terça-feira, 13 de abril de 2021

Um banho de Economia


São dados preciosos sobre Economia e Políticas, o texto de Helena Garrido e os dos seus comentadores, que me apraz ler, mas já não interiorizo. Prefiro voltar aos clássicos, que não falavam em números mas mostravam que a exploração sempre existiu e por isso foram surgindo as doutrinações tendentes a corrigir as injustiças. Mas esse desejo de as combater, através de novas propostas de Filosofia e Ética, acabaram sempre por redundar em discrepâncias ainda mais fundas, como se tem visto... o que não retira a bondade da doutrinação.

E retomo o poema de La Fontaine, poeta e fabulista do século XVII, bom analista das almas, que nos mostra, bem realisticamente, tanto das amarguras de viver do povo, que clama pela Morte, em desespero de causa, mas disfarça e encobre o motivo do seu apelo, preferindo continuar a viver. Como todos nós. Naquela altura, ainda não se falava em eutanásia.

La Mort et le Bûcheron

Un pauvre Bûcheron tout couvert de ramée,
Sous le faix du fagot aussi bien que des ans
Gémissant et courbé marchait à pas pesants,
Et tâchait de gagner sa chaumine enfumée.
Enfin, n'en pouvant plus d'effort et de douleur,
Il met bas son fagot, il songe à son malheur.
Quel plaisir a-t-il eu depuis qu'il est au monde?
En est-il un plus pauvre en la machine ronde?
Point de pain quelquefois, et jamais de repos.
Sa femme, ses enfants, les soldats, les impôts,
Le créancier, et la corvée
Lui font d'un malheureux la peinture achevée.
Il appelle la mort, elle vient sans tarder,
Lui demande ce qu'il faut faire
C'est, dit-il, afin de m'aider
A recharger ce bois ; tu ne tarderas guère.
Le trépas vient tout guérir ;
Mais ne bougeons d'où nous sommes.
Plutôt souffrir que mourir,
C'est la devise des hommes.

Tradução:

Um pobre lenhador todo coberto de ramos

Vergado ao peso do molho e ao da sua idade,

Curvado e gemebundo, caminhava a passos lentos

Tratando de alcançar a sua choupana enfumarada.

Enfim, não podendo mais suportar a dor e os esforços

Atira o ramo ao chão, pensa nos seus desgostos.

Que prazeres é que teve desde que nasceu?

Haverá alguém mais desgraçado na máquina redonda?

Sem pão por vezes, e nenhum descanso,

Mulher, filhos, os soldados, os impostos,

O credor e o trabalho

Traçam de um infeliz um retrato acabado.

Clama pela Morte, ela vem sem tardar,

Pergunta-lhe o que dela pretende.

É, responde, que me ajudes

A carregar este molho; não demorarás muito.

A morte vem tudo curar;

Mas não saiamos do nosso poiso

Antes sofrer que morrer

É a divisa dos homens.

Opinião O regresso da América e os excessos liberais /premium

Washington quer o mundo a aplicar uma taxa mínima de imposto sobre os lucros. O FMI apela ao combate às desigualdades. Os excessos do passado expostos pela pandemia estão a fazer mudar as políticas.

HELENA GARRIDO      OBSERVADOR, 12 abr 2021

Há já mais de duas décadas, todos os anos o ex-ministro das Finanças Ernâni Lopes, que morreu em 2010, fazia um encontro com jornalistas. Nunca dava notícias, mas oferecia muitos motivos de reflexão. Num desses encontros, talvez a propósito das tendências liberalizadoras a que assistíamos, falou-nos no efeito pêndulo. Trajectórias em excesso num sentido, conduzem depois a efeitos em sentido contrário. Para simplificar, o liberalismo iria dar lugar a intervencionismo.

