sábado, 10 de abril de 2021

Não, mas já se calculava

 

Não é que nos seja indiferente. Mas é de uma raiz muito antiga, esta apatia que logo nos trai e que o próprio Camões, tão extraordinariamente sabedor, apontou: a indiferença pelas letras, que não faltava aos grandes chefes da Antiguidade clássica, os quais se inspiravam nos heróis cantados pelos Homeros e os Virgílios, como instigadores da sua própria força física e espiritual. Não resisto a transcrevê-lo, assim reforçando esse desprezo pelos que nos conduzem, nas suas caminhadas sem heroicidade e apenas de manha traiçoeira, fruto de indigência mental, que Alberto Gonçalves satiriza, com a indignação usual.

 Vasco da Gama dirige-se ao Rei de Melinde, a quem referiu os feitos – verdadeiros - dos heróis nacionais, contrapondo-os à ficção da Musa antiga, mas privilegiando os chefes cultos dessa Antiguidade clássica:

CANTO V D’OS LUSÍADAS

86
«Julgas agora, Rei, se houve no mundo
Gentes que tais caminhos cometessem?
Crês tu que tanto Eneias e o facundo
Ulisses pelo mundo se estendessem?
Ousou algum a ver do mar profundo,
Por mais versos que dele se escrevessem,
Do que eu vi, a poder d' esforço e de arte,
E do que inda hei-de ver, a oitava parte?

88
«Cantem, louvem e escrevam sempre extremos
Desses seus Semideuses e encareçam,
Fingindo magas Circes, Polifemos,
Sirenas que co canto os adormeçam;
Dêem-lhe mais navegar à vela e remos
Os Cícones e a terra onde se esqueçam
Os companheiros, em gostando o loto;
Dêem-lhe perder nas águas o piloto;

89
«Ventos soltos lhe finjam e imaginem
Dos odres, e Calipsos namoradas;
Harpias que o manjar lhescontaminem;
Descer às sombras nuas já passadas:
Que, por muito e por muito que se afinem
Nestas fábulas vãs, tão bem sonhadas,
A verdade que eu conto, nua e pura,
Vence toda grandíloqua escritura!»

90
Da boca do facundo Capitão
Pendendo estavam todos, embebidos,
Quando deu fim à longa narração
Dos altos feitos, grandes e subidos.
Louva o Rei o sublime coração
Dos Reis em tantas guerras conhecidos;
Da gente louva a antiga fortaleza,
A lealdade d' ânimo e nobreza.

91
Vai recontando o povo, que se admira,
O caso cada qual que mais notou;
Nenhum deles da gente os olhos tira
Que tão longos caminhos rodeou.

…………………………………………………..
92
Quão doce é o louvor e a justa glória
Dos próprios feitos, quando são soados!
Qualquer nobre trabalha que em memória
Vença ou iguale os grandes já passados.
As envejas da ilustre e alheia história
Fazem mil vezes feitos sublimados.
Quem valorosas obras exercita,
Louvor alheio muito o esperta e incita.

93
Não tinha em tanto os feitos gloriosos
De Aquiles,
Alexandro,
na peleja,
Quanto de quem o canta os numerosos
Versos: isso só louva, isso deseja.
Os troféus de Milcíades, famosos,
Temístocles
despertam só de enveja;
E diz que nada tanto o deleitava
Como a voz que seus feitos celebrava.

94
Trabalha por mostrar Vasco da Gama
Que essas navegações que o mundo canta
Não merecem tamanha glória e fama
Como a sua, que o Céu e a Terra espanta.
Si; mas aquele Herói que estima e ama
Com dões, mercês, favores e honra tanta
A lira Mantuana, faz que soe
Eneias, e a Romana glória voe.

95
Dá a terra Lusitan a Cipiões,
Césares, Alexandros, e dá Augustos;
Mas não lhe dá contudo aqueles dões
Cuja falta os faz duros e robustos.
Octávio, entre as maiores opressões,
Compunha versos doutos e venustos

(Não dirá Fúlvia, certo, que é mentira,
Quando a deixava António por Glafira).

96
Vai César sojugando toda França
E as armas não lhe impedem a ciência
;
Mas, nũa mão a pena e noutra a lança,
Igualava de Cícero a eloquência
.
O que de Cipião se sabe e alcança
É nas comédias grande experiência.
Lia Alexandro a Homero de maneira
Que sempre se lhe sabe à cabeceira.

