Só nos resta esperar para ver. Mas não
devem esmorecer os que conhecem a questão. É claro que não vão resultar, as
suas críticas. Como as do AC90, de resto.
Por cá, é assim, mansidão é o lema, talvez esperemos também alguma benesse, se
nos calarmos… ao contrário do que diz o Hino Nacional, tão megalómano em estimulação … Contra os canhões marchar…
Ligar interruptores acima das nossas
possibilidades/premium
A electrólise portuguesa é superior às
outras. Além de separar hidrogénio de oxigénio, consegue ainda separar contribuintes
portugueses de 7 mil milhões de euros.
JOSÉ DIOGO
QUINTELA, Colunista do Observador OBSERVADOR,
11 ago 2020
Estou muito entusiasmado com a Estratégia
Nacional para o Hidrogénio. Segundo percebo, vamos passar uma corrente
eléctrica por água para separar o hidrogénio do oxigénio e ficar assim com
combustível. Como a electricidade é gerada por painéis solares, na prática
vamos usar energia cara para produzir energia caríssima. É um processo químico
chamado electrólise que, pelos preços que têm sido noticiados, nos vai deixar
electrolisos. Porque a electrólise portuguesa é superior às outras. Além de
separar hidrogénio de oxigénio, consegue ainda separar contribuintes
portugueses de 7 mil milhões de euros. (É o valor que o Governo diz que vai ser
investido por privados, o que quer dizer que é o valor com que o Governo vai
subsidiar os privados, para que possam investir sem risco).
O
Governo diz que temos mesmo de apostar no hidrogénio por causa da
descarbonização e do clima.
Que é a mesma justificação que nos deram para apostarmos nas energias
renováveis. Em Portugal, mais renovável do que a energia eólica e solar, só
a lábia do Governo a vender banha da cobra. Que, se fosse uma venda literal,
acabava por prejudicar menos, porque a banha sempre é uma fonte de energia mais
barata.
Entretanto,
15 anos e muitas facturas de electricidade depois, os portugueses já puderam
ver o resultado do grande investimento em renováveis que foram obrigados a
fazer. Um sacrifício que teve grande impacto no aquecimento global, como sabe
toda a gente que se lembra daquele dia, em Maio de 2017, em que esteve
frescote de manhã. Fomos nós! Valeu a pena.
Mas
não é apenas o imperativo ético que leva o Governo a avançar com o hidrogénio.
Parece que também acha que é um bom negócio, porque hoje é uma tecnologia
cara, pouco testada e pouco disseminada. E, como é evidente, é muito mais
vantajoso meter mais dinheiro agora do que menos dinheiro quando a tecnologia
já for barata e de uso corrente. É o raciocínio das pessoas que, numa loja,
pedem ao vendedor para fazer “preço de inimigo”.
No
fundo, é o equivalente a perguntar a alguém: “Se tivesses de levar um murro do
Muhammad Ali, preferias levar a 25 de Fevereiro de 1964, quando ganhou o
primeiro título mundial, ou a 3 de Junho de 2016, mesmo antes de morrer de
Parkinson?” Está visto que o Governo optava pelo soco do jovem Ali. Custa mais,
mas confere mais prestígio. É que dizer “levei um murro do Muhammad Ali”
impressiona menos do que “leei uu muu do uaaa aui”, que é a mesma frase dita
por alguém sem dentes.
Há outra forma de produzir
hidrogénio, através da queima de gás natural. Sucede que é mais barata. Isso,
como é óbvio, não nos interessa, porque não nos destaca. Queremos a mais cara, a que faz hidrogénio verde. Há
quem julgue que se chama “verde” por ser a mais ecológica, mas é por ser a cor
do dinheiro que é desperdiçado. É
possível que, se queimarmos o dinheiro numa fornalha, a energia produzida seja
mais barata. A ideia que dá é que só estamos a embarcar no hidrogénio para armar
ao pingarelho na Europa. Já não bastava termos da energia mais cara da
UE, agora temos a mais fina. Quando virem, os países do Norte vão deixar
de criticar o que gastamos em vinho e passar a criticar o que esbanjamos em
electricidade. Aliás, vão passar a ser compreensivos com o que
gastamos em vinho: ao preço que está a energia para aquecedores, é graças ao
álcool que nos mantemos quentes. Estamos a ligar interruptores acima das nossas
possibilidades. Se o objectivo é sobressair, fomos bem-sucedidos. Portugal
mostrou que é um país singular, o único país do mundo em que a Tabela Periódica
funciona ao contrário e o hidrogénio só vem depois do ouro. Muito ouro.
Agora,
quem diz que o hidrogénio é uma energia limpa, sem resíduos, nunca viu a conta
de Twitter do Sec. de Estado da Energia. A sujeira que para ali vai. João
Galamba tuíta insultos com uma cadência impressionante. Se calhar, era mais
barato aproveitar a fúria com que bate nas teclas como fonte de energia. Em vez
de hidrogénio, mau génio. No Twitter, João Galamba apresenta-se com uma foto
sua em criança. Faz sentido. Pode estar a falar de assuntos de Estado, mas a
postura é de um garoto brigão no recreio. Não tenho acompanhado sempre, mas é
provável que já tenha sido usado o argumento “o meu pai é polícia e bate no
teu”.
Não
é a primeira vez que um profeta salva um povo através de um processo de divisão
de água. Tal como João Galamba levará os portugueses até à plenitude
energética, separando hidrogénio de oxigénio, há 4 mil anos Moisés conduziu os
hebreus até à Terra Prometida, apartando as águas do Mar Vermelho. Moisés e
Galamba, dois predestinados. Um acha-se numa missão divina; o outro foi
resgatado das águas do Nilo pela filha do Faraó.
