Um texto de Bruno Cardoso tentando esclarecer sobre o papel da Europa e dos Estados Unidos no conflito israelo-palestiniano. Começo por citar a introdução do texto de José Manuel Fernandes, bastante anterior àquele, sobre as origens desse conflito. E assim vamos confirmando os nossos primitivos pensamentos a esse respeito, naturalmente de apoio a quem tanto sofreu, durante imensidade de anos…
Texto: Em 26
perguntas e respostas procuramos explicar as origens do conflito do Médio
Oriente, a sua evolução nas últimas décadas e o porquê da escalada de violência
das últimas semanas.
JOSÉ MANUEL
FERNANDES OBSERVADOR, 13 jul 2014
Como é que tudo
começou?
Quase se pode dizer: no princípio era o verbo. Os territórios reivindicados por israelitas e
palestinianos encontram-se entre os que, historicamente, mais disputados
foram. A isso não é indiferente o facto de no seu centro se
encontrar Jerusalém, cidade-santa para três grandes religiões monoteístas: o
judaísmo, o cristianismo e o islamismo.
É
em Jerusalém que está aquele que é actualmente o lugar mais sagrado para os
judeus, o muro das lamentações, um troço do antigo Templo de Herodes. O muro
delimita uma das faces da elevação a que os judeus chamam Monte do Templo,
por aí se ter erguido o templo original, construído por Salomão e destruído por
Nabucodonosor, e depois o Segundo Templo, erguido por Herodes e destruído
durante a ocupação romana, no ano 70. O pequeno planalto no topo de Monte
do Templo é, para os muçulmanos, a Esplanada das Mesquitas, onde se
situa A Cúpula da Rocha, ou Mesquita de Omar, o santuário que foi erguido no
local onde se acredita ter existido o altar de sacrifícios utilizado por
Abraão, o profeta que o cristianismo e o islão partilham com o judaismo. Ao lado fica a mesquita de al-Aqsa, do século
VIII, mandada construir pelo segundo califa, Omar. Este é o terceiro lugar
sagrado do Islão, depois de Meca e Medina.
A
proximidade destes dois lugares de culto é tão grande que houve alturas em que,
do alto do Monte do Templo, palestinianos atiravam pedras ao judeus que
rezavam junto à base do Muro das Lamentações. E foi quando
Ariel Sharon, então líder da oposição, resolveu visitar a Esplanada das
Mesquitas que, em reacção a um gesto que foi visto como uma provocação, se
iniciou a revolta que viria a ser
conhecida como “segunda
Intifada”. A impossibilidade de se entenderem sobre este
pedaço de Jerusalém, que não é maior do que um campo de futebol, foi um dos
problemas que levou Ehud Barak, então primeiro-ministro de Israel, e Yasser Arafat,
o histórico líder palestiniano, a falharem em 2000 um acordo de paz que Bill Clinton
tinha laboriosamente promovido.
A
poucas centenas de metros destes locais fica, por sua vez, um dos lugares mais
sagrados para os cristãos, a Basílica do Santo Sepulcro, construída no
local onde se pensa que Jesus Cristo foi crucificado e, depois, sepultado, para
ressuscitar ao terceiro dia. Esta concentração de lugares sagrados para
várias religiões ajuda a explicar tensões que não nasceram apenas com o actual
conflito, antes atravessaram os séculos e, a par com as ambições dos mais
diferentes impérios, fizeram com que Jerusalém fosse inúmeras vezes cercada,
ocupada, saqueada e incendiada, uma história trágica que está no centro dos
dramas da Terra Prometida – uma terra que, afinal, foi demasiado prometida.
Mas
se este é o pano de fundo de uma história agitada, o actual conflito tem as suas
raízes no século XIX, altura em que surgiu o movimento sionista a reivindicar o
direito do povo judeu a uma pátria, e no início do século XX, quando o
desmoronar do Império Otomano criou um vazio de poder que levaria ao redesenhar
das fronteiras de todo o Médio Oriente. Quando, no final desse processo,
emergiu o Estado de Israel, nunca a sua simples existência foi aceite pelos
estados árabes da região. Passou a viver-se num clima de guerra permanente.
