Tempo de emoção, que vale a pena
reviver, ouvindo-a cantar “Avozinha” com a sua
voz maravilhosa. Foi do que me lembrei, ao ler este magnífico texto de um autor não
identificado, traduzido do castelhano por Salles da Fonseca, trazendo imagens de movimentos que também recordo,
nos velhos costumes das aldeias, de avós doces e laboriosas, nos pequenos
amanhos das casas enfarruscadas, tantas vezes com os currais por baixo. E o
avental da avó em todas as suas funções de labor e de amor, simultaneamente imagem
de ternura e de sorriso brejeiro.
HENRIQUE
SALLES DA FONSECA
A
BEM DA NAÇÃO, 18.08.20
O
primeiro fim do avental da avó foi proteger a roupa de baixo.
Depois...
serviu como luva para tirar a panela do fogão...
Foi
maravilhoso para secar as lágrimas dos netos e também para limpar
as
suas caras sujas.
Do
galinheiro, o avental foi usado para transportar os ovos e, às
vezes,
os pintainhos.
Quando
os visitantes chegavam, o avental servia para proteger as
crianças
tímidas.
Quando
fazia frio, à avó servia de agasalho.
Esse
velho avental era um fole agitado, para avivar o lume da lareira.
Era
nele que levava as batatas e a madeira seca para a cozinha.
Da
horta, servia como um cesto para muitos legumes, depois de
apanhadas
as ervilhas, era a vez de arrecadar nabos e couves.
E,
pela chegada do Outono, usava-o para apanhar as maçãs caídas.
Quando
os visitantes apareciam, inesperadamente, era surpreendente ver
quão
rápido esse velho avental podia limpar o pó.
Quando
era a hora da refeição, da varanda, a avó sacudia o avental e
os
homens, a trabalhar no campo, sabiam, imediatamente, que tinham
que
ir para a mesa.
A
avó também o usou para tirar a tarte de maçã do forno e colocá-la na
janela
para arrefecer.
Passarão
muitos anos, até que alguma outra invenção ou objecto possa
substituir
esse velho avental da minha Avó.
Em
memória das nossas avós, enviei esta história para aqueles que achei
que
a apreciarão.
(Autor
não identificado – texto traduzido e adaptado livremente de um texto, em
castelhano, em «CITAS LITERÁRIAS»)
Avozinha
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De mãos
enrugadas, já trementes
Com as lunetas sobre 0 nariz
A minha avozinha, já sem dentes
Contava histórias que me faziam feliz:
Branca de Neve e os sete anões
João Ratão, lendas feudais
Ali-ba-bá e os seus Iadrões
E tantas mais
Avozinha, vá
lá só mais uma
Conta que eu não faço Ó Ó
Conta aquela da Fada de Espuma
Conta alguma querida avó
E se acaso eu me deixar dormir
Amanhã o final eu quero ouvir
Só mais uma p'ra tua netinha
Conta alguma, avozinha
P'ra junto de
Deus foi a avozinha
Partíu um dia, deixou-me só
Deu-me Deus, em troca uma filhinha
P’ra que eu, um dia, saiba ser também avó
E como Deus tudo perfilha
Com todo o seu grande poder
Da minha filha, a sua filha
Há-de dizer
Avozinha, vá lá
Composição: Alves Coelho Filho.
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