quinta-feira, 8 de abril de 2021

Honoris causa

 

Em defesa da privacidade. Ou do galardão, afinal.

“Ser Maçon é uma honra, não é Maçon quem quer”

A pretexto de uma necessidade de transparência que, amiúde, se transforma num voyeurismo doentio, pretendem criar-se regras que o mais elementar respeito pela liberdade de consciência não tolera.

LUÍS PARREIRÃO, Candidato a Grão-Mestre do Grande Oriente Lusitano

OBSERVADOR, 08 abr 2021

De tempos-a-tempos surge, ou ressurge, na opinião pública, uma recorrente discussão sobre a Maçonaria, sobre a sua natureza e princípios e sobre a obrigatoriedade de declaração de pertença à Maçonaria.

Frequentemente, para não dizer quase sempre, tomando a parte pelo todo, desconsiderando e esquecendo a história, ocultando os bons exemplos e hiperbolizando os desvios.

A pretexto de uma necessidade de transparência que, amiúde, se transforma num voyeurismo doentio, ou, em “bom português”, na mais básica e abjecta coscuvilhice, pretendem criar-se regras que o mais elementar respeito pela liberdade de consciência não tolera.

Sempre entendi que o Maçon se deve assumir enquanto tal e sempre o fiz, incluindo quando, circunstancialmente, desempenhei funções públicas. Entendo mesmo, que quantos mais de entre nós o fizermos, mais prestigiada sairá a Maçonaria e maior respeitabilidade lhe será dada. Pelo exemplo cívico e ético dos seus membros, pelo sentido do bem comum que norteia a nossa acção e pela promoção e defesa da fraternidade entre os homens, independentemente das convicções políticas, religiosas ou filosóficas de cada ser humano.

Assumindo sempre, como recentemente afirmava um prestigiado Maçon: “A nossa condição essencial e intemporal é a de sermos Livres-Pensadores.”

Esta clara afirmação talvez ilumine os espíritos daqueles que, para além de contarem com o suporte político, ou com o resultado do exercício do direito de voto, gostariam de franquear as portas da nossa consciência individual.

A este propósito, recorda-se que os regimes totalitários, TODOS, nunca permitiram a existência da Maçonaria, porque nunca permitiram o livre pensamento.

É sempre isto que está em causa, é a dimensão maior da liberdade – a liberdade de consciência e de pensamento.

Mas é também o percurso e a formação de cada um de nós.

A este propósito, e para reflexão de todos e memória futura, recordemos Fernando Valle: “Não nego que sou Maçon e devo à Maçonaria uma grande parte da minha formação do tipo solidário e fraterno. Porque a Maçonaria é exactamente isso: uma organização solidária e fraterna.”

Nota: A frase citada no título pertence a António Arnaut, ex-Grão-Mestre do Grande Oriente Lusitano.

MAÇONARIA   PAÍS   LIBERDADES   SOCIEDADE   DEMOCRACIA

COMENTÁRIOS

Lourenço de Almeida: Não sei exactamente porquê, tenho uma péssima ideia da Maçonaria. Não acho o assunto suficientemente importante para me dedicar a saber o porquê deste meu preconceito. Mesmo sabendo que tanto maçons como não maçons acham a questão importantíssima. Mas numa coisa estou 100% de acordo com o senhor que escreve este artigo. Era o que mais faltava que houvesse limitações á liberdade de participação - seja de quem for ou esteja em que posição estiver - numa organização como esta. Era o que mais faltava que fosse obrigatório declarar pertença à Maçonaria, Rotários, Lions, ao Sporting ou á Igreja Universal do Reino de Deus! Para assaltos às liberdades individuais já temos a parvalheira do covid! Não precisamos de mais!       João Tavares: Não tenho nada contra a Maçonaria, como não tenho contra a Confraria da Chanfana, a do Vinho do Porto ou outras confrarias similares. É certo que em todos estes casos estamos perante associações de adultos que gostam de se vestir de forma apalhaçada e que, se calhar por isso mesmo, se consideram especiais. É lá com eles. Agora, que uma dessas agremiações insista no secretismo e que os seus membros apareçam invariavelmente em lugares de poder, considero inaceitável em democracia. E poupem-nos à treta dos “livres pensadores”. Um homem verdadeiramente livre nunca poderia aceitar fazer parte de uma organização caracterizada pelo segredo e pela obediência.           Julius Evola: Parasitas subversivos.              Luis Neves: E preciso pertencer-se a uma sociedade secreta para se ser um livre-pensador numa democracia? 

 

 

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