quarta-feira, 28 de abril de 2021

Até onde chegará a luneta?


Uma história a relembrar, de Galileu, evocada por uma entusiástica admiradora da Ciência, Carmen Garcia, que mereceu comentários de apreço ou de discordância. Como exemplo da progressão na ciência astronáutica, e homenagem a esse cientista a quem o arrojo das opiniões científicas tramou, incluo mais descobertas recentes de asteróides especiais, de que se não dá conta, a não ser por via de telescópios que começaram por uma tal luneta de Galileu Galilei

CRÓNICA  :“E ainda assim ela move-se”

Digo muitas vezes que nada neste mundo se assemelha tanto a um milagre como a ciência e acredito mesmo que a esmagadora maioria dos crentes a devia encarar como um dom divino.

CARMEN GARCIA             PÚBLICO, 11 de Abril de 2021to

FOTO: Galileu enfrenta a Inquisição Romana, numa pintura de Cristiano Banti, de 1857

No longínquo ano de 1564, em Itália, nascia um menino chamado Galileu. Os pais, intelectuais em declínio financeiro, cedo perceberam que o seu filho era invulgarmente inteligente e, por isso, estimularam-no a estudar e, mais tarde, a frequentar a universidade. O pai queria que Galileu fosse médico e ele acabou mesmo por se inscrever em Medicina. Mas pouco tempo depois percebeu que aquela não era a sua verdadeira vocação e, afirmando que “o universo está escrito em linguagem matemática”, Galileu mudou de curso. Com os anos, tornou-se um polímata. Provavelmente, um dos maiores de sempre com conhecimentos profundos de astronomia, física, matemática e engenharia. E foi a primeira destas áreas que originou a história que hoje me importa contar.Existem diferentes versões sobre o primeiro contacto de Galileu com uma luneta. De acordo com alguns registos, este contacto aconteceu numa visita ao porto de Veneza. Segundo outros, Galileu nunca tinha visto realmente uma luneta quando, baseado nas descrições de Hans Lippershey, construiu a sua com uma ampliação de até três vezes. Seja como for, sabemos que ao longo dos anos o nosso cientista melhorou as suas criações e chegou a construir telescópios com capacidade de ampliação de até 30 vezes. E foi com eles que observou e registou aquilo que viu nos céus.

Durante a sua vida, Galileu descobriu muitas coisas. O problema é que muitas delas colidiam com a doutrina católica. Vejamos por exemplo a Lua, que, defendia a Igreja, era uma esfera perfeita, a “pérola eterna” que provava como eram imaculados os céus. Galileu, com as suas observações, percebeu que essa perfeição, afinal, não era assim tão grande, uma vez que, pela forma como via “manchas” e desigualdades de luz, teriam forçosamente de existir montanhas.

FOTO: Lua cheia fotografada a partir de Madison, Alabama, EUA, através de um telescópio Celestron 9.25 Schmidt-Cassegrain GREGORY H. REVERA/WIKIMEDIA COMMONS

Já no que toca a Júpiter, é a Galileu que devemos a descoberta dos seus satélites. E sabem o que é que esta descoberta fez? Deu um tiro no porta-aviões de quem argumentava que a Terra tinha forçosamente de estar parada porque, caso se mexesse, perderia a Lua. Afinal, graças ao menino nascido em Pisa, percebeu-se que os planetas poderiam ter satélites a orbitá-los.

Mas, apesar de tudo isto, seria a defesa do modelo heliocêntrico que levaria Galileu ao julgamento pela Inquisição. Uma vez que a Igreja defendia que a Terra era o centro do universo e que tudo girava ao seu redor, a defesa deste modelo por Galileu não foi bem aceite. É possível que Galileu tenha piorado as coisas para si próprio quando publicou o livro Diálogo sobre os dois Principais Sistemas do Mundo que é, basicamente, um diálogo entre três personagens: Sagredo, sem ideia inicial definida, Salviati, heliocentrista, e Simplício, um geocentrista um “bocadinho” limitado. Como seria de esperar, a Igreja não gostou de ver a sua posição defendida por um personagem meio idiota que acaba esmagado em argumentos e Galileu acabou a prestar contas à Santa Inquisição, que, como sabemos, de santa sempre teve muito pouco.

