quinta-feira, 20 de agosto de 2020

O Tempo e o Medo

O certo é que uma provável eleição dos tais “compagnons de route”, de que trata a magnífica análise histórica de Jaime Nogueira Pinto, irá certamente causar uma terrífica convulsão na sociedade americana e no resto do mundo, o que será astuciosamente aproveitado por um país de brandas falas e gestos irrepreensivelmente comedidos, como a China, que sorrateiramente se infiltrará ainda mais, no mundo esfrangalhado. Mas é um prazer, a leitura deste repor de dados e nomes de gentes que por nós passaram, num mundo onde os EUA eram garantia de grandeza, realização, apoio e deslumbramento. A imagem que fica de Trump, apesar do seu grotesco de ET, é que ele estabeleceu, com muita esperteza, correntes de simpatia, no mundo – na Rússia, na Coreia do Norte, em Israel, na Arábia, e até me parece que na China, apesar da Covid-19… Outro governo que venha nos moldes progressistas dos radicalismos democráticos trará, certamente, a convulsão que pretendem os novos iluministas do poder.

 Da radicalização da América /premium

A decisão a 3 de Novembro vai depender da avaliação da Administração Trump face aos riscos e expectativas de uma América governada, a curto prazo, por Kamala Harris e os seus compagnons de route.

JAIME NOGUEIRA PINTO

OBSERVADOR, 14 ago 2020

A próxima eleição presidencial americana vai ser uma das mais disputadas e decisivas da história dos Estados Unidos dos últimos cem anos. Há antecedentes de eleições deste tipo: em 1932, em plena Depressão, um conservador liberal clássico, Herbert Hoover, enfrentava um patrício progressista, social-democrata, F. D. Roosevelt; em 1960, Richard Nixon batia-se contra J. F. Kennedy; e em 1964, Lyndon B. Johnson corria contra a agenda de direita nacional-conservadora de Barry Goldwater. Curiosamente, dos escombros da derrota de Goldwater, nasceria o movimento cultural que ira mudar a América, com Reagan.

Em 1968 e 1972, Richard Nixon venceu claramente os seus opositores democratas, em eleições que tiveram já um claro sentido político-ideológico. O curso da “vaga conservadora” foi interrompido pelo Wattergate, em 1973-1974, e o pastor liberal e bom rapaz Jimmy Carter venceu em 1976.

Depois, com as derrotas sucessivas no Vietname e na África Lusófona e a crise no Irão e no Afeganistão, emergiu, com Ronald Reagan, a reacção nacional-conservadora que levou à vitória americana na Guerra Fria e ao fim da União Soviética, já com George W. Bush em 1991.

Finda a Guerra Fria, dois mandatos democratas de Bill Clinton marcavam o depois do “fim da História”. Mas em 2000, George W. Bush vencia Al Gore, após um complexo e disputado processo de contagem e recontagem na Flórida.

Em 2008, o herói de guerra John McCain perdeu para Barak Obama, graças à crise de 2007-2008, e em 2012 Barak Obama bateu o republicano mórmon e liberal Mitt Romney. Em 2016, para surpresa e escândalo do establishment financeiro, académico e mediático, Hillary Clinton perderia para Donald Trump, um ET do mundo político.

De um olhar sobre este século de vida eleitoral americana ressaltam padrões de continuidade mas também de interrupção e aniquilação de tendências e de mudança de temperatura e de tensão ideológica.

Perante a prosperidade dos anos 50 de Eisenhower, os temas económico-sociais da Grande Depressão, que dominaram os anos trinta, foram substituídos no pós-guerra pelas questões internacionais, com a ameaça soviética e a Guerra Fria. Nos anos 60, foram as questões raciais ou identitárias, com a luta pelos Direitos Cívicos da comunidade negra, a reacção sulista, a violência nas cidades do Norte, como Chicago e Detroit.

Curiosamente foi Lyndon Johnson, um texano conservador – e não Kennedy –, quem acabou por assinar a Lei dos Direitos Civis em 1965. Com isso, os Democratas perderam o Sul, e os Republicanos ganharam-no, com a Southern Strategy de Richard Nixon, que também beneficiou com as reacções da classe média e da classe trabalhadora branca à violência radical pré-eleitoral. Fosse como fosse, o voto nos Estados Unidos tornara-se diferente, menos classista e mais étnico ou identitário. E brancos, latinos, negros, judeus, americanos de origem asiática, imigrantes mais recentes, todas estas categorias, ligadas à identidade, são hoje variáveis determinantes na sociologia eleitoral.

