O certo é que uma provável eleição dos
tais “compagnons de route”, de que
trata a magnífica análise histórica de Jaime Nogueira Pinto, irá certamente causar uma terrífica convulsão na
sociedade americana e no resto do mundo, o que será astuciosamente aproveitado
por um país de brandas falas e gestos irrepreensivelmente comedidos, como a
China, que sorrateiramente se infiltrará ainda mais, no mundo esfrangalhado.
Mas é um prazer, a leitura deste repor de dados e nomes de gentes que por nós
passaram, num mundo onde os EUA eram garantia de grandeza, realização, apoio e
deslumbramento. A imagem que fica de Trump, apesar do seu grotesco de ET, é que
ele estabeleceu, com muita esperteza, correntes de simpatia, no mundo – na
Rússia, na Coreia do Norte, em Israel, na Arábia, e até me parece que na China,
apesar da Covid-19… Outro governo que venha nos moldes progressistas dos
radicalismos democráticos trará, certamente, a convulsão que pretendem os novos
iluministas do poder.
Da radicalização da América /premium
A decisão a 3 de Novembro vai depender
da avaliação da Administração Trump face aos riscos e expectativas de uma
América governada, a curto prazo, por Kamala Harris e os seus compagnons de
route.
JAIME NOGUEIRA
PINTO
OBSERVADOR, 14 ago
2020
A
próxima eleição presidencial americana vai ser uma das mais disputadas e
decisivas da história dos Estados Unidos dos últimos cem anos. Há antecedentes
de eleições deste tipo: em 1932, em plena Depressão, um conservador liberal clássico,
Herbert Hoover,
enfrentava um patrício progressista, social-democrata, F. D.
Roosevelt; em 1960, Richard
Nixon batia-se contra J.
F. Kennedy; e em 1964, Lyndon
B. Johnson corria contra a agenda de direita
nacional-conservadora de Barry Goldwater. Curiosamente, dos escombros da derrota de
Goldwater, nasceria o movimento cultural que ira mudar a América, com Reagan.
Em
1968 e 1972, Richard
Nixon venceu claramente os seus opositores
democratas, em eleições que tiveram já um claro sentido político-ideológico.
O curso da “vaga conservadora” foi interrompido pelo Wattergate, em
1973-1974, e o pastor liberal e bom rapaz Jimmy Carter venceu em 1976.
Depois,
com as derrotas sucessivas no Vietname e na África Lusófona e a crise no Irão e
no Afeganistão, emergiu, com Ronald Reagan, a reacção nacional-conservadora que levou à vitória
americana na Guerra Fria e ao fim da União Soviética, já com George
W. Bush em 1991.
Finda
a Guerra Fria, dois mandatos democratas de Bill Clinton marcavam o depois do “fim da História”. Mas em 2000,
George W. Bush vencia Al
Gore, após um complexo e disputado processo
de contagem e recontagem na Flórida.
Em
2008, o herói de guerra John McCain perdeu para Barak Obama, graças à crise de 2007-2008, e em 2012 Barak
Obama bateu o republicano mórmon e liberal
Mitt Romney. Em 2016,
para surpresa e escândalo do establishment financeiro, académico e mediático, Hillary
Clinton perderia para Donald
Trump, um ET do mundo político.
De
um olhar sobre este século de vida eleitoral americana ressaltam padrões de
continuidade mas também de interrupção e aniquilação de tendências e de mudança
de temperatura e de tensão ideológica.
Perante
a prosperidade dos anos 50 de Eisenhower, os temas económico-sociais da Grande
Depressão, que dominaram os anos trinta, foram substituídos no pós-guerra pelas
questões internacionais, com a ameaça soviética e a Guerra Fria. Nos anos 60,
foram as questões raciais ou identitárias, com a luta pelos Direitos Cívicos da
comunidade negra, a reacção sulista, a violência nas cidades do Norte, como
Chicago e Detroit.
Curiosamente
foi Lyndon Johnson, um
texano conservador – e não Kennedy –, quem acabou por assinar a Lei dos
Direitos Civis em 1965. Com isso, os Democratas perderam o Sul, e os Republicanos
ganharam-no, com a Southern Strategy de Richard Nixon, que também beneficiou
com as reacções da classe média e da classe trabalhadora branca à violência
radical pré-eleitoral. Fosse como fosse, o voto nos Estados Unidos
tornara-se diferente, menos classista e mais étnico ou identitário. E
brancos, latinos, negros, judeus, americanos de origem asiática, imigrantes
mais recentes, todas estas categorias, ligadas à identidade, são hoje variáveis
determinantes na sociologia eleitoral.