97
Enfim, não houve forte Capitão
Que não fosse também douto e ciente,
Da Lácia, Grega ou Bárbara nação,

Senão da Portuguesa tão somente.
Sem vergonha o não digo: que a razão
De algum não ser por versos excelente
É não se ver prezado o verso e rima,
Porque quem não sabe arte, não na estima.

98
Por isso, e não por falta de natura,
Não há também Virgílios nem Homeros;
Nem haverá, se este costume dura,
Pios Eneias nem Aquiles feros.
Mas o pior de tudo é que a ventura
Tão ásperos os fez e tão austeros,
Tão rudos e de engenho tão remisso,
Que a muitos lhe dá pouco ou nada disso.

99
Às Musas agradeça o nosso Gama
O muito amor da pátria, que as obriga
A dar aos seus, na lira, nome e fama
De toda a ilustre e bélica fadiga;
Que ele, nem quem na estirpe seu se chama,
Calíope não tem por tão amiga
Nem as filhas do Tejo, que deixassem
As telas d'ouro fino e que o cantassem.

100
Porque o amor fraterno e puro gosto
De dar a todo o Lusitano feito
Seu louvor
, é somente o pros[s]uposto
Das Tágides gentis, e seu respeito
.
Porém não deixe, enfim, de ter disposto
Ninguém a grandes obras sempre o peito:
Que, por esta ou por outra qualquer via,
Não perderá seu preço e sua valia.

 

Só ontem é que vocês sentiram vergonha disto? /premium

Dentro e fora dos tribunais, o que se passa é literalmente intolerável. Antes, ser português era um acaso. Hoje, é uma desgraça. Se não nos mexermos, amanhã será uma memória.  

ALBERTO GONÇALVES , Colunista do Observador

OBSERVADOR, 10 abr 2021

Ontem, o advogado de defesa, perdão, um juiz chamado Rosa desempenhou com gabarito a função para que fora escolhido por sorteio isento e repetido: ilibar o “eng.” Sócrates, o sr. Salgado e restante quadrilha dos crimes de que estavam acusados. O pobre magistrado é apenas a figura imprescindível no lugar inevitável: o trabalho é sujo, a roçar o imundo, mas alguém tinha de o fazer. Pelos vistos, os únicos potenciais criminosos desta história são Carlos Alexandre e Rosário Teixeira, dois biltres que pagarão pela ousadia de engavetar em Évora o menino que sonhava com ventoinhas.

Onde não havia irregularidades, não havia provas. Onde havia provas, não havia obtenção válida das ditas. Onde havia provas utilizáveis, não havia as suficientes para culpar ninguém. Onde havia provas suficientes, havia motivo para prescrição. Onde não havia prescrição, não havia IRS. Etc. Na verdade, o interminável sermão do juiz aos patos que ansiavam por um vislumbre de decência podia resumir-se em segundos. Um “Ide em paz, meus filhos” bastava.

A pouca-vergonha não me espantou. Espantou-me ver muita gente espantada, não exactamente com o desfecho mas com a franqueza do mesmo. Aparentemente, mesmo os pessimistas esperavam maior subtileza no processo de beatificação do “eng.” Sócrates: de alguma forma, o juiz tentaria disfarçar. Sucede que o juiz só precisaria de subtilezas ou disfarces se, conforme tantos decretaram, a sua longuíssima leitura representasse um golpe definitivo na Justiça, na democracia e no regime. Peço desculpa por notar que não representou nada disso.

O extraordinário espectáculo de sexta-feira à tarde apenas foi possível na medida em que, na quinta-feira, na quarta, na terça e há já algum tempo, a Justiça está nas mãos do PS, a democracia cedeu aos avanços do PS no aparelho de Estado e na própria sociedade, e o regime deixou de ser o que era para se transformar numa farsa digna do 3º ou do 4º mundos, devidamente coordenada pelo PS e por criaturas que, embora não oficialmente ungidas pela militância no Rato, mantêm com o PS uma interessante simbiose. Recordem a recente e pedagógica frase do inquilino de Belém, alegado constitucionalista: é o direito que serve a política, e não a política que serve o direito. O que aconteceu não promove a pocilga em que sobrevivemos: a pocilga é condição prévia, e indispensável, ao que aconteceu.

