sábado, 8 de agosto de 2020

Paixões

 

Políticas. Pessoais, também, de alguns comentadores. Mas também sabedoria.

Mais uma clara lição de História de JAIME NOGUEIRA PINTO, desta vez sobre a Espanha dos nossos tempos.

Ventos de Espanha /premium

O rei Filipe VI tem pela frente a esquerda radical e agressiva do Unidas-Podemos que, ferida pelas próprias confusões e casos do seu líder Pablo Iglesias, se mostra interessada em derrubar a monarquia

JAIME NOGUEIRA PINTO               OBSERVADOR, 07 ago 2020

Não vou demorar-me no episódio recentemente mediatizado do rei D. Juan Carlos I, que protagonizou a restauração da Monarquia em Espanha e que, nessa qualidade, a partir da morte do Generalíssimo Franco, chefiou o Estado espanhol. É uma história humana, demasiadamente humana, uma história de paixões, comissões, honra e pratos de lentilhas que, mesmo na mais benigna das versões, não pode deixar de manchar alguém que, por nascimento, vida, condição e função, não devia ceder a fraquezas e deslumbramentos. Mas que alegadamente cedeu, fragilizando, com isso, um regime, uma dinastia e a segurança de um Estado. Uma história oportunamente divulgada num momento particularmente crítico da vida de Espanha – atacada, como toda a Europa, pela pandemia, enfrentando desafios de fragmentação e secessão na Catalunha e estando politicamente quase tão bipolarizada e radicalizada como há 80 anos.

Recordemos alguns factos.

Nos anos 30 do século passado, a Europa estava dividida ideologicamente em três ou quatro tipos de regime. No extremo leste, a confrontar com a Ásia, havia a Rússia comunista de Estaline, onde começava o grande terror: na Ucrânia, o celeiro da URSS, a política de Moscovo estava a matar à fome, intencionalmente, alguns milhões de camponeses; e no interior da URSS, Estaline, o Partido Comunista e a polícia secreta começavam as purgas no Partido e a construção de um sistema repressivo concentracionário que mataria milhões de russos, entre eles altos dirigentes comunistas, civis e militares. Este Terror Vermelho, que liquidou no tempo de Lenine e da Revolução a classe alta russa e parte das nascentes classes médias, ameaçava então o resto da Europa, através dos partidos comunistas europeus e das suas toupeiras – instaladas, inclusive, nos serviços secretos britânicos. Sem esta ameaça, as batalhas de rua entre os fascistas e os comunistas e socialistas revolucionários e a vitória do Fascismo em Itália, em 1922, é inexplicável. E o triunfo do Fascismo despertou o nascimento de partidos nacionais revolucionários um pouco por toda a Europa.

Ao lado destes partidos, e também contra a ameaça comunista, vários Estados constitucionais, dos Balcãs e da Europa Oriental, militarizaram-se, recorreram à ditadura, instauraram regimes autoritários e anti-partidários, como aconteceu em Portugal – embora por cá as razões também fossem outras. Mas na Alemanha, foi em nome da reparação das humilhações de Versalhes e também para combater o comunismo que o Partido Nacional Socialista de Hitler chegou ao poder por via eleitoral.

A Espanha, que passara nos anos vinte pela ditadura do general Miguel Primo de Rivera, apoiada pelo rei Afonso XIII, entrou em crise depois da queda do ditador. Em 1931, um plebiscito monarquia-república levou Afonso XIII de Borbón a abandonar o trono e a fixar-se em Itália. A esquerda activista e os separatistas reagiram ao governo de centro-direita, eleito popularmente em 1934, com a revolta das Astúrias. E em Fevereiro de 1936, numas eleições bipolarizadas, a Frente Popular, juntando os partidos de esquerda e os separatistas, ganhou a maioria. Os anarquistas e sindicalistas revolucionários iniciaram, imediatamente, uma onda de grande violência, com ocupações de terras, queima de igrejas e assassinato de adversários políticos. Do lado da direita, respondeu-lhes uma organização fascizante, a Falange, de José Antonio Primo de Rivera. Mas a escalada levou parte do Exército, essencialmente o Exército operacional de África, a revoltar-se. O general Franco, quer pelo seu carisma entre as tropas de Marrocos, quer pelo desaparecimento de outros chefes militares alternativos, como o general Sanjurjo e o general Mola, acabou por ser escolhido pelos seus para líder militar e político dos Nacionais. E conseguiu, durante o conflito, a unidade das direitas políticas e combatentes: falangistas, monárquicas carlistas e constitucionais borbónicas, católicas e republicanas conservadoras.