A memória abriu-se para este distante encontro com Ernâni Lopes na sequência das propostas que a nova administração norte-americana está a fazer, de recuperação da economia e do seu financiamento, e das posições que estão a ser assumidas pelo FMI, nomeadamente em matéria de impostos. Os EUA avançaram com o “The made in America tax Plan” que transcende o objectivo de financiar o plano de investimentos em infraestruturas de Joe Biden. Com seis princípios, entre as medidas previstas está o aumento da taxa de imposto sobre os lucros das empresas de 21% para 28% assim como uma taxa mínima de 15% sobre os resultados contabilísticos de empresas que declaram elevados lucros, mas têm um resultado tributável baixo.

Integrado nesse plano, está a intenção de chegar a um acordo global de tributação, no âmbito das negociações que estão a decorrer na Organização para a Cooperação e Desenvolvimento (OCDE). De acordo com o Financial Times, a administração Biden colocou em cima da mesa uma proposta, que enviou a 135 países, e que aborda os dois pilares da negociação: a definição de uma taxa de imposto mínima global sobre os lucros das empresas de 21%  e a criação de uma taxa sobre as vendas em cada território nacional de empresas que são fundamentalmente tecnológicas e que conseguem fugir aos impostos – uma batalha antiga entre os EUA e, por exemplo, a União Europeia, e que tem levado à opção de múltiplas taxas. (Inês Domingues fala igualmente do tema aqui no Observador). Podemos estar perante um avanço histórico em matéria de governação global da tributação, com o objectivo de combater o planeamento fiscal agressivo das empresas, por um lado, e a estratégia de “roubar o vizinho”, que alguns países têm seguido, para atraírem receita fiscal à custa dos seus parceiros. Não será fácil, nomeadamente a taxa mínima global. Países como a Irlanda, a Holanda e o Luxemburgo têm vivido à custa desta falta de entendimento global e serão dos grandes afectados por esta medida de imposto mínimo.

As iniciativas de Biden estão a merecer o aplauso de economistas como Paul Krugman que no New York Times dá o exemplo da Irlanda para mostrar como a estratégia de reduzir impostos se tem revelado um fracasso enquanto meio para atrair empresas que geram emprego. E Joe Biden tem sido bastante assertivo, no sentido de defender o aumento de impostos. A falar do seu plano de infraestruturas, reporta o Político, disse: “Estou farto e cansado de ver pessoas comuns a serem espoliadas”. A mudança de abordagem fez-se igualmente sentir no FMI que, no seu Fiscal Monitor vem defender o aumento de impostos e até a criação de um imposto temporário a recair sobre os negócios que lucraram como a crise, como por exemplo as farmacêuticas ou algumas tecnológicas.

Em Portugal o tema do aumento de impostos a incidir sobre os que ganharam, ou não perderam, com a pandemia foi lançado pela economista Susana Peralta numa entrevista ao Jornal I. O debate centrou-se muito na expressão que usou “burguesia do teletrabalho”, mas o espírito da proposta parece ir ao encontro do que agora é proposto pelo FMI.

A necessidade de avançar com medidas muito significativas para recuperar a economia e, ao mesmo tempo, combater o agravamento das desigualdades justificam no fundamental as propostas feitas pela área das políticas orçamentais do FMI – dirigida pelo ex-ministro das Finanças Vítor Gaspar.

O FMI trata aliás de forma relativamente desenvolvida o problema do agravamento das desigualdades que a pandemia expôs e ainda aumentou mais. E os dados que divulga são reveladores, nomeadamente na concentração da riqueza. No caso de Portugal, o Fiscal Monitor, que tem o título elucidativo “Fair Shot”, revela que 52% da riqueza está concentrada em 10% da população (ver página 29). A desigualdade é aliás mais grave quando se olha para os dados da riqueza em vários países. E Portugal é igualmente um dos países que viu a desigualdade agravar-se entre 1990 e 2019 (ver os dados relativo ao gráfico da página 26).