O que são hoje Israel e a Palestina?
As fronteiras reconhecidas
internacionalmente de Israel resultam da guerra de 1948, quando o nascente
estado judaico derrotou vários exércitos árabes – egípcio, jordano e sírio –
numa guerra que se seguiu à decisão das Nações Unidas de dividir o território
da Palestina em dois estados, um para os judeus, outro para os árabes.
Os líderes israelitas, encabeçados
por David Ben Gurion, decidiram aceitar a partição e proclamaram de imediato o novo Estado de Israel. O mesmo não sucedeu com os árabes da Palestina que,
apoiados pelos estados vizinhos, acreditaram poder esmagar os judeus e reclamar
para si todo o território. Não foi isso que sucedeu. Apesar de uma flagrante
inferioridade numérica, o exército israelita conseguiu derrotar os diferentes
exércitos árabes, alargando de forma substantiva o território que resultara da
partição decidida pelas Nações Unidas. As fronteiras reconhecidas de Israel
resultam dessa guerra e foram as existentes até à Guerra dos Seis Dias, em
1967.
Nesse
ano, o governo trabalhista, ciente de que nas fronteiras do estado judaico se
estavam a acumular os exércitos da Síria, da Jordânia e do Egipto, decidiu
atacar primeiro e, numa operação militar que entrou para a história, derrotou
em menos de uma semana todos os seus opositores, ocupou o resto dos territórios
da Palestina – a sul a Faixa de Gaza, que estava sob administração egípcia, a
leste a Cisjordânia, administrada por Amã -, a que acrescentou a Península do
Sinai, conquistada ao Egipto, e os Montes Golã, antes parte da Síria.
As fronteiras de Israel de 1948 a
1967
Os
acordos de paz de 1979, entre Israel e o Egipto permitiram a devolução do
Sinai. Quanto à Faixa de Gaza, Israel retirou-se completamente desse território
em 2005, por decisão unilateral promovida pelo então primeiro-ministro Ariel
Sharon.
Os acordos de Oslo, 1993, permitiram a autonomização de uma Autoridade
Palestiniana, com jurisdição sobre a Faixa de Gaza e a Cisjordânia (à excepção
dos colonatos), entidade essa para a qual Israel iria gradualmente transferindo
soberania segundo um regime faseado até que as partes alcançassem um acordo
final.
Nos dias de hoje a Autoridade
Palestiniana está, na prática, dividida em duas, pois na Faixa de Gaza o poder
é do Hamas enquanto na Cisjordânia ele continua a ser controlado pela Fatah, o
maior grupo da Organização de Libertação da Palestina, OLP. A soberania da Autoridade Palestiniana é limitada, pois
não pode ter um exército, apenas forças policiais, não controla totalmente as
suas fronteiras e depende de Israel para coisas tão elementares como o acesso a
um aeroporto internacional.
Em 2012 as Nações Unidas concederam o
estatuto de “estado observador não-membro” ao autodesignado Estado da Palestina. Trata-se de um estatuto semelhante ao do Vaticano
que muitos interpretaram como um reconhecimento de facto do estado soberano da
Palestina, de resto proclamado desde Novembro de 1988.
Tanto Israel como a Autoridade
Palestiniana reclamam soberania sobre Jerusalém.
Israel declarou a cidade santa das três religiões como sendo a sua capital, um
gesto que não é reconhecido pela maior parte dos países com quem mantém
relações diplomáticas, que mantiveram as suas representações diplomáticas em
Telavive.
O que foi o movimento sionista?
