sábado, 1 de agosto de 2020

Cegueira e má-fé

É o que o país deve a doutrinadores de pacotilha, que fingem ignorar as circunstâncias condicionantes de políticas de dureza, que exigem sacrifícios, em função de soluções políticas indispensáveis para quem tenha vergonha na cara e respeito pelo seu país.

OPINIÃO : O que o país deve a Passos Coelho

O país deve a Passos o chicote que ele usou e abusou para aumentar impostos e levar centenas de milhares de jovens a saírem da sua zona de conforto e a emigrarem. Qual sacerdote Maia ou alto dignitário do Santo Ofício, Passos interpretou a importância do sacrifício para atingir a felicidade.

DOMINGOS LOPES

PÚBLICO, 28 de Julho de 2020

Num país, como Portugal, com séculos de tradição judaico-cristã, onde a culpa social e individual é uma cruz, Passos Coelho, saído desse território nevoeirento, proclamou do alto do poder a punição dos portugueses devido à sua vida desregrada, acima das suas possibilidades.

O país deve a Passos Coelho a primeira versão dos chamados países “frugais”, segundo a qual a Holanda das montras de prostituição em Amesterdão se destina a desvairados habitantes do Sul que só pensam em sexo e copos. O país deve-lhe essa ideia de alguns predicadores luteranos e calvinistas e do nosso velho amigo Schäuble.

O país deve a Passos o chicote que ele usou e abusou para aumentar impostos e levar centenas de milhares de jovens a saírem da sua zona de conforto e a emigrarem. Qual sacerdote Maia ou alto dignitário do Santo Ofício, Passos interpretou a importância do sacrifício para atingir a felicidade.

O país deve-lhe a maldade suprema de ser castigado por ter aceitado fazer o que os governantes lhe pediram para fazer. Aliás, derrotou Sócrates por alegar não aceitar tanta austeridade e quando ganhou as eleições, com cara gélida de pai tirano, proclamou a pobreza generalizada como meta.

O país deve a Passos a ideia que a Escola Pública e o SNS eram assuntos para desinvestir, pois os rankings apontam para a excelência do privado. Manter sim, mas a pensar em serem base de apoio ao negócio. Deve-lhe as privatizações ao desbarato para que os mesmos de sempre comprassem por uma bagatela importantes sectores da economia – CTT, TAP, ANA.

O país deve-lhe aquele rosto sem sorrir, compenetrado, a que Assis chama serviço, dedicação – desatento às consequências sociais da sua política.

O país deve-lhe a sua ideia de competitividade, fazer de Portugal um dos mais competitivos, com salários baixos e zero de impostos para os empreendedores do costume.

Veja-se o caso dos vistos gold. O país deve-lhe essa vontade firme de fazer do país um enorme condomínio privado para certas famílias de luxo.

O país deve-lhe a peregrina ideia que sem a sua austeridade e empobrecimento havia de chegar o Diabo e o Inferno, vá lá saber-se porquê… sempre o chicote na melhor interpretação freudiana da moral judaico-cristã. O país deve a Passos o culto da indiferença perante os mais desfavorecidos. O timoneiro queria que os ricos se tornassem mais ricos e que a riqueza escorresse da pirâmide para a plebe.

Este era o pensamento de Passos Coelho, seguindo a mais pura escola neoliberal, levando o PSD para a direita pura e dura.

A este projecto político-ideológico Francisco Assis qualifica de determinação e serviço. Sem mais. É ele que está à frente do Conselho Económico e Social.

OPINIÃO  AUSTERIDADE  TROIKA  PEDRO PASSOS COELHO

COMENTÁRIOS:

Degui INICIANTE: Não consigo perceber o propósito deste artigo, a não ser como resposta ao artigo do Francisco Assis de há uns dias. Tal como muitos, sofri e sofro ainda na pele o resultado das políticas de PPC, mas sejamos honestos, poderia ter outra forma, mas o objectivo seria o mesmo, se lá continuasse o Sócrates. Esta gente andou a vida toda guiada pela mesma cartilha, não se lhes pode pedir que mudem de opinião no final dos seus anos. Mesmo que em privado admitam o contrário. Como dizia um meu amigo, há muitos anos, não se pode pedir ao Papa que negue Deus, é uma questão de fé. Aqui é a ideologia e o empedernimento do pensamento os responsáveis da cristalização do discurso.    Macuti EXPERIENTE: Incrível ver um comunista criticar a pobreza generalizada como meta, quando é precisamente isso que acontece quando alcançam o poder, o chamado nivelamento por baixo. Por motivos óbvios essa pobreza só não atinge quem está num “ comité central”. Nos países mais ricos não existem partidos comunistas .Porquê? 29.07.2020

jacomemartins.945477 INICIANTE: Artigo de opinião de um jornalista sem rigor e carregado de influências obscuras. Se o Passos Coelho foi assim tão mau e agora vivemos num oásis, por exemplo, porque é que todos aqueles portugueses que emigraram não voltam novamente ao seu país? 29.07.2020

Jorge Rodrigues INICIANTE: A verdade é só uma: se não fosse Passos Coelho, o país tinha mesmo caído na bancarrota, provocada pelo despesismo do PS Socrático. O resto são tretas. 29.07.2020

calhabe INICIANTE O senhor Domingos deve ter aterrado este mês no país e esqueceu o saque a que o país tem sido sujeito. Os impostos foram aumentados mas por alguma razão nenhum governo por mais esquerdista que seja se atreve a alterar. O refazer da história é algo comum de quem está no poder, mas esta história é recente, quem levou o país diversas vezes à bancarrota foi e vai ser o PS. Os milhares de jovens que tiveram de emigrar e os milhões que cá vivem sufocados por impostos são responsabilidade do PS. 29.07.2020

