Teresa de Sousa está
pessimista relativamente à União
Europeia, que julga estar a decair relativamente aos seus
objectivos anteriores de formar generosa rede democrática, mas para quem o espectro
de uma pandemia, com o surgimento de problemas ligados às vacinas, além da
criação de nacionalismos ou de desvios económicos de países como a Alemanha, fizeram desvirtuar aparentemente esses objectivos
iniciais. Um texto preocupado, de aprofundamento historiográfico. Há quem
discorde e a condene, apontando-lhe o facciosismo ideológico, mas a mim
parecem-me os seus argumentos de elaboração inteligente e séria, como de
costume.
OPINIÃO: A Europa já não consegue levantar-se do sofá?
Ver a política externa europeia
subordinada à guerra surda entre o presidente do Conselho Europeu e a
presidente da Comissão é já de si patético, mas é mais do que isso: é a segunda
humilhação pública da UE diante de regimes autoritários que estão a tomar conta
paulatinamente das suas fronteiras a leste e sudeste.
TERESA DE
SOUSA PÚBLICO, 11 de Abril de 2021
1. O
processo de vacinação europeu sofre desaires a um ritmo semanal. A unidade inicial na compra das vacinas e na sua
distribuição equitativa já se desfez contra as decisões unilaterais dos
principais Estados-membros – com a Alemanha à cabeça – sobre a eficácia e a
segurança das vacinas, mas também sobre a sua aquisição. O processo de
vacinação arrasta-se penosamente quando a sua rapidez seria essencial para
travar uma forte terceira vaga que se traduz em mais casos, mais óbitos e mais
atrasos na recuperação económica. O último episódio com a AstraZeneca
foi a demonstração derradeira de que as decisões de vários governos não se
baseiam na ciência, mas na política, independentemente dos danos que possam
causar aos próprios cidadãos dos seus países.
As
consequências mais graves desta vacina são muito mais improváveis do que alguém
sair de casa e morrer atropelado.
Quando o Reino Unido começou a utilizar a vacina da Pfizer, a 8 de Dezembro, os
ensaios clínicos tinham estabelecido uma relação com a possibilidade de provocar
choques anafilácticos, como acontece com outros medicamentos. Hoje, com
milhões de pessoas vacinadas, o rácio dessa ocorrência é de cinco por
milhão, o que se resolve com a devida assistência médica. A relação
entre a vacina da AstraZeneca e a formação de coágulos no sangue foi admitida
como possível, ainda que extremamente rara, pela EMA e pela sua equivalente
britânica. Ambas continuam a considerá-la eficaz e segura. A EMA não vive
no Além. Estão lá os representantes de todas as agências
nacionais do medicamento. Os governos ignoram as suas recomendações. A Alemanha
lança a dúvida, a França segue, os restantes, talvez por medo de ficarem
malvistos pelas respectivas opiniões públicas, vão atrás. Uns mais obedientes
que outros, mas nenhum com a coragem de dar um murro na mesa.
2. As
decisões tomadas são de tal modo erráticas que nos levam a pensar no que pode
estar por trás delas. Alguma coisa que não estejamos a ver? Interesses que não
descortinamos? Apenas mesquinhas razões eleitorais? O que significa a súbita conversão da
Alemanha à vacina russa Sputnik V? A
confiança numa vacina cuja produção é mil vezes mais obscura do que a de
qualquer das outras já fabricadas na Europa e nos Estados Unidos? Quando
falta ainda a EMA fazer a verificação in loco da sua
produção? Depois de sabermos que, na Eslováquia, cujo Governo resolveu
importar 200 mil doses da vacina russa, a agência nacional de medicamentos não
a validou porque “não pode chegar a uma conclusão sobre os benefícios e riscos
da vacina Sputnik V (…), por causa da quantidade de dados que não foram
submetidos pelo produtor, de inconsistências nos formulários das doses e da
impossibilidade de uma análise comparativa dos lotes usados em vários estudos e
países”. Ou tão simplesmente porque existe na Alemanha uma
fábrica russa, na qual os alemães investiram muito dinheiro, preparada para
produzir a vacina? Ou, talvez, porque há eleições em Setembro e a CDU/CSU não
quer chegar lá com o selo da sua incompetência para fazer face à pandemia? Há ainda uma outra explicação na qual quase nem
ousamos pensar e que terá a ver com o facto de a vacina da AstraZeneca ser tão
mais barata do que as outras que está destinada a abastecer o mundo que não é
rico.
