quarta-feira, 14 de abril de 2021

Tantos contrários!


 A este artigo de Paula Teixeira da Cruz, provando bem o quanto se sentem felizes no espaço criado por este governo, tal o asco que sentem pelo de Passos Coelho e a simpatia com que amparam um aprendiz de feiticeiro que a tantos enfeitiçou e que regressa em força sedutora… Quais pacóvios! Somos mesmo gentis-homens e gentis-mulheres protectores das infâmias que desculpabilizam as nossas, talvez…

OPINIÃO: Aconteceu mesmo, em Portugal

O juiz Ivo Rosa, com a sua intervenção instrutória (?) no chamado Processo Marquês, veio lançar um manto de lama no nosso sistema.

PAULA TEIXEIRA DA CRUZ  PÚBLICO, 14 de Abril de 2021

Na passada terça-feira, dia 6 de Abril, assinalaram-se dez anos sobre o pedido de ajuda externa feito pelo Governo português e que ditou a chegada ao país da então denominada troika (FMI, Banco Central Europeu e Comissão Europeia).

Muito se tem comparado, na sequência da pandemia, a actual situação mundial, e particularmente europeia, com a crise que se viveu nesses anos. Nada mais errado.

Ministros e dirigentes políticos ligados ao partido que em 2011 levou o país ao pedido de resgate financeiro perante a bancarrota certa não têm pejo em continuar a não assumir as suas culpas e a afirmarem que, ao contrário do Governo PSD-CDS, nesta altura de nova crise em que vivemos, não seguem o caminho desses anos difíceis.

É bom recordar que nem o FMI, nem o BCE, nem a Comissão Europeia tinham, à data, a posição que hoje manifestamente têm perante esta crise mundial, com génese e cariz muito diferentes.

É bom recordar, para quem esqueceu, que nesse verão de 2011 a agência de notação Moody’s baixou o rating de Portugal quatro níveis, colocando a dívida do país em “lixo”.

Em janeiro de 2012, a Standard & Poor’s, seguindo o exemplo da Moody’s e da Fitch, colocou também a dívida de Portugal em lixo.

A 12 de abril de 2011, chegou a Portugal a missão técnica liderada por Juergen Kroeger, da Comissão Europeia, Rasmus Rüffer, do BCE, e Poul Thomsen, do FMI, para dar início ao programa de ajuda financeira ao país, no valor de 78 mil milhões de euros, integralmente negociado pelo Governo do PS.

Se o pedido de auxílio e a negociação foram efectuados pelo Governo PS, coube, todavia, ao Governo PSD-CDS, eleito em Junho desse ano, tirar o país do caos económico, financeiro e social em que se encontrava, sob pena de Portugal não receber as tranches acordadas no pacote de ajuda financeira.

Sei do que falo. Fiz parte, como ministra da Justiçadesse XIX Governo Constitucional.

Tomei posse no dia 21 de junho de 2011 e a primeira notícia que tive nesse mesmo dia, quando me dirigi pela primeira vez ao Ministério da Justiça, foi a de que não havia dinheiro para pagar salários.

Foi muito duro salvar um país desfeito.

O Governo não baixou a cabeça e muito se foi conseguindo mudar, incluindo no sistema judicial, tal como reconhecido externa e internamente.

O juiz Ivo Rosa, com a sua intervenção instrutória (?) no chamado Processo Marquês, veio lançar um manto de lama no nosso sistema.

A narrativa construída pelo juiz de instrução criminal assemelha-se a um conto, canhestro e mal escrito, para crianças e para convencer crianças que gostam de fantasia negra, mas na realidade não foi um conto. Aconteceu mesmo, em Portugal

Para além de se ter arvorado em juiz de julgamento, desrespeitou de forma clamorosa, e manifestamente pouco urbana, a investigação, os colegas e as decisões superiores, tudo isto sem embargo de já ter visto 17 decisões por si tomadas... revogadas em recurso.

Naquela sala onde majestaticamente se sentava, surgia um rol de muito estranhas considerações.

Foi uma decisão (valha-nos, provisória) que criou efectivo alarme social e contribuiu para o descrédito óbvio da justiça concretizada, da justiça em acção.