Desde finais de 2015, ou do dia em que o prof. Cavaco se achou forçado a aceitar a frente de esquerda do dr. Costa, que é evidente que quase todos os caminhos do país vão dar a Caracas. O projecto socialista rumo a um poder tão absoluto quanto a Europa permitisse talvez tenha começado com Guterres, e de certeza reforçou-se na vigência do mestrando da Sorbonne. Porém, é com o dr. Costa que o projecto acelera de modo dramático – porque esse era o desejo dele e porque a conquista de sucessivos postos decisivos facilita, por falta de obstáculos, a conquista dos poucos que sobram. O regabofe autocrático a pretexto da Covid, e a coberto de uma UE em farrapos, limitou-se a limar arestas e a testar o grau de submissão. E se a submissão não é completa, anda lá perto.

Por paradoxal que pareça, nenhuma nação democrática concederia à decisão do juiz o que o juiz concedeu ao “eng.” Sócrates: impunidade. Nos EUA ou na Inglaterra, em Itália ou na Alemanha, uma impostura deste calibre seria acolhida com pandemónio nas ruas. Aqui, sem que uma só alminha tenha dúvidas sobre os procedimentos éticos do autor de “A Confiança no Mundo”, há resmungos e anedotas nas salas de estar e nas “redes sociais”. E só, que amanhã é outro dia e há que assegurar que a banditagem realmente perigosa não frequenta esplanadas sem máscara. A decisão judicial não caiu do céu: o “contexto” permite-a e torna-a segura. A este respeito, os habituais defensores de baderna pública vão falar em prova de maturidade. E eu, que aprecio o sossego, lamento a resignação que explica a miséria em que estamos.

Não gosto, Deus me livre, de arruaças e destruição. Mas começo a gostar ainda menos desta submissão mansa e vexante a desqualificados que podem tudo, inclusive escarnecer de nós. É óbvio que os desqualificados não se esgotam nos nomes reabilitados por um juiz com ar de quem levou porrada em moço, nem o vexame se esgota na justiça. Se querem erguer o “caso” Sócrates à proverbial gota de água, estejam à vontade. Convém é não esquecer que as demais gotas também ajudaram a encher o copo. Dentro e fora dos tribunais, o que se passa é literalmente intolerável. Antes, ser português era um acaso. Hoje, é uma desgraça. Se não nos mexermos, amanhã será uma memória.

OPERAÇÃO MARQUÊS   JUSTIÇA   JOSÉ SÓCRATES   POLÍTICA

 COMENTÁRIOS:

Rui Teixeira: É a repetição de um clássico: um qualquer Ricardo Cohen Salgado corrompe um qualquer "Rei". jorge espinha: Caracas não. Rumo ao PRI mexicano. O partido revolucionário institucional governou o México durante 70 anos. O PS é muito mais sofisticado que o Chavismo. O PRI governou “democraticamente “, a esquerda mexicana vivia confortavelmente com essa “democracia “ , e acho que é com isso que a nossa esquerda sonha.          Alecrom Morcela: Compreendo a estupefacção, mas falta o elo que explica tudo: Ricardo Salgado é, na verdade, pai de Carlos Santos Silva.  A amizade de Sócrates com CSS é apenas uma infeliz coincidência. Américo Silva: A democracia, que nunca existiu fora da teoria, acabou. Mas tão propagandeada tem sido, que muitos ainda não se deram conta disso. A justiça, no que respeita ao poder que usufrui, tem a sua origem no poder do senhor feudal, que a administrava no seu próprio benefício. Cedo se tornou incapaz de ocorrer a todas as demandas, pelo que passou a delegar esse poder judicial nos seus funcionários, reservando para si o último recurso.  A estes funcionários faltava formação, pelo que logo surgiram universidades, onde se ensinava o direito romano. Contrariamente ao que afirmam os senhores professores, a origem do direito no ocidente não é o direito romano. É o poder quase absoluto do senhor feudal. O direito romano passou a ser o instrumento erudito da sua aplicação. Logo estes funcionários da justiça, corporativamente, trataram de privar o senhor de todo ou parte do seu poder para o entregar, não ao povo, mas a si próprios, e como letrados usaram o direito romano para subtrair o controle da justiça ao senhor. Tal foi apercebido, pelo que o ensino do direito romano chegou a ser proibido nas universidades. O decorrer do tempo e a complexificação social conduziram contudo, ao progresso na independência dos juízes. Curiosamente, numa função em que é necessário ter os olhos bem abertos, a justiça surge de olhos tapados. A arbitrariedade do juiz é respaldada pela venda na justiça, e pela função dos advogados. O fim para que existe a advocacia é para absorver os haveres do cliente. Mas a permissão para a sua atividade advém de que a sua ação justifica todas as arbitrariedades e canaliza contra si a indignação popular. Diz o povo, que foi por causa do advogado que aconteceu esta e aquela monstruosidade judicial.