Galamba
é incansável no ataque a quem discorda dele. Nunca pára. Parece mesmo o
coelhinho da Duracel. Dura, dura, dura. A diferença é que a energia que o
coelhinho da Duracel vende é barata.
ENERGIA ECONOMIA POLÍTICA GOVERNO
COMENTÁRIOS:
João Soares: Que coisa tão
rara neste lugar de desespero silencioso: uma crítica mordaz e feita com humor
inteligente. Obrigado. : Manuel
Antoni: muito bem, quintela.
Ivone Rocha: Acho que
antes de escrever devemos ler e recolher a informação sobre a qual escrevemos.
As alterações climáticas são um assunto demasiado sério. Não há soluções
perfeitas, todas são passíveis de críticas e todas têm prós e contras. Mas em
vez de afirmações generalistas ainda que com humor, era bom ver este tema
tratado com responsabilidade. Hugo
Conquistador > Ivone Rocha: As
alterações climáticas não passam de um embuste para nos imporem uma sociedade
Marxista. Rui Lima >
Ivone Rocha: Quais
das alterações climáticas? Escolha uma das que foram “previstas” desde o início
da década de 70...
José Santos > PAULO PINTO: Quando
se faz humor com a religião, não é assunto sério. Quando se faz humor com os
políticos, não é assunto sério. Quando se faz humor com Portugueses, não é
assunto sério. Quando se faz humor com humor, não é assunto sério. Mas quando
se faz humor por causa do hidrogénio já é um assunto sério. Não sorrir! Paulo Silva > PAULO PINTO: Quem
percebe? O Galamba? Você é comediante :))))
Procure
por: Why hydrogen fuel cell cars are not competitive — from a hydrogen fuel
cell expert É só um exemplo. A eficiência é uma porcaria quando comparado com o
armazenamento em baterias. Ninguém quer. Mas nós vamos a correr para dar uma
cabeçada na parede. Vasco
Matias > PAULO PINTO: Se
vamos deixar assuntos sérios para quem entende, o que faz o Galamba no governo?
Portugal, que Futuro: José Diogo
Quintela, Certamente por culpa minha, não fui capaz de perceber se está a
questionar o ROI do investimento (no hidrogénio), ou o ROE (ou ambos). Mas
deixo uma sugestão: que tal contactar os investidores privados, como a GALP, a
EDP ou o Salvador Caetano, que enviaram ao governo intenções de investimento
para o hidrogénio no montante de dezasseis mil milhões, conforme o Observador
noticiou em 19.07.2020 na notícia com o título (só tem de pesquisar):
"Concurso do hidrogénio. 74 candidaturas totalizam 16 mil milhões em
investimento"? Eles sabem responder-lhe de certeza! Carlos Nicolau > Portugal, que Futuro: Esses investidores sabem-na toda. Nós também. Sendo o
contrato bem feito, como é habitual, é renda garantida. José Santos > Portugal, que Futuro: Nós também sabemos, há muita depilação a fazer ou muita
delapidação a fazer em Portugal. ”Descoberta
há mais de 100 anos, a Electrólise (ou Depilação Eléctrica), continua a ser a
única técnica aprovada pela FDA (US Food and Drug Administration), para a
eliminação definitiva de qualquer pêlo.” Mario Silva >Portugal, que Futuro: O autor está obviamente a questionar o ROI (return on
investment) do projecto do hidrogénio. Não pode questionar o ROE (return on
equity) porque não se sabe quanto dos 16 mil milhões de € de
"intenções" são capital (equity) que essas entidades privadas vão
efectivamente investir. A avaliar pelos excelentes projectos de energias
renováveis que foram feitos no tempo do Eng. Sócrates o ROE é sempre elevado
pois o capital investido pelas entidades privadas tem retorno garantido pago
com os impostos dos portugueses, quer haja receitas ou não (como o autor refere
logo no primeiro parágrafo). Tais negociatas só são possíveis porque os
legisladores ajudam os privados a lesar o Estado, ou seja temos "a polícia
a ajudar os ladrões a roubar". Certamente que não o fazem de borla (tipo
os sacos azuis do Eng. Sócrates). O que ainda me surpreende (mea culpa) é haver
mentecaptos como o senhor que continuam a defender tais práticas de corrupção.
Acho que fica tudo dito sobre a sua ética e honestidade intelectual. José Paulo C Castro >
Portugal, que Futuro: Se os privados querem tanto investir nisso porque
vamos nós, o Estado, investir ? Deixem-nos meter eles lá todo o dinheiro.
No fim, o Estado cobra impostos. Ou isenta no início.
Carlitos Sousa: O sector da
energia é aquele onde a corrupção e o esbulho ao contribuinte é mais evidente. As
Rendas Excessivas, os CMECs, as negociações entre Manuel Pinho, Mexia e Manso
que tramaram os consumidores em muitos milhões, as Energias Eólicas que
deveriam ser uma mais valia e acabaram por ser um encargo duplicado para os
consumidores, para além de continuarem a ser subsidiadas.
E
agora o Hidrogénio. Com
potencialidades para ser defendido, mas também com potencialidades para ser a
energia mais cara produzida, e um novo encargo para o bolso do contribuinte. E mais uma vez Galamba na jogada… este tipo será
multimilionário em breve.
Paulo Silva: 7 MIL Milhões
é apenas o custo de 2 Aeroportos novos. Mas pela calada o governo PS já aprovou
tudo. As empresas lobistas já sorriem ao dinheiro público que vão receber dos
impostos dos pobres Portugueses garantidos por décadas futuras. O Galamba, sob o efeito
Dunning-Kruger julga saber mais que os outros e gasta rios de dinheiro numa tecnologia em que ninguém na Europa acredita.
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