O
sionismo nasceu no final do século XIX e pode inserir-se num
quadro mais geral de desenvolvimento dos nacionalismos na Europa. O seu
fundador foi Theodor
Herzl cujo livro
Der Judenstaat (O Estado Judeu), publicado em 1896, se tornou num sucesso
instantâneo. Os primeiros sionistas eram sobretudo judeus seculares Ashkenazi que reagiam também à ascensão do
anti-semitismo na Europa (França
conhecera o caso Dreyfus e na Rússia voltava a generalizar-se a prática de pogroms,
isto é, massacres e perseguições patrocinadas pelas autoridades contra
comunidades judaicas). A proposta
de Herzl, um judeu austríaco, baseava-se na criação de um Estado,
preferencialmente na Palestina, a terra prometida dos judeus, se bem que
considerasse hipóteses alternativas como a Argentina (mais tarde também se
discutiriam outras alternativas, como Madagáscar ou o Uganda).
O
movimento estimulou desde o início a imigração para a Palestina, onde os judeus
começaram a comprar terras para se instalarem. Família a família. Casa a casa.
David Ben Gurion, que mais tarde lideraria a fundação do Estado de Israel e
seria o seu primeiro primeiro-ministro, foi um dos jovens que emigrou da Europa
(nasceu na Polónia) para a Palestina logo no início do século e aí se instalou
para organizar a vinda de mais jovens.
Existem hoje várias variantes do
sionismo, umas mais marcadas por ideologias políticas – o trabalhismo, o
liberalismo -, outras por um nacionalismo radical, outras ainda pela religião.
(……………)
II TEXTO: A Europa tem de tomar partido entre a
Palestina e Israel? /premium
Será que a Palestina está a caminho de
se tornar num novo Tibete? Ou seja, uma causa trágica sem fim à vista e que
passou de moda. Claramente a Europa não consegue tomar uma posição coesa e
forte.
BRUNO CARDOSO REIS OBSERVADOR, 21 mai
2021
Quem tem razão, Israel ou a
Palestina? O que pode ou deve a Europa fazer face a esta nova fase de conflito
violento entre Israel e a Palestina? Procuraremos explicar porque é nos parece
que o conflito se tem tornado cada vez mais difícil de resolver e o peso da
Europa e dos EUA tem sido reduzido.
O que poderia a Europa fazer?
Perante
a morte, desde 10 de Maio, de mais de 200 palestinianos e 12 habitantes de
Israel (destes 2 emigrantes) o que fazer? Deve a Europa tomar partido por um
dos lados? Pode ajudar a resolver o problema ou é irrelevante? A Europa
dificilmente terá grande impacto no conflito, mas não é por ser completamente
irrelevante. Nomeadamente o conjunto dos países da União Europeia são a
principal fonte de financiamento humanitário na Palestina. Portanto, sem os europeus as condições de vida dos
palestinianos seriam muito piores. A UE também é o principal parceiro
comercial de Israel, representando quase 30% do comércio externo do país.
Portanto, se houvesse consenso na UE no sentido de usar de forma assertiva o
seu peso económico poderia ter grande impacto junto das partes no conflito,
embora a grande custo para as populações locais. Além disso as questões económicas tendem a
tornar-se secundárias em conflitos violentos, quando a questão é literalmente
de vida ou de morte. E aí a reduzida acção militar da Europa é um problema, não
tem grandes garantias de segurança para oferecer às partes em conflito. Em todo
o caso, não existe um consenso europeu para uma acção determinada e forte neste
conflito.
