Do artigo de Jorge Fernandes, de
31/3, também sobre Louçã, no texto
deste blog, “Recorro à Wikipédia”,
esta crónica de Paulo Tunhas, que
mereceria inúmeras torpezas de
comentários, naturalmente.
O conselheiro de Estado Louçã e
os canibais /premium
Louçã – é uma evidência – não é um democrata. É um
espírito autoritário vindo de outros tempos, de tempos de horror e morte que
não o podem em nenhuma circunstância chocar. É neles que vive de facto.
OBSERVADOR; 01 abr
2021
Será que vale a pena falar de Francisco Louçã? A
deputada à Assembleia Municipal de Lisboa Aline
Hall de Beuvink teve de falar,
porque Louçã exibiu no seu programa da SIC, com pretensões humorísticas, um
vídeo em que ela falava do chamado Holodomor, em que morreram à fome, em 1932 e
1933, por acção directa e planeada de Estaline, vários milhões de Ucranianos.
Ela, descendente de Ucranianos, teve de falar porque
foi alvo de uma tentativa de ridicularização por se ter pronunciado sobre uma
imensa tragédia que afectou o povo dos seus antepassados. Quem não se sentiria
no dever de o fazer? Quem não se veria obrigado pela sua consciência a mostrar
que o mais desumano horror nada tem de
divertido ou propício ao gozo?
Mas
nós? Nós, que conhecemos Louçã de há muito e que estamos mais do que habituados
ao seu costumeiro delírio de virtude e ao seu desprezo pela verdade, será que
vale a pena gastar tempo para reflectir no que representa a personagem? Não o
sabemos nós já? Não conhecemos nós já demasiado bem o fundo de crenças a
partir do qual ele fala e que Marcelo
Rebelo de Sousa honrou através da sua nomeação para o Conselho de Estado, o
órgão consultivo do Presidente da República? Não
sentimos nós todos já a degradação institucional que a presença dessa figura
ali representa? Vale a pena dizer mais alguma coisa?
Vale. A completa obscenidade do programa da SIC – e deixo apenas
aqui a SIC de lado porque me pretendo concentrar em Louçã — não permite sequer
alternativa. O conselheiro de Estado
Francisco Louçã deu ali uma imagem perfeita da sua dimensão política e humana,
que não pode passar sob silêncio. Está lá tudo: o arremedo de humor que não é senão um esgar de
desprezo; o fanatismo que lhe permite decretar, sem qualquer lugar para dúvida,
quem caminha na direcção certa da história e quem contra ela marcha; o cinismo
disfarçado de virtude; o sentimento de impunidade assegurado pela pertença à
categoria política que o regime mais venera – a esquerda; a indiferença por
relação à verdade e à busca dela; o desejo latente, visível a cada esgar, do
desaparecimento de todos os seus adversários.
É esta criatura, eternamente acabada de chegar de um dos vários
lugares da história em que o terror fez lei, e disposta a acomodar a propaganda
às dimensões permitidas pelos costumes locais, esperando alargá-las, que desprezivelmente
procurou rir-se das palavras de Aline Hall de Beuvink sobre o horror do
Holodomor, onde a fome induzida por Estaline levou milhões de Ucranianos à
morte e muitos à prática do canibalismo.
Beuvnik
refere, na sua resposta ao
conselheiro de Estado, o clássico de Robert Conquest, The Harvest
of Sorrow, e também
a obra mais recente de Anne Applebaum
sobre a “fome vermelha”.
São leituras muito recomendáveis, mas em relação às quais Francisco
Louçã se encontra imunizado. Como se encontra imunizado, já o disse, a tudo aquilo
que respeite à preocupação com a verdade e com a sua busca. As características
que enumerei no penúltimo parágrafo só podem atingir o grau de desenvolvimento
que nele adquirem com base numa condição: a redução do universo
mental a uma dimensão que exclui qualquer contacto com a diversidade das
opiniões, que é o estado natural da vida política democrática. Dito de outra
maneira: a sua tão celebrada “inteligência” é o resultado directo de uma
insensibilização radical face à experiência humana, só possível por uma espécie
de ignorância do mundo dos indivíduos dedicadamente cultivada. É inútil, por
isso, esperar dele qualquer compreensão do sofrimento humano e do horror em
grande escala que o cria. Encontra-se metodicamente protegido desses
transtornos e não tenciona, em caso algum, abdicar dessa protecção.