3. Não foi este, no entanto, o único episódio que
marcou a vida atribulada da Europa nos últimos dias. O que se
passou em Ancara na semana passada é muito mais do que um acto de extrema falta
de educação de Charles Michel ou o
resultado dos despiques bruxelenses sobre quem é mais importante, ou sequer da boçalidade de Erdogan e
do seu fundamentalismo ideológico no que respeita às mulheres. Já seria
suficientemente grave se fosse só isso. Ver a política externa europeia
subordinada à guerra surda entre o presidente do Conselho Europeu e a
presidente da Comissão é já de si patético, mesmo que saibamos que muitas vezes
é assim que as coisas se passam em Bruxelas. É
mais do que isso: é a segunda humilhação pública internacional da União
Europeia, diante de regimes autoritários que estão a tomar conta paulatinamente
das suas fronteiras a leste e sudeste, apostando na fraqueza europeia para
levarem a cabo as suas estratégicas de poder regional. Em Fevereiro, foi a tristíssima figura de Joseph
Borrell em Moscovo, publicamente desconsiderado por Serguei Lavrov, o veterano
chefe da diplomacia russa, enquanto o regime de Putin voltava a encarcerar
Alexei Navalny nas barbas do seu representante. Agora é a vez de
Ancara.
4. A
Turquia que queria aderir à União Europeia já deixou de
existir há muito tempo. O
Presidente turco, que chegou ao poder em 2002 como o símbolo do islamismo
moderado desejoso de se juntar ao campo das democracias ocidentais, já tirou há
muito tempo a máscara da sua fé democrática e da sua ambição estratégica. Há centenas de milhares de presos políticos nas
cadeias turcas por crimes “contra o patriotismo” e por alegadas tentativas de
golpe, para além da destruição do regime secular que foi durante décadas a
marca da identidade nacional da Turquia.
Erdogan tem como objectivo
afirmar o seu país como uma potência hegemónica regional, como no tempo do
velho Império Otomano, e não hesita (tal como Putin) em recorrer à intervenção
militar para atingir os seus fins. O
Exército turco (que faz parte da NATO) está envolvido na guerra
da Síria, nos frágeis equilíbrios na
Líbia, na perpétua incursão no Norte
do Iraque (onde
habita a comunidade curda). No Verão do ano passado, os seus navios de guerra
penetraram nas águas territoriais da Grécia
e de Chipre no Mediterrâneo Oriental (que a Turquia reivindica,
invocando a autoproclamada República
Turca de Chipre, cuja parte
norte ocupou em 1974 e que não foi reconhecida pela ONU) para garantir o
acesso à exploração de novas reservas de gás natural. Apenas a França mostrou solidariedade com
Atenas, deslocando parte da sua frota para
as águas gregas e provocando a ira de Erdogan, que exortou os franceses a
livrarem-se de Emmanuel Macron.
Finalmente,
envolveu-se militarmente no conflito do Nagorno-Karabakh, ao lado do
Azerbaijão contra a Arménia, que acabou por ser expulsa do enclave. Vai
colocando os seus peões nas fronteiras da União Europeia, depois de ter
desafiado abertamente a NATO ao adquirir um sofisticado sistema de defesa
russo.
