quinta-feira, 17 de junho de 2021

A Terra - o fundo e a superfície


E os Estados Unidos na berra, comandando as operações de ambas as partes.

ANÁLISE

Com ventos de feição

TERESA DE SOUSA           PÚBLICO, 16 de Junho de 2021,

1.Joe Biden chega a Genebra para a sua primeira cimeira com Vladimir Putin numa posição que dificilmente poderia ser mais favorável. Tudo lhe correu bem nos encontros com os aliados europeus, durante o seu primeiro périplo ao estrangeiro desde que chegou à Casa Branca. Talvez não fosse de esperar outra coisa. Mas, mesmo assim, na reunião do G7 e na cimeira da NATO, o grande objectivo estratégico da sua política externa ficou claramente inscrito em letra de forma nas decisões finais: unir as democracias para fazer frente à ascensão das autocracias, numa muito dura competição pela hegemonia mundial. Os adversários têm nome: China e Rússia. Durante a conferência de imprensa com que concluiu a cimeira da NATO, o Presidente americano resumiu a mensagem essencial que queria enviar a Pequim e Moscovo: dividir os dois lados do Atlântico deixou de ser uma arma de que possam dispor para enfraquecer o Ocidente.

Há nuances entre os aliados sobre a dimensão ou a premência das ameaças que as potências autocráticas representam? Pode haver. Sempre houve, ao longo dos 72 anos de vida da Aliança Atlântica, mesmo no tempo em que milhares de tanques e centenas de mísseis nucleares soviéticos estacionavam junto à fronteira da Alemanha Ocidental. Há o receio de que Biden ceda alguma coisa (ou demasiado) à tentação proteccionista do “Buy American”? Certamente. Há diferenças sobre a melhor maneira de lidar com a China e a Rússia? Muito provavelmente. Até porque, face à China e à Rússia, a União Europeia está longe de ter uma posição comum. Mas, no essencial, a missão de resgate do Ocidente, um conceito que parecia caído em desuso, parece estar em marcha. Graças a Biden.

2. Não houve, de início, total unanimidade em Washington sobre a oportunidade da cimeira com Putin. Demasiado cedo? Risco demasiado elevado de não produzir qualquer resultado, condenando-a a ser a primeira e a última por um longo período de tempo? Jake Sullivan, o conselheiro nacional de Segurança do Presidente, justificou o calendário lembrando aos jornalistas que Biden chegaria a Genebra com “os ventos a soprar de feição”. Tinha razão. Falta saber qual será o comportamento de Putin. Seguirá o padrão a que já habituou as democracias, desempenhando o seu papel preferido de “homem forte” que não teme nada nem ninguém? O Presidente russo traz consigo para Genebra um longo cadastro de agressões e de provocações que desafiam abertamente a ordem internacional. Anexou território de dois Estados soberanos – a Geórgia e a Ucrânia. Interveio directamente na Síria e no conflito em torno do Nagorno-Karabakh. Criou um exército de hackers para lançar ataques contra infra-estruturas vitais das democracias ocidentais. Recorre sistematicamente a manobras de desinformação cujo objectivo é influenciar eleições ou lançar a confusão nas opiniões publicas das democracias. E já nem vale a pena falar da brutal repressão interna que teve em Alexei Navalny a sua vítima mais recente e mais mediática. A lista nem sequer está completa. A questão é saber se Putin é um “homem forte” mais fraco do que parece e se a avaliação que faz da única lei internacional que entende – a relação de forças – o levará a ver alguma vantagem na criação de um terreno de diálogo, mesmo que limitado, com os Estados Unidos.

Numa entrevista recente à NBC, o Presidente russo deixou algumas frases enigmáticas. Descreveu Biden como uma “político profissional” que pratica a profissão há décadas, comparando-o com um Trump que reagia “por impulso”. Ou, por outras palavras, de forma errática, uma característica que Putin soube aproveitar com grande perícia, metendo o seu homólogo americano no bolso as vezes que quis. A célebre cimeira de Helsínquia, em Junho de 2017, ainda estará na memória de muita gente, nomeadamente dos serviços secretos americanos, desautorizados por Trump em directo, ao lado do seu “amigo” Vladimir. Foi um enorme embaraço para os Estados Unidos.

