Veremos o que vai seguir-se.
DEFESA: NATO anuncia o fim da sua missão no Afeganistão
Aliança atlântica dá por concluída a operação Apoio
Firme. Retirada das tropas da coligação vai começar a 1 de Maio, em coordenação
com a saída dos militares dos EUA do país.
RITA SIZA BRUXELAS
PÚBLICO, 14 de Abril de 2021
A NATO decidiu pôr fim à sua missão Apoio Firme (Resolute
Support) no Afeganistão, e retirar as suas tropas do país a partir do dia 1
de Maio. A decisão foi anunciada esta quarta-feira, no final de uma reunião
extraordinária dos ministros da Defesa e dos Negócios Estrangeiros da aliança
atlântica, que decorreu por videoconferência, mas que contou com a presença
dos secretários de Estado e da Defesa dos Estados Unidos no quartel-general de
Bruxelas.
Os aliados decidiram dar por concluída a sua
intervenção no Afeganistão ao
fim de vinte anos depois de reconhecer que “não existe uma solução militar para
os desafios que o Afeganistão enfrenta”. Uma decisão idêntica foi anunciada
pela Administração norte-americana:
como aponta a NATO , no comunicado em que anuncia o fim
da operação no Afeganistão, a operação de retirada — “ordeira, coordenada e deliberada”
— das tropas dos Estados Unidos e da coligação será conduzida em simultâneo, e
deverá ficar concluída no prazo de “alguns meses”.
Actualmente,
Portugal tem 118 militares
integrados na 6.ª Força Nacional Destacada para o Afeganistão, que no âmbito da
missão Apoio Firme tem a responsabilidade pela segurança do Aeroporto
Internacional Hamid Karzai, em Cabul. O destacamento português partiu para o
país em Janeiro, com regresso previsto em Maio.
Segundo
se lê no comunicado, a conclusão da missão de apoio da NATO no Afeganistão
ocorre num contexto de “renovado apoio regional e internacional
aos progressos políticos para a paz”
no país, nomeadamente o diálogo em curso entre o Governo de Cabul e os
taliban. “Continuaremos a apoiar o processo de
paz afegão, e nesse sentido congratulamo-nos com a [realização] da Conferência
de Istambul. como uma oportunidade
para fazer avançar o processo e reforçar os progressos alcançados em Doha”,
garantem os aliados.
Em 2001, a NATO montou
uma das maiores coligações militares de sempre para intervir no Afeganistão,
depois de os Estados Unidos terem invocado o artigo 5.º do Tratado de
Washington, na sequência dos ataques terroristas de 11 de Setembro. Foi a
primeira e única vez que um aliado invocou este artigo relativo à defesa mútua,
e que diz que um ataque contra um país membro é um ataque contra todos, e foi
também a primeira vez que a NATO se envolveu numa operação militar fora do
seu território do Atlântico Norte.
A NATO “foi para
o Afeganistão com um objectivo claro: confrontar a al-Qaeda e todos aqueles que atacaram os
Estados Unidos a 11 de Setembro e evitar que terroristas utilizassem o
Afeganistão como base para outros ataques”, recorda o comunicado.
A Força Internacional de Apoio À Segurança (ISAF) estabeleceu-se no Afeganistão em Janeiro de 2002 como uma operação de
capacetes azuis, mas rapidamente transformou-se numa verdadeira missão de guerra, com centenas de
milhares de tropas de 50 países. Em 2014, a bandeira da ISAF, sempre liderada pelos EUA,
foi hasteada, e a missão da NATO no país mudou de natureza, deixando o
combate para o Exército e as forças de segurança afegãs, e assumindo a
responsabilidade pela formação e treino e ainda por acções de contraterrorismo.
Segundo o comunicado divulgado esta
quarta-feira, a retirada das
tropas internacionais e a conclusão da missão Apoio Firme não põem fim ao envolvimento da NATO no
país, mas “abrem um novo capítulo”. “Os aliados e parceiros da Nato continuarão
a acompanhar o Afeganistão, o seu povo e as suas instituições, na promoção da
segurança e dos ganhos conseguidos nos últimos 20 anos. A paz sustentável terá
de se basear num acordo abrangente e inclusivo que ponha fim à violência e
salvaguarde os direitos humanos de todos os afegãos, particularmente as
milhares, crianças e munirias, e o respeito pelo Estado de direito”, diz a
aliança.
TÓPICOS
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COMENTÁRIOS:
Antonio
Oliveira Mesquita INICIANTE: O melhor seria o Durão Barroso, o Bush, o Aznar e o
Blair deslocarem-se para o Afeganistão e presidirem à cerimónia de despedida.
Foram eles que deram o tiro de partida e injusto seria que não participassem na
despedida. Depois a próxima escala seria Bagdad para inaugurarem o Museu das
Armas de Destruição Massiva, com toda a pompa!