Com um passado mais depressa democrata em política e liberal em costumes, Donald Trump apareceu bruscamente como um republicano que saltava em defesa das causas identificadas com a direita: nacionalismo político-económico, defesa dos valores religiosos e familiares, defesa da vida, defesa da hegemonia norte-americana (embora estranhamente combinada com algum isolacionismo), contenção do avanço político-económico da China, desconfiança do multilateralismo e das organizações internacionais e combate à correcção política e ideológica.

Uma agenda assim trouxe-lhe, mais que a oposição, a raiva obsessiva da maioria da comunidade dos opinionmakers e dos jornalistas na América. As posições radicalizaram-se rapidamente, polarizadas em volta das chamadas questões fracturantes. A sociedade norte-americana, que tinha uma tradição de equilíbrio e convívio institucional entre os dois partidos principais extremou-se. Para isso o principal factor não foi só o aparecimento de Trump, mas a resistência de Trump à ofensiva da esquerda radical, em nome de uma “América profunda”.

E Trump não se tem ficado, nem no conteúdo, nem no modo, respondendo à brutalidade com a brutalidade, à chacota, com a chacota, ao insulto com o insulto. E os seus inimigos não perdoam e exploram até ao limite o que ele diz ou faz. E até o que não disse nem fez.

A menos de três meses do dia da eleição, Joe Biden seleccionou finalmente a sua Vice-Presidente: já tinha dito que seria uma mulher não branca, seguindo assim a moda das quotas e da inclusão de um elemento com raízes na comunidade negra americana.

Biden, um católico moderado, quis assim responder aos anseios da ala radical hoje tão influente no Partido Democrático. É já uma tradição nas eleições presidenciais, desde que os partidos passaram a ter linhas “mais ou menos à direita” no Partido Republicano e “mais ou menos à esquerda” no Partido Democrático, que estas compensações se façam: em 1960, J. F. Kennedy  um católico da Nova Inglaterra, da elite social progre – foi buscar para Lyndon Johnson, um protestante do Texas, de origens modestas, para lhe cobrir as áreas conservadoras. John McCain, um patrício republicano moderado, foi buscar em 2008 a direitista Sara Palin, para lhe cobrir a ala direita mais popular e populista do Partido Republicano.

Ao escolher Kamala Harris, uma progressista de origem índia e jamaicana, Biden segue a tradição instituída.

Ora os Democratas, apesar da estridência da sua ala radical, sabem que a maioria dos seus eleitores não embarca facilmente em radicalismos de rua ou em campanhas como a destruição de estátuas e símbolos nacionais americanos. Talvez por isso nas eleições parciais para os Representantes em 2018 tenham prudentemente escolhido candidatos de perfil religioso e conservador para áreas onde as populações eram conservadoras, o que lhes permitiu ganhar a Câmara baixa. Embora a minoria radical acabe por ter uma influência e uma visibilidade desproporcionais, as questões que dividem a América, como o problema do aborto, das minorias étnico-sociais, da imigração, do uso livre de armas, dividem também o Partido Democrático.

Qual o efeito do “factor Harris” na campanha?

Biden, um político de longa experiência em negociações e transições no Congresso e na Vice-Presidência e com ligações ao mundo sindical, não tem muito que ver com a onda radical de oposição a Trump, com a violência de antifas e ocupas a pretexto do “Black Lives Matter” ou com a retirada de financiamento à Polícia. Mas também não a condenou formalmente. Depois de alguma indecisão, a decisão foi o relativo silêncio.

Mas o estado-maior do Partido, que tem um grande controlo sobre as estruturas militantes, já tinha percebido que um candidato radical, como Bernie Sanders, não tinha chances de bater Trump, nem depois da pandemia. Era demasiado à esquerda em matéria económico-social. Assim, mesmo sendo mais combativo que Biden e suplantando como orador o actual candidato, foi levado à desistência, tal como Warren, Kamala, e outros radicais. Todos e todas desistiram e todos e todas apoiaram Biden, justificando-se pela derrota do “mal maior” – Donald Trump.