Louçã – é uma evidência – não é um
democrata. É um espírito autoritário – totalitário, se preferirmos a palavra —
vindo de outros tempos, de tempos de horror e morte que não o podem em nenhuma
circunstância chocar. É neles, no desejo do seu regresso, que vive de facto. O
seu tempo é o dessa memória. E, embora se tenha sem dúvida habituado à ideia
que não testemunhará em vida o seu retorno, a imagem dos doces fantasmas do
terror, agindo e premeditando a destruição de quem se lhes opõe, habita em
permanência a sua cabeça. Como
se poderia ele não rir
da grande fome ucraniana e das palavras de Aline Hall de Beuvink? O terror é-lhe perversamente familiar,
enquanto que a ela lhe surge como a introdução de algo radicalmente estranho –
“estranho” como uma substância que o ser próprio se recusa a incorporar — na
sua vida, e algo que lhe permanece estranho, de uma estranheza terrível, por
mais que a história o descreva em todas as suas minúcias. É essa estranheza que
lhe faz exprimir o horror do canibalismo. E é a intimidade – dialéctica, como
mandam as regras — com o terror que permite a Louçã gozar com ela. E connosco. Um
perfeito canibal espiritual.
COMUNISMO POLÍTICA FRANCISCO
LOUÇÃ PAÍS
COMENTÁRIOS:
Carlos Gonçalves: E por falar no recorrente desprezo pela verdade: quando é que a criatura
será objecto de escrutínio por parte do matarruano do "polígrafo"?
É preciso pedir? Peçam ao matarruano para dar uma olhadinha no conselheiro
anacleto. Mario Nunes: A presença deste
"democrata" no Conselho de Estado e no Banco de Portugal, tudo pago
pelos contribuintes, é um insulto a todos os contribuintes. Os responsáveis são
aqueles que os promovem a esses lugares. Quanto à SIC, não faço qualquer
comentário, apenas relembro que Francisco Balsemão é o lider (não sei se já foi
substituído por Durão Barroso que pela sua formação maoista preencha melhor os
requisitos) em Portugal do grupo Bilderberg. Fala-se na Maçonaria e na Opus Dei
que, só para os incautos são coisas idênticas, mas esqueceram-se de quem vai às
reuniões do Bilderberg, cujo impacto, na minha opinião, é muito mais profundo. Andrade QB: Louçã tanto poderia ser
comunista como militante do Daesh a decapitar por missão divina, mas numa coisa
ainda é pior do que qualquer um desses seus colegas fanáticos, é mentiroso
compulsivo, pelo que Marcelo acertou em cheio na sua elevação a Conselheiro
de Estado. Joaquim Almeida: Belo momento de combate pela
liberdade. Parabéns ao OBSERVADOR (e aos autores, óbviam.) por este
conjunto de artigos a propósito de um assanhado totalitário. Liberales Semper Erexitque: O bicho em causa acha-se o
maior, e é um puro "chico-esperto" na mais lastimosa tradição tuga
(até tem o nome certo para ser chico-esperto). Claro que noutras circunstâncias
ele gostaria de ser um canibal a sério, dispondo de inquisidores, guilhotinas, polícia
política, campos de "reeducação", etc. Em 2021 no país dos brandos
costumes, tem que se contentar com ser um canibal do espírito. Há muitos anos
que associo os burguesinhos de esquerda a vampiros (m/f). O professor Loucão é
o vampiro-mor. E não lhe tem faltado o sangue para chupar. josé maria: Paulo Tunhas, já viu a vergonha
por que está a passar com a sua falácia non
sequitur ? Já se apercebeu do tipo de gente, intelectualmente
diminuída, que diz amen com a sua deriva falaciosa ? Sente-se bem com essa
companhia? Porquê degradar-se tanto ? Algo que Freud explicaria com o princípio
da compulsão masoquista? Sente-se bem ao lado dos medíocres, do seu séquito
pacóvio de admiradores, ou trata-se apenas de um castigo auto-infligido,
mordendo o isco, sarcasticamente venenoso, de Francisco Louçã? Francisco Tavares de Almeida: Abomino Louçã e tudo o que representa. Nunca gostei de
Marcelo (desde 1974) mas incomoda-me a aparente ignorância do autor e dos
comentaristas.
Louçã
não foi nomeado por Marcelo.
"A Assembleia da República elegeu hoje os seus
representantes para o Conselho de Estado, o órgão consultivo do Presidente da
República. A Lista B (PS, Bloco e PCP) obteve 116 votos e elegeu Carlos César,
Francisco Louçã e Domingos Abrantes.
A Lista A afecta ao PSD e ao CDS teven104 votos tendo
elegido Pinto Balsemão e Adriano Moreira. A votação teve ainda um voto nulo e
cinco em branco."