Com
um passado mais depressa democrata em política e liberal em costumes, Donald
Trump apareceu bruscamente como um republicano que saltava em defesa das causas
identificadas com a direita: nacionalismo
político-económico, defesa dos valores religiosos e familiares, defesa da vida,
defesa da hegemonia norte-americana (embora estranhamente combinada com algum
isolacionismo), contenção do avanço político-económico da China, desconfiança
do multilateralismo e das organizações internacionais e combate à correcção
política e ideológica.
Uma
agenda assim trouxe-lhe, mais que a oposição, a raiva obsessiva da maioria da
comunidade dos opinionmakers e dos jornalistas na América. As
posições radicalizaram-se rapidamente, polarizadas em volta das chamadas
questões fracturantes. A sociedade norte-americana, que tinha uma tradição de
equilíbrio e convívio institucional entre os dois partidos principais
extremou-se. Para isso o principal factor não foi só o aparecimento de Trump,
mas a resistência de Trump à ofensiva da esquerda radical, em nome de uma
“América profunda”.
E Trump não se tem ficado, nem no conteúdo, nem no modo,
respondendo à brutalidade com a brutalidade, à chacota, com a chacota, ao
insulto com o insulto. E os seus inimigos não perdoam e exploram até ao limite
o que ele diz ou faz. E até o que não disse nem fez.
A
menos de três meses do dia da eleição, Joe Biden seleccionou finalmente a sua Vice-Presidente: já tinha dito que seria uma mulher não branca, seguindo
assim a moda das quotas e da inclusão de um elemento com raízes na comunidade
negra americana.
Biden,
um católico moderado, quis assim responder aos anseios da ala
radical hoje tão influente no Partido
Democrático. É já uma
tradição nas eleições presidenciais, desde que os partidos passaram a ter linhas
“mais ou menos à direita” no Partido Republicano e “mais ou menos à
esquerda” no Partido Democrático, que estas compensações se façam: em
1960, J. F. Kennedy
– um católico da Nova Inglaterra, da
elite social progre – foi buscar para Lyndon Johnson, um protestante do Texas, de origens modestas, para
lhe cobrir as áreas conservadoras. John
McCain, um patrício republicano moderado,
foi buscar em 2008 a direitista Sara Palin, para lhe cobrir a ala direita mais popular e
populista do Partido Republicano.
Ao
escolher Kamala Harris, uma
progressista de origem índia e jamaicana, Biden segue a tradição instituída.
Ora os Democratas, apesar da
estridência da sua ala radical, sabem que a maioria dos seus eleitores não
embarca facilmente em radicalismos de rua ou em campanhas como a destruição de
estátuas e símbolos nacionais americanos. Talvez por isso nas eleições parciais
para os Representantes em 2018 tenham prudentemente escolhido candidatos de
perfil religioso e conservador para áreas onde as populações eram
conservadoras, o que lhes permitiu ganhar a Câmara baixa. Embora a minoria
radical acabe por ter uma influência e uma visibilidade desproporcionais, as
questões que dividem a América, como o problema do aborto, das minorias
étnico-sociais, da imigração, do uso livre de armas, dividem também o Partido
Democrático.
Qual o efeito do
“factor Harris” na campanha?
Biden, um político de longa experiência em negociações e
transições no Congresso e na Vice-Presidência e com ligações ao mundo sindical,
não tem muito que ver com a onda radical de oposição a Trump, com a violência
de antifas e ocupas a pretexto do “Black Lives Matter” ou
com a retirada de financiamento à Polícia. Mas também não a condenou formalmente. Depois de alguma indecisão, a decisão foi o relativo
silêncio.
Mas
o estado-maior do Partido, que tem um grande controlo sobre as estruturas
militantes, já tinha percebido que um candidato radical, como Bernie
Sanders, não tinha chances de bater Trump, nem
depois da pandemia. Era demasiado à esquerda em matéria económico-social.
Assim, mesmo sendo mais combativo que Biden e suplantando como orador o actual
candidato, foi levado à desistência, tal como Warren, Kamala, e outros
radicais. Todos e todas desistiram e todos e todas apoiaram Biden, justificando-se pela derrota do “mal maior”
– Donald Trump.
Com
a maior tranquilidade, as feministas, que tinham reagido muito mal às histórias
de assédio de Biden, ou à denúncia de cumplicidade com os segregacionistas do
Sul, evocada por Kamala Harris, varreram os pecadilhos do candidato para baixo
do sofá e endossaram-no.