3. Na segunda-feira, depois da cimeira da NATO, Biden pôde demonstrar aos jornalistas que é, de facto, um “profissional”. As perguntas, sobretudo da imprensa americana, foram todas dirigidas para o seu encontro com Putin. O Presidente lembrou-lhes que não ia “negociar em público” e por antecipação com o seu homólogo russo. Não teve a menor hesitação em reconhecer que Putin é um político “brilhante e duro”. Ou seja, não o subestima. Deixou-lhe, no entanto, um aviso breve e conciso: se mantiver o mesmo comportamento, os EUA “responderão com a mesma moeda”. Lembrou a velha máxima de Reagan nas negociações com a União Soviética, na década de 1980: “Verificar e, depois, confiar”. Aliás, há algumas semelhanças entre ambos. Antes de negociar com Gorbatchov o desarmamento nuclear, Reagan descreveu a União Soviética como o “império do mal” e anunciou a célebre “guerra das estrelas” para sublinhar que só negociava com o “inimigo” numa posição de força. Biden conhece Putin, com quem se encontrou na qualidade de vice-presidente de Obama. Não tem quaisquer ilusões. Já como Presidente, quando uma jornalista lhe perguntou se o considerava um “assassino”, respondeu laconicamente: “Sim”. O que pretende deste encontro é simples: criar canais de comunicação que lhe permitam manter uma relação “estável e previsível” com a Rússia. Oferece a Putin em troca aquilo que Putin mais aprecia: ser tratado como um “igual”.

tp.ocilbup@asuos.ed.aseret

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COMENTÁRIOS:

