sábado, 3 de abril de 2021

Não está fácil desconfinar


A voz persuasiva e o olhar de dureza sorridentemente inflexível do PM lá vão impondo as suas ordens, que resultam do muito amor deste por nós, pela nação que pisa, corroborado por um PR que também vai pisando o que pode. Os critérios são científicos. Mas o PM agradece o nosso bom comportamento, e nós ficamos enternecidos com a gratidão dele e vamos continuar cumprindo, apesar de outras verdades aterradoras que AG nos traz.

«O Governo estabeleceu um Plano de Desconfinamento, cruzando diversos critérios científicos, dividido em quatro fases e com um período de 15 dias de intervalo entre cada fase, de forma a poder ir avaliando os impactos das medidas na evolução da pandemia».

Somos intelectuais. Acreditamos na ciência que presidiu ao Plano de Desconfinamento.

Quando a esmola é pouca, o pobre desconfina /premium

O empobrecimento é o destino comum de cada governação socialista. A diferença é que nem o eng. Sócrates aproveitou a gripe das aves para trucidar a economia e suscitar dependência por duas gerações.

ALBERTO GONÇALVES

OBSERVADOR 03 abr 2021

Novidades da pandemia? Aqui vão elas. Dois terços das famílias portuguesas sofrem dificuldades financeiras. Em apenas um ano, a quantidade de desempregados inscritos – os não inscritos são um caso à parte – nos ditos centros subiu 37%.  A Rede de Emergência Alimentar auxilia 80 mil pessoas, algumas com profissões que teoricamente as colocariam na classe média e que agora passam fome. Os indivíduos sem-abrigo multiplicaram-se. O comércio a retalho perdeu 200 milhões de euros em 2020. Na hotelaria as perdas rondam os 90%. Metade dos restaurantes fecharam, muitos para sempre. As falências em geral vão crescer 19% em 2021 (estimativa optimista). E boa parte das moratórias ao crédito, que envernizavam a catástrofe, acabaram esta semana. Etc. Etc. Etc.

Na verdade, nada disto decorre da pandemia: tudo decorre das medidas tomadas para alegadamente combater a pandemia. Até ver, a Covid matou 16 mil pessoas (tradução: morreram 16 mil pessoas com teste positivo à Covid). Em breve, saberemos quantas pessoas foram arruinadas pelas medidas “contra” a Covid. Se é que não sabemos já: a pretexto de um vírus com mortalidade irrisória para a grande maioria da população, o governo e o presidente da República atiraram para um desastre garantido a quase totalidade da população. Não falo aqui dos milhões de consultas canceladas, das 54 mil cirurgias urgentes “adiadas” e dos não sei quantos homicídios por negligência. Nem falo das liberdades que se aboliram, do estado policial que se criou e da humilhação progressiva dos que eram cidadãos e hoje são lacaios.

Aqui, falo apenas do desastre material. Uma percentagem significativa começa a sentir no bolso e na barriga as consequências deste crime, porque perdeu emprego, casa, e o hábito de um jantar decente. Centenas de milhares experimentarão em breve os prazeres desse “lifestyle” alternativo. E um dia, que não será longínquo, mesmo os que ficam em casa por medo ou preguiça, a respeitar “confinamentos”, a desrespeitar o sofrimento alheio, a receber o salário e a esgotar a selecção da Netflix, vão pagar a factura do monstro que ajudaram a alimentar. Embora pensem que não.

Por enquanto, estamos em fase de transição, sob uma espécie de anestesia feita de “layoffs” e promessas incumpríveis. Ou de promessas que, como se viu no recente diferendo “constitucional” com Belém, não ocorre a quem manda cumprir. Quando não são puras mentiras, os famosos “apoios” são uma pequena fracção dos anunciados, e uma fracção minúscula dos necessários. Se o povo espera por dinheiro, convém que espere sentado – se entretanto não lhe retirarem o sofá por dívidas ao fisco ou à banca. Salvo por umas migalhas para apaziguar momentaneamente a administração pública, a “bazuca” metafórica, agitada por trafulhas para espantar pacóvios, está evidentemente reservada ao patrocínio de negociatas ruinosas. Uma bazuca literal, que afugentasse para as Galápagos as quadrilhas em funções, talvez nos poupasse a males maiores. Assim como estamos, resta-nos o “novo normal”. E não tenham dúvidas: o “novo normal” é a miséria.

