sábado, 5 de junho de 2021

Quem nos dera!


Que um Homem que tais escritos tem, fosse chamado a dirigir uma tal pátria que mostra amar, conhecer e respeitar - como seria natural que todos, dentre nós, amássemos, conhecêssemos e respeitássemos, bastando, para isso, que tivéssemos sentimentos e esclarecimentos, como qualquer povo, civilizado ou menos, mas racional, de certeza, a ponto de estimar o solo onde viveram os seus antepassados…

10 de Junho /premium

Se não é a pertença a uma comunidade na História o que nos une numa humanidade comum, o que propõem então que seja?

JAIME NOGUEIRA PINTO, Colunista do Observador                 OBSERVADOR, 04 jun 2021

“Old soldiers never die”. A frase, celebrizada pelo general Douglas McArthur no seu discurso de despedida, em 1951, vem de uma velha canção de guerra inglesa.

“Old soldiers never die”. É bonito mas não é verdade. Os velhos soldados morrem, como toda a gente. E, como quase toda a gente, morrem também na memória de quase todos. Sobretudo nesta nossa “ditosa pátria”. Cada vez somos menos os que teimamos em proclamar, todos os anos, no memorial dos Combatentes, a memória dos nossos amigos e camaradas que morreram. E muitos depois do fim das últimas guerras do Império.

O Guilherme, o Jaime, o Alfredo, o Zé, o Miguel, o Victor, entre tantos outros. Eles e os milhares que não chegaram a “velhos soldados” têm ali o nome gravado na pedra. Lembramo-los todos os anos. E vamos voltar a lembrá-los este ano, a 10 de Junho, primeiro na missa nos Jerónimos, às 10h30, e depois ali mesmo, no memorial. Seremos menos, em cumprimento das restrições pandémicas, mas vamos lá estar.

As nações são feitas disto mesmo – de glórias e derrotas e da memória dos sacrifícios que os seus filhos por elas fizeram, em guerras ganhas ou perdidas. A que então travámos, creio poder dizê-lo em nome da maioria dos que por lá passámos, foi uma guerra sem ódio. Digo-o pela amizade que fui encontrando em alguns dos que então combatemos. Os nossos mortos lutaram e morreram pela nação; os mortos dos que então nos combateram morreram por nações que queriam ver nascer.

Globalismo e subordinação

E a nação, realidade que alguns se esforçam por cancelar ou proibir, continua a ser importante. E agora talvez mais que nunca. Até porque parece ser, afinal, a nação, o único corpo intermédio capaz de defender os povos das tutelas globais. E se não é a pertença a uma comunidade na História o que nos une, irmana e congrega numa humanidade comum, o que propõem então que seja? O sermos todos inodoros, incolores, insalubres, neutros, fluidos e inclusivos? Ou pior, o sermos só nós, do alto da nossa hipócrita e soberba “perfeição ocidental”, os únicos chamados à irrealidade da contrição perpétua, do cancelamento cultural e da suprema glória do desenraizamento e do angelismo transcultural?

A crer na comunicação social e no silêncio cúmplice ou no aplauso tímido de uma direita temerosa, só os burros, os ignorantes, os retrógrados, os fascistas, os populistas, os xenófobos, os de extrema-direita imaginam inexistentes tutelas globais ou censórias derivas mundialistas de oligarquias iluminadas. Veja-se, por exemplo, Georgia Meloni, dos Fratelli d’Italia, que recentemente voltou a chamar a atenção para o globalismo de subordinação que pretende substituir a soberania nacional e popular pelas tutelas subtis e doces de Bruxelas, de Frankfurt e de Davos, falando da nação como defesa dos povos da Europa contra os mandatos transnacionais. Pura desinformação.