FOTO: Frontispício de Diálogo sobre os dois Principais Sistemas do Mundo, publicado em língua italiana em 1632. Nesta obra Galileu compara o sistema coperniciano com o sistema tradicional ptolemaico

Faz amanhã 388 anos que o pai da ciência moderna começou a ser julgado. E para se livrar da fogueira acabou a abjurar, ajoelhado. Reza a lenda popular, imortalizada em quadros e poemas, que, num acto de rebeldia, depois de ter renunciado à hipótese de a Terra se mover em redor do Sol, Galileu terá dito entredentes “e ainda assim ela move-se”. Mas esta parte, na verdade, parece muito pouco provável. Facto é que uma das mentes mais brilhantes de sempre, renegando a ciência e tudo aquilo em que acreditava, conseguiu livrar-se da fogueira. Mas não se livrou de prisão domiciliária até à sua morte e de ver proibida a reprodução e comercialização de todas as suas obras. A Igreja Católica, pela voz de João Paulo II, só viria a reconhecer formalmente ter errado com Galileu em 1992, 359 anos depois da sentença.

E porque é que escolhi falar sobre Galileu hoje? Porque, atendendo aos tempos que vivemos, creio ser a altura certa para prestar a minha homenagem à ciência. E não me lembrei de melhor forma de fazê-lo do que contar a história do homem que é considerado o pai da sua era moderna.

Todos nós, humanos, devemos muito à ciência, que salvou e continua a salvar milhões e milhões de vidas todos os dias. Vacinas, antibióticos, transplantação de órgãos, stents cardíacos… Eu, por exemplo, devo à ciência a audição do meu filho mais velho, que, sendo surdo profundo bilateral, nunca teria a oportunidade de ouvir o som da chuva se não fosse pelo implante coclear que lhe foi colocado em 2019. Digo muitas vezes que nada neste mundo se assemelha tanto a um milagre como a ciência e acredito mesmo que a esmagadora maioria dos crentes a devia encarar como um dom divino. É uma pena que uns quantos continuem a desconfiar dela e a pôr em causa a validade do seu método e das suas conclusões.

A ciência é bonita. É dinâmica. Reinventa-se. É validável e cheia de luz. Foi a força que destruiu o obscurantismo que condenou Galileu. É a resposta às nossas mais prementes questões. E, acima de tudo isto, é a ciência que, juntamente com o melhor de cada um de nós, nos permite sonhar com um mundo mais equilibrado e justo.

FOTO: Retrato de Galileu Galilei pintado por Justus Sustermans, 1636

Os alimentos transgénicos, por exemplo, que são ainda tão assustadores para algumas pessoas nos países desenvolvidos, são a nossa maior esperança para acabar com a fome nos países pobres. Talvez para nós, europeus, seja questionável a necessidade de criar um milho com genes de cacto que lhe permita sobreviver à seca extrema. Mas na África subsariana, onde os alimentos são escassos e as secas extremas e repetidas, este milho pode fazer toda a diferença. A diferença entre a fome e a saciedade.

É óbvio que a ciência deve obedecer a regras e ser regulada. É óbvio que limites devem ser estabelecidos. A ciência é incrível quando usada para o bem, mas pode ser destrutiva quando usada para o mal. O ponto é que, dentro de limites de aplicação bem definidos, a ciência é quase sempre sinónimo de esperança.

Tinha 12 anos quando a minha mãe me ofereceu o primeiro livro da saga Harry Potter. E aquele mundo de magia sempre me fascinou. Sentia até uma certa inveja dos personagens, confesso. Mas agora, já adulta, percebo que nas nossas escolas ensinamos coisas tão fantásticas como em Hogwarts. Porque a ciência pode não ser tão rápida como a magia, mas os seus resultados são muitas vezes equiparáveis.

Galileu começou a ser julgado no dia 12 de Abril de 1633. E eu tenho a certeza de que, voltasse ele à vida amanhã, dia 12 de Abril de 2021, e iria orgulhar-se de muitas das coisas que encontraria e daquilo que a humanidade foi fazendo com a semente que ele plantou. É que o menino de Pisa foi forçado a abjurar perante um tribunal de dogmas, mas hoje, felizmente, vivemos na luz e na liberdade que o conhecimento científico nos oferece.