Naturalmente, o empobrecimento é o destino comum de cada governação socialista. A diferença é que nem o eng. Sócrates aproveitou a gripe das aves para trucidar a economia e suscitar dependência por duas gerações. A pobreza que se aproxima transformará a de 2011 numa saudade. E as ilusões em sentido contrário não mitigam a realidade. Independentemente das intenções, reduzir o mundo à Covid tem um preço. Aos poucos, o mundo vai lembrar-nos que não deixou de existir e o que o desprezo a que o votaram custará caro. Aos poucos, com ou sem casos, com ou sem mortos, com ou sem vacinas, com ou sem R(t), os portugueses perceberão que a Covid é uma ligeiríssima maçada se comparada com um sofrimento colectivo a sério. Aos poucos, o lendário risco de cair num ventilador será anedótico perante o sufoco garantido em que a vida se tornou. Em Janeiro, a fim de ilustrar as mortes com Covid, pediam-nos para imaginar a queda diária de um Boeing: a solução passou por enfiar os 9.984.000 sobreviventes num imenso Titanic. E há um imenso iceberg ali à frente.

Fora as sociedades que, por escassez de “confinamentos”, não sentiram a loucura “motivada” pela Covid, as outras dissiparão a loucura por uma de três vias: a sensatez dos líderes, a insurreição do povo, o desespero dos infelizes. A opção caseira é evidente. Connosco, isto só vai lá pelo instinto de subsistência, a incerteza da renda e da refeição seguintes, o instante em que se descobre que matar o bicho é ainda mais improvável do que ser morto por ele.

Claro que, nessa altura, será tarde e Inês morta. Ou estraçalhada por taxas “solidárias” e “regeneradoras”. Ou desempregada e na fila da cantina social. E claro que mesmo então os desgraçados atribuirão a respectiva penúria aos “excessos” do Natal, ao sr. Bolsonaro, às festas “ilegais” ou à aurora boreal. É pena os desgraçados esquecerem-se de que a culpa da penúria não foi dos fenómenos míticos que a propaganda lhes meteu na cabeça: foi do dr. Costa, do prof. Marcelo, das “autoridades” em geral, dos “especialistas” em particular, dos “telejornais” e, na vasta maioria, deles próprios. Quando a esmola é pouca, o pobre desconfina. Por azar, estará pobre como nunca e inimputável como sempre.