Na revolução francesa ocorreu uma substituição da classe dominante, que passou da nobreza fundada na pertença aos povos invasores do império romano, para aqueles que tinham mais créditos. Frequentemente as pessoas eram as mesmas, mas a relação senhor servo passou a relação possuidor do crédito, utilizador do crédito. Tanto usa o crédito o rendeiro da terra como o inquilino, e sobretudo os governos, através da dívida pública. Isto, a que podemos chamar um capitalismo exacerbado, tem as suas ferramentas teóricas e as suas experiências práticas. Uma dessas experiências foi e tem sido o comunismo. Muito poucos se tem apercebido do comunismo como uma experiência capitalista, mas o comunismo veio mostrar que não há limites para a submissão dos povos, nem para a crença na propaganda, nem para a perda da individualidade a favor da coletividade, no caso caudilhada pelos donos do crédito. Baseados nisso, criou-se esse monumento à alienação democrática que é a união europeia, na formação e funcionamento da qual tiveram e têm um papel tão importante os ex-trotskistas europeus, que na verdade continuam tão trotskistas como dantes. Para o sucesso da revolução era necessário fazer acreditar ao povo em certas divindades, como os egípcios acreditavam na divindade do Faraó, e assim se criaram três divindades principais: liberdade, igualdade e fraternidade. Com a revolução o povo foi votar acreditando que nessa liturgia estava a sua libertação, mas à cautela, os novos senhores reservaram da contaminação democrática o poder judicial. Ser juiz é uma função carreirista e corporativa, mais ou menos premiada pela sua conformidade aos cânones aceites. Esta função não tem parado de aumentar o seu poder através de articulações entre estados sem qualquer controle popular, e vai muito para além da aplicação e interpretação completamente arbitrária da lei, acrescendo a função ilegítima de educadores dos povos. Os senhores, à cautela, além de poder interferir na justiça pela criação das sociedades secretas, capturaram a imprensa de tal modo que jurista asizado trabalha com a imprensa e não contra a imprensa. Portugal, pioneiro em tantas coisas, está em conformidade com o devir histórico, e o poder judicial sem rei nem roque pode até ser motivo de orgulho.     advoga diabo: Depois de anos a cavalgarem as tropelias de um juiz representante de todos os saudosismos, um estilo Diácono Remédios, julgador de caracteres, ao arrepio de todas leis e procedimentos próprios do país moderno nascido em Abril, ontem, AG e afins perceberam que se está a acabar o seu tempo de ilusão. Já eram poucos, mas a partir de agora, isolados na exclusiva companhia de abjecções tipo Ventura e Cª, serão inócuos.      João Diogo: Mais um excelente artigo,  como dizia o  outro com muita piada, já ganhamos a impunidade de grupo, nem há  palavras para descrever o que se passou ontem, neste pardieiro à beira-mar plantado, um pseudo  juiz, veio  arrasar os contribuintes portugueses que lhe pagam o salário, para ser advogado de defesa  de uma das personagens mais execráveis da historia deste país.          Antes pelo contrário: Eu sinto vergonha disto desde que, após ser eleito em 1976, o Dr. Mário Soares transformou o PS numa agência de emprego para os "boys", inicialmente para enxotar dos lugares os comunistas que os tinham açambarcado no ano anterior, ocupando os lugares dos "saneados"... Só que a máquina transformou-se em sindicato, e passou a funcionar pelo modelo siciliano da Cosa Nostra!!! O resultado está à vista. O PS e a maçonaria - que já vem de trás e está na sua génese - são o maior cancro de Portugal e corrompem todos os sectores da sociedade!!! Onde anda a OPOSIÇÃO?!? Que é das meninas do Bloco, do PCP, do PSD ou do CDS??? Estão todos em "retiro"?!?         