E os Estados Unidos na berra, comandando as operações de
ambas as partes.
ANÁLISE
Com ventos de feição
TERESA DE SOUSA PÚBLICO, 16 de Junho de 2021,
1.Joe
Biden chega a Genebra para a sua primeira cimeira com Vladimir Putin
numa posição que dificilmente poderia ser mais favorável. Tudo lhe
correu bem nos encontros com os aliados europeus, durante o seu primeiro
périplo ao estrangeiro desde que chegou à Casa Branca. Talvez não fosse de
esperar outra coisa. Mas, mesmo assim, na reunião do G7 e na cimeira da NATO,
o grande objectivo estratégico da sua política externa ficou claramente inscrito em
letra de forma nas decisões finais: unir as democracias para fazer frente
à ascensão das autocracias, numa muito dura competição pela hegemonia mundial. Os adversários têm nome: China e Rússia. Durante
a conferência de imprensa com que concluiu a cimeira da NATO, o
Presidente americano resumiu a mensagem essencial que queria enviar a Pequim e
Moscovo: dividir os dois lados do Atlântico deixou de ser uma arma de que
possam dispor para enfraquecer o Ocidente.
Há nuances entre os aliados sobre a
dimensão ou a premência das ameaças que as potências autocráticas representam? Pode haver. Sempre houve, ao longo dos 72 anos de
vida da Aliança Atlântica, mesmo no tempo em que milhares de tanques e centenas
de mísseis nucleares soviéticos estacionavam junto à fronteira da Alemanha
Ocidental. Há o receio de que Biden ceda alguma coisa (ou
demasiado) à tentação proteccionista do “Buy American”? Certamente. Há diferenças sobre a melhor maneira de lidar com a China e a Rússia? Muito
provavelmente. Até porque, face à
China e à Rússia, a União Europeia está longe de ter uma
posição comum. Mas, no essencial, a missão de resgate do Ocidente, um conceito
que parecia caído em desuso, parece estar em marcha. Graças a Biden.
2. Não
houve, de início, total unanimidade em Washington sobre a oportunidade da
cimeira com Putin. Demasiado cedo? Risco demasiado elevado de não produzir
qualquer resultado, condenando-a a ser a primeira e a última por um longo
período de tempo? Jake
Sullivan, o conselheiro nacional de Segurança
do Presidente, justificou o calendário lembrando aos jornalistas que Biden
chegaria a Genebra com “os ventos a soprar de feição”. Tinha razão. Falta
saber qual será o comportamento de Putin. Seguirá o padrão a que já habituou as
democracias, desempenhando o seu papel preferido de “homem forte” que não teme
nada nem ninguém? O Presidente russo traz consigo para Genebra um longo
cadastro de agressões e de provocações que desafiam abertamente a ordem
internacional. Anexou
território de dois Estados soberanos – a Geórgia e a Ucrânia. Interveio
directamente na Síria e no conflito em torno do Nagorno-Karabakh. Criou um
exército de hackers para lançar ataques contra infra-estruturas
vitais das democracias ocidentais. Recorre sistematicamente a manobras de
desinformação cujo objectivo é influenciar eleições ou lançar a confusão nas
opiniões publicas das democracias. E já nem vale a pena falar da brutal
repressão interna que teve em Alexei Navalny a sua vítima mais recente e mais
mediática. A lista nem sequer está completa. A questão
é saber se Putin é um “homem forte” mais fraco do que parece e se a avaliação
que faz da única lei internacional que entende – a relação de forças – o levará
a ver alguma vantagem na criação de um terreno de diálogo, mesmo que limitado,
com os Estados Unidos.
Numa
entrevista recente à NBC, o Presidente russo deixou algumas frases enigmáticas.
Descreveu Biden como uma “político profissional” que pratica a profissão há
décadas, comparando-o com um Trump que reagia “por impulso”. Ou, por outras
palavras, de forma errática, uma característica que Putin soube aproveitar com
grande perícia, metendo o seu homólogo americano no bolso as vezes que quis. A
célebre cimeira de Helsínquia, em Junho de 2017,
ainda estará na memória de muita gente, nomeadamente dos serviços secretos
americanos, desautorizados por Trump em directo, ao lado do seu “amigo”
Vladimir. Foi um enorme embaraço para os Estados Unidos.