5. Durante meses, a União hesitou
entre o apaziguamento ou as sanções para lidar com o regime de Ancara. Nos pratos da balança pesou certamente uma poderosa
arma de pressão que foi
oferecida a Erdogan pela própria União em 2016: os 3,6 milhões de refugiados da guerra da Síria que se
comprometeu em reter, bloqueando a sua passagem para a Europa pela fronteira
grega, a troco de uma ajuda financeira de 6 mil milhões de euros. A Europa quer, a todo o custo, renovar o “contrato”.
A
visita de Von der Leyen e de Michel a Ancara a convite do Presidente turco
fazia algum sentido. Erdogan acedeu às
exigências europeias para retirar os seus navios de prospecção de gás,
mostrando-se disponível para dialogar com Atenas e Nicósia. A pandemia e as dificuldades económicas
estão a desgastar a sua popularidade. Mas,
sobretudo, desconfia da nova Administração americana, que pode vir a impor
sanções à Turquia, até que desista dos sistemas de defesa russos. O departamento
de Estado propô-las ainda no tempo de Trump, mas Trump nunca as assinou.
Erdogan era “um bom amigo” e um “líder extraordinário”.
Joe Biden distingue
os regimes antes de propor o diálogo. Mario
Draghi resolveu seguir-lhe o exemplo a
propósito do Sofagate, chamando “ditador” ao líder turco. “Com estes ditadores – é preciso chamar-lhes o
que realmente são – devemos ser francos na afirmação das nossas diferentes
visões da sociedade e devemos também estar preparados para cooperar de forma a
garantir os nossos interesses.” É, basicamente, o que faz Biden desde
que chegou à Casa Branca. Era o que a União precisava de fazer para ser levada
a sério. Mas a Europa parece cada vez mais uma velha senhora rica, ainda que já
um pouco decadente, que passa os dias a remoer sobre o mundo de ontem e já nem
se consegue levantar do sofá para ir até ao jardim apanhar ar.
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COMENTÁRIOS:
AARR EXPERIENTE: Desporto semanal da articulista TdS ... Várias verdades, semiverdades, semifalsidades e falsidades e muitas insinuações maldosas. Não é possível comentar sobre tanta coisa. Apenas três notas. 1) Da UE têm saído milhões de vacinas para o resto do mundo. Quantas saíram dos Estados Unidos (ou da GB)? Zero. 2) Goste-se ou não do Erdogan ... falar de "alegadas tentativas de golpe de estado" como TdS faz não é sério. Houve uma tentativa de golpe de estado e bem real. 3) Para falar bem e defender a vacina da Astra-Zeneca não precisa de lançar dúvidas e lançar falsidades sobre a vacina Sputnik. Porque faz isso? Enviesamento ideológico? Estamos a falar de vacinas! Every Breath You Take INICIANTE Quer-me parecer que já sabem muito do que se passou, mas realidade não passa de um exercício de telepatia e de adivinhação com uma bola de cristal. O que vi pelas imagens foi a Presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, depois de uma surpresa inicial, ter agido com elegância e cordialidade. O resto, não passa de especulação porque não há nenhuma declaração oficial. Portanto, ao invés de continuarmos na bisbilhotice e maledicência porque não deixamos as pessoas trabalharem? O visita a Erdorgan de certeza que foi para discutir temas mais importantes do que as cartas da revista Maria. Rita Cunha Neves EXPERIENTE No discurso, dizem-nos que as respostas da UE a esta crise vão ser substancialmente diferentes das (não) dadas na crise anterior. Mas à medida que o tempo passa fico cada vez mais convencida de que se trata de uma falácia. Jonas Almeida INICIANTE Também eu ! Roberto34 INFLUENTE Mas as respostas estão a ser diferentes da anterior Rita. Até porque a UE avança com o tempo. Não há situações exactamente iguais e os líderes e actores políticos também vão sendo