Em defesa da privacidade. Ou do galardão, afinal.
“Ser Maçon é uma honra, não é
Maçon quem quer”
A pretexto de
uma necessidade de transparência que, amiúde, se transforma num voyeurismo
doentio, pretendem criar-se regras que o mais elementar respeito pela liberdade
de consciência não tolera.
LUÍS PARREIRÃO, Candidato
a Grão-Mestre do Grande Oriente Lusitano
OBSERVADOR, 08 abr 2021
De
tempos-a-tempos surge, ou ressurge, na opinião pública, uma recorrente
discussão sobre a Maçonaria, sobre a sua natureza e princípios e sobre a
obrigatoriedade de declaração de pertença à Maçonaria.
Frequentemente,
para não dizer quase sempre, tomando a parte pelo todo, desconsiderando e
esquecendo a história, ocultando os bons exemplos e hiperbolizando os desvios.
A
pretexto de uma necessidade de transparência que, amiúde, se transforma num
voyeurismo doentio, ou, em “bom português”, na mais básica e abjecta
coscuvilhice, pretendem criar-se regras que o mais elementar respeito pela
liberdade de consciência não tolera.
Sempre
entendi que o Maçon se deve assumir enquanto tal e sempre o fiz, incluindo
quando, circunstancialmente, desempenhei funções públicas. Entendo mesmo, que
quantos mais de entre nós o fizermos, mais prestigiada sairá a Maçonaria e
maior respeitabilidade lhe será dada. Pelo exemplo cívico e ético dos seus
membros, pelo sentido do bem comum que norteia a nossa acção e pela promoção e
defesa da fraternidade entre os homens, independentemente das convicções
políticas, religiosas ou filosóficas de cada ser humano.
Assumindo
sempre, como recentemente afirmava um prestigiado Maçon: “A nossa condição
essencial e intemporal é a de sermos Livres-Pensadores.”
Esta
clara afirmação talvez ilumine os espíritos daqueles que, para além de contarem
com o suporte político, ou com o resultado do exercício do direito de voto,
gostariam de franquear as portas da nossa consciência individual.
A
este propósito, recorda-se que os regimes totalitários, TODOS, nunca permitiram
a existência da Maçonaria, porque nunca permitiram o livre pensamento.
É
sempre isto que está em causa, é a dimensão maior da liberdade – a liberdade de
consciência e de pensamento.
Mas
é também o percurso e a formação de cada um de nós.
A
este propósito, e para reflexão de todos e memória futura, recordemos Fernando
Valle: “Não nego que sou Maçon e devo à Maçonaria uma grande parte da minha
formação do tipo solidário e fraterno. Porque a Maçonaria é exactamente isso:
uma organização solidária e fraterna.”
Nota: A
frase citada no título pertence a António Arnaut, ex-Grão-Mestre do Grande
Oriente Lusitano.
MAÇONARIA PAÍS LIBERDADES SOCIEDADE DEMOCRACIA
COMENTÁRIOS
Lourenço de Almeida: Não sei
exactamente porquê, tenho uma péssima ideia da Maçonaria. Não acho o assunto
suficientemente importante para me dedicar a saber o porquê deste meu
preconceito. Mesmo sabendo que tanto maçons como não maçons acham a questão
importantíssima. Mas numa coisa estou 100% de acordo com o senhor que escreve
este artigo. Era o que mais faltava que houvesse limitações á liberdade de
participação - seja de quem for ou esteja em que posição estiver - numa
organização como esta. Era o que mais faltava que fosse obrigatório declarar
pertença à Maçonaria, Rotários, Lions, ao Sporting ou á Igreja Universal do
Reino de Deus! Para assaltos às liberdades individuais já temos a parvalheira
do covid! Não precisamos de mais! João Tavares: Não
tenho nada contra a Maçonaria, como não tenho contra a Confraria da Chanfana, a
do Vinho do Porto ou outras confrarias similares. É certo que em todos estes
casos estamos perante associações de adultos que gostam de se vestir de forma
apalhaçada e que, se calhar por isso mesmo, se consideram especiais. É lá com
eles. Agora, que uma dessas agremiações insista no secretismo e que os seus
membros apareçam invariavelmente em lugares de poder, considero inaceitável em
democracia. E poupem-nos à treta dos “livres pensadores”. Um homem
verdadeiramente livre nunca poderia aceitar fazer parte de uma organização
caracterizada pelo segredo e pela obediência. Julius Evola: Parasitas subversivos. Luis Neves: E preciso pertencer-se a uma sociedade secreta para
se ser um livre-pensador numa democracia?
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