Uma Europa cada vez mais dividida
A
divisão europeia a respeito deste conflito manifesta-se há muitos anos, mas
tem-se agravado nos últimos tempos. Há um
pequeno grupo de Estados cada vez mais alinhados com Israel, à medida
que este foi virando à direita e se foi tornando um parceiro económico e
tecnológico mais interessante, como a Hungria
ou a Áustria. Há um
pequeno grupo de Estados como a Suécia
ou a Irlanda cada vez mais críticos de Israel, considerando inaceitável a situação dos
palestinianos. A maioria dos Estados europeus estão eles próprios
muito divididos. Também por isso a maioria dos Estados, incluindo Portugal,
tendem a tomar uma posição de grande prudência face ao conflito. As duas maiores potências continentais europeias são um
bom exemplo disso. A Alemanha tem o trauma histórico do genocídio
nazi dos judeus europeus, e faz, portanto, questão de não deixar dúvidas sobre
o inequívoco direito de Israel a defender-se de ataques violentos, mesmo que
expresse preocupação com as condições de vida dos palestinianos. A França, que até
foi um parceiro militar crucial nas suas décadas iniciais de existência de
Israel, tem a maior população muçulmana e judaica da Europa. Também tem sido
alvo preferencial de terrorismo fundamentalista, ao mesmo tempo que mantém
intensas relações com muitos países de maioria muçulmana. Também em Paris reina
o equilibrismo.
Pode-se
exigir da UE clareza na sua tomada de posição, mas não creio que haja condições
para isso, desde logo internas. Mas também, diga-se, porque este é um conflito
em que é difícil encontrar lados inocentes. Convém recordar que “só” há 12
mortos em Israel apesar de mais de 2000 misseis lançados pelo Hamas, por causa
da sua capacidade militar, defensiva e ofensiva. E não é crível que, nos mais de 200 palestinianos
mortos em ataques israelitas, não exista um único combatente do Hamas e sejam
todos civis. Por outro lado, a situação dos palestinianos é uma tragédia não
só para eles, é-o também para o prestígio de Israel.
Uns EUA mais divididos também no apoio a Israel
A fragmentação que mais importa no
conflito israelo-palestiniano não é, porém, na Europa. É, desde logo, a que se verifica nos EUA. O amplo
consenso em torno do apoio a Israel nos dois principais partidos
norte-americanos tem-se degradado. Do outro lado do Atlântico, efectivamente,
até os grandes consensos bipartidários tradicionais na política externa têm
começado a ficar em questão com a hiperpolarização crescente. Concretamente,
na ala esquerda do Partido Democrático do Presidente Joe Biden há cada vez mais
críticos de Israel. E mesmo a
ala moderada dos democratas, continua a querer apoiar Israel, mas tem cada vez
menos paciência para Netanyahu tendo em conta o seu alinhamento com Trump. Não é por acaso que Biden nem sequer nomeou um
embaixador para Israel, quanto mais um enviado especial. Biden não deu efectivamente qualquer sinal de querer
envolver-se a fundo num conflito em relação ao qual tantos presidentes
americanos anteriores tentaram encontrar a paz e falharam.
Porque
é que isto importa tanto? Os EUA, apesar de cada vez menos envolvidos no Médio
Oriente, continuam a fornecer e financiar biliões de dólares em equipamento
militar a Israel. E tão ou mais importante que esse apoio material, é a
colaboração íntima ao nível de serviços de informações, bem como o apoio
político e diplomático mais amplo a Israel. Os EUA ainda teriam os meios,
se não para impor uma solução de paz, pelo menos para obrigar a um cessar-fogo
e a algum movimento diplomático.
A fragmentação política crescente de Israel e da Palestina
A fragmentação que mais importa,
porém, é em Israel e na Palestina. Os dois lados neste conflito estão cada vez
menos coesos. O que torna cada vez mais difícil acreditar que há um
interlocutor forte, credível e legítimo com quem fazer a paz. Em Israel foram 13 os partidos que chegaram ao
parlamento nas eleições deste ano. A formação dos governos israelitas tem
exigido coligações cada vez mais amplas e contranatura. Na Palestina não houve
eleições nos últimos 15 anos. E as que estão prometidas para breve, tudo indica
que não darão uma vitória clara a qualquer partido. Este conflito está a ser usado por Netanyahu e pelo
Hamas para tentarem recuperar terreno. Para
mostrar que seriam os verdadeiros defensores do seu povo. Mas é duvidoso que o
consigam de uma forma que altere muito esta tendência fragmentadora, que se
exprimiu também em alarmantes e inéditos conflitos violentos nas ruas de Israel
entre cidadãos árabes e judeus. Sem interlocutores fortes a nível internacional
e local uma paz que exigiria um acordo difícil parece cada vez mais distante.