Henrique Ferreira: Excelente artigo. Os Portugueses ficam muito surpreendidos com estes e outros assuntos muito graves que se passam na sociedade portuguesa há muitos anos, porque se excluem da vida colectiva e fecham-se ou a olhar para si próprios ou a lutar para sobreviver, porque infelizmente são excluídos por estas elites políticas que se apropriaram do estado e dele se alimentam como agora vemos neste caso dramático        Maria Clotilde Osório: O grave nisto tudo não foi a pronúncia em relação a Sócrates. O grave foi a não acusação de Salgado, Bava, Granadeiro, Bataglia, o Lena, etc. Será que ninguém percebeu que Sócrates foi o pacóvio da província que se deslumbrou com a cidade. Se lerem Camilo encontrarão muitos Sócrates nas figuras do dono da mercearia fina, do brasileiro, etc.  Os verdadeiros DDT esses sim estão a gozar o prato ... que somos NÓS      VICTORIA ARRENEGA > Maria Clotilde Osório: Foi o resultado deste megaprocesso: um castelo de cartas em que ilibando um o resto vai atrás. Se Sócrates não foi corrompido, não há corruptor, etc, etc.        Joaquim Moreira: Seja qual for o desfecho final, o que aconteceu ontem diz tudo sobre o estado da Justiça em Portugal! Confesso que, mais que sentir "vergonha disto", é sentir a que situação chegou isto! Ou seja, como é possível, sobre o mesmo tema, dois juízes do sistema, terem duas opiniões tão divergentes, que dão sentenças completamente diferentes? Estou a falar de Carlos Alexandre e Ivo Rosa, em concreto e não de uma qualquer prosa! Quem ouviu ou leu esta sentença, desde o início que percebeu que ia ser este o labéu! Na verdade, este juiz precisou de 2 anos para parecer que fez um trabalho em profundidade. Quando o que fez, foi tentar provar que o problema, está na interpretação da lei de dois juízes do próprio sistema. Que, quando forem mais, nada nos garante que não sejam iguais! E então, onde está o problema? Está no PS que é o Sistema! Portanto, mais importante que sentir vergonha, é acabar com esta enorme peçonha. Fazendo com que o PS seja responsabilizado pela situação a que chegou este Estado. E como temos que começar por algum lado, comecemos pela Justiça, sem esquecer que o PS é, sem sombra de dúvida, o grande culpado! António Duarte: Se bem percebo, a vitória de ontem do herói beirão traduziu-se na pronúncia pela prática de três crimes de branqueamento e outros três de falsificação de documento. Ora, a pena abstracta prevista para cada um dos primeiros é de prisão de 2 a 12 anos e para cada um dos outros é de prisão de 1 a 5 anos, pelo que, a ser condenado só por isso (ou seja, a pronúncia não ser alterada em recurso) e mesmo considerando o cúmulo jurídico - a maior benesse aos criminosos em Portugal), será uma pena abstracta de 9 a 25 anos de prisão (seriam 47 mas a pena máxima no país é aquela). Apesar do que se diz, não vejo razões para os foguetes alucinados que o homem jogou no final da primeira parte do jogo...          Maria Clotilde Osório  > António Duarte: Porque a experiência dita que, com jeitinho, no final leva 2 anos no máximo e pena suspensa. O grave nisto tudo não foi a pronúncia em relação a Sócrates. O grave foi a não acusação de Salgado, Bava, Granadeiro, Bataglia, o Lena, etc. Será que ninguém percebeu que Sócrates foi o pacóvio da província que se deslumbrou com a cidade. Se lerem Camilo encontrarão muitos Sócrates nas figuras do dono da mercearia fina, do brasileiro, etc.  Os verdadeiros DDT esses sim estão a gozar o prato ... que somos NÓS      FME: Percebo a indignação de AG, mas não teria ido por aqui. Prefiro o caminho escolhido pela intervenção de Marques Mendes ontem na SICN no jornal da noite. A procissão ainda vai no adro, e o despacho do juiz Ivo Rosa traduz um mal estar entre ele e o MP, designadamente com o juiz Carlos Alexandre.  Na minha opinião não se trata de um problema político, mas de egos. Não acredito que todos os juízes estejam alinhados com Ivo Rosa ou com Carlos Alexandre / Rosário Teixeira. Ainda existe um longo caminho para andar. Todavia é muito triste ver um juiz a reconhecer que existiu corrupção, porque não se justifica a relação de “papelada” entre Sócrates e Silva, mas ao mesmo tempo não reconhecendo outras relações corruptas por falta de fundamento de prova, e no fundo a passar um pano húmido para limpar todo este caso.  Podemos dizer que Ivo Rosa deu uma marretada no combate à corrupção, eu acho que lhe deu um valente “boost”, porque, abanou a indignação da sociedade!         