A pandemia pode ter sido o gatilho para o pendulo se movimentar, com a iniciativa de países que têm o poder de fazer mudar as regras, como os Estados Unidos. Os excessos a que se assistiram desde a última década do século XX acabaram por não ser corrigidos, como se esperou, na crise financeira. Os cínicos dirão que a classe política só se move por medo e o medo chama-se movimentos populistas, discursos que vão ao coração das pessoas que, como Biden disse, estão fartas de serem espoliadas.

Em Portugal só é preciso ter cuidado para não serem espoliados os mesmos do costume, salvando-se os mesmos do costume. Mas que será necessário falar menos e ter de facto políticas redistributivas mais eficazes na educação, na saúde e no rendimento, isso parece ser urgente. Porque no caso português, nos últimos anos, o discurso do combate aos excessos do liberalismo não passou disso, de palavras, enquanto fomos vendo degradar-se a educação e a saúde.

É também fundamental que os excessos passados não passem para excesso em sentido contrário. Se Ernâni Lopes tiver razão, é de facto isso que vai acontecer: os excessos do liberalismo darão lugar aos excessos de intervencionismo.

IMPOSTOS   ECONOMIA   FUNDO MONETÁRIO INTERNACIONAL   ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA   AMÉRICA   MUNDO

COMENTÁRIOS

Antonio Monge: À falta de ideias ou de querer ter o trabalho de puxar pela cabecinha para poupar com gorduras orçamentais, desvios, corrupção, clientelismos, ajustes directos com empresas formadas há 15 dias, com fundações sanguessugas, com comissões obsoletas, aplica-se a mesma receita fácil e populista: aumentar os impostos. Agora na variante "aos ricos". Sendo que em Portugal um "rico" é uma pessoa que ganha uns 2500 euros por mês. A única coisa que conseguirão é redistribuir a pobreza e afugentar aqueles que conseguirem deslocar-se para países asiáticos emergentes. Boa sorte!         Karoshi > Antonio Monge: " gorduras orçamentais..." - Cheira-me a Passos Coelho. Esse também falava em cortar as gorduras do estado. E acabou a centenas de milhares à fome, sem casas e sem fontes de rendimento.          Adriana Cardoso: O único excesso que deve ser combatido é o excesso de imposto!!!!!        Vitor carvalho: Aumentar impostos tem dado um resultadão, ou seja andamos a trabalhar para entregar o nosso dinheiro a governantes que nunca fizeram nada na vida e o dinheiro não lhes custou a ganhar. Já agora o Gaspar não foi aquele que pediu desculpa pelo aumento brutal de impostos?          Antonio Monge > vitor carvalho: Reconheceu que as políticas dele não resultaram, mas hélas, foi promovido. Faz lembrar a directora do SEF...          Filipe Costa: O meu ordenado é pago após me sonegarem 40%, como posso fazer planeamento fiscal agressivo? Obrigado.      Vaipo Caraxo:Os excessos do passado são os mesmos excessos do nosso triste presente e tudo indica que do futuro também: excesso de impostos, excesso de controlo, regulamentação e poder coercivo do(s) Estado(s) sobre os cidadãos, excesso de subserviência perante todos aqueles que violentamente querem destruir a nossa sociedade (ainda) minimamente livre, democrática e tolerante. Não se deixem enganar, os excessos são esses, não outros quaisquer.       