Trump, que antes do coronavírus, parecia ter
a reeleição garantida dado o estado da Economia, ficou com o handicap de estar
no poder no meio do ataque viral e da crise económica. Não se pode dizer que
teve uma gestão exemplar da crise sanitária, nem da vaga de violência
desencadeada pela morte de George Floyd. É claro que, numa República Federal
como os Estados-Unidos, grande parte dos poderes e decisões ligadas à pandemia
e à ordem pública são da responsabilidade dos governadores dos estados e dos
mayors das cidades; e os democratas não deixam de fazer o possível para
prejudicar e culpar o Presidente.
Vale
a pena lembrar que a campanha contra Trump arrancou logo após a sua eleição com
as acusações de que ele era um peão da Rússia de Putin. Curiosamente, vários
oligarcas próximos de Putin tinham dado generosas contribuições para a Fundação
Clinton e o próprio ex-presidente recebera consideráveis compensações por
conferências em Moscovo, mas disso poucos falaram. De resto, as investigações e
o relatório Mueller ilibaram Trump.
Trump nunca escondeu que não via a
Rússia como um inimigo, tal como no pós-Guerra Fria nenhum Presidente americano
vira a Rússia como inimigo. Quanto à NATO, esforçara-se por fazer com que os
europeus contribuíssem para a própria defesa, no cumprimento das regras do
Tratado.
Não restam dúvidas de que Trump é um ET político e faz tudo para o parecer: há uma brusquidão de atitudes e uma não contenção nos
seus constantes weets, e no modo agressivo e pouco diplomático com que
lida não só com os seus adversários mas com a própria burocracia do State
Department e da comunidade de inteligência. Mas como
observa Dimitri
Simes num artigo da National Interest, a eleição não pode ser vista como um
“referendo sobre Trump e a sua personalidade”; deve também ser olhada quanto às
consequências que uma eventual derrota de Trump pode trazer. A eleição do team Biden-Harris para a liderança do que ainda é a maior potência
mundial, no tempo mais perigoso para o mundo desde há muitas décadas, será
também um factor de alto risco.
Segundo
uma recente sondagem, para um grande número de americanos a idade e a saúde
mental de Biden indiciam
que, caso Biden vença a eleição, Harris poderá ter um papel bastante mais importante na
política dos Estados-Unidos que o comum dos Vice-Presidentes e num futuro
próximo.
Os
republicanos qualificam Kamala Harris como uma “esquerdista
radical” que irá aumentar impostos, controlar o uso de armas,
ser condescendente para com o crime e os antifas e assumir posições radicais
nas “questões fracturantes”. E
perguntam-se se, além do “género e da raça”, a candidata a Vice-Presidente
trará algum contributo em matéria económica e de política internacional. Outros analistas consideram a escolha de Biden
uma “boa-nova” para a equipa Trump-Pence, dando aos adversários a coloração
radical que, com Biden, os Democratas quiseram evitar.
De
qualquer modo, a decisão final de 3 de Novembro vai estar dependente do estado
da epidemia e do estado da Economia. E do modo como os eleitores indecisos
pesarão a responsabilidade da Administração Trump pela crise, contra os riscos
e expectativas de uma América governada, a curto prazo, por Kamala Harris e os
seus compagnons de route.
A SEXTA
COLUNA ESTADOS
UNIDOS DA AMÉRICA AMÉRICA MUNDO ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS ELEIÇÕES POLÍTICA
COMENTÁRIOS:
Gens Ramos: Falar da
América/EUA de uma forma engenhosa, embora informativa, mas claramente
ideológica. Pensamento
Positivo: Caros: No momento em que escrevo diz no
Real Clear Politics que só hoje já morreram de Covid-19 862 pessoas. Grande
parte delas nos Estados do sul, de maioria Republicana. Dito isto, não creio que a questão esteja resolvida,
longe disso... Muita água ainda vai correr debaixo da ponte... Mas, uma coisa
me parece já certa; Se Trump e os republicanos quiserem mesmo ganhar estas
eleições terão de mudar de atitudes face ao que esta doença significa.
Continuar a olhar para ela como uma "gripezinha" que não pode afectar
a nossa fabulosa economia não vai levá-los a lado nenhum. E não esquecer que os
que mais estão dela a morrer são os idosos... Justamente o sector da sociedade
Americana que mais tem apoiado nos últimos anos Trump e os Republicanos... Resumindo:
A menos que haja algum acontecimento de última hora, ou uma mudança radical na
forma como Trump e os Republicanos olham esta pandemia, ou Trump levará uma
derrota histórica. Isso parece nesta altura quase certo.