E no entanto, torna-se cada vez mais evidente a estranha aliança táctica e objectiva (e às vezes subjectiva) que está em curso. A aliança de um mega capitalismo internacionalista de “fundos piratas” e senhores da Big Tech com um radicalismo pós-marxista acolhido, endossado e divulgado pela opinião média. É que por mais que alguns queiram perpetuar a imagem do “grande capitalista”, de fato às riscas, charuto e relógio de bolso, ligado às forças conservadoras e “fascistas”, não há como não ver que a ideologia que hoje serve o “mega-capitalista”, de ténis, t-shirt e causas e casas ecológicas e alternativas, está longe de ser o conservadorismo, o populismo, o extrema-direitismo, o fascismo, os nacionalismos que, ao contrário, o ameaçam.

E como as nações, o nacionalismo e os valores identitários são o símbolo por excelência de tudo o que “impede a marcha do progresso”, são o alvo a abater… As nações e os valores identitários do Ocidente euroamericano, bem entendido, porque noutras latitudes já pode haver valores identitários nações e nacionalismos, como o da República Popular da China, um nacionalismo autoritário de partido único e de capitalismo de direcção central, mas que talvez seja melhor não desafiar.

De acordo com as regras destes zelosos pastores do puritanismo multicultural, os asiáticos e os africanos, coitados, podem ser nacionalistas; mas nós, europeus, nós, ocidentais, mais misericordiosos, justos, perfeitos, humanitários e civilizados que os outros, não podemos nem devemos descer tão baixo. Nações, raízes e identidades são primitivas minudências que se compreendem perfeitamente nos outros, que se acolhem, que se aclamam até, mas que a nós, ocidentais, chamados a coisas maiores, não nos ficam bem. Cancelar raízes, pertenças, passados e culturas para atingir a suprema neutralidade e inclusividade é o mínimo a que podemos aspirar.

Daí talvez o luso esforço das campanhas de desnacionalização (veja-se por exemplo, o Programa de História A, 10º, 11º, e 12º anos do Curso Científico-Humanístico de Línguas e Humanidades), que, à luz de ideais “científico-humanitários”, combatem a “desinformação histórica”, apelando à condenação e à contrição perante uma História-pátria e uma identidade que, depois de rigoroso fact check, se revelam, afinal, negras.

O regresso da nação

Entretanto, resistindo a este delirante cancelamento cultural, a valorização da História e da Nação parece estar de volta. De Budapeste a Paris, de Varsóvia a Roma e a Madrid, sob diferentes regimes e em diferentes situações de poder ou oposição, ganham espaço político, pelo voto popular, movimentos e partidos que defendem a identidade e a soberania nacionais, a liberdade de expressão, a prática religiosa, uma visão meta-política da política e um conceito tradicional e realista de família e de comunidade. E esta valorização aparece com força porque os valores que se reafirmam estão em risco por acção de uma minoria com hegemonia gramsciana no Estado e na Sociedade.

Por isso, é preciso que alguns – de direita, de esquerda, do que for – os afirmem em nome do realismo, do senso comum, da continuidade dos modos de vida e das comunidades que construímos na História. E se os partidos sistémicos e as instituições se calam, teremos de ser nós, os que não temos medo que nos achem estúpidos, a resistir.

Camões, o realista

O 10 de Junho era o dia da Raça. E a raça era a dos Portugueses de todos os séculos, de todas as raças e que foram de muitos continentes. Somos uma nação de pioneiros da globalização que, na universalidade, nunca perdeu a identidade, antes a foi recriando com os povos que foi encontrando. E não nos vangloriámos com irrealidades, antes tivemos também sempre um grande sentido do real e do trágico na vida dos homens e dos povos, na ascensão e queda dos Impérios e das civilizações. Ou tiveram-no os nossos melhores. E ainda que as notas “científico-humanísticas” que se adivinham sobre “desinformação e preconceito” em Camões possam vir a dizer o contrário, é difícil não ler n’Os Lusíadas grandeza, aventura, vitórias, também cupidez, servilismo, traição.