POBREZA   SOCIEDADE   PANDEMIA   SAÚDE   GOVERNO   POLÍTICA

Diogo Pacheco de Amorim: A radiografia impiedosa de um crime. Parabéns, Alberto Gonçalves          mais um: na na na...no Brasil é que está mal, muito mal....aqui é o paraiso...           Liberales Semper Erexitque: "A pobreza que se aproxima transformará a de 2011 numa saudade." No início da "pandemia" o nosso Ping PongYang confessou-nos estar assustado com aquilo. A mim assusta-me mais o que Alberto Gonçalves condensa nesta única frase.           Hugo Gonçalves: Então e pq é q o preço das casas ñ baixa, nem os especialistas prevêem q baixe, se isto está assim tão mal!?           Liberales Semper Erexitque > Hugo Gonçalves: Porque os proprietários são muito mais racionais do que os Kostas que temos, e não vão destruir as suas vidas por causa de uma constipação. Jose Costa: Muito bom. Triste realidade que ninguém quer ver.              Cipião Numantino: Ao que parece, o célebre chanceler alemão Otto Von Bismarck, ao referir-se um dia a Espanha e Portugal, afirmou: “Estou convencido que Espanha e Portugal são os países mais fortes do mundo. Século após século a tentarem destruir-se sem, até agora, nunca o terem conseguido” (cito de memória). É isto que me apetece referir perante a espécie de libelo acusatório que o nosso estimado AG estampou na sua prosa. Confesso, ainda, que fiquei com o coração apertado. A que se vem inevitavelmente juntar uma profunda convicção pessoal de que caminhamos em direcção a um completo desastre. Uma espécie de tempestade perfeita em que, provavelmente se juntará o mais inepto governo da nossa história recente, aos actos que decorrem da pandemia que entre nós grassa. Ainda há cerca de uma semana eu postava por aqui a profunda impressão que me causou uma viagem de trabalho que me fez percorrer uma boa parte do Algarve. Que me fez lembrar em permanência uma daquelas cenas típicas dos filmes do velho farwest onde na hora da “siesta” não se avistava vivalma, com excepção das moscas (neste caso foi o trânsito automóvel) que parecia tomar conta de tudo. Absolutamente constrangedor. Em que não pretendo culpar em particular ninguém, mas me fez sentir grandes diferenças em relação ao que desde sempre observei. A maioria do povão tuga anda adormecido. E quase que preciso de me beliscar para me convencer que pouca gente vê aquilo que é por demais evidente. Nada parece fazer despertar este sonolento povão. Em que cerca de metade é FP, pensionista ou subsidiodependente. Tenho para esta gente, uma notícia boa e outra má. A boa é que isto ainda vai durar algum tempo até a situação cair de podre. A má, é que a mutualização da dívida tão reclamada pelos esquerdosos terá pernas para andar. Mas, como não há bela sem senão, a CEE fará de nós, a trecho relativamente curto, uma espécie de protectorado em que “nunca mais haverá pão para malucos”. E se preparem porque, ao contrário do que sucedeu com Passos, desta vez a coisa vai doer mesmo a sério e o “dolce far niente” a que estão habituados tem mesmo um fim à vista. Temos pena. Mas é isto mesmo que merece este maralhal obtuso e videirinho que se habituou a viver à sombra da dívida e a explorar os seus restantes concidadãos que na iniciativa privada “comem o pão que o diabo amassou”. Que continuem a votar na esquerda. Ou, ainda mais grave, nos partidos dos amanhãs que cantam. A realidade pode tardar, mas não falha. E o assobiar para o lado, como bem se sabe, nunca resolveu problema algum. Entretanto uns por comodismo, outros por imediatos interesses, não enxergam ou não querem enxergar o óbvio. Tranquilizem-se. O cobrador do fraque já por aí vem a caminho. E as moratórias serão, desde já, a primeira luta que encetarão. É isto que, no limite, merece um povo sem memória pugnando cada vez mais pelo socialismo que constituiu um desastre onde quer que foi aplicado. Como diz o adágio popular “cada um faz a cama onde se irá deitar”!...   João Paulo > Cipião Numantino: magnifico.Merece e de que maneira uma coluna no Observador. Da próxima vez que for ao Algarve e passar pelo Alentejo Litoral avise, para lhe oferecer uma feijoada de polvo. Liberales Semper Erexitque > Cipião Numantino: Sim Cipião, isto hoje dá para apertar o coração! Sobretudo porque ignoramos como vai rebentar o temporal, com que violência, e com que duração. Não vai ser já, enquanto houver dinheiro às pazadas para o Kostas esturricar, dormiremos o sono dos relapsos.         Diogo Pacheco de Amorim > Cipião Numantino: A radiografia impiedosa de um crime. Parabéns, Alberto Gonçalves josé maria: O dr. Gonçalves convive muito mal com o princípio da realidade... Factos: Taxa de Risco de Pobreza  2019 = 16,2 (a mais baixa desde que há registos) Coeficiente Gini 2019 = 31,2 (o mais baixo desde que há registos)                 Hugo Gonçalves > josé maria: Coeficiente de Gini: o Afeganistão nesse ponto, diferença entre ricos e pobres, é o melhor do Mundo. Ñ há ricos. Bela forma de avaliar um país.          Jose Miguel Pereira: O título é óptimo. Depois começa o texto

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