Antonio Monge > Vaipo Caraxo: Excelente comentário!           Jose Martins: Não entendi nada !!! em portugal existe liberalismo?         Antonio Monge > Jose Martins: Não nunca existiu. É uma fantasia da Ana Gomes e das suas cheerleaders. Não esquecer que a Helena Garrido exultou de alegria quando soube em primeira mão, pelo Teixeira dos Santos, que Sócrates iria chamar a Troika.          Paulo Guerra: Muito bem HG. É exactamente disso que se trata. Só se está a fazer agora com a crise económica e social pandémica que se adivinha o que já se devia ter feito para combater a crise económica e social que o último crash despoletou. Mesmo que alguns populistas de direita em Portugal continuem a chamar-lhe corrupção. Há quase um século, depois do crash de 29 que também lançou o mundo para a catástrofe que todos conhecemos muito bem, com as novas medidas regulatórias introduzidas o liberalismo até se viu obrigado a mudar de nome para neoliberalismo. Era suposto na altura um liberalismo mais soft e onde imperasse mais moralidade que a total impunidade que levou ao crash. Ou se preferirmos, somente mais regulado. Infelizmente depois da total desregulação financeira que começou a ser levada a cabo a partir da década de 70 do século passado, o neoliberalismo já é há muito tempo um monstro de espoliação de riqueza com que o liberalismo nunca sonhou. Claro que qualquer medida que provoque uma maior distribuição da riqueza já vem com muitas décadas de atraso.  Mas como se costuma dizer vale mais tarde que nunca. Até porque o próprio planeta, muito além de todos os espoliados, também não aguenta muito mais toda a economia neoliberal que se desenvolveu nas últimas décadas. Ela própria, um sorvedouro de todos os recursos naturais não renováveis muito além de qualquer razoabilidade até económica. Se levarmos em linha de conta a sua própria sustentabilidade a médio prazo. Eu diria pois que qualquer sinal do tempo que soe remotamente a músicas intemporais como o “times are a changing” são um bom augúrio. Até que ponto ainda é o que vamos ver. E quem diria com o FMI?! A quem ainda durante a última intervenção em Portugal era impensável pedir aos seus sócios que reflectissem sobre políticas que nunca nenhum país conseguiu levar a cabo para responder a uma dívida que só foi acumulada pela percepção das agências de rating e o subsequente aumento dos juros que nos enviou para onde nos enviou.      Antonio Monge > Paulo Guerra: «Claro que qualquer medida que provoque uma maior distribuição da riqueza» é uma fantasia. Qual a motivação de uma pessoa trabalhar se sabe que o seu rendimento vai ser distribuído por quem não quer trabalhar? Todas as tentativas de distribuição de riqueza só resultaram em distribuição de pobreza. Ou conhece algum país, algum momento, em que isso funcionou?

