segunda-feira, 19 de abril de 2021

Uma lição

 

Uma lição

De Teresa de Sousa sobre as ameaças de domínio político e económico chinês no mundo, e as tentativas de desvio para outros domínios, segundo alguns comentadores, de não menor impacto negativo, como esse de possível ligação com a “maior democracia do mundo”. Mas tanto o texto de Teresa de Sousa como os comentários que o seu artigo recebeu nos ajudam a pensar mais para fora do nosso pequeno mundo anquilosado e pandémico.

ANÁLISE

China: a Europa finalmente acordou

A ideia de “rivalidade sistémica”, que começou por parecer um slogan, começa a ganhar algum conteúdo. A Europa tem de deixar de olhar apenas para a China.

TERESA DE SOUSA

PÚBLICO, 18 de Abril de 2021

1. Na sexta-feira passada, a Gulbenkian organizou uma conferência sobre as relações entre a União Europeia e a Ásia que não podia ter sido mais oportuna. Estamos já em contagem decrescente para a cimeira entre a União e a Índia, que se realiza no Porto a 9 de Maio. Não é possível entender a importância da relação com a mais populosa democracia do mundo sem ter em conta a relação entre o Ocidente e a China, no contexto de uma região do mundo que é, cada vez mais, o “centro de gravidade” não apenas da economia global, mas também da segurança internacional – a região do Indo-Pacífico.

Para Biden ou para os seus dois últimos antecessores, a ascensão da China à categoria de superpotência é o maior desafio estratégico dos Estados Unidos e a mais séria ameaça à destruição da ordem liberal que criaram na sequência da II Guerra Mundial. A ideia de que o desenvolvimento económico da China a conduziria à liberalização política ficou definitivamente enterrada pelo massacre de Tiananmen, em 1989A ascensão de Xi Jinping ao poder supremo em 2012 pôs fim a quaisquer veleidades do sector mais moderado do Partido Comunista da China. Xi já eliminou quase todos os seus adversários internos. Hoje, como referiu François Godement, o mausoléu da mulher de Mao, a mais intransigente e sanguinária dos líderes da Revolução Cultural, voltou a ser um lugar de culto. Na outra face desta realidade está a nova política externa chinesa, que se manifesta de uma forma cada vez mais agressiva nos quatro cantos do mundo e que tem como primeiro objectivo o domínio da região da Ásia-Pacífico, tentando forçar os Estados Unidos a retirar-se, deixando de garantir a segurança dos seus aliados. Pequim viu em Trump a manifestação do declínio irreversível da América e o irremediável distanciamento entre os dois lados do Atlântico, deixando a Europa muito mais vulnerável às suas ambições.

2. A assinatura apressada do Acordo de Investimento entre a União e a China, a 30 de Dezembro do ano passado sob o alto patrocínio alemão, sem que os europeus se tivessem dado ao trabalho de consultar a equipa do novo Presidente, ofereceu a Pequim uma vitória diplomática particularmente saborosa. Não antecipou a rapidez com que o referido acordo iria adquirir má fama. Por alguma razão, a frase mais pronunciada pelos oradores da conferência da Gulbenkian foi: “A União Europeia está a mudar lentamente a sua estratégia face à China.” Essa mudança não se deve apenas a Joe Biden ou à pandemia. Teve início em 2019, quando a União adoptou pela primeira vez uma visão mais ampla da sua relação com Pequim, que incluía o conceito de “rival sistémico”, sem pôr em causa a cooperação em múltiplos dossiers globais. A outra expressão que vários analistas utilizaram, talvez ainda mais exacta, foi que a Europa “acordou” finalmente para o que a China representa à escala global, deixando cair o velho “sonho” (ou pretexto) segundo o qual a cooperação era o melhor caminho para a progressiva abertura do regime.