Para onde
vamos?
Será que a Palestina está a caminho de
se torno num novo Tibete? Ou seja,
uma causa trágica sem fim à vista e que passou de moda. Claramente, a Europa não consegue tomar uma posição
coesa e forte. Tudo indica que qualquer posição europeia no futuro próximo
sobre o conflito, a ser possível, será mais um consenso fraco sem grande
impacto. Do que podemos estar quase certos é que depois de o
governo de Israel e do Hamas acharem que podem declarar vitória e se chegar a
um cessar-fogo, caberá aos europeus pagar a reconstrução do que foi destruído.
Se isso acontecer podemos estar certos de que ninguém agradecerá à Europa.
Bruno
Cardoso Reis (no
twitter: @bcreis37), historiador, é um dos comentadores residentes do Café
Europa na Rádio Observador, juntamente com Henrique Burnay, Madalena
Meyer Resende e João Diogo Barbosa. O programa vai para o ar todas as
segundas-feiras às 14h00 e às 22h00.
CAFÉ EUROPA UNIÃO
EUROPEIA EUROPA MUNDO ISRAEL MÉDIO ORIENTE
COMENTÁRIOS:
Eduardo Oliveira: Mas alguém capaz e producente teria dúvidas em escolher
Israel para viver, em detrimento da Palestina? com a família ou amigos? A
Europa só tem uma opção. Combater o terrorismo miserável e defender a liberdade
e prosperidade. Francisco Tavares de Almeida: Também a abordagem aos EUA sofre do mesmo e de outro mal.
Quer no subtítulo (pode não ser do articulista) quer no início do parágrafo se
referem os EUA e até os dois principais partidos dos EUA mas, em todo o
texto que segue há apenas referências ao partido democrata, correctas quanto à
sua ala esquerda, discutíveis quanto à ala moderada. Sobre o partido
Republicano, nem pio. Com boa
vontade vou subentender que o articulista considera que os republicanos
apoiam Israel e Netanyahu (nem sempre é a mesma coisa). Mas a
abordagem é então ideológica. Acredito
que Elizabeth Warren, Bernie Sanders e Alexandria Ocasio-Cortez apoiem os
palestinianos, tal como o BE e a esquerda do PS o fazem em Portugal. Admito
mesmo que Kamala Harris nade nas mesmas águas. Mas isso é uma abordagem
totalmente errada pois com a possível excepção da "woke" Alexandria, os
outros não são parvos. Simplificadamente,
a maioria dos judeus americanos vota democrata, enquanto os republicanos têm
sobretudo o apoio ideológico dos judeus ortodoxos e muito mais doações da alta
finança. Nenhum dos partidos pode assim dispensar o apoio do eleitorado judeu e
não parece nada provável que o façam
estando já previstas eleições intercalares importantes em 2022. Não é preciso
ser bruxo para prever que se Biden, neste assunto, não conseguir calar a ala
esquerda democrata, estes vão perder o senado e provavelmente a câmara dos
representantes já em 2022. Ora alguém acredita que democratas, ainda que de esquerda, se arrisquem a
perder a maioria no congresso porque não gostam de Bibi? Fernando Fernandes: A Europa não passa duma agremiação de estados
comerciais. A Norte, com frio de rachar, pouco mais interessa de que os
pezinhos quentes. Quem fornece o gás? Não importa que envenene, que invada, que
assassine, que bombardeie, que gaseie. Tem gás, compra-se e fecham-se os olhos.