Macuti EXPERIENTE: Incrível ver um comunista criticar a pobreza generalizada como meta, quando é precisamente isso que acontece quando alcançam o poder, o chamado nivelamento por baixo. Por motivos óbvios essa pobreza só não atinge quem está num “ comité central”. Os países mais ricos não têm partidos comunistas.

luso38.945262 INICIANTE Se fosse eu, Passos tinha feito como o Durão, com um país de tanga...deixava-os acabar com o resto, quanto a impostos, sou dos que ganha um pouco acima do ordenado mínimo, nunca me lembro de pagar IRS a mais, mesmo estando mau , se bem me lembra a maioria do povo Português voltou a votar nele, que aconteceu a seguir...ditador? deixou a geringonça governar... 28.07.2020

Catarina Mendes INICIANTE: Devemos a PPC ter invertido o sentido das contas públicas que pela 3ª vez nos levava à bancarrota. Devemos a recuperação da credibilidade junto dos credores. Devemos um sentido de Estado que pensa o bem do país à frente do partido ou mesmo do seu posto. Devemos, sobretudo, e só por isso vale mais que qualquer outro, o princípio do fim da maior rede de corrupção em Portugal de todos os tempos e que se vai descobrindo a cada passo nos casos "Operação Marquês" e o caso BES. A liberdade de um país capturado pelos interesses que em enorme parte se misturam com os do partido do sistema não é coisa pouca !!! Por isso, e só por isso, ele é ainda perseguido. É um mau sinal, quer dizer que ainda mexem. 28.07.2020

Félix Carlos INICIANTE: E o que é que o país deve aos chefes de governo desde o 25 de Abril? Revejam a lista. Talvez nada a uns, pouco a outros, muito céu aos ante-sacralizados e ainda mais de inferno aos pós-demonizados. Será análise lúcida de sociedade moderna ou recorrente escapismo enviesado? Então, e afinal, devemos alguma coisa? Ao menos ponderação, à semelhança do que nos permitimos face ao alto conceito que temos de nós próprios. 28.07.2020     nogueira.dim.945108 INICIANTE Nunca tendo sido defensor do governo de Passos Coelho tenho a honestidade intelectual de não esquecer que não foi ele que colocou a país à beira da bancarrota, que a legislação laboral que permitiu e permite « fáceis» despedimentos colectivos é da autoria do governo Sócrates/Vieira da Silva, etc.    AndradeQB INFLUENTE: Perante artigos como este, as tão criticadas redes sociais são um exemplo de dignidade.     José Luís INICIANTE: Esta opinião parece-me correcta. Sempre achei o sonso do Passos Coelho uma personagem detestável. Espero bem que não regresse.

jota santos.818304 INICIANTE: Este artigo vindo de quem vem, e com o historial que tem, tem o valor do feijão-frade. Quem fala daquilo que não sabe faz sempre uma triste figura. De economia é um zero à esquerda.

joao.de.melo INICIANTE: No dia 11 de Julho de 2014 "Passos Coelho diz que depositantes podem confiar no BES". Isto é só uma notinha de tanta incompetência junta com o grande acavado silva. Ainda nos devem explicações (provavelmente serão dadas no dia de são nunca à tarde). Podem dar 30 voltas, mas foi incompetente. Aliás, as mesmas pessoas que o defendiam e as suas ideias, são os que agora acusam o Costa de não virar a página da austeridade. Não havia dinheiro, tal como não há, mas há formas e formas de ir buscá-lo sem ser aniquilar com direitos. Aliás, quantas vezes se falou que imensas ideias eram inconstitucionais? Valia tudo e, pelos vistos, há quem goste. Aposto que são os donos das padarias portuguesas por esse país fora...

Conta desactivada por violação das regras de conduta Não fossem os prometidos dinheiros da UE e agora estávamos todos a comer ranho. Passos Coelho não teve essa sorte. Teve de resolver os problemas, mas sem dádivas. 29.07.2020     Fausto Correia INICIANTE: Que belo artigo! Que bela manifestação de "racismo ideológico"! Quem leu a entrevista de Francisco Assis e quem lê este artigo do Sr. Domingos Lopes não pode deixar de encontrar diferenças abissais. Este é o tipo de conversa fiada! Carregada de ódio e sem objectividade histórica e política! Já passei por lá!!! 28.07.2020

Colete Amarelo  EXPERIENTE: Visão não disfarçada de um período terrível. Quando algo corre mal, porque teremos de nos enganar em vez de enfrentar a realidade? Sebastianismos, ditadores bondosos, primeiros ministros dedicados, estas interpretações só servem para promover o conformismo e para retardar o progresso.

joao.dinis INICIANTE: Estava a ver quanto mais tempo demorava um artigo no Público a atacar Passos Coelho depois de Francisco Assis ter cometido o "pecado" de lhe reconhecer alguns méritos... 28.07.2020

Joao2 MODERADOR: Ainda bem que este artigo apareceu. A opinião de Assis não é sacrossanta, certo? Há um conjunto de comentadores no Público que gostam de silenciar quem critica Passos Coelho. Se não for crime organizado, são mesmo fascistas bafientos. Não toleram sequer brincadeiras sobre sugerir ao Assis que troque o papel higiénico por lixa. Pobres de espírito. 30.07.2020


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