Digamos que houve uma abundância de acontecimentos que serviram de despertador. O aumento da repressão interna na nova era de Xi. O esmagamento da autonomia de Hong Kong, rasgando um tratado internacional que a garantia por 50 anos ao abrigo do princípio “um país, dois sistemas”. A forma como os “wolf warriors diplomats” se comportaram na Europa durante a pandemia, com considerações ofensivas sobre alguns governos e a exigência de que as autoridades europeias agradecessem publicamente o envio de material de protecçãoA repressão violenta dos uigures do Xinjiang foi a gota de água. A resposta de Pequim às sanções aplicadas em simultâneo pelos EUA, Canadá, Reino Unido e União Europeia contra dirigentes directamente envolvidos na repressão foi extemporânea e agressiva, mostrando à saciedade que a liderança chinesa, como qualquer poder ditatorial, não admite a crítica – internamente como externamente

3. Mas o “despertar” europeu tem razões mais profundas e encontrou na Administração Biden um clima mais propício para se manifestar. A grande diferença está em que a Europa via apenas a sua relação com a China em termos de comércio. Uma visão mais geopolítica começa progressivamente a influenciar esta visão meramente geoeconómica a abordagem que mais convinha à Alemanha, que representa cerca de 50% das trocas comerciais com a China, a que se somam os grandes investimentos das empresas alemãs. Que “há hoje uma nítida mudança de atitude da maioria dos governos e das opiniões públicas europeias em relação à China, incluindo nos países da Europa Central e de Leste”, foi outra das constatações generalizadas. A China tinha organizado com estes últimos países o chamado grupo dos 16+1, na sequência da crise financeira de 2009, aproveitando as suas dificuldades para investir nas suas infra-estruturas (como fez, de resto, em Portugal, no tempo da troika). Todos eles aderiam entusiasticamente à chamada “Belt and Road Initiative” – a nova Rota da Seda lançada por Xi em 2013 como sustentáculo económico da crescente influência da China à escala planetária. A Lituânia já abandonou o grupo e, um pouco por toda a parte, os volumosos empréstimos concedidos a inúmeros países de África e da América Latina para construírem infra-estruturas de comunicações e portuárias transformaram-se num fardo insuportável. O episódio talvez mais anedótico desta realidade aconteceu recentemente na Europa, quando o Montenegro pediu à União Europeia que o ajudasse a pagar a dívida contraída com a China para a construção de uma estrada (Pequim apostou fortemente nos Balcãs, disputando abertamente a influência europeia e russa). Como também foi observado por alguns dos participantes na conferência da Gulbenkian, “a oposição aos investimentos chineses na Europa começa a tornar-se num fenómeno cada vez mais alargado”. Não apenas por razões de segurança, mas também por razões de dependência económica. A pandemia deu um importante contributo. Em síntese, a ideia de “rivalidade sistémica” que começou por parecer um slogan começa a ganhar algum conteúdo.

4. Mas não é só isso. São os próprios interesses económicos vitais da União que se vêem ameaçados pela crescente militarização do Mar do Sul da China, conduzida sistematicamente há já um bom par de anos, apesar dos protestos constantes dos países ribeirinhos, que vêem as suas águas territoriais violadas pelos navios de guerra chineses. A questão é simples. Um terço do comércio marítimo de mercadorias passa pelas águas deste mar. A Europa é uma potência comercial aberta ao mundo, como nenhuma outra grande economia. A liberdade marítima é um interesse fundamental. São os Estados Unidos que garantem essa liberdade de circulação. É a China que ameaça transformá-la numa arma de coerção. A Europa começa a perceber que não pode continuar a comerciar livremente com a China e a deixar aos Estados Unidos a responsabilidade de garantir a segurança das suas rotas marítimas. O facto de Biden estar sinceramente empenhado na reconstrução de uma “coligação multilateral positiva” com todos os seus aliados e parceiros para “lidar com os desafios que Pequim coloca à ordem internacional e à economia global” também acaba por ser um incentivo. Finalmente, seria absoluta cegueira se a Europa não olhasse com preocupação para o que se está a passar com Taiwan, depois de Hong Kong e a uma escala mil vezes mais perigosa.