diferentes. Bernardes Bernardes.794365 INICIANTE Vá lá. Alguém bota os pontos nos IIS, e afirma que o que se passou na Turquia foi apenas e só uma tentativa, por sinal bem conseguida, do Charles tentar humilhar a Úrsula, na continuação de uma guerra cada vez mais aberta entre órgãos da UE. Nada de guerra entre sexos ou religiões. Apenas e só politiquice da mais reles que existe Joao MODERADOR Exacto, já se sabe que o “staff” da Ursula não foi por causa do covid, já se sabe que o “staff” do Erdogan tratou de tudo com o outro “staff”, forçosamente com o “staff” do Charles. Ou seja, como muitos já suspeitavam, foi resultado da rivalidade entre ambos, a Ursula e o Charles. Mas claro que logo a maltinha das tricas e das tretas veio dizer que era tudo obra do malandro Erdogan e lá aproveitaram para gritar ordinarices e injúrias. Bandarra2 INICIANTE Obrigado Teresa de Sousa por falar aqui sem rodeios. As suas peças são cada vez mais o raro oásis de honestidade jornalística sem a qual o Público decairia em mais um órgão de propaganda. nunos EXPERIENTE Quanto ao episódio do sofá. Não há funcionários para tratar dos protocolos destas visitas, previamente? Precisamente para evitar este género de situações? Jose MODERADOR Claro que o protocolo foi acordado e as partes estiveram de acordo. A fita é uma provocação premeditada para navegar a onda populista. A quem aproveita? A resposta esclarece se o criminoso é ou não o mordomo! Jonas Almeida INICIANTE: Tiro mais uma vez o chapéu a TdS. É no Público a raríssima voz de quem escreve de olhos abertos. Como em todas as religiões, o europeísmo reserva as punições mais intemperadas para os apóstatas. Este é um projecto institucionalmente corrompido até ao tutano. TdS será agora injuriada por uma corja que só sabe resolver problemas negando a sua existência e culpando as suas vítimas. Roberto34 INFLUENTE: Bem pelo contrário. São os próprios Europeístas os mais críticos da UE e que mais querem resolver os problemas que ela tem. A solução é que não passa pela desagregação e conflitos como você deseja. A solução passa por maior integração Europeia e mais federalização. Teresa de Sousa, enquanto Europeísta faz um excelente trabalho em esmiuçar os problemas da UE para que possam ser resolvidos. E o Europeísmo não é uma religião, já o seu anti Europeísmo é. MODERADOR Caro Jonas Almeida Estamos de acordo. Teresa de Sousa é talvez a única europeísta que sobra. Deve ser-lhe doloroso ver, com os olhos abertos, o processo que todos nós, há mais de 30 anos lhe andamos a dizer. Está a acontecer. O RU já saiu, a Gronelândia também, a Islândia deixou de pensar nisso. Agora é a vez dos pesos pesados. A Alemanha ou vacina para reactivar a vida económica ou cai no ranking da competitividade. A França vai ter de fazer o mesmo. Ficam as beatas das sacristias a dar passos em frente para as profundezas dos infernos. Jonas Almeida: INICIANTE É isso mesmo José! Ao contrário das golpadas nunca referendadas de há "30 anos", hoje só não vê quem não quer. Como vc certeiramente nota, até para a europeísta TdS "Ficam as beatas da sacristias a dar passos em frente para as profundezas dos infernos". Como muitos de nós, TdS tem filhos e crescentemente se interroga sobre um projecto apostado na ruína e servilismo que lhes nega um futuro próprio. Roberto34 INFLUENTE A UE não é nenhum projecto apostado na ruína e servilismo. As suas ideias para a Europa é que são apostadas na ruína. Ou não viu a primeira vítima do Brexit: a paz na Irlanda do Norte? O RU saiu mas voltará a entrar. E a UE caminhará para mais integração. Ninguém na Alemanha está interessado em acabar com a UE, aliás o partido que mais tem beneficiado nas sondagens é o partido mais pró