Jose MODERADOR: Estes desabafos de alma de pessoas absolutamente enfeudadas ao totalitarismo dos falcões da indústria da guerra dos EUA têm a utilidade de confessar a vontade de matar quem for necessário e mais para impor a hegemonia totalitária no mundo. Ficamos todos esclarecidos sobre os maléficos desígnios que TdS representa. É horrível haver entre nós fanáticos tribais como TdS nos revela. Urge aumentar, reforçar a oposição ao crime premeditado erguido a estratégia do braço armado do patronato, do Capital, do Império Colonial dos EUA e sucedâneos servos como a UE.           Beep Beep.469369 MODERADOR: Copy-paste do Avante        AARR EXPERIENTE: Torna-se um pouco confrangedor ler artigos como este num jornal que se pretende de referência. Não estão em causa as ideias da autora. Cada um acredita no que quiser e a opinião é livre. Mas o artigo é tão simplista, tão "básico" que parece escrito, desculpem a expressão, para mentecaptos. DR JOSE F MOTA GUIMARAES INICIANTE: Então o que falta? Vamos lá. Diga.       Joao MODERADOR: Caro AARR, os missionários têm por missão espalhar a crença e aumentar o rebanho. O Biden que está em Washington e zela por nós aqui no mundo, os apóstolos da Nato que radiam de Bruxelas os seus ensinamentos, e os missionários que repetem a ladainha nos locais mais remotos.          HNevesEXPERIENTE: O Putin é um felizardo! - o Rei Biden oferece-lhe aquilo que ele mais aprecia: ser tratado como um “igual”. Já no que toca à máxima de Reagan “Verificar e, depois, confiar”, a coisa parece mudar de figura. O presidente russo, como não tem memória curta, lembra-se bem como os EUA meteram no bolso Gorbatchov e Yeltsin - estes sim, grandes estadistas, que o chamado Ocidente muito admirava, mas, pelos vistos, o povo russo nem por isso.     DR JOSE F MOTA GUIMARAES INICIANTE: Então o que falta? Vamos lá. Diga-o.    Joao MODERADOR: O erro permanente da avaliação é os anafados crerem nos outros as suas próprias motivações. É como diz, caro Neves, se o Putin quisesse aparecer na foto e no banquete dos anafados e roliços bastava oferecer a Rússia e os russos de bandeja como o Yeltsin fez, tão querido é o Yeltsin em Londres onde pôs milhares de milhão e os títulos de propriedade das empresas russas, mas de tão triste memória pelos anos negros de que a Rússia ainda não recuperou, como é óbvio.           Manuel Caetano MODERADOR: Este texto de TdeS mostra bem como o ocidente-político sob a direcção e o mando do excepcionalismo messiânico americano se vê a si próprio e olha o resto do mundo - um misto de príncipe narciso, rei midas e de rainha madrasta má que se mira no espelho-mundo e exclama: espelho meu, espelho meu, há neste mundo alguém mais belo, virtuoso e poderoso do que eu? TdeS utiliza um parágrafo inteiro para elencar os malefícios da rússia mas não faz uma única tentativa para elencar os erros (graves) do ocidente-político que estão na base de tais malefícios. No palco-mundo assistimos hoje a uma despudorada comédia de enganos em que o Golias (o ocidente-político) finge ser um frágil David ameaçado e o markting promocional propagandeia o espectáculo com sucesso. Esperemos que não incendeiem o teatro.  AARR EXPERIENTE: Comentário muito certeiro. Diria que é quase inacreditável ler este tipo de artigos ... raiam a boçalidade, no sentido de que são tão básicos, tão primários ... que até "dá dó" ...         Jonas Almeida EXPERIENTE: Concordo também! Como mtos outros, para mim o Ocidente é o espaço entre a Pnyx e thermopylae. Que se lixem imperadores e os messias. Acho de facto que TdS deixou aqui por dissecar "os erros (graves) do ocidente-político que estão na base de tais malefícios". Artigo futuro?       Jonas Almeida EXPERIENTE: No topo da lista, o neoliberalismo ter comido a Democracia. Ter sacrificado o contrato social à livre circulação de obrigações contributivas para os paraísos do regime (um dos temas do G7). Usar o endividamento "sem alternativa" dos protectorados para capitalizar as metrópoles. O regresso a compulsões de Lebensraum. A lista do que deu o flanco de um continente alonga-se... O post mortem merece ser feito com vagar. À distância, as semelhanças com a última vez que o Ocidente continental teve de ser salvo de si próprio acumulam-se.            