5. “Não há pressa – nós somos a União Europeia” é o título de um artigo de Josef Joffe, editorialista do alemão Die Zeit, no qual tenta explicar as razões do fracasso europeu no combate à pandemia. A lentidão europeia é um problema em múltiplas situações, em particular na sua capacidade de entender e reagir a um mundo que muda a uma velocidade estonteante. Por isso, houve também uma nota de prudência nos debate na Gulbenkian. Se as ideias começam a ser mais claras, transformá-las numa estratégia coerente e eficaz ainda parece um objectivo um tanto longínquo. Mas o caminho já começou. O Reino Unido e a França têm hoje uma compreensão mais global do que está em causa na região do Indo-Pacífico e começam a agir em conformidade. A cimeira com a Índia é uma oportunidade que a Europa não pode perder para encontrar um novo conteúdo no relacionamento entre Bruxelas e Nova Deli. A Ásia do Sudeste reúne algumas das economias mais dinâmica do mundo. A Europa tem de deixar de olhar apenas para a China.

tp.ocilbup@asuos.ed.aseret

TÓPICOS

OPINIÃO  EUROPA  UNIÃO EUROPEIA  CHINA  ESTADOS UNIDOS  GEOPOLÍTICA  EUA

COMENTÁRIOS:

Domingos Mascarenhas  INICIANTE: Está na hora de um político europeu fazer uma visita "turística" a Taiwan. Mas, quem terá essa coragem?         Níqui  EXPERIENTE: A Teresa é a propagandista anti-chinesa do Público. Sempre a espalhar o seu racismo "yellow peril". Quanto ao conteúdo: Ela é ignorante. Fala da democracia, como se ela fosse um fim em si. Mas não é, o que conta é ter um país bem governado. Muitas democracias também não prestam, pense nos EUA, Israel, Brasil etc., todos com regimes nojentos ultimamente. E a Índia também, tem um governo ultranacionalista que trata de muçulmanos como cidadãos de segunda categoria. Rouba território ao Butão e Nepal, e também causa os conflitos com a China porque cria mapas novos unilateralmente, p.e. em 2019. E também tenta atrair empresas do oeste com trabalhadores baratos, igualmente à China. Mas como a Índia se chama uma democracia, a Teresa ignora o péssimo governo. São todas oclocracias. Cesar Neves  INICIANTE: Porque diaboliza a China!? Os EU cometem diariamente muitos mais pecados, e muitos mais graves, do que todos os que aponta á China. Refiro como exemplo: a invasão ilegal do Iraque, os bombardeamentos cirúrgicos, o fomentar guerras civis e depois chamar-lhe primaveras, etc....etc. E isso pelos vistos não a incomoda. Os EU são uma muito maior ameaça para a Europa que a China: a curto prazo a Europa e EU serão os maiores competidores de recursos do planeta. O trump já disse, que a Europa ´era mais perigosa que a China, e que não se ensaiava nada de lhe enfiar em cima umas bombas atómicas. Minha senhora: vamos lá a fazer uma análise objectiva e séria, para todos nós podermos dar atenção ao que diz. Bem haja.          Paulo Batista EXPERIENTE: Acordar tarde é um problema. O Reino Unido ainda sonhou fazer uma parceria com China à revelia da UE. Mas Hong Kong correu mal e a lavandaria inglesa espalhada pelos diversos territórios da Coroa, mas controlada em Londres, está a ter menos encomendas chinesas e agora só os russos e repúblicas afiliadas continuam a utilizar o modelo patrimonial que o Reino Unido tanto se orgulha de vender. Mas isso vai ter um preço. E sobre a invasão russa na Ucrânia não discutiram na conferência da Gulbenkian ? É que para mim é assustadoramente mais próximo...           danielcouto1100EXPERIENTE: O Romance "O Último Europeu"de Miguel Real (2015) ficciona premonitoriamente o domínio da Europa pelo Império da Grande Ásia em 2284, começando exactamente pelo controlo da energia, perante a benevolente passividade pacifista da Europa, acabando a destruir um modo de vida pacifista por grupos tribalistas esfomeados. Este texto de Teresa de Sousa é um alerta para uma Europa que teima em fragmentar-se nas suas rivalidades nacionalistas, incitados por populismos agitados por interesses orientais, China e Rússia, numa guerra moderna, aparentemente indolor, atacando com uma arma eficaz: vírus, informáticos e sanitários, a unidade da Europa     Jonas Almeida  INICIANTE: Desconfio que as geoestratégias têm mais a ver com as dinâmicas que Varoufakis dissecta em primeira mão no YouTube "China vs EU on debt conditions" do que com as logísticas de outras eras. Roberto34  INFLUENTE: O mesmo Varoufakis que estava disposto a fazer um acordo com a China para um empréstimo que a Alemanha depois negou? Segundo o Varoufakis claro, porque ninguém sabe exatamente se isso realmente aconteceu. Basta olhar para o acontece com Montenegro que agora vem pedir ajuda a Bruxelas, mesmo depois da UE ter avisado para não assumir tal empréstimo com a China. Felizmente Portugal está na UE. Rebelde  INFLUENTE: Grande artigo, parabéns.         