Clarisse Seca > Francisco Tavares de Almeida: Afinal foram os socio
comunistas que elegeram Louçã! Os mesmos que usurparam o governo em 2015,
perdendo eleições! e para fazer desandar o país, com mentiras! Alguém ainda
acredita nessa gente que nos faz andar de rédeas, sem que muita gente perceba?
Paulo Barata > Paulo Guerra: Deixa
o Tunhas e foca-te no Holodomor!!! Houve ou não? Achas que os erros de uns
desculpam os outros!!!! Avençados da treta que não acrescentam nada ao
pensamento crítico. Mais um desonesto intelectual ou troll da internet.
Paulo Guerra: Mais um a candidatar-se ao abono do Louçã esta semana. E cá estou eu a
contribuir para o peditório para ver se nunca deixam cair este muro das
lamentações. Além de que como já sabemos, quando este colunista afiança que há
armas de destruição maciça é porque sim. Nem que depois venha dizer que afinal
enganámo-nos todos. Só acho que é uma tremenda falta de respeito com
qualquer genocídio não ser mais preciso no número das suas vítimas. Ou ainda
restarão algumas dúvidas? A julgar pelos poucos países que o reconhecem eu
diria que muitas mas já nem quando nos referimos aos Milhões da bazuca
utilizamos um pronome tão indefinido. E não podemos esquecer que desta
vez não está só em causa uma tentativa de uma histérica ideológica, por acaso
até proveniente de um povo aliado dos nazis na II WW, em compará-lo com o
próprio Holocausto para o qual alguns dos seus antepassados contribuíram e de
que maneira, como ainda creditar-lhe o grande mito do Século XX - o tal que
dizia que os comunistas comiam criancinhas ao piqueno almoço. Merecia sem
dúvida mais precisão! E a seguir mais luta pelo seu reconhecimento pleno
para além das ex-Repúblicas Soviéticas e alguns dos mordomos mais habituais dos
yankees. Por quem o colunista, como se confirma mais uma vez está sempre pronto
para penhorar a sua palavra. Mesmo que valha o que vale.
Luis Teixeira-Pinto: Estes esquerdosos, reles e traiçoeiros, são sempre muito inteligentes.
Subiram à custa dos fretes dos pares, também eles seleccionados para os lugares
que ocupam e cuja obrigação é sempre o de elevar os Big Brothers que lhes
impõem. Subiu este, como subiu o Rosas, como subiram outros, gente bem pouco
recomendável. Dizem que é inteligente, como também dizem que o é o homem de
Belém. Mas com tanta inteligência e ao fim de tanto tempo, o que fizeram eles
senão tratar da vida? Qual o estado de Portugal ao fim de 45 anos de abrilada?
Confinados ao nosso canto, reduzidos à nossa dimensão, foi com umas
auto-estradas (construídas para favorecer amigalhaços) que evoluímos? Que gente
temos hoje que possa ter comparação com os meus professores de antigamente,
alguns ainda vivos, grandes engenheiros, grandes mestres que davam cartas no
Congresso Mundial das Grandes Barragens, presidido durante vários anos pelo
Engº Rebelo Pinto, Director-Geral dos Serviços Hidráulicos. Onde estão
indivíduos da craveira do Manuel Rocha, do Joaquim Sarmento, do Bonfim
Barreiros, do Joaquim Sampaio, do Barreiros Martins, do Armando Lencastre, do
Fernando Abecassis, do Vasco Sá, do Afonso Sousa Soares, do António Carvalho
Quintela, ou do Laginha Serafim? Falo da Engenharia que é o que melhor conheço,
nas outras áreas o valor não seria certamente diferente. Quem são estes Louçãs,
estes Costas, estes Marcelos, estes pequenos homens que não mostram nada do que
deveriam ter aprendido com quem os antecedeu?
Carlos Quartel: Em tempos de máscara, Louçã teve um descuido e deixou cair a sua. Enganou
(e continua a enganar) muita gente desatenta. Pelas bandas de Louçã e afins o
fanatismo tudo invade, a realidade é desprezada, a verdade um inimigo e o
desprezo pelos infiéis é total. Daí a desejar a sua eliminação é um pequeno
passo. Infelizmente não está só, muita gente da informação pertence à tribo (o
entrevistador, ao que parece, contribuiu alegremente para o destempero) e mesmo
no Conselho de Estado tem companhia. Mais tosca e menos sofisticada, mas com a
mesma intolerância para com os infiéis. Há que ter a noção de que a
desaprovação e o asco causado por este triste episódio é assunto de alguns
milhares, que por aqui andamos. A grande maioria dos cidadãos acompanha, com
grande preocupação, a carreira do Sporting.
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