Joao
MODERADOR: O pelotão para todos os serviços sujos dos USA decidiu
… o que os USA decidem claro. Já não é sem tempo, deixem aquela gente em paz,
andam por lá a matar à fartazana, até matam mais que aqueles a que chamam
terroristas … NewYorkTimes 24/4/2019 “U.S. and Afghan Forces Killed More
Civilians Than Taliban Did, Report Finds”
Freitas
EXPERIENTE: E qual o país que a Nato irá invadir, na sequência da
saída do Afeganistão?
Joao
MODERADOR: Ah Ah exactamente a pergunta que me surgiu, que país é
que o Biden lhes prometeu deixar invadir e saquear?
NOTAS DA INTERNET:
Um texto de 2014
Missão
da NATO despede-se do Afeganistão no fim do ano mais mortífero
Uma
operação para treinar a aconselhar as forças afegãs vai deixar no país 12 mil
militares estrangeiros.
PÚBLICO, 28 de
Dezembro de 2014
Nos
últimos 12 meses, pelo menos 4600 membros das forças de segurança afegãs
morreram a combater os taliban – as perdas foram crescendo à medida que a NATO
ia entregando a segurança de diferentes regiões ao novo Exército e polícia do
Afeganistão. A ONU diz que até ao fim de Novembro morreram 3188 civis. A
ISAF, que chegou ao país em Janeiro de 2002, viu morrer 3485 soldados nestes 13
anos.
A
missão da NATO foi inicialmente pensada como uma força de capacetes azuis para
proteger Cabul e ajudar os novos líderes, mas rapidamente evoluiu para uma
operação de combate aos taliban espalhada por todo o país. Em 2011, chegou a
ter 130 mil tropas oriundas de 50 países diferentes, incluindo Portugal.
Com o fim da ISAF, que teve sempre
liderança dos Estados Unidos, ficarão no país 12 mil militares estrangeiros – a
maioria, norte-americanos, poderá prestar apoio
às novas unidades de contraterrorismo afegãs e envolver-se em combate; os
soldados das restantes nacionalidades vão treinar e aconselhar as forças
locais.
“Juntos,
afastámos os afegãos das trevas e do desespero e demos-lhes esperança no futuro”, afirmou em Cabul o comandante da missão da NATO, o
general norte-americano, John Campbell, depois da retirada da bandeira da ISAF.
“A segurança do Afeganistão ficará inteiramente nas
mãos dos 350.000 soldados e polícias do país”, disse o secretário-geral da
NATO, Jens Stoltenberg, num comunicado.
“É
preciso uma ajuda contínua e isso será prestado através da Apoio Firme”, a
nova missão, afirma o adjunto de Campbell, o tenente-general alemão Carsten
Jacobson, citado pelo Wall Street Journal. Alguns avisam que isso não
chega: “Sem apoio aéreo, não haverá muitas diferenças entre nós e
os taliban”, disse ao diário um responsável afegão.
O
que também não ajuda é a incerteza política – após trocas de acusações de
fraude, o acordo para a formação de um Governo de consenso permitiu a Ashraf
Ghani tomar posse como Presidente, em Setembro, mas as negociações com o antigo
rival, Abdullah Abdullah, estão bloqueadas e o país continua sem vários
ministros importantes, incluindo o do Interior.
3º Texto: UMA AVALIAÇÃO DA MISSÃO DA
NATO NO AFEGANISTÃO
MARIA DO CÉU PINTO, Professora na Universidade do Minho
Resumo
O presente estudo visa avaliar
sumariamente os resultados atingidos pelos Aliados no Afeganistão. Entre 2001 e 2007, os EUA e a NATO abandonaram
gradualmente a abordagem militar do “light footprint”, inicialmente adoptada
para evitar um envolvimento militar semelhante ao da URSS no Afeganistão. Vários factores, endógenos e exógenos, conduziram
inadvertidamente a um reforço
militar a partir de 2004, o que levou igualmente os militantes afegãos a
mobilizaram-se para fazer frente à crescente presença estrangeira. O aumento das forças de combate pôs em
relevo as limitações e efeitos contraprodutivos da abordagem militar para
combater a guerrilha. Apesar de algumas PRTs terem obtido sucesso na
implementação dos respectivos programas de intervenção, outras evidenciam uma
nítida escassez de iniciativa e recursos logísticos e financeiros, contribuindo
para um panorama geral insatisfatório e revelador de ausência de uma estratégia
global clara e sustentável para o desenvolvimento do país. A tendência repercute-se, aliás, no cenário
macro da missão da NATO, na medida em que a inexistência de
coordenação estratégica entre os diversos contingentes nacionais é agravada por
problemas internos do Afeganistão, tais
como a economia do ópio, as divergências étnicas e políticas, a difícil relação
com os vizinhos e corrupção endémica, entre outros.
«…A aparente incapacidade da NATO
em gerir estes obstáculos tem, com efeito, provocado sérios debates sobre a
sustentabilidade da Aliança em cenários de guerras de quarta geração, ao ponto
de colocar o seu futuro sob questão.»
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