3. Na
segunda-feira, depois da cimeira da NATO, Biden pôde demonstrar aos
jornalistas que é, de facto, um “profissional”. As perguntas,
sobretudo da imprensa americana, foram todas dirigidas para o seu encontro com
Putin. O Presidente lembrou-lhes que não ia “negociar em público” e por
antecipação com o seu homólogo russo. Não teve a menor hesitação em reconhecer
que Putin é um político “brilhante e duro”. Ou seja, não o subestima.
Deixou-lhe, no entanto, um aviso breve e conciso: se mantiver o mesmo
comportamento, os EUA “responderão com a mesma moeda”. Lembrou a velha
máxima de Reagan nas negociações com a União Soviética, na década de 1980: “Verificar
e, depois, confiar”. Aliás, há algumas semelhanças entre ambos. Antes de
negociar com Gorbatchov o desarmamento nuclear, Reagan descreveu a União
Soviética como o “império do mal” e anunciou a célebre “guerra das estrelas”
para sublinhar que só negociava com o “inimigo” numa posição de força.
Biden conhece Putin, com quem se encontrou na qualidade de vice-presidente de
Obama. Não tem quaisquer ilusões. Já como Presidente, quando uma jornalista lhe
perguntou se o considerava um “assassino”, respondeu laconicamente: “Sim”. O que
pretende deste encontro é simples: criar canais de comunicação que lhe permitam
manter uma relação “estável e previsível” com a Rússia. Oferece a Putin em
troca aquilo que Putin mais aprecia: ser tratado como um “igual”.
TÓPICOS: MUNDO
ANÁLISE RÚSSIA EUA VLADIMIR PUTIN JOE BIDEN NATO
COMENTÁRIOS:
Jose MODERADOR: Estes desabafos
de alma de pessoas absolutamente enfeudadas ao totalitarismo dos falcões da
indústria da guerra dos EUA têm a utilidade de confessar a vontade de matar
quem for necessário e mais para impor a hegemonia totalitária no mundo. Ficamos
todos esclarecidos sobre os maléficos desígnios que TdS representa. É horrível
haver entre nós fanáticos tribais como TdS nos revela. Urge aumentar, reforçar
a oposição ao crime premeditado erguido a estratégia do braço armado do
patronato, do Capital, do Império Colonial dos EUA e sucedâneos servos como a
UE. Beep Beep.469369 MODERADOR: Copy-paste do
Avante AARR EXPERIENTE: Torna-se um pouco
confrangedor ler artigos como este num jornal que se pretende de referência.
Não estão em causa as ideias da autora. Cada um acredita no que quiser e a
opinião é livre. Mas o artigo é tão simplista, tão "básico" que
parece escrito, desculpem a expressão, para mentecaptos. DR JOSE F MOTA GUIMARAES INICIANTE: Então o que
falta? Vamos lá. Diga. Joao MODERADOR: Caro AARR, os
missionários têm por missão espalhar a crença e aumentar o rebanho. O Biden que
está em Washington e zela por nós aqui no mundo, os apóstolos da Nato que
radiam de Bruxelas os seus ensinamentos, e os missionários que repetem a
ladainha nos locais mais remotos. HNevesEXPERIENTE: O Putin é um
felizardo! - o Rei Biden oferece-lhe aquilo que ele mais aprecia: ser tratado
como um “igual”. Já no que toca à máxima de Reagan “Verificar e, depois,
confiar”, a coisa parece mudar de figura. O presidente russo, como não tem
memória curta, lembra-se bem como os EUA meteram no bolso Gorbatchov e Yeltsin
- estes sim, grandes estadistas, que o chamado Ocidente muito admirava, mas,
pelos vistos, o povo russo nem por isso. DR JOSE F MOTA GUIMARAES INICIANTE: Então o que
falta? Vamos lá. Diga-o. Joao MODERADOR: O erro permanente
da avaliação é os anafados crerem nos outros as suas próprias motivações. É
como diz, caro Neves, se o Putin quisesse aparecer na foto e no banquete dos
anafados e roliços bastava oferecer a Rússia e os russos de bandeja como o
Yeltsin fez, tão querido é o Yeltsin em Londres onde pôs milhares de milhão e
os títulos de propriedade das empresas russas, mas de tão triste memória pelos
anos negros de que a Rússia ainda não recuperou, como é óbvio. Manuel Caetano MODERADOR: Este texto de
TdeS mostra bem como o ocidente-político sob a direcção e o mando do
excepcionalismo messiânico americano se vê a si próprio e olha o resto do mundo
- um misto de príncipe narciso, rei midas e de rainha madrasta má que se mira
no espelho-mundo e exclama: espelho meu, espelho meu, há neste mundo alguém
mais belo, virtuoso e poderoso do que eu? TdeS utiliza um parágrafo inteiro
para elencar os malefícios da rússia mas não faz uma única tentativa para
elencar os erros (graves) do ocidente-político que estão na base de tais
malefícios. No palco-mundo assistimos hoje a uma despudorada comédia de enganos
em que o Golias (o ocidente-político) finge ser um frágil David ameaçado e o
markting promocional propagandeia o espectáculo com sucesso. Esperemos que não
incendeiem o teatro. AARR EXPERIENTE: Comentário muito
certeiro. Diria que é quase inacreditável ler este tipo de artigos ... raiam a
boçalidade, no sentido de que são tão básicos, tão primários ... que até
"dá dó" ... Jonas Almeida EXPERIENTE: Concordo também!