Maria santos: Trump está no
poder porque os americanos o elegeram e não os imbecis esquerdistas portugueses
Os americanos não querem sequer ouvir falar de comunismo, e por isso metem o
joelho no chão e o terço na mão, mesmo nos jardins e praças públicas! Trump
voltará a ganhar as eleições, por causa de tanta oração que o povo americano
tem feito e continua a fazer!
Paulo F.: O único
presidente americano que não iniciou uma única guerra, acabou com várias,
melhorou o nível de vida de todos os americanos, que foi quem o elegeu, é o
presidente mais atacado pelos meios de comunicação, artistas, multimilionários
e todos aqueles que gravitam e sugam a maioria silenciosa, que felizmente já não
vai em cantigas e tem feito as escolhas correctas. Pedro Mtc Santos: Vale a pena apontar duas falsidades essenciais no
artigo, de resto interessante: a) Harris é, para todos os efeitos, alguém da
esquerda moderada, não uma "radical". Em Portugal, estaria no PS (ao
contrário de Sanders e talvez de Warren); b) o relatório Muller não ilibou
Trump, ao contrário do que a Administração, e em particular Barr, afirmaram.
Muito pelo contrário, a evidência recolhida seria suficiente para acusar
qualquer pessoa que não fosse Presidente. Sem mencionar outros, estes dois
pontos enfraquecem bastante a argumentação do artigo.
José Coelho Maia > Pensamento Positivo: Os indígenas nativos da Jamaica, foram exterminados,
depois os ingleses foram buscar escravos negros para trabalhar nas plantações.
Hoje mais de 90 % da população jamaicana é de origem africana, tal como a
maioria das ilhas das Caraíbas, desde o Haiti, Martinica, Guadalupe, etc. Não
deturpe a verdade, só se conseguiram ressuscitar o ADN , das tribos índias que
habitavam a Jamaica).
José Ramos: Nos EUA, e
infelizmente um pouco por todo o mundo, trocou-se a política a sério por
conciliábulos de comadres, coscuvilheiras e moralistas de todos os
"géneros". Face à acusação brutal e soez que pode, sem direito a
nenhuma defesa, destruir uma carreira ou uma vida, o mortal comum tem medo de -
em público - não concordar com esses diktats da moda, com esses linchamentos,
com o castigo de qualquer discordância, ainda que ténue, por esse totalitarismo
tresloucado e covarde que se intitula "politicamente-correcto"; mas,
na solidão do voto, esse escrutínio demente e anti-democrático, pelo menos por
enquanto, não existe. Assim, é quase certo que Donald Trump, com o seu ar
desabrido e todos os seus defeitos, será o próximo Presidente dos Estados
Unidos da América. As alternativas são horríveis.
eduardo oliveira: Não consigo
perceber a defesa do pior presidente de todo o sempre dos EUA, especialmente quando
se agitam bandeiras desesperadas de um chamado radicalismo do partido
democrata. Até parece que o partido democrata é uma espécie de um bloco de
esquerda ou um partido comunista estalinista, quase que uma ameaça à democracia
(como de facto o BE e o PC o são em Portugal), ameaça essa que justifica a
reeleição de um perfeito anormal, narcisista, medíocre, sexista, desonesto e
mentiroso patológico compulsivo. Para bem do mundo e modo de vida ocidental,
espero bem que o Trampas sofra uma derrota de proporções bíblicas e que os EUA
voltem a ser o garante de um mundo livre e bastião contra a ameaça amarela e o
maquiavelismo do Putin.
1984esquerdatotal total > eduardo oliveira: Parte da explicação que você não encontra: O cansaço
extremo de milhões de pessoas nos EUA e na Europa, um pouco na Austrália e Nova
Zelândia , face ao politicamente correcto, face aos activismos que paradoxalmente acabam eles próprios
por se tornarem opressivos, e face a agressividade , por vezes violência das
minorias , este cansaço ê tanto e tão forte que Trump com o seu modo anti
sistema ê visto como uma esperança. Por mais desajeitado e arrogante ou
estúpido que seja é percepcionado como a arma possivel contra o politicamente
correcto. André Ventura beneficia também disto.11RespPaulo
F. > eduardo oliveira: Essa é a tua opinião, vale o que vale, mas para ficares
esclarecido, na minha opinião, que vale tanto como a tua, o pior presidente foi
o Barack Hussein. Quando à ameaça amarela ainda vai ficar muito mais amarela
se Biden for eleito, se alguém tem posto travão aos chineses tem sido Trump,
não Tumpas, mas isso visto através do vermelho não se enxerga.