Com a maior tranquilidade, as feministas, que tinham reagido muito mal às histórias de assédio de Biden, ou à denúncia de cumplicidade com os segregacionistas do Sul, evocada por Kamala Harris, varreram os pecadilhos do candidato para baixo do sofá e endossaram-no.

Trump, que antes do coronavírus, parecia ter a reeleição garantida dado o estado da Economia, ficou com o handicap de estar no poder no meio do ataque viral e da crise económica. Não se pode dizer que teve uma gestão exemplar da crise sanitária, nem da vaga de violência desencadeada pela morte de George Floyd. É claro que, numa República Federal como os Estados-Unidos, grande parte dos poderes e decisões ligadas à pandemia e à ordem pública são da responsabilidade dos governadores dos estados e dos mayors das cidades; e os democratas não deixam de fazer o possível para prejudicar e culpar o Presidente.

Vale a pena lembrar que a campanha contra Trump arrancou logo após a sua eleição com as acusações de que ele era um peão da Rússia de Putin. Curiosamente, vários oligarcas próximos de Putin tinham dado generosas contribuições para a Fundação Clinton e o próprio ex-presidente recebera consideráveis compensações por conferências em Moscovo, mas disso poucos falaram. De resto, as investigações e o relatório Mueller ilibaram Trump.

Trump nunca escondeu que não via a Rússia como um inimigo, tal como no pós-Guerra Fria nenhum Presidente americano vira a Rússia como inimigo. Quanto à NATO, esforçara-se por fazer com que os europeus contribuíssem para a própria defesa, no cumprimento das regras do Tratado.

Não restam dúvidas de que Trump é um ET político e faz tudo para o parecer: há uma brusquidão de atitudes e uma não contenção nos seus constantes  weets, e no modo agressivo e pouco diplomático com que lida não só com os seus adversários mas com a própria burocracia do State Department e da comunidade de inteligência. Mas como observa Dimitri Simes num artigo da National Interest, a eleição não pode ser vista como um “referendo sobre Trump e a sua personalidade”; deve também ser olhada quanto às consequências que uma eventual derrota de Trump pode trazer. A eleição do team Biden-Harris para a liderança do que ainda é a maior potência mundial, no tempo mais perigoso para o mundo desde há muitas décadas, será também um factor de alto risco.

Segundo uma recente sondagem, para um grande número de americanos a idade e a saúde mental de Biden indiciam que, caso Biden vença a eleição, Harris poderá ter um papel bastante mais importante na política dos Estados-Unidos que o comum dos Vice-Presidentes e num futuro próximo.

Os republicanos qualificam Kamala Harris como uma “esquerdista radical” que irá aumentar impostos, controlar o uso de armas, ser condescendente para com o crime e os antifas e assumir posições radicais nas “questões fracturantes”. E perguntam-se se, além do “género e da raça”, a candidata a Vice-Presidente trará algum contributo em matéria económica e de política internacional. Outros analistas consideram a escolha de Biden uma “boa-nova” para a equipa Trump-Pence, dando aos adversários a coloração radical que, com Biden, os Democratas quiseram evitar.

De qualquer modo, a decisão final de 3 de Novembro vai estar dependente do estado da epidemia e do estado da Economia. E do modo como os eleitores indecisos pesarão a responsabilidade da Administração Trump pela crise, contra os riscos e expectativas de uma América governada, a curto prazo, por Kamala Harris e os seus compagnons de route.

A SEXTA COLUNA  ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA  AMÉRICA  MUNDO  ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS  ELEIÇÕES  POLÍTICA

COMENTÁRIOS:

Gens Ramos: Falar da América/EUA de uma forma engenhosa, embora informativa, mas claramente ideológica.   Pensamento Positivo: Caros: No momento em que escrevo diz no Real Clear Politics que só hoje já morreram de Covid-19 862 pessoas. Grande parte delas nos Estados do sul, de maioria Republicana. Dito isto, não creio que a questão esteja resolvida, longe disso... Muita água ainda vai correr debaixo da ponte... Mas, uma coisa me parece já certa; Se Trump e os republicanos quiserem mesmo ganhar estas eleições terão de mudar de atitudes face ao que esta doença significa. Continuar a olhar para ela como uma "gripezinha" que não pode afectar a nossa fabulosa economia não vai levá-los a lado nenhum. E não esquecer que os que mais estão dela a morrer são os idosos... Justamente o sector da sociedade Americana que mais tem apoiado nos últimos anos Trump e os Republicanos... Resumindo: A menos que haja algum acontecimento de última hora, ou uma mudança radical na forma como Trump e os Republicanos olham esta pandemia, ou Trump levará uma derrota histórica. Isso parece nesta altura quase certo.

