quinta-feira, 29 de abril de 2021

Males de raiz

 

A nobreza puxando dos pergaminhos, desde sempre, com arrogância e desprezo, quantas vezes sem elevação mental nem moral suficientes para o justificar, é bem prova de que o mal vem dos primórdios. A burguesia seguinte, alcandorando-se igualmente em riquezas e vaidades que os Descobrimentos possibilitaram, dificilmente ultrapassou a mediania cultural, que foi nosso apanágio. E a classe letrada que ela favoreceu, educada em mediocridade de valores, deixa-se arrastar por essa vaidade tola de um título que noutros países, há mais tempo letrados e democratizados, será entendido com menos empáfia do que no nosso. Cada um é como cada qual, não se muda assim...

            

PELO TOQUE DA ALVORADA - 10

 HENRIQUE SALLES DA FONSECA

A BEM DA NAÇÃO, 28.04.21

 

DA TITULITE

 

Se «em terra de cegos, quem tem olho é rei», então também na terra dos analfabetos, quem soletra é Doutor sendo que esta «titulite» nacional mais não é do que a vingança republicana à míngua dos da nobreza.

 

Tags: avulsos

 

COMENTÁRIOS

 Anónimo  28.04.2021  12:31: Exactamente

 Adriano Miranda Lima  28.04.2021: Tem toda a razão, Dr. Salles da Fonseca. A ironia não é demasiado cáustica para caracterizar esta "titulite". Não é com a banalização de licenciaturas que se constroem os alicerces para um futuro melhor e mais próspero. As licenciaturas deviam ser o produto de trabalho árduo e cientificamente bem orientado para a aquisição do saber, e deviam ir para além do simples assimilar do conteúdo de sebentas, e isso só se alcança com a posterior continuação do estudo por conta própria em ordem a consolidar e a expandir o saber adquirido. Há dias, alguém dizia-me que actualmente há pessoas licenciadas que em cultura geral pouco mais sabem que as que obtinham o 5º ano do antigo ensino liceal.

 

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