E sabem que mais? Queiram ou não, e ainda que muitos o tentem impedir, a ciência é como a Terra de Galileu: move-se. Ainda assim. Sempre.

FOTO:  Esta é talvez a fotografia mais conhecida da Terra. Foi captada a 7 de Dezembro de 1972 por Harrison Schmitt ou por Ron Evans, durante a missão Apollo 17, quando os astronautas se encontravam a caminho da Lua e a 29 mil quilómetros da "bolinha azul"

Enfermeira, autora de A Mãe Imperfeita

TÓPICOS

ÍMPAR  TANTO FAZ NÃO É RESPOSTA  BEM-ESTAR  RELAXAR  ASTRONOMIA  IGREJA CATÓLICA  INQUISIÇÃO

COMENTÁRIOS:

Pepe iLegal MODERADOR: Muito bom texto e depois de tantas provas de sucesso do contributo da ciência para a humanidade, é difícil perceber que haja quem a renegue.      JPR_Kapa INFLUENTE: Um texto muito bom e oportuno, num momento em que a dúvida, para alguns, é transformada em "facto alternativo", um dos ingredientes mais tóxicos que invadiram as nossas sociedades.          viana  EXPERIENTE: Um excelente artigo manchado por considerações que nada têm a ver com ciência. "Os alimentos transgénicos (...) são a nossa maior esperança para acabar com a fome nos países pobres." Uma falsidade completa. Em todos os países e regiões do mundo existem variedades locais adaptadas ao solo e clima, e produção suficiente para alimentar quem nelas habita. Desde que os solos, a água e a mão-de-obra não seja utilizada para produção para exportação para os países ricos, beneficiando apenas as elites locais. Existem técnicas ancestrais capazes de lidar com ciclos climáticos, mas que estão a ser destruídas pela indústria agro-alimentar e seus capatazes. A manipulação genética nada tem a ver com ciência. É apenas uma tecnologia ao serviço dos poderosos para aumentar ainda mais o seu Poder.             Pepe iLegal MODERADOR: Então se não fosse a ciência como fazia um alimento transgénico? Pode não gostar do resultado, mas não pode negar que tem tudo a ver com a ciência. fc43363  INICIANTE: Uma bela imaginação tem o viana... Pena que os estudos científicos discordem dele. Os transgénicos de facto ajudam a combater a fome, já lhe mostrei isso por mais que uma ocasião. Mas como tem que fazer o seu lobby anti-OGM, finge não ver, e fala noutras notícias como se nada tivesse sido refutado no seu argumento. Marca típica de pessoa anti-ciência a mascarar o seu negacionismo puro por cepticismo.          João Rijo  INICIANTE: Não é magia negra de certeza. É mesmo ciência...          L. Mauger INICIANTE: Gostei do muito deste artigo mas não concordo com a sua fé nos alimentos transgénicos para matar a fome nos países pobres. Infelizmente a maioria das plantas transgénicas não é desenvolvida para responder a alteração climática ou aumentar a colheita, é tão somente para ultrapassar os inúmeros problemas causados pelas monoculturas intensivas, e ainda tem a desvantagem de criar dependência dos agricultores que ficam à mercê das empresas fornecedoras das sementes. Acredito mais na agricultura biológica diversificada, com base nas espécies tradicionais da região de plantas e animais. Os javalis africanos têm resistência natural à peste suína e as plantas naturais estão normalmente bem adaptadas às condições climáticas locais. Os cruzamentos de plantas são normalmente suficientes para obter melhorias sem ter de se interferir com o código genético. Os avanços na medicina por outro lado são extremamente importantes para melhorar as condições de vida das populações. Só tenho pena que o mundo da ciência não junte esforços para criar e fabricar uma vacina efectiva contra o paludismo como fez para combater a pandemia de Covid-19.         M Cabral  INICIANTE: Nunca é demais relembrar e chamar a atenção para o que o artigo relembra e chama a atenção. Muito bem, parabéns. Armando Mendonça.203695  INICIANTE: à parte a factualidade conhecida, com a qual concordo, o antagonismo entre o subtítulo e o artigo em si, particularmente no final leva-me a não ter gostado: a ciência é um dom divino? será o mesmo dom divino que permite o aparecimento de vírus e doenças terminais? não me parece que haja nenhum dom divino na ciência, há é muito trabalho de investigação e muita inteligência de quem o faz.          maeimperfeita INICIANTE: O que eu digo é que os crentes a deviam encarar como um dom divino em vez de a antagonizarem. Não digo que o seja ou que seja nisso que creio. Mas acredito que seria a forma mais saudável de a religião lidar com a ciência.     GMA EXPERIENTE: Aplauso!... Pedotecn INICIANTE: Que artigo fantástico Carmem. Parabéns !!          fernando f franco EXPERIENTE: Convenhamos que a história assim contada parece uma fábula contida num frasco de mel. A ciência, não sendo uma saga Harrypottiana parece fugir aos olhos de criança com que Carmen sugere o paraíso na terra. Vivemos em confronto sistémico com a inovação, o que para uns é progresso para outros é pesadelo, desespero e miséria, muita da nossa resiliência provém da esperança de algum génio abrir a caixa de pandora e extrair de lá o gesto milagreiro que nos salvará. Outrora a vaca sagrada, depois a religião, agora a ciência. Não importa que os procedimentos transgénicos estejam a transformar o humano num artigo de luxo, sem falhas e ao gosto do dinheiro, como se prevê com os argumentos do CRISPR, provavelmente seremos todos vacinados contra a "ignorância" e porque não, aboliremos a inteligência.