Roberto34 MODERADOR: Não Jonas, a Europa continental não precisa de nenhuma salvação. Você bem tenta arranjar conflitos onde eles não existem, mas não tem sorte nenhuma. E não existe nenhum endividamento sem alternativa dos protectorados nem existem metrópoles na Europa. E escusa também de vir com essa mania doentia de comparar a UE com o regime Nazi. É de uma falta de respeito e desonestidade intelectual incrível. Manuel Caetano MODERADOR: Jonas Almeida: o neoliberalismo criou um novo contrato social (não escrito) que consiste em reconhecer aos cidadãos o direito de viver as suas vidas pessoais como entenderem mas eles terão que reconhecer e respeitar o liberalismo na economia e a liberdade de acção dos empresários na desregulamentação do trabalho e na precarização no emprego. No âmbito do estado este novo contrato social impõe o estado mínimo e o estado assistencial (o fim do estado social que, no passado recente, fez da europa um oásis relativo de direitos laborais). Não tenhamos ilusões porque no dia em que os cidadãos se rebelarem contra esta "economia que mata" (no dizer do Papa Francisco) tentarão tirar-nos as liberdades individuais. Ao contrário do que muitos nos dizem a História não tem nenhum sentido predeterminado.          Jonas Almeida EXPERIENTE: Não podia concordar mais consigo Manuel (e com o papa). Varoufakis tem uma descrição deste processo que achei interessante: a "privatização (individual) da felicidade". Explica ele, em troca da cedência da pólis-tica pela Demos. A mesma armadilha mortal com que alimentam galinhas nos aviários. O neoliberalismo empurra-nos para um espaço entre Orwell e Huxley.           Sagres. INICIANTE: "excepcionalismo messiânico americano se vê a si próprio e olha o resto do mundo" Humm. Os EUA são os únicos no mundo? E a Europa? Vamos então ser mais claros. Vamos comparar a Rússia com Portugal. MC, a Rússia é uma democracia? O que tem a Rússia de Putin a oferecer à nossa democracia? A Rússia é menos liberal que Portugal? Os trabalhadores na Rússia estão mais protegidos que os trabalhadores de Portugal? E já agora, é um facto que para os EUA há o direito de o criticar livremente. Então porque com a Rússia tem de ser diferente? A Rússia de Putin não pode ser criticada? E por falar em desonestidade intelectual, se Ocidente é o Golias de certeza que a Rússia não é o David. Ou é? Onde? Em que sentido? Estamos a ser mauzinhos para a Rússia por não deixar esta invadir outros países? É isto?    Cesar Neves EXPERIENTE: A propaganda é lixada. Dizem: nós somos democracias: eles autocracias. O princípio é sempre o mesmo: nós somos bonzinhos: eles são os maus: de modo que lhes podemos fazer maldades á vontade. Infelizmente nem somos bonzinhos nem somos democratas. Que o diga uma mulher que está a parir e leva com um míssil num bombardeamento "cirúrgico". Que o digam os egípcios, que elegeram democraticamente um governo de quem os EU não gostaram; e claro, estes fizeram o que sempre fazem: golpe de estado e ditadura cruel em cima deles. Que o digam os sobreviventes das "Primaveras": guerras civis fomentadas pelo Ocidente. Quer que continue. Bem me parece que não. Pois é: somos tão maus, ou piores, do que aqueles que a "senhora" considera autocracias. Veja lá se tem coragem para o dizer.         Joao MODERADOR: Em número de mortos e em número de guerras somos, infelizmente, mil vezes piores que os outros de que todos os dias os media aqui dizem cobras e lagartos.           Magritte EXPERIENTE: Banalidade e consensualismo: eis o resumo destas crónicas. Seja sobre a UE, os EUA, China ou Rússia, as reflexões são sempre as mesmas: repetidas, aborrecidas e inúteis. Biden faz o périplo do império americano, essa aliança de democracias que inclui a Arábia Saudita, contra os que violam os direitos internacionais, como invadindo e ocupando e violando o princípio da soberania (Iraque, Síria, Afeganistão)? Como é possível continuar com esta lenga lenga?           Joao MODERADOR: Como digo em cima, é o espalhar a crendice pelos cantos do mundo, é a missão dos missionários.          joaquim valores INICIANTE: Eles estão com medo da falida OTAN, do grupelho g7, da frouxa UE e do Trump II. É tanta pressão que a futura aliança Rússia e China. 1/3, massa terrestre, economias sólidas, e suas armas sofisticadas, vão implorar Misericórdia e aceitar a maravilhosa democracia ocidental.