Francisco Correia: Em vez de irem sobre quem foge aos actuais impostos, vão sobre quem já paga impostos. Portanto serão os cumpridores (empresas e pessoas) a arcar com mais este fardo. Lá chegará o dia em que estes farão um manguito e mandarão o Estado criar riqueza. O problema não se resolve a tirar o "peixe" aos ricos para dar aos pobres. Por mais atraente que esta singela ideia seja (mais parece um Ovo de Colombo para dummies). Isso é o socialismo a funcionar, que até hoje nunca funcionou em lado nenhum. O problema resolve-se ensinando o pobre a pescar. E quem não quiser aprender, temos pena!         Antonio MongeFrancisco Correia: Essa é a dura realidade. Mas há também quem não queira aprender a pescar: bacalhau basta. E está no seu direito. Mas não se vá roubar o peixe a quem arduamente jorna.     Rogerio Russo: Mais impostos? Mais emissão monetária! Era mais lógico do meu ponto vista aumentar o IVA. É algo intermédio entre emissão monetária e imposto. De facto o IVA "cria" moeda e é um forte gerador de inflação. Por outro lado temos que concordar num ponto: Só os que não pagam impostos concordam com eles -Não me digam que o Gates e etc pagam impostos . Nem os remediados, nem os ricos gostam de pagar impostos. Um dia chegaremos ao totalizador (100%) de impostos e taxas e como vai ser? Estamos no ponto zero porque os preços já estão todos acomodados. Ora isto não é vida a economia parece um número de circo. Assim acabe-se com o dinheiro físico e com os impostos. Repe(n)sem lá a coisa senhores economistas e financeiros sob pena de o dinheiro privado virtual - bitcoins e similares - tomar conta da condução dos negócios em circuito fechado como no tempo das trocas. Levas batatas e trazes-me arroz... certo?       José Paulo C Castro: Desde a lei de Pareto que se sabe que a distribuição natural de riqueza segue sempre um padrão desigual em que metade da riqueza é distribuída e outra metade acumulada naturalmente para reinvestir mais tarde. Isto gera a famosa curva de distribuição 80-20 e suas variações 64%-4% ou 50%-1% (são todas o mesmo, façam as contas). O ponto da curva onde se faz a análise pode criar números mais chocantes ou menos. Assim, se em Portugal temos 52%-10% não anda muito mal... É o mesmo que ter 26%-1% que parece chocante mas bastante menos que o famoso 50%-1% de Pareto, que é o natural sem excesso de tributação. Indica que já andamos a redistribuir uma boa parte da riqueza dos mais ricos. Outra coisa não seria de esperar com a carga fiscal existente... Só mesmo marxistas podem achar que ainda se deve ir mais longe sem começar a restringir a economia e a desfazer o bolo que se quer redistribuir.     Alvaro van Zeller > Observador Censurador: Se tem. O Estado só deve intervir para poder proporcionar Educação, Justiça e Segurança igual para todos. Depois, deixem o sistema funcionar que ele vai-se ajustando. O problema é sempre o Poder e a ganância que ele traz. Sem ética os sistemas não funcionam. Nós estamos há 45 anos com um sistema intervencionista e as desigualdades só têm aumentado. Será que podemos citar Singapura como um bom exemplo de desenvolvimento? Baseiam-se em 3 princípios: meritocracia, pragmatismo e honestidade.    Antonio Monge > Alvaro van Zeller: Apoiado. Ou o milagre de Hong Kong que nos anos 60 reduziu drasticamente a carga fiscal, retirou o Estado do não essencial e hoje é um dos tigres asiáticos também.   José Paulo C Castro: Como é que tributar os excessos (que é o que o lucro é...) não é em si mesmo um excesso? Como é que ficar com o que livremente se produziu é um excesso? Chamar excessos liberais ao desejo de quem produz não denota o condicionamento socialista ?    José Paulo C Castro: O mundo está em condicionamento socialista  (ironicamente reforçado pelo liberalismo!...) desde a Revolução Francesa, e com renovação periódica de tal condicionamento estruturante, garantida e legitimada pelo dispositivo democrático (o tal poder da maioria)... Ou seja, desde que a tal maioria deixou de acreditar que pode produzir para si própria o suficiente. Que síndrome de Estocolmo.          Maria L Gingeira: O problema é a gestão desses impostos. É evidente que taxar lucros a empresas é fácil, mas com esse dinheiro para o Estado é sempre duvidoso que chegue a quem precise. É o caso do dinheiro que vai entrar agora vindo da solidariedade da UE. Vai chegar aos pobres? Vai criar mais igualdade? Não. Se a intenção é promover aqueles que pouco têm, então determinem que milionários e empresas tenham de contribuir directamente para causas sociais. Há empresas que já o fazem, o problema são os milionários individuais.        