Manuel Caetano MODERADOR: Creio que a estratégia de proeminência planetária da administração Biden que, no essencial, promove uma bipolarização forçada e artificial chefiada pelos EUA e pela China (forçada e artificial porque, ao contrário do que acontecia na bipolarização do Século XX, o mundo está agora economicamente unificado pelo capitalismo e as diferenças de regimes políticos não são suficientes para produzir uma bipolaridade natural), está votada ao fracasso. As potências com força e capacidade para tal (incluindo a União Europeia) percebem o que está em jogo e não desejam ser meras coadjuvantes dos EUA ou da China. Do meu ponto de vista o mundo do futuro, a médio prazo, será multipolar (não bipolar). A longo prazo o futuro está oculto no nosso livre arbítrio (estará entre a extinção e a unificação          Jonas Almeida  INICIANTE: Concordo obviamente consigo, Manuel, que a bipolarização é, para usar o termo da época, reaccionária e uma receita para o conflito. Aliás o mesmo argumento é válido dentro do continente europeu. O que recorda os estudos e alarmes de tantos nobeis da economia a avisar a contraproducência de obrigar o monopólio por uma moeda comum. É forçar a corrupção ruinosa por uma união de oportunistas. De Milton Friedman em 1997 "The Euro: Monetary Unity to Political Disunity?" a Joseph Stiglitz "The Euro: How a Common Currency Threatens the Future of Europe" em 2016. A multipolaridade ou começa em casa ou é mais um polo totalitário. A quem aproveita isso? Tempus fugit.          Roberto34  INFLUENTE: Lá vem o Jonas escrever desinformação e misturar alhos com bugalhos como é costume. O Euro não tem nada a ver com o típico do artigo e muito menos com aquilo que Manuel escreveu. Portanto não precisa de usar este espaço para abusar na propaganda. Nenhum desses dois prémios Nobeis são ou foram contra o Euro, apenas alertaram para as condições ideais que uma união monetária precisa para ser funcional, condições essas que ainda não estão em pleno vigor na zona Euro, mas que estarão ao longo do tempo. Não existe nenhum polo totalitário.           Jose  MODERADOR: Caro Manuel Caetano A bipolarização que sempre existiu, existe e existirá é entre o conhecimento e a ignorância. Entre Ocidente e orienta há o biombo da ignorância, mais nada. No século passado a Rússia passou do feudalismo ao Capitalismo. Neste século a China passa do feudalismo ao Capitalismo. No final do século só restarão vestígios de feudalismo e raras comunidades primitivas, no planeta só existirá Capitalismo. O Capitalismo implica competição pela competição, não há outro racional. O crescimento do Capitalismo faz-se só pela luta de classes, no interior das empresas, face à face à hierarquia do patrão, impondo cada vez mais equitativa distribuição da riqueza até à igualdade material. Essa é a dinâmica objectiva em todo o mundo. O resto serão fricções e uniões artificiais e inúteis.        Manuel Caetano MODERADOR: Jonas Almeida a bipolarização é sempre uma simplificação daquilo que é, por natureza, complexo e, por isso, um condicionamento redutor e empobrecedor da vida das comunidades (seja qual for a sua escala) na medida em que reduz a paleta das soluções e das escolhas apenas a duas. Aplicando esta grelha de leitura à realidade actual das democracias liberais verifica-se que existe uma evolução (imparável?) da consciência cívica dos cidadãos contrária ao bipartidarismo e à política do "não há alternativa" e favorável à diversidade das soluções e das escolhas eleitorais - a sociologia política chama ao fenómeno 'a crise da representatividade'. O tempo da alternância sem alternativa entre dois partidos dominantes parece estar a acabar - é assim por toda a Europa e na União Europeia e mais além.            