II - ASTROFÍSICA: ESPAÇO: Novo telescópio protege a Terra de asteróides perigosos

Um novo telescópio da Agência Espacial Europeia, no Chile, começou a funcionar para ajudar a encontrar e identificar pequenos objectos perto da Terra

PÚBLICO 27 de Abril de 2021

FOTO: Novo telescópio no Chile estará atento a qualquer asteróide que possa apresentar riscos para a Terra ESA

É mais um parceiro para participar na tarefa à escala mundial de encontrar e identificar pequenos objectos perto da Terra. O Telescópio de Teste TBT2 (sigla do inglês para Test-Bed Telescope 2) da Agência Espacial Europeia, instalado no Observatório de La Silla do Observatório Europeu do Sul (ESO), no Chile, começou a funcionar. A trabalhar em conjunto com outro telescópio parceiro colocado no hemisfério Norte, o TBT2estará atento a qualquer asteróide que possa apresentar riscos para a Terra, testando ao mesmo tempo hardware e software que será utilizado numa rede de telescópios futura”, refere um comunicado do ESO.

“Apesar de extremamente raros, os impactos na Terra de asteróides perigosos não são inconcebíveis. Desde há milhares de milhões de anos que a Terra é bombardeada periodicamente por asteróides, tanto grandes como pequenos”, assinala o comunicado do ESO dando como exemplo “evento de meteoros de Cheliabinsk que ocorreu em 2013 e que causou cerca de 1600 feridos”. Apesar de frisar que os objectos maiores são mais fáceis de reconhecer e que as suas órbitas são acompanhadas pelos cientistas, o ESO também refere que, por outro lado, existe “um grande número de objectos mais pequenos ainda por descobrir, que podem causar danos sérios se atingirem uma região povoada da Terra”.

É neste contexto que se apresenta o projeto TBT e a futura rede planeada de telescópios Flyeye. “Uma vez totalmente operacional, esta rede varrerá o céu nocturno em busca de objectos que se movam rapidamente, um avanço significativo na capacidade europeia em descobrir objectos potencialmente perigosos perto da Terra”, concluem.

Citado no comunicado, Ivo Saviane, o gestor de local no Observatório de La Silla do ESO, no Chile, justifica: “Para podermos calcular o risco de objectos do sistema solar potencialmente perigosos, primeiro temos que fazer o censo desses objectos. O projecto TBT é um importante passo nessa direcção”. O projecto é uma colaboração entre o Observatório Europeu do Sul e a Agência Espacial Europeia (ESA). É também, nas palavras de Clemens Heese, cientista da ESA que lidera este trabalho, “um teste para demonstrar as capacidades que são necessárias para detectar e seguir objectos que se encontram próximo da Terra, com o mesmo sistema de telescópios”.