Amandio Teixeira-Pinto > eduardo oliveira: Há de facto muita ingenuidade naquilo que diz....e
acredito por isso que seja bem intencionado. O Trump tem, relativamente a todos
os políticos hipócritas a que estamos habituados, a virtude de dizer o que
pensa, embora muitas vezes o resultado seja tosco a raiar o grotesco.
Mas no essencial e naquilo que a nós nos importa, que não somos americanos, não
alimentou nenhuma guerra, não desestabilizou qualquer situação com o envio de
tropas, não criou cenários horríveis como o Nobel da paz Obama fez na Síria.
Foi o único presidente ocidental que fez frente à China e atacou a forma
desleal como os chineses actuam no comércio internacional, valendo-se do
baixíssimo custo da sua mão-de-obra. De algum modo conteve Putin e as suas
intenções revisionistas (em termos do retorno territorial da URSS). Retirou e
bem, o chapéu-de-chuva aos europeus, que egoisticamente se ufanam da sua
segurança social, porque quem gasta dinheiro na sua defesa são os EUA. Se eu
fosse americano, daria muita atenção ao aumento considerável do PIB na época
pré-Covid e ao aumento do emprego. Tivesse Trump intervindo como todos queriam
na crise e a hecatombe seria sem dúvida muito maior, sendo preciso não esquecer
que a maior parte das medidas que provocaram a recessão foram de governos
estaduais de maioria democrata (esquecendo-se, propositada e maldosamente, que
a intervenção do presidente federal é muito limitada a nível interno). Penso
que ficam aqui argumentos suficientes para perceber que sendo Trump um tosco,
um desbocado (o que é indiferente para uma grande parte dos americanos), é
bem melhor e mais seguro para o mundo do que a ascensão dos activistas, que
partem logo do princípio de que os EUA são um país mau, logo desde a fundação,
nos seus princípios e valores (nem George Washington nem Abraham Lincoln
escapam), havendo por isso em cima da mesa o risco de desmembramento, de
possível guerra civil (como a 1ª que se chamou da Secessão, sendo o motivo
principal a tentativa do Sul sair da União) e claro de caos pelo mundo
inteiro, com o aproveitamento da China para tomar Taiwan, o Mar do Sul da
China, e ocupar partes significativas de África. Não falando da Coreia do Norte
tomar conta da Coreia do Sul....e outras situações potenciais.
Amandio Teixeira-Pinto > José Coelho Maia: É curioso que a maioria dos estados do sul,
ex-esclavagistas eram quase todos do Partido Democrata (Lincoln era um
Republicano). Ainda hoje o são, do partido Democrata, e ainda hoje é onde os
pretos são tratados da forma mais violenta. Quanto às suas expectativas de que
a China não vai dominar o Mar do Sul da China, a ver vamos....espero bem que
não. Mas se começar um conflito interno nos EUA, pode acreditar que os chineses
avançam. É da mais elementar noção de estratégia que estamos a falar, avançar
quando o inimigo está impossibilitado de reagir, ninguém mais lhes fará frente.
Quanto ao America First de D. Trump, mais uma vez esquece que esse é o lema
permanente dos Republicanos, que são muito mais virados para dentro, como de
resto diz Jaime N Pinto, o autor do artigo, os democratas sempre foram muito
mais dados às ambições imperiais, virados para fora, mas sem esconderem o seu
egoísmo, claro. O Trump é tosco, concordo, por vezes é disparatado, mas ele
fala para os eleitores deles e não para mim ou para si. No que diz respeito
à Europa faz o mesmo que por exemplo Roosevelt fez, que foi recusar apoiar a
Inglaterra na II Guerra Mundial, até ao limite do possível. E Churchill teve de
se comprometer com o fim do Império Britânico, para conseguir o apoio
americano, pois corria o risco de perder a guerra. Veja lá a preocupação que os
americanos tinham com a democracia e com a liberdade, quer na Alemanha como na
URSS
José Miranda: Uma crónica excelente , como sempre. Francisco Silva: Um texto muito bom.
Manuel Magalhães: Mais
uma vez, excelente e clarificador artigo. Abraço Jaime!
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