UE com representação no Parlamento Alemão: os Verdes. Estes dois vivem mesmo numa realidade paralela. Jonas, acabei de ler no The Economist que o economista Robert Mundell, considerado o pai do Euro morreu em Washington. O Jonas prestou-lhe alguma homenagem? Joao MODERADOR Já é o terceiro(?) texto da Teresa que demonstra algum ou muito alarme como as coisas andam á deriva por aqui em Bruxelas. A das vacinas é já um caso assente de desvario, eu só o comparo aos primeiros meses do ano passado em que nada fizeram, nem máscaras nem álcool gel, para se prepararem para o vírus que estava a chegar. Sobre o "sofagate" o mesmo, eu nem sabia que havia tricas e rivalidades entre o Conselho e a Comissão, o que descobri no dia seguinte pelo Eurobserver é que o "pessoal" da Úrsula que devia ter tratado dos pormenores estava em teletrabalho devido ao covid. Enfim, e como a Teresa diz lapidarmente, são as vidas (literal) das pessoas que estão a ser jogadas nestes jogos florais. Roberto34 INFLUENTE Leu a parte da Teresa de Sousa sobre a vacina Russa? Joao MODERADOR Lá anda o caro aflito com a vacina russa, meu caro, eu já dei por defunta a vacina russa no Agosto passado quando foi atacada no mesmo dia que anunciada. O mal está feito, os mortos escusados estão mortos, vamos mas é ver se salvam de morrer pessoas maldizendo menos e fazendo mais. Jonas Almeida INICIANTE Realço, caro João, o seu "como a Teresa diz lapidarmente, são as vidas (literal) das pessoas que estão a ser jogadas nestes jogos florais" - isto devia pôr-nos a pensar de que cumplicidades somos hoje culpados... Roberto34 INFLUENTE: Claro que já fazem mais. A vacinação agora segue em bom ritmo. E a UE aprendeu com os erros e prepara-se agora para possíveis variantes e vacinas de segunda geração, garantindo produção suficiente em território Europeu. Teresa de Sousa não diz nada disso. Vocês adoram manipular o que dizem os outros. A principal preocupação dos governos Europeus é obviamente a vida dos cidadãos. Fernando. Camecelha INICIANTE: A Alemanha compra vacinas á Rússia para a seguir comprar gás. A compra de vacinas á Rússia é uma forma de legitimar o resto das transacções entre a Alemanha e a Rússia. As vacinas salvíficas e depois o gás. Parece-me cada vez mais que a Alemanha é o país mais interessado em a todo custo ser parceiro da Rússia, custe o que custar. GMA EXPERIENTE: Ainda vale falar de Europa. UE? Quem assim se questiona é um europeísta convicto, perplexo com os episódios degradantes, contudo bem reais, a que a Teresa de Sousa, Jornalista com J maiúsculo, se reporta. Sendo tais episódios apenas das últimas semanas, muitos outros poderiam somar-se-lhes. As ditas "políticas fiscais competitivas"; a irrelevância em matéria de defesa própria, agravada com o Brexit; o atraso em matéria de IDI; .... Mas o que esperar de uma UE quando um dos seus rostos é um tal Charles Michel, paradigma do Princípio de Peter?!.... Roberto34 INFLUENTE: Precisamos de uma Federação Europeia GMA. GMA EXPERIENTE: Sobre a UE ocorre-me, de memória, citar Almada Negreiros: quando eu nasci já todas as palavras que iam salvar o mundo tinham sido escritas; só falta salvar o mundo. Ou então, mais prosaicamente, o "Construam-me, porra!" com que em bom alentejano se reivindicava a conclusão do Alqueva. Jose MODERADOR: Caro GMA UE, como está no Tratado de Lisboa não existe e não vai existir. Todas as tensões exógena e endógenas têm resultado em desunião e perda de competitividade face à economia global. A crise financeira internacional de 2008 foi enfrentada sacrificando as economias periféricas e do Sul. O contrário do espírito da União. Foi uma machadada na convergência e um afastamento irrecuperável da Europa