O novo Telescópio de Teste 2, um telescópio da Agência Espacial Europeia, encontra-se instalado no Observatório de La Silla do ESO no Chile. I. SAVIANE/ESO

O telescópio TBT2 de 56 centímetros junta-se agora ao TBT1 – um telescópio idêntico da ESA situado em Cebreros, na Espanha. Juntos formam os primeiros olhos abertos apontados para o céu da rede de telescópios Flyeye, um projecto para rastrear e seguir objectos que se deslocam rapidamente no céu. Há cerca de um ano, a Agência Espacial Europeia já destacava a importância desta rede, que pretende facilitar a detecção automática de asteróides e se vai juntar às observações que são realizadas mais a longo prazo e ao esforço do Centro de Coordenação de Objectos Próximos à Terra (que coordena observações de asteróides). “Um impacto de um asteróide é um desastre natural que poderá ser evitado se o virmos aproximar-se com antecedência”, assinalou Jan Wörner, director-geral da ESA.

A rede Flyeye será completamente robótica: “O software realizará o planeamento das observações em tempo real e, no final do dia, apresentará as posições e outras informações relativas aos objectos detectados.” Assim, este primeiro passo do projecto TBT foi concebido para mostrar que o software e o hardware trabalham como se espera. “O início das observações do TBT2, em La Silla, permite ao sistema de observação operar com a configuração prevista de dois telescópios, atingindo-se assim os objectivos deste projecto,confirma Clemens Heese.

O comunicado adianta ainda que “a instalação e “primeira luz” do TBT2 no Observatório de La Silla, do ESO, foram levadas a cabo sob condições de saúde e segurança muito restritas”. “Os observatórios do ESO interromperam temporariamente as suas operações no ano passado devido à pandemia de covid-19. Entretanto, as observações científicas já recomeçaram, mas com restrições que garantem a segurança e protecção de todas as pessoas a trabalhar nestes locais.”

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III - Chariklo, o primeiro asteróide com anéis

Até agora, conheciam-se apenas anéis à volta de planetas.

Lusa

PÚBLICO, 27 de Março de 2014

FOTO: Ilustração científica do asteróide Chariklo e os seus anéis ESO/L. CALÇADA/M. KORNMESSER/NICK RISINGER

Trata-se de dois anéis, densos e estreitos, cuja origem poderá estar numa colisão que criou um disco de detritos, segundo um comunicado de imprensa do Observatório Europeu do Sul (ESO), organização intergovernamental europeia de astronomia.

Descobertos a partir de observações em vários locais da América do Sul, incluindo o Observatório de La Silla do ESO, no Chile, os dois anéis estão “bastante confinados”, com três e sete quilómetros de largura, separados entre si “por um espaço vazio de nove quilómetros”.

O Chariklo tem 250 quilómetros de diâmetro e a sua órbita é entre Saturno e Úrano. É o maior membro de uma classe de objectos celestes conhecidos por Centauros, situados naquela região do sistema solar.

Até agora, é o corpo celeste mais pequeno do sistema solar a apresentar anéis em seu redor e o quinto com esta característica, depois dos planetas Júpiter, Saturno, Úrano e Neptuno. É provável que o asteróide tenha também, pelo menos, “um pequeno satélite à espera de ser descoberto”, refere o físico Felipe Braga-Ribas, do Observatório Nacional, tutelado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação do Brasil, e que é o principal autor do artigo científico que descreve estes resultados esta quinta-feira na revista Nature.

Não estávamos à procura de anéis nem pensávamos que pequenos corpos como o Chariklo os poderiam ter, por isso esta descoberta – e a quantidade extraordinária de detalhe deste sistema – foi para nós uma grande surpresa”, assinalou Felipe Braga-Ribas, que liderou a equipa.

Aos anéis de Chariklo, os cientistas os nomes informais de Oiapoque e Chuí, dois rios nos extremos Norte e Sul do Brasil.

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