A nobreza puxando dos pergaminhos, desde sempre, com arrogância e desprezo, quantas vezes sem elevação mental nem moral suficientes para o justificar, é bem prova de que o mal vem dos primórdios. A burguesia seguinte, alcandorando-se igualmente em riquezas e vaidades que os Descobrimentos possibilitaram, dificilmente ultrapassou a mediania cultural, que foi nosso apanágio. E a classe letrada que ela favoreceu, educada em mediocridade de valores, deixa-se arrastar por essa vaidade tola de um título que noutros países, há mais tempo letrados e democratizados, será entendido com menos empáfia do que no nosso. Cada um é como cada qual, não se muda assim...
HENRIQUE
SALLES DA FONSECA
A BEM DA NAÇÃO, 28.04.21
DA TITULITE
Se «em terra de cegos, quem tem olho é rei», então também na terra dos
analfabetos, quem soletra é Doutor sendo que esta «titulite» nacional mais não
é do que a vingança republicana à míngua dos da nobreza.
Tags: avulsos
COMENTÁRIOS
Anónimo 28.04.2021 12:31: Exactamente
Adriano Miranda
Lima 28.04.2021: Tem toda a razão, Dr. Salles da Fonseca. A
ironia não é demasiado cáustica para caracterizar esta "titulite".
Não é com a banalização de licenciaturas que se constroem os alicerces para um
futuro melhor e mais próspero. As licenciaturas deviam ser o produto de
trabalho árduo e cientificamente bem orientado para a aquisição do saber, e
deviam ir para além do simples assimilar do conteúdo de sebentas, e isso só se
alcança com a posterior continuação do estudo por conta própria em ordem a
consolidar e a expandir o saber adquirido. Há dias, alguém dizia-me que
actualmente há pessoas licenciadas que em cultura geral pouco mais sabem que as
que obtinham o 5º ano do antigo ensino liceal.
Nenhum comentário:
Postar um comentário