Como mtos outros, para mim o Ocidente é o espaço entre a Pnyx e thermopylae.
Que se lixem imperadores e os messias. Acho de facto que TdS deixou aqui por
dissecar "os erros (graves) do ocidente-político que estão na base de tais
malefícios". Artigo futuro? Jonas Almeida EXPERIENTE: No topo da lista,
o neoliberalismo ter comido a Democracia. Ter sacrificado o contrato social à
livre circulação de obrigações contributivas para os paraísos do regime (um dos
temas do G7). Usar o endividamento "sem alternativa" dos protectorados
para capitalizar as metrópoles. O regresso a compulsões de Lebensraum. A lista
do que deu o flanco de um continente alonga-se... O post mortem merece ser
feito com vagar. À distância, as semelhanças com a última vez que o Ocidente
continental teve de ser salvo de si próprio acumulam-se. Roberto34 MODERADOR: Não Jonas, a
Europa continental não precisa de nenhuma salvação. Você bem tenta arranjar
conflitos onde eles não existem, mas não tem sorte nenhuma. E não existe
nenhum endividamento sem alternativa dos protectorados nem existem metrópoles
na Europa. E escusa também de vir com essa mania doentia de comparar a UE com o
regime Nazi. É de uma falta de respeito e desonestidade intelectual incrível.
Manuel Caetano MODERADOR: Jonas Almeida: o
neoliberalismo criou um novo contrato social (não escrito) que consiste em
reconhecer aos cidadãos o direito de viver as suas vidas pessoais como
entenderem mas eles terão que reconhecer e respeitar o liberalismo na economia
e a liberdade de acção dos empresários na desregulamentação do trabalho e na
precarização no emprego. No âmbito do estado este novo contrato social impõe o
estado mínimo e o estado assistencial (o fim do estado social que, no passado
recente, fez da europa um oásis relativo de direitos laborais). Não tenhamos
ilusões porque no dia em que os cidadãos se rebelarem contra esta
"economia que mata" (no dizer do Papa Francisco) tentarão tirar-nos
as liberdades individuais. Ao contrário do que muitos nos dizem a História não
tem nenhum sentido predeterminado. Jonas Almeida EXPERIENTE: Não podia
concordar mais consigo Manuel (e com o papa). Varoufakis tem uma descrição
deste processo que achei interessante: a "privatização (individual) da
felicidade". Explica ele, em troca da cedência da pólis-tica pela Demos. A
mesma armadilha mortal com que alimentam galinhas nos aviários. O
neoliberalismo empurra-nos para um espaço entre Orwell e Huxley. Sagres. INICIANTE: "excepcionalismo
messiânico americano se vê a si próprio e olha o resto do mundo" Humm. Os
EUA são os únicos no mundo? E a Europa? Vamos então ser mais claros. Vamos
comparar a Rússia com Portugal. MC, a Rússia é uma democracia? O que tem a
Rússia de Putin a oferecer à nossa democracia? A Rússia é menos liberal que
Portugal? Os trabalhadores na Rússia estão mais protegidos que os trabalhadores
de Portugal? E já agora, é um facto que para os EUA há o direito de o criticar
livremente. Então porque com a Rússia tem de ser diferente? A Rússia de Putin
não pode ser criticada? E por falar em desonestidade intelectual, se Ocidente é
o Golias de certeza que a Rússia não é o David. Ou é? Onde? Em que sentido?