Ao Centro, vendem-se armas, centrais nucleares, aviões bombardeiros a quem mais
pague. Entregam-se judeus para serem carbonizados ou, compram-se dentes de ouro, anéis, colares e
vítimas e depois fazem-se lingotes lindos e ficam orgulhosos dos bons relógios
de cuco e fondue de queijo e kirche que comem nos bares privados. A Sul não se esquecem do que
fizeram no passado e, fecham os olhos para agradar aos financiadores da
miséria, ou votam de acordo com a direcção do vento. Quanto aos mortos, aos feridos,
às crianças, mulheres. Tal como os Sting no trabalho Russians, todos - árabes e
judeus, também amam seus filhos. Um terço das vítimas, foram dos foguetes do Hamas que
caíram no seu próprio território. Depois militantes, depois os que estavam
desprevenidos ou não seguiram as instruções dos israelitas (coisa interessante
essa de avisar antes de bombardear). Por fim, os israelitas (judeus e árabes)
que podem morrer, pois não se podem queixar. São e serão sempre culpados. Há
uma falha gritante nesta análise. Ainda que o Sr. Engº Guterres apareça a falar
como se estivesse com pressa para ir almoçar, ao dizer para Israel parar os
bombardeamentos, esqueceu-se de citar o Hamas, mas ele, Guterres, tem algumas
falhas...), não lhe veio à memória que a ONU pode e tem o dever de encontrar
uma solução para os árabes ditos, palestinianos. Uma parte deve regressar ao Egipto, à Síria, ao Líbano, à Jordânia, à
Líbia, a Marrocos e Tunísia. Os restantes, podem ser alocados à Transjordânia,
ou seja, à Jordânia. Israel, com 1/4 da dimensão de Portugal, metade deserto, não poderá
albergar tudo e todos. Aliás os que por lá vivem e têm "coisa europeia", estão
contra. Aliás esta gente está contra tudo. Por cá também!... A
viabilidade dum País deve existir e não podemos tolerar subsidiar grupos
terroristas que sequestram pessoas, para sobreviver. Aliás, as famílias a terem 10
filhos, não sei onde irá parar tanta gente. Por isso, já que a Inglaterra e a
França fizeram asneira, espera-se que a ONU emende. Mas nunca o conseguirá com
alguém com água pela cintura.
Paulo Guerra: Concordo que na UE é sempre o mesmo velho problema. À imagem das Nações
Unidas, também sem capacidade de decisão. Duas das
Instituições mais democráticas do Mundo que não conseguem pôr a Democracia a
funcionar dentro da própria causa. Se Democracia se limitasse a ouvir sempre todos não
se tomava praticamente uma decisão no Ocidente. Até lá tanto a ONU como a UE
vão sobretudo continuar a pagar o estrago. Já os EUA já podiam ter
resolvido este conflito há séculos. E na minha opinião vai ser mesmo a perda de
influência do Medio Oriente na agenda da Casa Branca que vai acabar por decidir
o conflito. Israel já teve muito mais tempo que o que tem hoje para pôr fim
e de uma vez por todas a todas as hostilidades e sobretudo à opressão que
exerceu sempre na Palestina. Francisco Tavares de Almeida: Um artigo que pedia um editor a
mandar para trás para clarificar. Confunde realidades diferentes e, a ter uma
tese, esta não é evidente. O título refere Israel e a Palestina mas a principal
parte do arrazoado é sobre o conflito entre o Hamas e Israel. Há que desde já
clarificar que o Hamas não é a Palestina. E nem o será se vencer as próximas
eleições. Ainda que as vença e que governe efectivamente, dizer que o Hamas é a
Palestina seria o mesmo que dizer que o Daesh era a Síria ou mesmo o Iraque
pois dominava mais território do que os governos sírio e iraquiano. Tem o articulista toda a razão
quando diz que a UE não está em condições de fazer escolhas externas. Nem
escolhe entre o Tibete e a China ou entre esta e Taiwan. ou Hong-Kong, ou Macau
ou os uigurhs. Aliás, quando for obrigada a
escolher entre Rússia-China e aliados e EUA e aliados, adivinha-se o caos. Mas se tivesse de escolher, com
toda a sua fraqueza e uma quinta eleição à vista, o governo de Israel, onde o
ministro da defesa é o principal opositor eleitoral de Netanyahu ainda dava
garantias de continuidade para as consequências dessa escolha. E escolhendo a
Palestina, quem se reconhecia e com quem se negociava? Com a A.P que há 15 anos
não promove eleições e pouco pesa na Faixa de Gaza? Directamente com a Fatah?