Maria santos: Trump está no poder porque os americanos o elegeram e não os imbecis esquerdistas portugueses Os americanos não querem sequer ouvir falar de comunismo, e por isso metem o joelho no chão e o terço na mão, mesmo nos jardins e praças públicas! Trump voltará a ganhar as eleições, por causa de tanta oração que o povo americano tem feito e continua a fazer!

Paulo F.: O único presidente americano que não iniciou uma única guerra, acabou com várias, melhorou o nível de vida de todos os americanos, que foi quem o elegeu, é o presidente mais atacado pelos meios de comunicação, artistas, multimilionários e todos aqueles que gravitam e sugam a maioria silenciosa, que felizmente já não vai em cantigas e tem feito as escolhas correctas.  Pedro Mtc Santos: Vale a pena apontar duas falsidades essenciais no artigo, de resto interessante: a) Harris é, para todos os efeitos, alguém da esquerda moderada, não uma "radical". Em Portugal, estaria no PS (ao contrário de Sanders e talvez de Warren); b) o relatório Muller não ilibou Trump, ao contrário do que a Administração, e em particular Barr, afirmaram. Muito pelo contrário, a evidência recolhida seria suficiente para acusar qualquer pessoa que não fosse Presidente. Sem mencionar outros, estes dois pontos enfraquecem bastante a argumentação do artigo.

José Coelho Maia > Pensamento Positivo: Os indígenas nativos da Jamaica, foram exterminados, depois os ingleses foram buscar escravos negros para trabalhar nas plantações. Hoje mais de 90 % da população jamaicana é de origem africana, tal como a maioria das ilhas das Caraíbas, desde o Haiti, Martinica, Guadalupe, etc. Não deturpe a verdade, só se conseguiram ressuscitar o ADN , das tribos índias que habitavam a Jamaica).

José Ramos: Nos EUA, e infelizmente um pouco por todo o mundo, trocou-se a política a sério por conciliábulos de comadres, coscuvilheiras e moralistas de todos os "géneros". Face à acusação brutal e soez que pode, sem direito a nenhuma defesa, destruir uma carreira ou uma vida, o mortal comum tem medo de - em público - não concordar com esses diktats da moda, com esses linchamentos, com o castigo de qualquer discordância, ainda que ténue, por esse totalitarismo tresloucado e covarde que se intitula "politicamente-correcto"; mas, na solidão do voto, esse escrutínio demente e anti-democrático, pelo menos por enquanto, não existe. Assim, é quase certo que Donald Trump, com o seu ar desabrido e todos os seus defeitos, será o próximo Presidente dos Estados Unidos da América. As alternativas são horríveis.

eduardo oliveira: Não consigo perceber a defesa do pior presidente de todo o sempre dos EUA, especialmente quando se agitam bandeiras desesperadas de um chamado radicalismo do partido democrata. Até parece que o partido democrata é uma espécie de um bloco de esquerda ou um partido comunista estalinista, quase que uma ameaça à democracia (como de facto o BE e o PC o são em Portugal), ameaça essa que justifica a reeleição de um perfeito anormal, narcisista, medíocre, sexista, desonesto e mentiroso patológico compulsivo. Para bem do mundo e modo de vida ocidental, espero bem que o Trampas sofra uma derrota de proporções bíblicas e que os EUA voltem a ser o garante de um mundo livre e bastião contra a ameaça amarela e o maquiavelismo do Putin.

1984esquerdatotal total > eduardo oliveira: Parte da explicação que você não encontra: O cansaço extremo de milhões de pessoas nos EUA e na Europa, um pouco na Austrália e Nova Zelândia , face ao politicamente correcto, face aos activismos que paradoxalmente acabam eles próprios por se tornarem opressivos, e face a agressividade , por vezes violência das minorias , este cansaço ê tanto e tão forte que Trump com o seu modo anti sistema ê visto como uma esperança. Por mais desajeitado e arrogante ou estúpido que seja é percepcionado como a arma possivel contra o politicamente correcto.  André Ventura beneficia também disto.11RespPaulo F. > eduardo oliveira: Essa é a tua opinião, vale o que vale, mas para ficares esclarecido, na minha opinião, que vale tanto como a tua, o pior presidente foi o Barack Hussein. Quando à ameaça amarela ainda vai ficar muito mais amarela se Biden for eleito, se alguém tem posto travão aos chineses tem sido Trump, não Tumpas, mas isso visto através do vermelho não se enxerga. 