II - O centro da Terra arrefece mais lentamente por baixo do Brasil — e ninguém sabe porquê

Um grupo de sismólogos da Universidade da Califórnia, em Berkeley, acredita que o núcleo terrestre cresce de forma assimétrica. A teoria pode trazer novas pistas sobre a formação do campo magnético terrestre.

KARLA PEQUENINO

PÚBLICO, 16 de Junho de 2021

FOTO: O núcleo interno cresce como uma bola de neve NOAA NOAA

O núcleo da Terra está a crescer mais depressa de um lado do que do outro desde que o centro do planeta começou a arrefecer há cerca de 500 milhões de anos. A conclusão é de um grupo de sismólogos da Universidade da Califórnia, em Berkeley, nos EUA, que está a estudar a forma como as ondas sísmicas atravessam o planeta para aprender mais sobre a dinâmica interna da Terra. Os resultados mais recentes — que podem dar pistas para perceber a formação do campo magnético terrestre — foram publicados este mês na revista académica Nature Geoscience.

Um dos objectivos da equipa de Berkeley era perceber o motivo que leva as ondas sísmicas que vão do Pólo Norte para o Pólo Sul a propagarem-se mais rapidamente pelo interior da Terra do que as ondas que viajam através da faixa equatorial.

Embora seja impossível viajar até ao centro do planeta, há indícios de que o núcleo terrestre seja composto por uma enorme esfera de ferro sólida com cerca de 2400 quilómetros de diâmetro (núcleo interno), envolvida por outra de ferro ardente (núcleo externo). A camada interna foi sendo formada, gradualmente, ao longo de milhões de anos devido ao arrefecimento da camada externa. A teoria dos investigadores de Berkeley é a de que o núcleo cresce de forma assimétrica e é isso que leva as ondas sísmicas a viajar a velocidades diferentes.

O facto de os hemisférios oriental e ocidental crescerem a velocidades diferentes significa que os cristais de ferro no Ocidente estão a formar-se mais lentamente do que no Oriente”, explica ao PÚBLICO Daniel Frost, que dirigiu o estudo e é investigador na Universidade da Califórnia em Berkeley.O manto terrestre [camada da estrutura interna da Terra entre a crosta e o núcleo que controla a ocorrência de sismos] é arrefecido por subducção [processo de afundamento] de placas tectónicas frias que descem da superfície da Terra para o fundo do manto que é também o topo do núcleo exterior”, continua Frost. “O manto arrefece o núcleo exterior e este arrefece o núcleo interior.

Assim, o núcleo interno cresce como uma bola de neve que acumula mais camadas à medida que o núcleo externo arrefece. De acordo com a análise publicada na Nature Geoscience, a parte do núcleo terrestre que fica por debaixo do mar de Banda, no oceano Pacífico, acumula 60% mais de cristais de ferro do que a parte que fica sob o Brasil. Isto indica que a parte da Terra que fica por debaixo do Brasil está a arrefecer mais lentamente. Como as ondas sísmicas viajam mais rapidamente em materiais mais densos, é natural que as ondas a viajar ao longo da faixa equatorial sejam mais lentas.

GRÁFICO: Taxa de crescimento heterogénea em termos equatoriais e hemisféricos UNIVERSIDADE DE BERKELEY

Impacto no campo magnético

Os investigadores de Berkeley ainda não conseguem precisar os motivos por detrás deste arrefecimento assimétrico (“É possível que existam mais placas tectónicas a afundar-se debaixo da América Central e do Sul do que no Sudeste asiático”, admite Frost). A equipa acredita, no entanto, que a temperatura desigual do interior da Terra pode influenciar o campo magnético que nos protege da radiação cósmica e das partículas electricamente carregadas e emitidas pelo Sol.

“Actualmente, o campo magnético é alimentado pelo calor perdido do núcleo interior, quando este se cristaliza. Se o núcleo interno estiver a crescer mais rapidamente de um lado do que do outro, então o núcleo externo mover-se-á mais para um lado, o que poderá alterar a força do campo magnético”, explica Frost. “Há um chamado ‘desvio para o Oriente’”, sublinha. “Especulo — mas não tenho boas provas para dizer — que se a força para o campo magnético a partir do núcleo interior gelado for assimétrica, isso pode fazer com que o campo se mova.”

Frost reitera, porém, que os investigadores não sabem ao certo o impacto do núcleo interno no campo magnético. Em parte, porque ainda não se conhece a história do campo magnético que, com cerca de três mil milhões de anos, antecede a formação do núcleo interno. É preciso mais investigação.

Em parceria com investigadores da Universidade de Nantes, em França, a equipa de Frost criou um modelo que retrata o crescimento do núcleo a velocidades diferentes. Este modelo incorpora as observações de investigadores de ondas sísmicas que viajam a velocidades diferentes através do interior e pode ajudar a perceber melhor a criação e evolução do campo magnético que, com três mil milhões de anos, antecede o núcleo interno.

Fornecemos um limite amplo para a idade do núcleo interno — entre 500 milhões e 1,5 mil milhões de anos — que pode ajudar no debate sobre como o campo magnético foi gerado antes da existência do núcleo interior sólido”, avançou Barbara Romanowicz, directora emérita do Laboratório Sismológico de Berkeley (BSL), que também participou no estudo, na apresentação do mesmo.

Curiosamente, a assimetria na solidificação do núcleo não quer dizer que o centro da Terra seja oval. Pensa-se que a gravidade distribui, com o tempo, os novos cristais de ferro que se vão formando para manter um núcleo esférico.

tp.ocilbup@onineuqep.alrak

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