Que as competências nacionais nas tecnologias de informação e
comunicação sejam superiores às da U E, a multiplicação desses aparelhos
informáticos sendo característica de um povo que prefere o brinquedo ao livro,
satisfeita a curiosidade com a manipulação frenética da arte manual
tecnológica. E isso desde a mais tenra idade. Um escape para a preguiça mental,
pese embora a vivacidade de tal manipulação, com resultados, apesar de tudo,
julgo, positivos na ginástica digital, com repercussões em alguma espiritual.
Quanto aos oceanos, são demasiado amplos hoje, para nós, exigindo muito das
finanças que não são suficientes para a parte sólida do nosso espaço terreno,
sempre, de resto, bem gastas aí, também em manipulações de ordem vária e
aritmética reduzida. Podíamos, ao menos, nós, portugueses, mostrar que estamos
gratos a esse mar, pelo alimento, o sal e o ar que nos faz respirar, não o
poluindo, como fazemos, largando os plásticos e o lixo nas praias que as marés
limpam, e que tanto maltratam os seres que nele vivem. Mas um povo que atira as
máscaras imprestáveis do coronavírus para o chão das ruas e dos passeios, em
vez de usar os cestos ou os contentores do lixo colocados nas ruas, é um povo
que não respeita regras nem ninguém, nem a si próprio. Nunca o desenvolvimento
será sustentável, num povo não educado para respeitar... a não ser por
imposição da força. Bem pode Patrícia
Carvalho afligir-se, agarrada aos seus dados de pesquisadora política.
DESENVOLVIMENTO
SUSTENTÁVEL: A forma como
lidamos com o oceano ainda não cumpre os objectivos da ONU.
O Instituto Nacional de Estatística olhou para o modo
como o país se tem portado no cumprimento dos 17 objectivos definidos na Agenda
2030 para o Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas e concluiu que estamos
a progredir bem em quase todos eles, mas não demonstramos ainda saber o que
fazer com o oceano.
PÚBLICO, 9 de Junho de 2021
Há falta de informação sobre como
gerimos os oceanos, e a que existe não permite dar uma avaliação positiva DANIEL
ROCHA
Portugal
conseguiu, nos últimos anos, uma evolução favorável em praticamente todos os 17
objectivos definidos na Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável das
Nações Unidas, com a excepção de um. O objectivo 14.º, dedicado
a “Conservar e usar de forma
sustentável os oceanos, mares e os recursos marinhos para o desenvolvimento
sustentável” é o único em que a evolução dos diferentes
indicadores é tão díspar que não permite incluí-lo entre os que tiveram uma
evolução favorável ou atingiram a meta de cumprimento de 50% ou mais de
indicadores. E quando se olha apenas para o último ano, a situação não melhora.
A Agenda 2030 procura, de forma universal e inclusiva, estabelecer
um conjunto de objectivos que todos os países devem atingir, para garantirem um
desenvolvimento sustentável. Erradicar a
pobreza em todas as suas formas e em todos os lugares surge à cabeça dos 17
objectivos e 169 metas definidas, mas as áreas ali contidas vão de garantir o
acesso à saúde e à educação, passando por alcançar a igualdade de género ou
garantir o acesso a água potável, a fontes de energia sustentáveis ou ao pleno
emprego.
“Promover o crescimento
económico inclusivo e sustentável, o emprego pleno e produtivo e o trabalho
digno para todos” é o 8.º objectivo da agenda e, nos últimos meses, o seu cumprimento tem estado bastante
difícil em Portugal, revela o Instituto Nacional de Estatística (INE) num
boletim dedicado ao tema e divulgado esta quarta-feira.
O tecido económico e o emprego
Com a pandemia como pano de fundo - e
o peso brutal que teve e está a ter no tecido económico e no emprego -, o INE
revela que, no último ano, houve uma evolução favorável em 10 dos 17
objectivos, e enquanto outros não sofreram alteração, dois destacaram-se
pela negativa: “Nos ODS [Objectivos de Desenvolvimento
Sustentável] 8 e 14, o
número de indicadores com evolução desfavorável superou ou igualou o de
indicadores com evolução favorável”. Ou seja, ao fraco desempenho que
temos tido na última década na nossa relação com o oceano, juntou-se, agora, a questão
do emprego.