Manuel Caetano MODERADOR: José, eu não estou certo de que, como diz, o futuro seja capitalista (no sentido contemporâneo do termo). A minha reserva prende-se com a observação de fenómenos económicos e políticos em curso, nomeadamente: esta última vaga da globalização mostrou que o capitalismo não tem condições (provavelmente porque não foi pensado para dar primazia ao bem-comum) para corresponder às necessidades e aspirações das populações à escala global, não consegue reduzir o fosso entre os muito ricos e os muito pobres que, pelo contrário, continua a aumentar exponencialmente, e fazer parar o empobrecimento contínuo e continuado das classes médias. Está a desorganizar a a reformatar as relações de trabalho para acabar com o paradigma do 'trabalho protegido e com direitos', a precarizar o emprego, a impor turnos) incompatíveis com a vida familiar e social, a baixar salários para mínimos incomportáveis com a dignidade de quem trabalha. Está a destruir emprego industrial nos países que lideraram as revoluções industriais e naqueles onde elas se instalaram e prosperaram e a deslocalizar industrias inteiras para regiões até agora periféricas pela ganância de maximizar os lucros através da exploração de mão de obra paupérrima e sem direitos laborais e cívicos. Enfim, este não é o espaço adequado para um maior aprofundamento pelo que me fico por aqui. Meu caro, o que fez sair os nossos ancestrais das cavernas foi a cooperação não foi a competição e essa sabedoria ancestral acabará por se impor e mudar o nosso mundo para melhor onde o capitalismo predador tal como o conhecemos não terá lugar.  A conclusão final é uma convicção não é uma certeza.              diogodoismil.864263  INICIANTE: Mais vale acordar tarde do que nunca. Espero que o artigo ajude a uma tomada de consciência da Europa e outros que aspiram a sociedades democráticas e a melhor modelo económico e social. Parabéns pelo artigo   Sima Qian  INFLUENTE: Não é por acaso que a China permite que a Alemanha, a maior economia da União Europeia tenha com ela um superavit comercial.          Roberto34  INFLUENTE: A do Montenegro é do mais caricato! Era o que faltava a UE agora ir ajudar a pagar um empréstimo contraído com a China! Não se tivessem vendido aos interesses da China. A UE na altura tinha aconselhado a não o fazer, mas o governo decidiu ignorar, agora olha, aprendem da pior maneira.         DemocrataXXI  EXPERIENTE: Teresa Almeida, claro que o mundo democrático, sempre soube dos riscos que corria em tratar a China como um qq outro parceiro comercial, o que não dava jeito, era ver. Claro que  sabíamos que estávamos a mercadejar, sectores estratégicos da nossa economia, energia, banca, saúde, com quem não podíamos, não dava jeito, era ver. Claro que há muito, sabemos que estamos a acabar com o planeta, pelo uso exorbitado de indústrias poluentes e exploração dos recursos naturais para lá do que é comportável, e isso faz- nos parar? O problema da UE em matéria de política económica com a China, nunca foi não ver, os riscos que tais escolhas comportavam, mas forçar-se a não vê-los. E nisso, temos muito a aprender com Chineses, que sabem esperar, pensam no longo prazo. Vamos é aprendê-lo, da pior forma que há          Jonas Almeida  INICIANTE: Historicamente a poção mágica da Europa é a diversidade e criatividade autodeterminada dos seus estados. Quando os portugueses chegaram à então avançadíssima China lá arranjaram maneira de descobrir um relacionamento com futuro. Uma Europa centrada na estopada carolíngia descrita no seu ponto 2 como fazendo acordo "apressados" (uma ova) com a China não faz sentido. É óbvio que a União Europeia vende e venderá o futuro dos povos europeus a quem pagar mais às suas máfias corporativas. Como ficou bem claro no tal acordo "apressado" em que só Merkel e Macron tinham assento à mesa (quem não viu a foto?). É o tipo de situação que dá em cenas como ter a Comissão Europeia a forçar a venda do Novo Banco com obrigações do contribuinte português mas a proibição do controlo correspondente.       