Após um trabalho aturado no sentido de criar um contexto institucional em que não haveria uma justiça para os ricos e poderosos e outra para os desfavorecidos, essa ideia regressa em força. Não havia como não o antecipar.

A narrativa construída pelo juiz de instrução criminal assemelha-se a um conto, canhestro e mal escrito, para crianças e para convencer crianças que gostam de fantasia negra, mas na realidade não foi um conto.

Aconteceu mesmo, em Portugal.

Advogada

TÓPICOS

OPINIÃO  OPERAÇÃO MARQUÊS  JOSÉ SÓCRATES  IVO ROSA  JUSTIÇA  CORRUPÇÃO  JUÍZES

COMENTÁRIOS:

Joao Garrett  EXPERIENTE: Excelente artigo. É muito importante lembrar como as coisas se passaram, que partido estava no Governo quando se deu a bancarrota e tivemos de pedir ajuda internacional (pela terceira vez desde o 25 de Abril e sempre com o PS a governar - um excelente curriculum!), para se porem as coisas em perspectiva, se perceber o que foi o "virar de página da austeridade" e se prever o que nos vai acontecer nos próximos anos ou mesmo décadas. Mas, infelizmente, anestesiada não se sabe bem por quê, a maioria dos nossos compatriotas não consegue deixar de votar no PS. Depois não se queixem! zav60.911576 EXPERIENTE: Quando começava a desesperar, eis que a Paula Teixeira da Cruz resolveu aparecer, confirmando o que Sócrates tem insistido nas suas últimas intervenções por escrito («O processo Marquês nunca foi um processo judicial, mas um processo político.»)… no que até foi “ridicularizado” quer pelo Rui Tavares, quer pelo Manuel Carvalho porque, como sabemos, o S é um egomaníaco, sim, assim à laia de quem detém reclama «Sei do que falo. Fiz parte»! Ela entretém-se a (como S escreveu) «legitimar as políticas de austeridade do governo que me sucedeu» e só depois volta ao que o MC reclama como «uma urgente necessidade de ler a realidade» ou seja, para ela, «A narrativa construída pelo juiz de instrução criminal assemelha-se a um conto, canhestro» - Narrativa? canhestro? Sim, está a acontecer, PTC. mariaestela.rodriguesmartins  EXPERIENTE: Mais um comentário a atiçar a fogueira em que Ivo Rosa há-de ser queimado. E ainda com o choradinho de quem chamou ou não chamou a troika e o estado em que o país estava em 2011. Senhora ex-ministra da Justiça, esteve 4 anos em funções. Porque não tratou de mudar o que estava mal na Justiça? Se o tivesse feito, não estaria agora aqui a queixar-se. Um juiz discorda de outros? Aida bem, é sinal que vivemos em democracia.          Jorge Sm  MODERADOR: Valha-nos Deus, esta senhora já não é ministra da justiça. Que peça, meu Deus! Mario Moreno  EXPERIENTE: Exactamente! Um manto de lama sobre a tua cabeça!...Ok Sócrates é corrupto!... E aquela cena de ligações de Cavaco e o BPN? E Cavaco e as vivendas no Algarve? E Cavaco e Passos Coelho a fazerem publicidade na TV para os portugueses comprarem acções do BES, q por acaso era/é de Ricardo Salgado...que financiou a campanha de Cavaco... E q levou milhares de portugueses a perderem o pouco q tinham?!... Não, isto tudo, não é corrupção... Isto é o procedimento normal de "políticos corruptos" com os "donos disto tudo"... Quanto á Troika a culpa foi do PCP e BE, e claro está de Cavaco e CDC. ..q se juntaram para bloquear o PEC4 e começaram a gritar aos 4 ventos do mundo q Portugal estava falido ...Ivo Rosa percebeu q Sócrates foi tirado de circulação, por trabalhinho encomendado ao MP e juiz CA.        miguelc  EXPERIENTE: Não se aprende nada...          1GMA  EXPERIENTE: O que é contribui para o descrédito da justiça? A intervenção do Dr. Ivo Rosa, no Tribunal e de acordo cos as regras da justiça de um Estado de Direito? Ou o escrito da Dra. Paula Teixeira da Cruz, que sem nada de útil para a dizer sobre o assunto, divaga sobre a Troika e o heroísmo do Dr. Passos Coelho, sobre a "sala onde majestaticamente se sentava..." e sobre contos mal escritos? E termina assim como que em tom de filme de cowboys "Aconteceu no Oeste"! joorge EXPERIENTE: Tadinha!         