Amandio Teixeira-Pinto > eduardo oliveira: Há de facto muita ingenuidade naquilo que diz....e acredito por isso que seja bem intencionado. O Trump tem, relativamente a todos os políticos hipócritas a que estamos habituados, a virtude de dizer o que pensa, embora muitas vezes o resultado seja tosco a raiar o grotesco. Mas no essencial e naquilo que a nós nos importa, que não somos americanos, não alimentou nenhuma guerra, não desestabilizou qualquer situação com o envio de tropas, não criou cenários horríveis como o Nobel da paz Obama fez na Síria. Foi o único presidente ocidental que fez frente à China e atacou a forma desleal como os chineses actuam no comércio internacional, valendo-se do baixíssimo custo da sua mão-de-obra. De algum modo conteve Putin e as suas intenções revisionistas (em termos do retorno territorial da URSS). Retirou e bem, o chapéu-de-chuva aos europeus, que egoisticamente se ufanam da sua segurança social, porque quem gasta dinheiro na sua defesa são os EUA. Se eu fosse americano, daria muita atenção ao aumento considerável do PIB na época pré-Covid e ao aumento do emprego. Tivesse Trump intervindo como todos queriam na crise e a hecatombe seria sem dúvida muito maior, sendo preciso não esquecer que a maior parte das medidas que provocaram a recessão foram de governos estaduais de maioria democrata (esquecendo-se, propositada e maldosamente, que a intervenção do presidente federal é muito limitada a nível interno). Penso que ficam aqui argumentos suficientes para perceber que sendo Trump um tosco, um desbocado (o que é indiferente para uma grande parte dos americanos), é bem melhor e mais seguro para o mundo do que a ascensão dos activistas, que partem logo do princípio de que os EUA são um país mau, logo desde a fundação, nos seus princípios e valores (nem George Washington nem Abraham Lincoln escapam), havendo por isso em cima da mesa o risco de desmembramento, de possível guerra civil (como a 1ª que se chamou da Secessão, sendo o motivo principal a tentativa do Sul sair da União) e claro de caos pelo mundo inteiro, com o aproveitamento da China para tomar Taiwan, o Mar do Sul da China, e ocupar partes significativas de África. Não falando da Coreia do Norte tomar conta da Coreia do Sul....e outras situações potenciais.

Amandio Teixeira-Pinto > José Coelho Maia: É curioso que a maioria dos estados do sul, ex-esclavagistas eram quase todos do Partido Democrata (Lincoln era um Republicano). Ainda hoje o são, do partido Democrata, e ainda hoje é onde os pretos são tratados da forma mais violenta. Quanto às suas expectativas de que a China não vai dominar o Mar do Sul da China, a ver vamos....espero bem que não. Mas se começar um conflito interno nos EUA, pode acreditar que os chineses avançam. É da mais elementar noção de estratégia que estamos a falar, avançar quando o inimigo está impossibilitado de reagir, ninguém mais lhes fará frente. Quanto ao America First de D. Trump, mais uma vez esquece que esse é o lema permanente dos Republicanos, que são muito mais virados para dentro, como de resto diz Jaime N Pinto, o autor do artigo, os democratas sempre foram muito mais dados às ambições imperiais, virados para fora, mas sem esconderem o seu egoísmo, claro. O Trump é tosco, concordo, por vezes é disparatado, mas ele fala para os eleitores deles e não para mim ou para si. No que diz respeito à Europa faz o mesmo que por exemplo Roosevelt fez, que foi recusar apoiar a Inglaterra na II Guerra Mundial, até ao limite do possível. E Churchill teve de se comprometer com o fim do Império Britânico, para conseguir o apoio americano, pois corria o risco de perder a guerra. Veja lá a preocupação que os americanos tinham com a democracia e com a liberdade, quer na Alemanha como na URSS

José Miranda: Uma crónica excelente , como sempre.   Francisco Silva: Um texto muito bom.    Manuel Magalhães: Mais uma vez, excelente e clarificador artigo. Abraço Jaime!

 

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