Roberto34 INFLUENTE: "É óbvio que a União Europeia vende e venderá o futuro dos povos europeus a quem pagar mais às suas máfias corporativas." Não é nada óbvio porque aquilo que você escreveu é completamente falso. A União é aquilo que os cidadãos Europeus quiserem dela, porque é fundada na Democracia e nos valores Democráticos. Nenhuma decisão é tomada ao nível da Comissão Europeia sem a aprovação das outras duas instituições Europeias. E prova disso é que o acordo com a China é apenas um acordo de princípio, não está aprovado nem em vigor e dificilmente estará tendo em conta a crescente oposição do Parlamento Europeu e de vários governos. A Alemanha não manda na Europa. E a Comissão Europeia também não forçou nada. O plano de venda foi definido pelo governo Português mas esquece-se que foi o BES que faliu.           Joao MODERADOR: Meu caro, sei que o que interessa é a propaganda actual que inverte as verdades e os juízos, mas lembrando que eu há muitos anos crítico as negociatas com a China que visaram desvalorizar o trabalhador europeu, aumentar o consumismo e laurear o tal elixir universal que seria o globalismo ... recordo só como foi recebido aqui o Xi com o seu panda como grande líder do comércio livre e como foi ostracizado o Trump. Ao tecer aqui as minhas críticas fui chamado de pré histórico, putinista, ditador etc.          Joao  MODERADOR: Acho incríveis estes "brainstormings" missionários e doutrinadores que invertem os factos e os juízos. Mas a China é "agressiva" quando empresta dinheiro ou investe nos outros países? E os países da Europa e da NATO são pacíficos quando bombardeiam a Líbia? O Afeganistão, a Síria, o Iémen? Mas seguem as relações comerciais dos países da NATO algum fio condutor a não ser sacar e encher os bolsos como se vê com os beijos do Macron ao Sisi grande democrata, o esfregar de mãos a fazer negócios com Marrocos que anexa o Sahara, com Telavive que anexa a Palestina, com Istambul, Kiev e Riade que todos os dias bombardeiam os guetos onde mantêm as populações inconvenientes, etc etc, e com a Índia "grande democracia" onde há cidadãos de primeira, segunda e enésima e religiões perseguidas. Hipocrisia.            Jonas Almeida  INICIANTE: Espero, caro João, que os insultos de que é vítima constante há tanto tempo não o incomodem por demais. A pluralidade não é com essa gente. Nem sequer percebem que os argumentos ad hominem só caracterizam quem os usa.         Joao  MODERADOR: Caro Jonas, eu já sou um velho de rabo pelado que viu alguma coisa das pessoas e do mundo. Claro que não me vou baixar ao nível rasteiro dessa gente, até gosto porque exibem o inverso do que se dizem.     jose antunes  INICIANTE: Obrigado por nos ajudar a compreender, no limitado espaço de que dispõe, este nosso relacionamento com a China. Pena que não fale na Holanda, perdão, nos Países Baixos, esse "país comissionista" que consegue, por exemplo, ser o terceiro maior fabricante de sapatos da Europa sem ter uma única fábrica de, lá está, sapatos. Ou que conseguiu que a Comissão revertesse a decisão do Parlamento de tornar a inscrição do "Made in" em todos os produtos entrados na UE. E assim lá vamos todos usando óptimos sapatos alegadamente made in the Netherlands, ou bicicletas, ou tambores...  Jonas Almeidan  INICIANTE: bem notado!  Roberto34  INFLUENTE: O que escreveu carece de fundamento. Os maiores produtores de sapatos na Europa são Portugal, Espanha e Itália. Portugal é aliás o maior produtor de bicicletas da Europa por exemplo. E as regras "made in" são iguais para todos os países da UE, onde se incluem Portugal e Holanda. Coletivo Criatura  INFLUENTE: Em primeiro lugar, o actual presidente da China foi demasiado longe na sua arrogância e comportamento ditatorial. Pensava que já tinha chegado a hora de dominar o mundo sem temer mostrar o que é. Daí Hong-Kong. O povo chinês, embriagado pelo sucesso da economia e desejoso de voltar às glórias milenares, não se importa de ser governado por uma ditadura. Tudo em nome do patriotismo. Chegou a hora de dizer 'não' à China governada por uma ditadura sem piedade! Mas a Índia também é um grande desafio com um novo nacionalismo sectário! A Europa tem um problema: os outros países não se regem pelos mesmos valores! Carlos A Ramos  INICIANTE: Quais são os valores que atribui à Europa? E a Portugal?

 

 

 

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