Com esta mais a OLP? E ainda com o Hamas? Pensando como português que se queria identificar
solidariamente com o povo palestiniano (povo palestiniano é uma simplificação
para habitantes na Palestina). Se quisesse ter direitos políticos e votar, teria de
escolher Israel. Se quisesse ter acesso a alguma
imprensa independente, teria de escolher Israel. Se fosse homossexual e
quisesse andar de mão dada com o meu marido/companheiro, teria que escolher
Israel. Se fosse lésbica e quisesse
beijar a minha mulher/companheira em público, teria de escolher Israel. Se
fosse mulher, teria de escolher Israel. Tudo isto sem ir à economia
pois se fosse do Sul de Portugal e quisesse aprender técnicas de rega de baixo
débito ou de dessalinização, também teria de escolher Israel.
Claro que se
fosse do BEe a escolha não implicasse
residência, se fosse dos vários Observatórios, Frentes, Ligas etc., antifascistas,
anti-racistas, pró igualdade etc., aí poderia escolher a Palestina se é que o
seguimento cego de uma ideologia se pode chamar de escolha. Fernando Fernandes > Francisco Tavares de Almeida:
Excelente
comentário! É comentários como o seu que me levam a ler os mesmos. Pena que quase todos
primam pela mediocridade.
Pedro Pedreiro > Fernando Fernandes: Digo o mesmo! Fernando Soares Loja: Não sei se percebi a tese do
artigo mas suspeito que o autor tem muita pena que a UE não consiga unir-se
para boicotar ainda mais economicamente Israel, já que 30% das exportações de
Israel são para a UE. Há males que vêm por bem: Se é para interferir no conflito a favor dos
terroristas do Hamas e da Fatah (Abu Mazen/Habas
tem culpa no atentado terrorista aos jogos olímpicos de Munique em que foram assassinados
cerca de uma dúzia de atletas de Israel) que a UE permaneça desunida por muitos
e bons anos. Já agora, nem os países muçulmanos estão
com paciência para apoiar os palestinianos. Nem os terroristas libaneses do Hezbollah
apoiaram os terroristas do Hamas. E podiam fazê-lo, obrigando as forças armadas
israelitas a dividir-se na defesa contra Gaza e contra o Líbano, mas não o
fizeram. A Fatah podia ter criado um problema a Israel se imitasse o Hamas e bombardeasse
Israel do lado oposto do território israelita, mas não o fez. Seria a perfect
storm se Hezbollah, a norte, Hamas a oeste e Fatah a leste atacassem
simultaneamente Israel, mas não o fizeram porque não querem saber uns dos
outros. Não é só a UE que está cansada dos palestinianos. Raul Soares: A Europa já tem problemas que
sobra para resolver. Deixem Israel e a Palestina resolver os deles pois há anos
que não se entendem. Elvis
Wayne: A Europa não consegue tomar
posição sobre nada. Em breve deixará de existir. Francisco Garcia: O Hamas é o único exército do mundo que pode alvejar
cidades, visando deliberadamente milhões de civis, com pena de só conseguir
matar alguns, e sem provocar reacções proporcionais a este enorme
escândalo.
E a UE ainda lhes paga a reconstrução dos prejuízos.
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