Estamos a ser mauzinhos para a Rússia por não deixar esta invadir outros
países? É isto? Cesar Neves EXPERIENTE: A propaganda é lixada. Dizem: nós somos
democracias: eles autocracias. O princípio é sempre o mesmo: nós somos bonzinhos:
eles são os maus: de modo que lhes podemos fazer maldades á vontade.
Infelizmente nem somos bonzinhos nem somos democratas. Que o diga uma mulher
que está a parir e leva com um míssil num bombardeamento "cirúrgico".
Que o digam os egípcios, que elegeram democraticamente um governo de quem os EU
não gostaram; e claro, estes fizeram o que sempre fazem: golpe de estado e
ditadura cruel em cima deles. Que o digam os sobreviventes das
"Primaveras": guerras civis fomentadas pelo Ocidente. Quer que
continue. Bem me parece que não. Pois é: somos tão maus, ou piores, do que
aqueles que a "senhora" considera autocracias. Veja lá se tem coragem
para o dizer. Joao MODERADOR: Em número de
mortos e em número de guerras somos, infelizmente, mil vezes piores que os
outros de que todos os dias os media aqui dizem cobras e lagartos. Magritte EXPERIENTE: Banalidade e consensualismo: eis o resumo destas
crónicas. Seja sobre a UE, os EUA, China ou Rússia, as reflexões são sempre as
mesmas: repetidas, aborrecidas e inúteis. Biden faz o périplo do império
americano, essa aliança de democracias que inclui a Arábia Saudita, contra os
que violam os direitos internacionais, como invadindo e ocupando e violando o
princípio da soberania (Iraque, Síria, Afeganistão)? Como é possível continuar
com esta lenga lenga? Joao MODERADOR: Como digo em
cima, é o espalhar a crendice pelos cantos do mundo, é a missão dos
missionários. joaquim valores INICIANTE: Eles estão com medo da falida OTAN, do grupelho g7, da
frouxa UE e do Trump II. É tanta pressão que a futura aliança Rússia e China.
1/3, massa terrestre, economias sólidas, e suas armas sofisticadas, vão
implorar Misericórdia e aceitar a maravilhosa democracia ocidental.
II - O centro da Terra arrefece mais
lentamente por baixo do Brasil — e ninguém sabe porquê
Um grupo de sismólogos da Universidade
da Califórnia, em Berkeley, acredita que o núcleo terrestre cresce de forma
assimétrica. A teoria pode trazer novas pistas sobre a formação do campo
magnético terrestre.
PÚBLICO, 16 de
Junho de 2021
FOTO: O núcleo interno cresce como uma
bola de neve NOAA NOAA
O núcleo da Terra está a crescer mais depressa de um lado do que do
outro desde que o centro do planeta começou a arrefecer há cerca de 500 milhões
de anos. A conclusão é de um grupo de
sismólogos da Universidade da Califórnia, em Berkeley, nos EUA, que está a
estudar a forma como as ondas sísmicas atravessam o planeta para aprender mais
sobre a dinâmica interna da Terra. Os resultados mais recentes — que podem
dar pistas para perceber a formação do campo magnético terrestre — foram
publicados este mês na revista académica Nature Geoscience.
Um
dos objectivos da equipa de Berkeley era
perceber o motivo que leva as ondas sísmicas que vão do Pólo Norte para o Pólo
Sul a propagarem-se mais rapidamente pelo interior da Terra
do que as ondas que viajam através da faixa equatorial.
Embora
seja impossível viajar até ao centro do planeta, há
indícios de que o núcleo terrestre seja composto por uma enorme esfera de ferro
sólida com cerca de 2400 quilómetros de diâmetro (núcleo interno), envolvida
por outra de ferro ardente (núcleo externo).