Hel_Marques Marques >Maria L Gingeira: Penso que tem razão, o estado quer mais dinheiro para se sustentar a ele próprio, e começa a engordar e vai daí, precisará de mais dinheiro, mais impostos e continuará a aumentar e será eternamente necessário mais dinheiro e o dinheiro nunca chegará a quem precisa porque o Estado precisa de mais dinheiro para a sua sobrevivência, seja de impostos ou de empréstimos, a máquina não pára de engordar, consta que em Portugal no ano passado entraram mais 20.000 pessoas para trabalhar para o Estado.          Luis Fernandes Machado: A única estratégia que estes "líderes" se lembram para combater a China comunista, parece ser por optar ser-se também comunista.Portugal, que Futuro: Helena Garrido, 1.- Quando três instituições tão diferentes como o actual governo dos EUA, o FMI e a OCDE que referiu, concordam na necessidade de fazer convergir a política fiscal e a aumentar os impostos a quem mais pode para combater a forte recessão económica mundial causada por esta inédita pandemia e diminuir a assimetria na distribuição do rendimento, não parece que devamos falar em liberalismo ou em socialismo. 2.- Ao contrário do que escreveu, não é só na Irlanda que “a estratégia de reduzir impostos se tem revelado um fracasso enquanto meio para atrair empresas que geram emprego”. Olhe para a Holanda: as empresas, incluindo as portuguesas do PSI20, que em termos estritamente jurídicos mudaram as suas sedes para lá, que emprego criaram na Holanda se basta uma caixa postal, zero empregados e zero escritórios, para criarem as holdings holandesas que só existem no papel? 3.- É obviamente mau para nós, e acima de tudo mau para o nosso crescimento económico, a informação contida no Fiscal Monitor do FMI de Abril 2021, que referiu e que mostra que 52% da riqueza portuguesa está concentrada em 10% da população”, mas repare que na mesma “Figure 2.2. Income and Wealth Shares of the Top 10 Percent of the Population” há nomes sonantes com situação bem pior do que a nossa: Os EUA com 80%, a Holanda com 70%, a Dinamarca com 65%, a Alemanha com 62%, a Irlanda com 57% ou a Austria com 55% e outros menos sonantes mas também com pior situação do que Portugal: Chile, Letónia ou Estónia. Por sua vez, Reino Unido, Canadá, França ou Luxemburgo estão a par de Portugal.      Mario Areias: De um modo geral estou de acordo com as suas opiniões mas hoje não posso estar mais em desacordo. Repare que é voz corrente que a concorrência beneficia o consumidor. Sabemos, por inúmeros exemplos no mundo, que a fixação de preços por parte das autoridades leva à escassez. Porque haverá de ser diferente com os impostos? Todos conhecemos a incompetência dos políticos para governar. Vitorino Nemésio dizia que os intelectuais eram os mamíferos mais inúteis ao cimo da terra. O mesmo se pode aplicar aos políticos - logo a fixação de um imposto vai potenciar ainda mais a incompetência deles e estarão muito mais à vontade, com mais dinheiro, para comprar votos que é a sua única especialidade. Ao contrário do que diz Krugman (cuja posição não me surpreende em nada. Se perguntar ao Jerónimo de Souza verá que é a mesma) a Irlanda, a Holanda e o Luxemburgo têm crescido. Veja que no Luxemburgo os transportes públicos são gratuitos. Quer medida mais socialista? Em Portugal criaram-se os passes sociais à custa de mais dívida pública. Não temos que mudar as políticas liberais que criam riqueza, temos é que mudar os políticos para aplicarem bem a riqueza que se produz e usar o imposto como uma variável que deve subir em momentos de expansão económica, para os estados constituírem poupanças, não para distribuir, e aliviar impostos em tempos de contracção económica e aí distribuir o que se poupou para aliviar as empresas e famílias.            Manuel Magalhães: Isto pode ser tudo muito bonito, mas há que ver que estamos em Portugal, onde o partido do governo só pensa nele próprio e nas suas clientelas, além de que impostos provisórios TODOS se tornam definitivos e não esquecer que em cima dos impostos às empresas ainda há a derrama para os municípios o que normalmente eleva os custos em impostos para as empresas acima dos tais 28%... há que ser realista Dra. Helena Garrido!          