meridional, do Norte e do Leste da Europa periférica e do Sul. A imigração de refugiados ou migrantes produziu outra machadada irreversível e abriu espaço ao populismo, aos movimentos inorgânicos, ao terrorismo interno, ao endurecimento do exercício do poder. Tudo o que é contrário ao espírito da União. Agora é a pandemia que vai levar a Alemanha para fora da União senão cai no ranking global. Roberto34 INFLUENTE Mas a Alemanha não vai sair da UE. Não precisa de insistir nisso, José. E já agora, José, qual é o espírito da União? Já que pelos seus comentários você nunca acreditou nesta união, portanto na sua opinião a UE nunca teve espírito. Amélia - you're fired :) MODERADOR : O que continuamos a ter é um anacronismo de liderança mundial. Vejamos, o Muro de Berlim já caiu há mais de mais de 30 anos, mas a Rússia continua a ter um líder soviético e autoritário. Erdogan também é outro mumificado do mesmo período que continua no poder. O que contrabalança com a União Europeia que andou para frente na sua liderança. A União Europeia está a jogar limpo. Na diplomacia. Na educação. Na cordialidade. Os outros é que são umas bestas. Por isso é que não se compreende como internamente jogamos rapidamente a toalha ao chão. A TdS está a fazer um lindo serviço para nova (antiga) vaga de ditadores. O Brexit também foi feito com críticas catastróficas à UE como estas da TdS. Sugiro o filme Brexit da HBO para compreender o que estou a escrever. Roberto34 INFLUENTE: Mas também se não fossem estes episódios a Teresa de Sousa não tinha nada para escrever sobre a Europa. Lol Mas é mentira que a vacinação continua lenta. Neste momento os países Europeus vacinam a uma taxa muito superior e ao nível dos EUA por exemplo. Só na quinta, a Alemanha vacinou quase 800 mil pessoas, Breton garantiu que existem já dezenas de fábricas a produzir vacinas na Europa. E quanto à AstraZeneca a empresa é péssima a gerir. Não só falha entregas na Europa, mas no RU, no Canadá, na Austrália. Uma empresa que prometeu ser milagreira em vez de realista, ao contrário da Pfizer. E quanto aos países pobres, continuam sem vacinas porque não há quem as produza. Quanto ao sofá, foi de facto uma atitude lamentável e é mais que tempo de a UE se integrar de vez com políticos competentes. Amélia - you're fired :) MODERADOR: Caro Roberto, e não esquecer que a UE já tem preparado a segunda fase do Covid (para as novas variantes) com um mega acordo para um farmacêutica europeia. Sim, porque o Covid vai continuar a pertencer às nossas vidas nos próximos anos. Para a próxima semana penso que saberemos mais detalhes. Roberto34 INFLUENTE: Tem razão Amélia. A UE parece ter aprendido com os erros iniciais. graça dias EXPERIENTE: TS sempre nos apresenta textos de opinião que considero ser um bom jornalismo. Inseparável da memória, com a variedade e a acutilância habituais, narrativas de alguém que gosta de partilhar aquilo que vê e que sabe. O seu código de identidade. Mas para quem busca uma informação ligeira, rápida e simplista, regra geral é como um "soldado raso" em leitura. Opinativo EXPERIENTE: A UE tem que mudar. Mas para isso precisamos de líderes mais fortes e que percebam de geopolítica. A UE faz sentido para nos defendermos, enquanto países pequenos individualmente, de ameaças externas e não para discutir o tamanho da fruta no supermercado. Os líderes que temos parece que nasceram todos depois de 89 e acham que o mundo irá naturalmente atrás do modelo europeu porque é o mais amigo de toda a gente e do ambiente. A Europa é um queijo suíço sem a casca dura. E o mundo está cheio de ratos que não pensam duas vezes se puderem dar umas dentadas.
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