A guerra foi brutal e, de parte a parte, houve excessos, massacres, selvajarias. Os Vermelhos, sobretudo os anarquistas, assassinaram cerca de 7000 padres e religiosos e impuseram o terror nas zonas que controlavam. A resposta também não foi branda. Salazar apoiou Franco desde o início, tendo a noção de que uma vitória da Frente Popular significaria Estaline e o terror comunista em Madrid – e depois em Lisboa.

Franco venceu e, a seguir, dezenas de milhares de inimigos do regime foram presos, exilados, mortos. Valeria a pena comparar em números absolutos e relativos o que Franco fez em Espanha e o que os comunistas fizeram na Rússia, após a vitória na Guerra Civil. Mas deixemos essas estatísticas que sempre incomodam os “bem-pensantes”. Depois, à medida que se tornou mais segura a situação, o franquismo, um regime ambíguo em que Franco era o “Caudilho de Espanha pela Graça de Deus” e que, constitucionalmente não era nem uma República nem uma Monarquia, foi-se consolidando e foi baixando, consequentemente, a repressão. Mas ainda em 1950 havia guerrilhas comunistas a infiltrar-se em Espanha. Depois, nos anos sessenta, à semelhança do que sucedeu em Portugal, as políticas desenvolvimentistas transformaram a Espanha, criando uma classe média e eliminando as condições sociopolíticas das “duas Espanhas”, a dos ricos e a dos pobres. Também o regime autoritário foi abrindo aos elementos conservadores liberais e tecnocráticos, que bateram progressivamente a ala falangista.

Franco seguiu uma política oposta à de Salazar nas relações com a classe política e na preparação da sucessão, permitindo, e até estimulando, facções entre os políticos que, inclusive, se digladiavam. Assim os manteve activos, mobilizados e aptos para a luta.

É de 1947 a lei da sucessão, conseguida depois de um intrincado tricot político-jurídico e de várias escaramuças entre os seus partidários – sobretudo com D. João, conde de Barcelona. E assim Franco restaurou ou instaurou a monarquia espanhola, criando um sistema de sucessão para o seu regime pessoal. O sistema assentou na instituição monárquica, personalizada na figura do Príncipe D. Juan Carlos. Este, para aceitar, teve de fazer escolhas difíceis, nomeadamente entre o afecto e o respeito filiais pelo pai, D. João, conde de Barcelona, e Franco e os seus projectos. Conseguiu sobreviver e equilibrar os dois lados recebendo as lições de arte e astúcia política que tanto o pai como Franco lhe proporcionaram.

Franco teve o mérito de planear e acompanhar a sua sucessão. Segundo me contou o general Vernon Walters em Washington, muitos anos depois, o Caudilho sabia perfeitamente que acabara com o dualismo das duas Espanhas e que a Espanha, depois da sua morte, seria uma monarquia constitucional e democrática. Tinha até sublinhado com ironia, falando com Walters, que tal democracia, ainda que pudesse vir a não ser boa para a Espanha, seria certamente do agrado de Walters e do presidente Nixon; e que poderiam ficar sossegados que a transição estava “atada e bem atada” e que a Espanha que ele deixava seria pró-ocidental e pró-americana.

Juan Carlos recebeu a herança de Franco e foi gerindo um dia a dia difícil, entre os franquistas ortodoxos, que se opunham à liberalização, e a pressão externa e interna das forças de esquerda. Como herdeiro de Franco, tinha a lealdade dos militares e para a maioria dos franquistas era o garante da evolução na continuidade; para as esquerdas, era o chapéu-de-chuva que as protegia de um golpe militar que parasse a abertura – como sucedeu no momento crítico do 23-F de 1981 protagonizado pelo assalto ao Parlamento pelos Guardas-civis do tenente-coronel Tejero de Molina e pela divisão blindada Brunete do general Milans del Bosch. É uma história complicada, mas, nesse dia, D. Juan Carlos terá salvado a Democracia de um golpe para-ditatorial.

Foi assim que o Rei protagonizou uma transição difícil, com a ETA a matar civis e militares em toda a Espanha e o presidente da Generalitat, Jordi Pujol, na Catalunha, a montar pacientemente as condições para uma futura secessão, impondo a hegemonia da língua catalã e criando bases financeiras e institucionais para a independência, com a conivência dos partidos governamentais em Madrid que precisavam dos votos dos partidos catalães.

D. Juan Carlos foi um rei popular e, nas qualidades como nos defeitos, na segurança como nas fraquezas, próximo dos seus compatriotas. Conseguiu, com habilidade e até rasgo, manter a unidade da Espanha graças também à rainha, D. Sofia. E como Franco criara as condições que tinham acabado com as duas Espanhas económicas e sociais, Juan Carlos criou um espaço de conciliação entre as duas Espanhas políticas.

Depois vieram as quedas: a caçada ao elefante no Botswana, o romance com Corine Larsen, espécie de Montespan ou Pompadour dos nossos dias, a vulnerabilidade perante os milhões sauditas.

Agora, os dados estão lançados. O rei Filipe VI, que já tinha tido o problema do cunhado e da irmã, e que já tinha renunciado a quaisquer heranças financeiras do pai, não pôde nem pode renunciar a esta herança política. Tem pela frente a esquerda radical e agressiva do Unidas-Podemos que, abalada pelas próprias confusões de dinheiros sujos da ditadura venezuelana e casos complicados do seu líder Pablo Iglesias, se mostra particularmente interessada em derrubar a monarquia. Tem o separatismo catalão e os seus líderes prontos a explorar a vulnerabilidade da Coroa e um PSOE com um dirigente bem diferente de Filipe Gonzalez, que tinha sentido de Estado e que pesava os riscos das fracturas institucionais para um Estado plurinacional.

A questão catalã é, neste momento, a de maior urgência e impacto e a crise aberta pelo caso do Rei Emérito agravou o problema, enfraquecendo o papel da coroa como poder arbitral. É difícil fazer contas aos números de independentistas e unionistas catalães, mas neste momento devem estar equilibrados, o que torna ainda mais difícil a solução. A opção pelo referendo, que parece ter o apoio, não só dos independentistas mas também de parte dos unionistas catalães, levanta uma objecção de princípio na medida em que põe em questão a unidade do Reino de Espanha. E com um partido nacionalista espanhol como o Vox, terceira força política do país presente no parlamento e na rua, nem o PP nem o Ciudadanos se poderão afastar de uma política unitária.

Perante os riscos de ruptura, o próprio Pedro Sanchez se viu na obrigação de afirmar claramente o apoio do PSOE e do Governo à instituição monárquica, mau-grado a agressividade dos seus colegas de governo do Unidas-Podemos e da consciência de que parte dos eleitores socialistas, sobretudo os mais jovens, são republicanos e não viveram os anos difíceis da transição.                             A SEXTA COLUNA   ESPANHA  EUROPA  MUNDO

Comentários:

Tiago Cabral: Mais um excelente artigo e lição de história.

O NeoLiberal lava mais branco: O autor mantém a sua narrativa de todos contra os nossos mesmo quando alguns dos nossos estão crivados pelo descrédito e pela vergonha. A falta de exigência é um problema nacional, esperava-se que a mesma falta fosse compensada pela grandeza da palavra. Tentar encobrir o primo, dizendo que a história se soube em má altura, que foi a tentação da carne, ou que foram umas comissões umas caçadas e umas pinocadas é um momento histórico para a narrativa do autor. Custa ver que o Rei vai nu, mas as monarquias no século XXI são alimentadas por isso mesmo... comissões, 3 pratos e off-shores... Viva Portugal

Jorge Carvalho: Obrigado Jaime Nogueira Pinto

Amandio Teixeira-Pinto: Para as pessoas que não dão a cara e falam do que não sabem (como em baixo se vê da parte de uns quantos), os países mais estáveis e com melhor índice de qualidade de vida, são monárquicos, como o caso da Noruega (nº 1), a Austrália (nº 2) e por aí fora, com a Suécia, a Dinamarca, o Reino Unido, ou o Luxemburgo, a mostrar que não são palavras vãs as que digo. Países instáveis e que podem dar problemas num futuro próximo são a Itália e a França, com a Alemanha a ter já dado (e de que maneira) a sua quota parte de instabilidade. Com excepção da França, trata-se de países recentes, a Alemanha e a Itália vêm de finais do séc. XIX, a Grécia teve um golpe de Estado que instaurou a república (sem resultados viáveis como se sabe), a Finlândia saiu da Rússia há umas poucas dezenas de anos, e depois uma série de pequenos ou mesmo grandes países, como a Polónia, que retalhados ao longo da História, não conseguem manter nem unidade social nem unidade territorial (entenda-se: - o mesmo povo e o mesmo território, durante mais de 200 anos). Exceptua-se Portugal, um velho País de 877 anos, como um bom comentador abaixo se intitula, que mantém inalteráveis o seu Povo (formamos uma só nação, ao contrário de Espanha) e o seu território (desde o Tratado de Alcañices, do tempo de D.Dinis) se exceptuarmos o caso de Olivença, que nos foi roubada e ninguém soube até aqui abordar ou tratar. As diatribes e tolices dos esquerdolas em relação ao carácter absoluto da Monarquia Portuguesa não encontram qualquer exemplo na nossa História, mesmo naqueles casos como o de D. Miguel que se intitularam reis absolutos. Os melhores tempos do País foram vividos no regime monárquico, que só baqueou com o despilfarro e o jacobinismo de republicanos e liberais, desde o "vintismo", que faz agora, a 24 deste mês, duzentos anos. De todos os anos de república, e tirando, como é óbvio, o tempo de Salazar (que é quase toda a II república), o que temos para ombrear com a monarquia? Que nos levou pelas 7 partidas do Mundo, não houve terra aonde, como europeus, não tivéssemos chegado primeiro (não com um, tipo Marco Polo, mas com todos)? Levantámos as nossas cores na Índia, na Oceânia, nas Américas, em África, e deixámos atrás de nós um património de indefectível saudade e nostalgia (falo dos goeses, falos dos macaenses, dos timorenses, falo de angolanos e moçambicanos, falo do reconhecimento dos brasileiros e dos profundos laços que nos unem), falo dessa enorme herança sentimental, cristã, tolerante, benfazeja, estrénua no trabalho e na dedicação a grandes objectivos e de que andamos ultimamente tão arredados. Os Portugueses, como dizia Gilberto Freyre, nascem em Portugal mas vão morrer não se sabe aonde. Somos gente de audácia, de sacrifícios, de enorme resiliência, não somos gente conformada com as imposturas deste tempo, desde os incêndios que nos querem impor como inevitáveis, até às máscaras que nos tapam as vergonhas. Não, a vida não se esgota a ter um tecto para nos cobrir ou uma malga de caldo para remendar o estômago, como nos querem fazer crer. Privados da aventura, do risco, da luta insane por desbravar terras e levantar países, definhamos, entristecemos, deixamos de ser nós. Os Portugueses saíram, a maior parte deles não voltou ou voltam para férias, por aqui ficaram, tresmalhados e esquecidos, muitos velhos e alguns jovens que não soubemos nem queremos educar. E que já pouco ou nada têm a ver com este venerando país, o mais antigo em identidade cultural e territorial (europeia continental), que desafiando tudo e todos singrou mundo fora debaixo da batuta dos nossos maiores. O que seria impossível em qualquer república, já que nenhuma se pode apresentar como exemplo a seguir. Que me apresentem uma.

Ping PongYang > Amandio Teixeira-Pinto: Talvez só os Estados Unidos da América...Antes do reinado do monarca Dom Trampas I e da sua Rainha "consorte Ivanka II, claro. Como Português médio, não me está a apetecer NADA andar em guerras com quem quer que seja, por isso desculpe-me lá se os SEUS planos heróicos de grandeza se estão a ressentir disso...     Portugal, 877 anos de existência > Amandio Teixeira-Pinto: Comentário excepcional, vários séculos numa penada, o povo português representado como ele foi e é.

Venezuela Livre: O problema é que depois da Catalunha vai o País Basco e Espanha desaparece.

Briosa Sempre: Agora que a grande Catalunha e o país basco se tornam independentes.  Fora com os corruptos monárquicos     Venezuela Livre > Briosa Sempre: E não com os corruptos republicanos? São melhores os meus corruptos do que os teus?     Briosa Sempre > Venezuela Livre: Não são melhores, são iguais, mas é esta monarquia corrupta que combate os nacionalismos e não tem tomates para fazer referendos. Catalunha independente.

José Montargil: Jaime Nogueira Pinto devia imprimir as suas crónicas em livro para podermos comprar e ler.

Francisco Pinto: A monarquia espanhola livrou Espanha de uma nova guerra civil em 1975 e livrou os espanhóis de 15 anos de destruição económica e ulteriores consequências, tal como as que nós sofremos e, de certo modo ainda continuam. Os socialistas espanhóis tomaram o exemplo dos seus congéneres portugueses, e aliaram-se aos extremistas totalitários de esquerda. Esta solução de governo, apresentada como panaceia política contra a "crispação" (Marcelo dixit) e o impasse político saído da crise financeira de 2010, abriu as portas do poder aos radicais. A propósito deste assunto, ouvia ontem o dr. Marçal Grilo comentar a predisposição de Rui Rio em "conversar" com o Chega, e, perante este facto, mostrou-se triste porque, segundo o próprio, o país devia muito ao PSD e não gostaria de ver esse partido aliar-se aos populistas e nacionalistas  Fiquei estupefacto com a absoluta hipocrisia do dr, porque a preocupação que o afligia na hipótese de coligação PSD-Chega, é de facto uma resposta política àquela que o dr. Costa fez em 2015, quando se coligou com o BE e o PCP, igualmente populistas e "patrióticos de esquerda".

Tiago Queirós: Entre uma monarquia familiar, dedicada a educar desde cedo os seus rebentos para a causa nacional; e uma monarquia camuflada e de âmbito alargado, investida na parasitação do aparelho estatal e do erário público, e legitimada num relativismo eleitoral de 50% +1; podemos pelo menos intuitivamente sugerir que a primeira sai mais barata aos cidadãos. Sendo que, por comparação, a fatia maior de nações ditas desenvolvidas do globo continua a salvaguardar as suas monarquias locais, desde logo numa lógica de equidistância e de rejeição dos caprichos de determinadas maiorias. O Unidos-Podemos encontrou um nicho que é unicamente fértil na cabeça dos republicanos Catalães que, como aqui, se dedicam à Política por falta de genuínos atributos; e, tal como nas eleições regionais na Galiza, os Espanhóis tratarão de dar a resposta devida.

Portugal, 877 anos de existência: Lidos os antecedentes da guerra civil espanhola e a situação que se lhe seguiu, relativamente às forças políticas antagónicas em luta, parece que o passado se está a repetir. Também acho que o que vivemos nos tempos actuais (e ainda o que está para vir) há de fazer justiça tanto a Franco como a Salazar. É que há alturas na história em que as negociações para a paz só tornam a guerra mais certa (veja-se o Acordo de Munique) e quando a guerra se torna inevitável, então tem de se ter do nosso lado o líder ou líderes que a saibam ganhar. O que pensarão deles depois é outra conversa. Nos tempos de hoje, quando um homem perde a cabeça por mulheres, lamento muito mas há que se lhe dar algum desconto.

José Ramos: Uma crónica de Espanha, dos anos de 1920 até hoje, de uma exactidão e honestidade intelectual invejáveis. A direita, homens de direita como Jaime Nogueira Pinto, consegue fazê-lo e bem. Entretanto, a esquerda, esta absurda esquerda pós-moderna analfabeta por estupidez e militância, vai derrubando estátuas e canonizando marginais.

Venezuela Livre : As monarquias são anacronismos e arcaísmos do Poder. Por alguma coisa foram colocadas em modo museológico após a castração ocorrida com o final do absolutismo.

José Paulo C Castro: Não são, não. Veja a Coreia do Norte ou a Síria. Ou repare como íamos tendo uma alternância entre Bushs e Clintons desde 88 até 2008 se não tivesse surgido um Obama... E depois, as verdadeiras hierarquias ocultas, as das redes secretas e suas sociedades, teimam em usar este critério...

Antes pelo contrário: Excepto em alguns países do 3º Mundo, as monarquias não têm hoje em dia nenhum poder. Representam o Estado e os seus povos, muitas vezes melhor do que cataventos como o Marcelo. E além disso as monarquias têm evoluído - ao contrário dos regimes socialistas ou comunistas, que só sonham com o regresso ao passado estalinista, maoísta, ou cubano... e vivem todos na miséria!!!

José Montargil: Anacronismos? As monarquias europeias constitucionais são anacronismos? Vão dizer isso na Dinamarca, Holanda, Suécia, Noruega, Reino Unido. Todos este países têm estabilidade governativa, nível de vida altíssimo, condições de trabalho que não se encontram em parte nenhuma, ordenados e pensões estratosféricas comparadas com as portuguesas, cuidados com a natureza, poluição muito menor, enfim sociedades que integraram novas maneiras de viver desde o casamento, à adopção, enfim em qualquer índice estão a anos-luz de Portugal.   Mesmo em Espanha só para ter uma ideia o ordenado mínimo nacional é de 1.100 euros, o  dobro do português. Adorava viver nesses países anacrónicos.

Pedro Santos da Cunha Olá Bom Dia Jaime. Mais uma Excelente lição de História Contemporânea! Parabéns e continua a ensinar e a contar a Verdade que tantos se esforçam por tentar esconder. Abraço Amigo. Pedro

José Miranda: Brilhante síntese da situação espanhola. Jaime Nogueira Pinto é uma grande mais-valia para o Observador.     Armando Heleno: Boa crónica, sem dúvida ou não estejamos a falar de uma das pessoas do nosso cantinho mais habilitadas para o fazer. No entanto, poderia ter-se debruçado com mais profundidade no alvo de toda esta crise, D Juan Carlos, em detrimento dos pormenores de guerra, apesar de muito interessantes, sempre com novidades.

Ana Ferreira: É precisamente onde, não ingenuamente, JNP diz não querer demorar-se que mora o cerne da questão! Empurrado pela sociedade civil para acabar com o franquismo, JC limitou-se a escondê-lo condenando assim os espanhois a uma tormenta sem fim (leia-se "Assim Começa o Mal" de Javier Marías), resultante dos numerosos herdeiros de Franco que persistem em envenenar Espanha. JC é prepotente, corrupto e fraco, como agora se comprova, além de ter entregado o reino a alguém igualmente frouxo, uma dos grandes riscos das monarquias!        Armando Heleno > Ana Ferreira: Não fosse ao actual Rei, a quem se entregaria o poder? Claro que ninguém é perfeito. Começou, desastradamente, com a escolha da mulher uma pretensiosa, arrogante e inapta para o lugar. À parte isto, no curto reinado, D Filipe VI tem dado mostras de estar à altura do cargo. Sobre D Juan Carlos é uma pena o que aconteceu ou fez acontecer. Sobre o seu comentário, talvez não fosse mau se soubesse manter a postura e deixar-se de facciosismos.

Maria Augusta > Ana Ferreira: Um avençado profissional do Largo dos Ratos ter a soberba de achar que tem estatura intelectual e conhecimento histórico-político para contrapor o artigo de JNP,  não lembra o diabo. A ignorância é muito atrevida.     Armando Heleno > Maria Augusta: Resposta absolutamente pertinente e com elevação da Dª Maria Augusta a quem pensa que pode amachucar o próximo com a sua cultura de café.

António Gallego > Ana Ferreira: Sinceramente quem você se julga para comentar todo e qualquer assunto com um aparente conhecimento? É porque depois se revela ridiculamente ignorante na maioria dos comentários. Devia fazer um comentário sobre o seu PS espanhol, que com a mesma sede de poder do seu PS português se aliou igualmente a uma esquerda extremista, onde se inclui partidos separatistas que querem independência de regiões como a Catalunha, e partidos com ligações á ETA responsável por centenas de mortes na história recente de Espanha. Ou seja, Juan Carlos teria que ter desviado dez vezes mais dinheiro para fazer o mesmo mal que Sanchez e a sua esquerdalha já fez a Espanha em meses.     Alberto Rei: Mais uma excelente lição de história. A gente aprende e agradece. Não sabia que a História era feita pelos homens individual e colectivamente. Voltando à vaca fria, esperemos para ver se Filipe tem o pedigree da família, e se safa airosamente a monarquia constitucional. A ver se Portugal aprende alguma coisa.    José Norton: A História sempre foi, é e será feita pelos homens, colectiva ou individualmente, com os seus defeitos e qualidades.

Portugal, que Futuro: Excelente lição de História Contemporânea sobre Espanha, Jaime Nogueira Pinto. Extremamente longa mas que vale a pena ler até ao fim. Os milhões ilegalmente recebidos por Juan Carlos e pelo Podemos ou a amante de Juan Carlos, acabam por não passar de notas de roda-pé da sua lição de História, independentemente das consequências que possam ter no futuro. Essas (consequências) também poderão vir a fazer parte da História; quando lá chegarmos, veremos. A História não se constrói com exercícios de futurologia.

Paulo Silva: Caro Jaime Nogueira Pinto, bem vindo ao século XXI. Não faz sentido que hoje em dia alguém seja o líder representante de um país só porque é filho de alguém. Eu, que sou de direita, considero que qualquer criança desse país pode vir a ser presidente. Misturar esquerdas versus direitas à discussão só serve para criar uma cortina de fumo sobre o assunto. A prova disso advém do facto de que os cidadãos espanhóis estavam divididos quanto à continuidade da monarquia parlamentar em julho, até que o Unidas Podemos veio advogar pelo seu fim. Este mês de agosto os espanhóis passaram a defender a continuidade  da monarquia com 15% de diferença, só porque há muita gente contra o Podemos.

….José Montargil > José Paulo C Castro: A ideia é fracturar a Espanha, entregá-la a facções ideológicas, dividir artificialmente os espanhóis. Criar condições para uma república igual à que antecedeu a Guerra Civil 36/39. Os espanhóis não se ficam se lhes quiserem impingir um regime comunista/nova esquerda demagógica e anti-democrática e anárquica. Agora, através do ataque à monarquia o objectivo final é esquartejar Espanha. Este é objectivo da aliança do Podemos, esquerda marxista anárquica, com os independentistas catalães, racistas, demagogos, incompetentes, uma cultura fascizante, hipernacionalistas. Juntam-se umas franjas minoritárias de esquerda folclórica. com o PSOE dividido entre uma social-democracia e o fascínio de uma revolução permanente irreal.         Amandio Teixeira-Pinto > José Paulo C Castro: Caro José Paulo C. Castro, tenho resistido a comentar os seus comentários, mas chegou a hora: - são sempre oportunos, certeiros e extremamente claros. Em duas ou três linhas, com um poder de síntese excepcional, aborda o essencial dos assuntos e deixa o "restolho" sem resposta possível. Obrigado pela minha parte. 

Maria Carmo: A extrema-esquerda, lá como cá, tem um propósito militante, de destruir a ordem tradicional... Seja a célula social básica como o casamento, a sexualidade com os movimentos LGBTI e doutrinação dos miúdos, a vida com a eutanásia e o aborto, a convivência social com o exacerbar dos movimentos "anti"-racistas, a Igreja ou o Estado (ou o Reino) em prol da Amoralidade cultural e ética... São militantes e nada os faz parar

José Silva > Maria Carmo: Sim, o movimento LGBT é amoral, o rei com a amante já é uma amoralidade nível 2, feita especialmente para a ordem tradicional, com uma ética à medida, tipo turbo. Depois a extrema-esquerda é que é militante.     Ana Rebelo > José Silva: A extrema esquerda legitima o que está errado. Muito melhor sem dúvida.     Antes pelo contrário > José Silva: A amante do Rei não é um assunto de Estado, é a vida privada dele, mas o movimento LGBTXYZ é, e não tem nada a ver com moralidade sexual, mas sim com o facto de quererem mudar a sociedade à sua maneira, não por via democrática mas de forma insidiosa, através dos seus "submarinos" em sectores de decisão, que vão alterando legislação etc. sem consulta pública, de forma subversiva. Isso, é que é imoral!!!       José Silva > Ana Rebelo: A "extrema esquerda" estar-se-ia marimbando para esta conversa toda se não houvesse tanta gente com medo de perder o fio à meada de um conto de fadas e a defendê-lo com unhas e dentes e a promover uns conceitos medievais pelo caminho. Se a vida fosse assim tão simples...     José Silva > Antes pelo contrário: Sim, é um perigo, o pessoal das letras é uma subversão macabra. Alguma coisa feita por essa gente por cima ou por baixo da mesa mudou a sua vida nos últimos anos? apanhou com um casal gay na fila do pão? Agora coisas sérias: a amoralidade é política, só isso. A sexualidade é lá a do rei. Não venham é com excepcionalismos.

Carlos Quartel: Deixar situações sem clarificar vai dar confusão, mais tarde ou mais cedo. Depois da morte de Franco e receando um novo banho de sangue, um grupo de personalidades cozinhou uma constituição, todos cedendo um pouco, pelo supremo objectivo da paz. Mesmo o sanguinário Carrilho. A monarquia seria o ingrediente para segurar a construção, mas nunca foi uma solução popular. Mais tolerada, do que amada. A sobrevivência da monarquia exige um comportamento exemplar, sem mácula, como representante do Estado, com uma postura permanente de unidade nacional, associada a uma imagem do soberano de total honestidade e disponibilidade. João Carlos arrasou tudo isso e deu um abanão ao sistema, pode mesmo ser o abanão definitivo.

Maria José Melo > Carlos Quartel: O nosso PR é um bom exemplo? E Jorge Sampaio também?

Amandio Teixeira-Pinto > Maria José Melo: Minha Cara D. Maria José, como bem vê, a honestidade, a transparência, a disponibilidade, a postura permanente de unidade nacional, etc., só se exigem aos reis. Se for presidente já pode ser um bandalho qualquer (tipo Bill Clinton, por exemplo), essa a vantagem da república, qualquer um serve. E que, além do mais, nos custa a todos muito mais. Com isto não estou a defender D. Juan Carlos, mas o Rei de Espanha chama-se Filipe VI já há bastante tempo. E é ele que querem deitar abaixo.

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