FPS  INFLUENTE: De facto, não se vieram a confirmar as declarações em campanha de que, tomassem posse os PàF do poder, as avaliações da Moody's logo subiriam e tudo se resolveria... não subiram e tudo se complicou. Também o juizo de que Sócrates foi o responsável pela bancarrota, já só vai nele quem for adepto (de cascol e tudo) das iniciativas muito liberais e dos berros à maneira do Ventura. Já quanto à apreciação que faz do juiz Ivo Rosa, o que parece ser é tratar-se apenas de mera opinião, também de um adepto de cascol, que o verdadeiro, o bom, é o "outro"... Enfim, vindo de quem vem e com as responsabilidades que já teve, não me parece muito louvável e aplausível. Mesmo nada.        Mario Coimbra  INFLUENTE : Pois FPS a verdade por vezes é difícil. Mas vamos recapitular. Um governo Socialista teve que pedir ajuda internacional porque não conseguia pagar as contas. Esse governo era presidido por Sócrates. E pode usar um cachecol verde, ou azul ou vermelho ou rosa ou laranja que a verdade é esta. Veio outro governo que apesar de alguns erros e com condicionantes nunca impostas a Portugal e aos portugueses conseguiu tirar o país do buraco onde estava. O resto é Costória e geringonça e tal. Com cachecol azul, verde, vermelho, rosa ou laranja. Quanto ao Juiz já está feito agora a relação que o resolva.      Freitas  EXPERIENTE: Mario Coimbra - E quem chumbou o PEC IV para forçar O governo socialista a pedir ajuda à Troika? Não foi o dono da Tecnoforma um tal Passos Coelho cuja ambição era era ser 1º ministro e vender aos seus amigalhaços e ao desbarato tudo o que fosse rentável em Portugal?        Mario Coimbra INFLUENTE: Os portugueses têm memória curta e selectiva. Seja como for a História há-de relembrar com bravura a governo da qual fez parte. Como lembramos os governos de Soares aquando do primeiro e segundo resgate. Quanto a Ivo Rosa, é e sempre quis ser protagonista. Se tem razão no que diz é grave e o MP sai muito mal, se não tem é grave também. Não o suficiente para petições mas para uma valente reprimenda do seu superior hierárquico.          saldanha.tavares.123.1062990 INICIANTE: O pecado capital de Passos Coelho foi querer ser mais papista que a troika. Num país historicamente adepto do "porreirismo nacional", esse tique saloio/católico de querer ser o "bom aluno europeu" revelou-se letal...         Mario Coimbra  INFLUENTE: Caro Saldanha, esse não foi o problema. O ir para além da troika tem e tinha que ser um desígnio português. A produzir o que produz Portugal não tem futuro a longo prazo. E não precisa de ser um nobel da Economia para perceber isso. E quando falo em futuro não quero dizer o futuro imediato. Falo em futuro a pertencer ao clube da frente, competitivo, enérgico, empreendedor, capaz, inovador. Se é para ficarmos com a Albânia ou qualquer economia africana ou sul-americana, ainda basta fazermos o que estamos a fazer. Viver à custa dos outros. Outros = Dívida. AARR  EXPERIENTE: Aconteceu mesmo, em Portugal. Passar na televisão filmagens dos interrogatórios feitos pelo juiz aos suspeitos. O suspeito ser detido com as câmaras da TV a filmar. Isto e outras coisas semelhantes aconteceram em Portugal. O que diz a isto Paula T Cruz? Não é causa de alarme social? Eu digo que é causa de alarme civilizacional. Quanto ao juís Ivo Rosa - fez o seu trabalho. Se o fez mal, o sistema há-de corrigir. Qual o problema para estar tão alarmada?         DemocrataXXI  EXPERIENTE: O sistema há- de corrigir ? O sistema AARR, é o que nós dele fizermos, de que o sentido crítico e manifestação de indignação pública, quando ele não prossegue o que dele esperamos, tem o nome de civismo e participação da população na vida política          José Oliveira  INICIANTE: Talvez não tenha reparado que já estamos em 2021.

 

 

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