Carlos Quartel: Difícil exceder o despropósito. Uma equipa de dezenas, durante anos, investigando e percorrendo, degrau a degrau, todos o percurso de um personagem, desde compras de prédios a envelopes com dinheiro, passando por viagens a Los Angeles para comprar casacos, mais as férias em hotéis de seis estrelas, para um juiz justiceiro,  , os tenha reduzido a um bando de garotos que leram demasiados livros policiais. Juiz Alexandre, procuradores, pessoal da judiciária ou das finanças, todos eles andaram, alegremente, a tecer uma fantasia que o Ivo desmontou, com a naturalidade de quem bebe um copo de água. Algo tem que estar mal, algo não quadra e penso que isto dará história nas atribulações da justiça. Penso mesmo que isto poderá passar a fazer parte da matéria a estudar nesses âmbitos. Isto não é um erro judiciário, isto é a mãe e o pai de todos os erros. Eventualmente de casting,......         José Paulo C Castro > Carlos Quartel: Obviamente, todos poderemos desmontar a acusação partindo do princípio da inocência. E o que resta então, se considerarmos que não havia corrupção ? Resta um político que não se sabia governar, que gastava muito mais do que o que tinha, que vivia com dinheiro emprestado de familiares e amigos, em quantidades assustadoras, incompetente para gerir um cêntimo que fosse (tanto que levou um país à bancarrota). Um político irresponsável financeiramente e absolutamente incompetente para gerir o que quer que seja, com uma megalomania assustadora que espalhou calotes que nunca poderia pagar por todo o seu círculo de amizades e família.  É isto que resta como explicação, se considerarmos que não havia corrupção. Um absurdo aprovado pela generalidade das pessoas. Tudo faria mais sentido se houvesse corrupção... A existência de corrupção tornava tudo mais racional e lógico.         Miguel Sanches: Às armas! às armas! Sim, como está na letra do Hino Nacional.      Tiago Queirós:  É verdadeiramente incompreensível que, num primeiro momento, o sr. Ivo Rosa desvirtue a acusação do Ministério Público e, no momento seguinte, reconheça que, efectivamente, o sr. José Sócrates se deixou corromper. Ora, se o sr. José Sócrates se deixou corromper, então a acusação do MP não pode ser assim tão "delirante"... Mais estranho ainda, se tivermos em atenção que, havendo um corrompido, tem de haver um corruptor - e, pela minha parte, gostaria de saber qual o agente da corrupção (ainda que prescrita). Tudo isto é particularmente grave, se tivermos em atenção que, logo de seguida, a líder da bancada parlamentar do PS exigiu explicações ao MP; ora, a senhora que preside à bancada parlamentar do PS, sendo deputada à AR, poderia, como outros, empreender uma reforma legislativa tendo em vista, por exemplo, a não prescrição de diversas tipologias criminais. Que, no entanto, a senhora se furte às suas responsabilidades e ainda tenha a desfaçatez de culpar o MP é, pelo menos, sintomático da sua cumplicidade e demonstrativo de que, presentemente, o PS opera como uma autêntica agência mafiosa. No final de contas, nem mesmo ao sr. Ivo Rosa devemos imputar responsabilidades; devemos, sim, responsabilizar a Legislatura e, em especial, personagens como a sra. Ana Catarina Mendes que, sendo eleitas como representantes populares, actuam unicamente como representantes de interesses esconsos e mesquinhos. A solução? Votar diferente - e, sobretudo, não votar PS!             José Monteiro > Tiago Queirós: «a sra. Ana Catarina Mendes»? Com a 'raça' própria da mulher, ou do mulherio, o PS tratará da saúde do MP como deve ser. O Partido versus defensor do Povo.           Cupid Stunt: Sublime!         Filhos Freitas: Triste e absurdo mas, mais uma vez, muito provavelmente sem efeitos nas próximas eleições. Love it, change it or leave it. Isto sim é o maior placard "Emigrem!" que se poderia dar aos jovens. Eu que o diga que já estou há anos na Alemanha e Áustria e cada vez me convenço mais que não volto para aqui viver e aqui pagar impostos.         Manuel RB: Brilhante

 

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