A camada interna foi sendo formada, gradualmente, ao longo de milhões de anos
devido ao arrefecimento da camada externa. A teoria dos
investigadores de Berkeley é a de que o núcleo cresce de forma assimétrica e é
isso que leva as ondas sísmicas a viajar a velocidades diferentes.
“O
facto de os hemisférios oriental e ocidental crescerem a velocidades diferentes
significa que os cristais de ferro no Ocidente estão a formar-se mais
lentamente do que no Oriente”, explica ao
PÚBLICO Daniel Frost, que dirigiu
o estudo e é investigador na Universidade da Califórnia em Berkeley. “O
manto terrestre [camada da estrutura interna da Terra entre a crosta e o núcleo
que controla a ocorrência de sismos] é arrefecido por subducção [processo de
afundamento] de placas tectónicas frias que descem da superfície da Terra para
o fundo do manto que é também o topo do núcleo exterior”, continua Frost. “O
manto arrefece o núcleo exterior e este arrefece o núcleo interior.”
Assim,
o núcleo interno cresce como uma bola de neve que acumula mais camadas à medida
que o núcleo externo arrefece.
De acordo com a análise publicada na Nature Geoscience, a parte
do núcleo terrestre que fica por debaixo do mar de Banda, no oceano Pacífico,
acumula 60% mais de cristais de ferro do que a parte que fica sob o Brasil. Isto indica que a parte da Terra que
fica por debaixo do Brasil está a arrefecer mais lentamente. Como as ondas sísmicas viajam mais rapidamente em
materiais mais densos, é natural que as ondas a viajar ao longo da faixa
equatorial sejam mais lentas.
GRÁFICO: Taxa de
crescimento heterogénea em termos equatoriais e hemisféricos UNIVERSIDADE DE
BERKELEY
Impacto no campo magnético
Os
investigadores de Berkeley ainda não conseguem precisar os motivos por detrás
deste arrefecimento assimétrico
(“É possível que existam mais placas tectónicas a
afundar-se debaixo da América Central e do Sul do que no Sudeste asiático”,
admite Frost). A
equipa acredita, no entanto,
que a temperatura desigual do interior da Terra pode
influenciar o campo magnético que nos protege da radiação cósmica e das
partículas electricamente carregadas e emitidas pelo Sol.
“Actualmente, o campo magnético é
alimentado pelo calor perdido do núcleo interior, quando este se cristaliza. Se
o núcleo interno estiver a crescer mais rapidamente de um lado do que do outro,
então o núcleo externo mover-se-á mais para um lado, o que poderá alterar a
força do campo magnético”, explica
Frost. “Há um chamado ‘desvio para o Oriente’”, sublinha.
“Especulo — mas não tenho boas provas para dizer — que se a força para o campo
magnético a partir do núcleo interior gelado for assimétrica, isso pode fazer
com que o campo se mova.”
Frost reitera, porém, que os investigadores não sabem ao
certo o impacto do núcleo interno no campo magnético. Em parte, porque ainda
não se conhece a história do campo magnético que, com cerca de três mil milhões
de anos, antecede a formação do núcleo interno. É preciso mais
investigação.
Em
parceria com investigadores da Universidade de Nantes, em França, a equipa de
Frost criou um modelo que retrata o crescimento do núcleo a velocidades
diferentes. Este
modelo incorpora as observações de investigadores de ondas sísmicas que viajam
a velocidades diferentes através do interior e pode ajudar a perceber melhor a
criação e evolução do campo magnético que, com três mil milhões de anos,
antecede o núcleo interno.
“Fornecemos
um limite amplo para a idade do núcleo interno — entre 500 milhões e 1,5 mil
milhões de anos — que pode ajudar no debate sobre como o campo magnético foi
gerado antes da existência do núcleo interior sólido”, avançou Barbara Romanowicz, directora emérita do Laboratório Sismológico de
Berkeley (BSL), que também participou no estudo, na apresentação do mesmo.
Curiosamente, a assimetria na
solidificação do núcleo não quer dizer que o centro da Terra seja oval.
Pensa-se que a gravidade distribui, com o tempo, os novos cristais de ferro que
se vão formando para manter um núcleo esférico.
TÓPICOS:
INVESTIGAÇÃO
CIENTÍFICA CIÊNCIA
TERRA GEOLOGIA SISMOS ESPAÇO GEOFÍSICA
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