Gil Lourenço: O Biden acha que pode ser o governo do Mundo. Cada país deve ser livre para definir a sua política fiscal. Chama-se a isto, soberania. Excessos do liberalismo? Onde? Em Portugal? No país onde as empresas são espoliadas pelo inferno fiscal. O Biden sim que é um populista socialista. Antes o Trump a este tipo. Ao menos o Trump não tinha intenções de se meter nas coisas dos outros países.          Adelino Lopes: Eu vejo alguma confusão neste artigo: Tributar para corrigir os excessos do liberalismo? Apelar à “Tributação dos outros” destina-se a “fazer propaganda”; é populismo puro e duro. Os excessos do liberalismo podem ser resolvidos com regulação, digo eu. E tantos que existem nos EUA, não é? Por exemplo as transações de alta frequência; a globalização, etc, etc. E a Helena Garrido nunca deve esquecer a história: recorda-se das razões porque nasceram as “off-shores”? Pois, e as “bitcoins”? Agora vamos perspetivar o futuro: não acredita que a seguir virá outra qualquer estratégia, para fugir aos impostos? É simples, não é? E acha que alguém tem dúvidas em fazê-lo neste mundo inundado de populistas? Não é preciso referir o último caso (Ivo Rosa)? Agora a questão dos “cada vez mais pobres” e das desigualdades. Eu acredito que as desigualdades serão cada vez mais gritantes: resultado da globalização e não só. Veja bem: do ponto de vista económico o que é que acontece quando se dá (muito) dinheiro a um pobre. Isto não é 100% assim, claro; mas é só analisar o que se passa nos países socialistas. 1º) Aumenta a dívida, porque não existiu criação de riqueza. 2º) Para além do pobre não lhe dar valor algum, a seguir irá entregá-lo aos lucros do vendedor, não é? O pobre fica com a dívida no país (dívida pública) e o vendedor está no “off-shore” (atualmente). Consegue inventar maior maneira de criar desigualdades?        Antes pelo contrário: Não é "a América", nem "Washington", são os senadores de extrema-esquerda Warrem e Sanders que têm feito lóbi para isso graças ao actual presidente senil, e graças à sua própria senilidade marxista!!! A ignorância absoluta de quem não percebeu nem quer perceber que o padrão-ouro já acabou, e por conseguinte a riqueza já não implica a "acumulação", ou seja, o dinheiro não é tirado a ninguém: É criado pelos próprios mercados. Todos os dias!!! Porque o dinheiro que é criado pelos bancos centrais, se não passar pelos mercados ou pelas indústrias - que precisam elas próprias dos mercados para criar riqueza, e se não for processado pela economia, não produz qualquer riqueza. Acaba numa pizza ou num hambúrger cujo fim é a sanita!!! Mas se for entregue a alguém que o invista, seja em acções, seja em qualquer coisa de concreto e permanente ou de preferência criador de riqueza, cria mais riqueza. Porém os próprios Estados, sejam ou não emissores de moeda - nós, por exemplo, deixámos de ser - necessitam dos mercados para lhes comprarem as dívidas e lhes emprestarem dinheiro!!! E mesmo os que não pedem dinheiro emprestado - todos pedem, em maior ou menor grau - dependem de haver ou não confiança nas suas economias, pois essa confiança que depende do valor da riqueza produzida - e acumulada, ou seja não gasta  - é que vai determinar os juros e os salários, etc. Usar o dinheiro para criar benefícios e dependentes desses benefícios que não produzam nada em troca - é que destrói a riqueza!!! Não é o enriquecimento, que a cria!!! O que destrói a riqueza é o socialismo!!! Aliás, a demonstração de tudo isto que acabei de escrever de forma simplificada é o facto de a civilização, a seguir à pré-História, ter aparecido precisamente graças à acumulação e ao capitalismo!!! Pois foram as primeiras trocas que permitiram o aparecimento de cidades e de Estados. Já o socialismo, que tem menos de 200 anos, nunca produziu outra coisa a não ser pobreza, fomes, e guerras!!! Em qualquer parte do mundo!!! Pois trata-se sempre de ROUBAR quem produz alguma coisa. Antonio Monge >Antes pelo contrário: Nem mais: Socialismo é viver às custas dos outros. São os liberais à americana. Mais socialistas que muitos socialistas.         bento guerra: "De boas intenções está o Inferno cheio". São as empresas que criam empregos e pagam as receitas dos estados, por isso esses são discursos de "boas e populares" intenções.

 

 

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