro da Igreja católica? E em Portugal?

Nenhum comentário: