Basta de pânicos! Temos que espicaçar a economia! O PCP sabe as linhas com que cose a sua. E dá um exemplo de boa orientação económica ao governo, no seu apelo à sua vida de sempre. Afinal também se abriram as fronteiras para o turismo…
OPINIÃO
A superioridade imoral do PCP
O PCP insiste e insiste e insiste em
realizar os três dias de Festa do Avante! recorrendo a um absurdo discurso de
vitimização.
SÃO JOSÉ ALMEIDA
PÚBLICO, 29 de Agosto de 2020,
A “novela” começou em Maio e tem
entretido muitas pessoas desde então, deixando perplexas outras tantas. O PCP
tem ocupado o espaço noticioso não com reivindicações políticas de aumentos
salariais ou de defesa de direitos dos trabalhadores, não com propostas e
exigências de medidas para serem negociadas com o Governo e vertidas no
Orçamento do Estado de 2021, nem mesmo com a apresentação de ideias que ajudem
a combater a pandemia de covid-19, mas porque insiste e insiste e insiste em
realizar a Festa do Avante!
Contra
tudo o que o bom senso indica, ao arrepio do que tem sido o comportamento de
quase todos os partidos parlamentares, que praticamente
suspenderam comícios, congressos, conferências, universidades de
Verão, rentrées, o PCP insiste em viver num mundo à parte em que acha que
pode fazer tudo. E tem feito. Aliás, um comportamento que tem sido também o do
deputado único e líder do Chega.
Não
sei se o PCP acha que o vírus SARS-CoV-2 é reaccionário e, portanto, não há
risco de contaminar um verdadeiro comunista. Mas parece-me que o PCP não percebe
a imagem que está a passar de si para o país, nem como se está a expor e a dar
a ideia de que deixou de ser o partido institucional, responsável, sério e
defensor do que entende ser o interesse público e nacional. Desde Maio,
o PCP insiste e insiste e insiste em ser excepção, numa tentativa de afirmação
que raia o disparate e que irá, muito provavelmente, causar-lhe sérios danos
eleitorais. Esperemos que este não seja o último acto de liderança de
Jerónimo de Sousa. E pior, ao insistir em manter os três dias de Festa do Avante!,
no próximo fim-de-semana, o PCP está a pôr-se a jeito para vir a ser
responsabilizado, na opinião pública, por eventuais aumentos de contaminados
que se verifiquem em Setembro, mesmo que, por milagre, não haja um contaminado
sequer dentro da Quinta da Atalaia.
É
certo que há um precedente a que o PCP se agarrou com unhas e dentes e que
responsabiliza o Presidente da República e o Governo. Trata-se da autorização,
em estado de emergência, para a manifestação do 1.º de Maio da CGTP. É
verdade que os direitos políticos não estavam suspensos, apenas o foi o
direito à greve. Mas o bom senso aconselhava a que não tivesse sido
autorizado. No entanto, realizou-se e foi uma demonstração de poder de
rua que ficará na memória do país. Convém, porém, salientar que uma coisa é
encher a Alameda Dom Afonso Henriques, em Lisboa, com distância de segurança,
de sindicalistas treinados e experientes, outra é querer fazer as Festa do Avante!,
achando que conseguem travar os contactos num evento de massas. Isto quando o
PCP podia ter dado novo sinal de força, realizando o comício de encerramento da
Festa do Avante! nos mesmos moldes que foi celebrado o 1.º de Maio e em que tem
feito vários comícios.
E
pior, o PCP insiste e insiste e insiste em realizar a Festa do Avante! recorrendo
a um absurdo discurso de vitimização,
chegando ao ponto de se achar no direito de insultar os outros. Vejamos. Primeiro, em Maio, o secretário-geral,
Jerónimo de Sousa, começou por pedir: “Descansem as almas mais
inquietas que isso não seria determinante para as nossas opções”, referindo-se
à acusação de que mantinham a Festa do Avante! para garantir o financiamento
partidário. Quando ela é, de facto, uma importantíssima fonte de
receita para o PCP e permite a leitura de que, para este partido, a necessidade
de arrecadar receita parece estar acima da preocupação em preservar a saúde
pública.
Depois,
o PCP atacou o líder do PSD, acusando-o de
“má-fé e desonestidade”, porque Rui Rio lembrou o óbvio, os jogos de futebol
continuam sem público. Isto para
além de as discotecas continuarem sem poder funcionar normalmente e terem
sido suspensos os festivais de Verão. E é bom não esquecer que a Festa
do Avante! foi precursora deste tipo de eventos em Portugal e contém uma
quantidade considerável de espectáculos.
Agora, o PCP vê-se a braços com uma providência cautelar, que classificou
de “operação antidemocrática contra a liberdade, a cultura e os direitos dos
trabalhadores e do povo”. E mantém,
há semanas, negociações com a Direcção-Geral da Saúde. Começou por dizer que o
evento levava cem mil pessoas por dia, depois anunciou que apontava para
33 mil, para, esta semana, continuar a insistir em que a assistência
dos espectáculos possa ficar de pé, quando as regras da DGS apontam para que estejam
sentadas. Levando mesmo Graça Freitas
a reconhecer, na quarta-feira, que há uma real preocupação em evitar
“aglomerados de pessoas”.
A soberba com que o PCP está a insistir e a insistir e a insistir na
Festa do Avante! faz lembrar um livro inigualável na capacidade de
autoconvencimento e megalomania, escrito por Álvaro Cunhal, A Superioridade
Moral dos Comunistas. Só que pelos piores motivos, que provavelmente Álvaro
Cunhal não subscreveria. A pandemia está a revelar a superioridade imoral do
PCP.
P.S.–
A Semana Política regressa a 3 de Outubro.
TÓPICOS
POLÍTICA COVID-19 CORONAVÍRUS PCP FESTA DO AVANTE JERÓNIMO DE SOUSA DIRECÇÃO-GERAL DA SAÚDE
COMENTÁRIOS:
Jorge.Queirós
INICIANTE: O melhor mesmo é vir aqui ler os comentários dos comunistas a
justificarem a irresponsabilidade do partido. Há comentários que são de ir às
lágrimas. Haja imaginação e pouca vergonha.
anarquista inconformado INICIANTE: Imoral, é a forma como a jornalista tenta
passar a ideia que o PCP é um partido irresponsável nunca foi nem nunca será
para desgosto de todos aqueles que tentam denegri-lo. São velhos hábitos, que
ainda continuam enraizados em quem sempre viveu desse trabalho. 29.08.2020
Sandra.
MODERADOR: Sugiro a São José Almeida a leitura do artigo de Sónia Sapage,
ontem aqui no Público. Isto a propósito do que realmente move o PCP. Salários,
direitos, pensões, coisas assim, ligadas à vida concreta das pessoas.
gillsousa
INICIANTE: Mas, o que pretende a D.
Sandra??? Matar-nos a todos de riso??? De que planeta veio Vª Exª? E lá existe
vida inteligente, ou são todos assim??? Olhe, cara Sandra, não é muito sensato
acharmos que, lá porque não conseguimos entender nada do mundo que nos rodeia e
apenas termos nascido para obedecer ao Grande e Querido Líder e ao partido, os
outros também! Não, cara Sandra! Por muito que não o consiga perceber, há mesmo
vida inteligente, neste planeta! Por muito que não a possamos acusar de tal... PS 1- ainda espero pelo tal exemplo, um que
seja, de sucesso do Marxismo. Um único caso que não tenha sido apenas tirania
assassina, atraso civilizacional e miséria geral (menos o aparelho, claro).
Sentado, claro... PS
2 - vá lá... obedeça ao
controleiro e censure, vamos...
Nuno_P
INICIANTE: Será que o forte ressurgimento de casos nos últimos dias tem
algo a ver com a Festa do Avante? Ainda ontem um canal de notícias entrevistava
espanhóis de férias em Portugal, com "nuestros hermanos" a elogiarem
a gastronomia, hospitalidade e o número reduzido de infectados em relação a
Espanha. Marcelo, promove (e bem) as Feiras do Livro de Lisboa e Porto. Os
britânicos são recebidos de braços abertos e balcões do SEF encerrados. Jovens
holandeses ignoram as recomendações de saúde e embebedam-se nas ruas do
Algarve. Os portugueses são convidados a fazer férias em Portugal, promovendo a
mobilidade entre regiões mais e menos infectadas. E a imoralidade é do PCP?
Sério?
cidadania
123 INICIANTE: Já há muito percebi que, para mim, apesar
de ser um partido com valores positivos, e de muita gente com bons valores
humanos, é como partido muito ortodoxo, fechado, arrogante, pouco democrático.
Quase como um culto religioso, o interesse do partido, definido por um comité
obscuro, reage como um animal ferido como se da festa do avante dependesse a
sua sobrevivência. O problema é que essa teimosia poderá custar vidas...
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