Na questão do emprego, por exemplo,
identifica-se um pequeno aumento na taxa de desemprego, de 2020 em
relação a 2019 (6,8% no ano passado,
contra 6,5% no ano anterior) e também um aumento dos jovens entre os 15
e os 35 anos que não estavam a estudar ou em formação: 11,6%, em 2020, contra 9,5%, em 2019. Olhando para o produto
interno bruto (PIB) per capita, os dados mostram que, em 2020, houve um
decréscimo de 7,8%, quando o ano anterior tinha havido um crescimento de 2,5% (tendência,
aliás, que se mantinha desde 2014). No que diz respeito aos acidentes de trabalho não mortais, apesar
de a sua incidência ter vindo a diminui, ela ainda continua a ser “muito
superior” à da União Europeia, refere-se no relatório. Os acidentes
mortais, com uma incidência de 2,1 por 100 mil pessoas empregadas em 2018, também
baixou, mas está acima da média europeia (1,8).
Já no que se refere aos oceanos, a
ausência de informação para grande parte dos indicadores aparece como o factor
mais relevante. E com apenas
7% de área marinha protegida - valor que já vem de 2017 - o país não conseguiu
alcançar a meta da ONU de ter pelo menos 10% do seu mar protegido até 2020 (embora se tenha comprometido a atingir a proporção de
30% de área marinha protegida até 2030, cumprindo assim as metas
estabelecidas pela União Europeia).
Apesar destes pontos negativos no
panorama nacional, o boletim do INE realça que “comparando o ano mais recente com o primeiro ano disponível, é
possível concluir que a maioria (90) dos indicadores analisados nesta
publicação registou uma evolução positiva, 31 apresentaram uma evolução
desfavorável e 7 não registaram alterações. Por objectivos, verifica-se
que todos os ODS, à excepção do 14, apresentaram evoluções favoráveis ou
atingiram a meta em 50% ou mais dos indicadores.”
A erradicação da pobreza
Olhando para os objectivos e os
respectivos indicadores analisados pelo INE, verifica-se que aqueles em que
não há qualquer indicador com evolução negativa, entre 2010 e o ano com
informação mais recente, são os que se referem à erradicação da pobreza (em 2019, 16,2% da população
portuguesa estava em risco de pobreza, menos um ponto percentual do que no ano
anterior, e menos 3,3 pontos percentuais do que em 2013 e 2014) à igualdade de género, ao acesso à água potável e saneamento,
às energias renováveis e acessíveis, à redução das desigualdades e à promoção
de uma sociedades pacífica e inclusiva, proporcionando o acesso à justiça para
todos e construindo instituições eficazes, responsáveis e inclusivas a todos os
níveis.
Se olharmos apenas para o último ano há
algumas alterações. Aparecem como novidade sem indicadores negativos a
erradicação da fome, a garantia de uma educação de qualidade (no ano lectivo 2018/2019,
96,2% dos alunos do ensino básico obtiveram aproveitamento), a acção climática
e a protecção da vida terrestre, mas há alguns objectivos que têm agora
indicadores negativos associados, como o que se refere à paz e ao acesso à
justiça e o acesso a água potável, saneamento e às energias renováveis.
Na área da Educação, um dos destaques positivos vai para a evolução das
competências tecnológicas por parte dos portugueses. Se na faixa
etária alargada dos 16 aos 74 anos as competências digitais ao nível básico ou
acima do básico tinha evoluído positivamente (passando de 48% da
população em 2015 para 52% em 2019), mas ainda
se encontrava abaixo da média da União Europeia (56%), quando se olha apenas
para a camada mais jovem, entre os 16 e os 24 anos, a situação é bem diferente.
Os dados do INE, referentes ao
Inquérito à Utilização de Tecnologias da Informação e da Comunicação pelas Famílias
realizado em 2019, indicam que 88%
têm essas competências, acima da média da UE, que é de 80%.
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AMBIENTE POBREZA OCEANO
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