Como Fernão Lopes, como Gil Vicente, como Diogo de Couto ou Fernão Mendes Pinto, Camões é um épico lúcido que, como os clássicos gregos e latinos que o inspiraram, conhece a natureza humana (coisa que os novos puritanos do radicalismo importado parecem desconhecer), e sabe que os heróis – os seus heróis individuais, o Fundador, o Condestável, Gama ou Albuquerque – são profundamente humanos. Humanos no bom e no mau. E que o seu herói colectivo – o Povo Português – também vacilou, também esqueceu, também abandonou, também traficou, também se perdeu. E que foi um povo que, no ano da morte do poeta, perdeu a independência com a “união real” a Madrid.

Camões teve o cuidado de dar voz ao contraditório da Expansão, com o Velho do Restelo (o “Idoso do Restelo” não falaria assim), queixando-se também do “desamor às boas letras”. E no lamento final do seu poema maior, foi dizendo:

Não mais, Musa, não mais, que a Lira tenho
Destemperada e a voz enrouquecida,
E não do canto, mas de ver que venho
Cantar a gente surda e endurecida.
O favor com que mais se acende o engenho
Não no dá a pátria, não, que está metida
No gosto da cobiça e na rudeza
Duma austera, apagada e vil tristeza.

Contra a decadência e o decadentismo

Esta é também uma das nossas muitas horas de decadência, decadência crónica ou que continuamente encontramos e que alguns dos grandes pensadores e patriotas de oitocentos – como Herculano, Antero de Quental e Oliveira Martins – também viram aprofundar-se no seu tempo. Mas que diriam se estivessem hoje aqui e se confrontassem com a nossa agravada submissão e veneração ao exterior? Que diriam das delirantes ideias e práticas que não nos servem nem a ninguém mas que agora que nos chegam em virtuais caixotes…da América? E qual não seria o espanto de Camilo e de Eça ao reencontrar hoje um Portugal de Calistos Elóis, de conselheiros Acácios, de Dâmasos, de Palmas Cavalões em múltiplas réplicas tristemente actualizadas em traços caricaturais mais ridículos e mais carregados ainda?

Toda esta bela e festiva sociedade está agora alarmada, ofendida e até assustada porque, ao fim de 47 anos de regime mais ou menos concordante, aparecem algumas vozes de discórdia.

É bom que se sinta alarmada. Mas pior que classe dirigente e a esquerda radical alarmadas é uma direita que não vê a utilidade e a utilização desse alarme para a perpetuação no poder dessa mesma classe. Uma direita ora obediente e também alarmada ora chorosa, derrotista e masoquista, descrevendo o tempo e o modo da Decadência e do Fim como um irremediável e inevitável castigo da História a que não podemos nem devemos resistir.

O 10 de Junho deve significar o contrário e inspirar e dinamizar a vontade sem medo que o povo português sempre mostrou. Resistir e mudar as coisas é e deve ser a palavra de ordem.

A SEXTA COLUNA  CRÓNICA  OBSERVADOR  10 DE JUNHO  PAÍS  ESTADO DA NAÇÃO POLÍTICA

COMENTÁRIOS:

José Miranda: Simplesmente magnifico! Não há na esquerda quem chegue aos calcanhares do Jaime Nogueira Pinto.             Carminda Damiao: Excelente artigo. É um prazer ler os seus artigos, porque nos mostram uma luz ao fundo do túnel e assim vermos que nem tudo está perdido, mas que é preciso agir rápido. A direita hibernou e está a custar acordar para a realidade. A direita deve deixar-se de pruridos e unir-se, porque só assim poderá derrotar a esquerda.            V. Oliveira: Excelente e lúcido artigo! Bem-haja J. Nogueira Pinto. Felizmente vamos vendo mais vozes discordantes deste amorfismo e desta encenação. Que, aliás, encaixa muito bem no modelo de negócio daqueles mega-capitalistas de T-shirt e ténis. Uma imagem muito "pra-frentex" de quem ocupa o seu tempo mediaticamente em benemerências. De quem, obviamente, não lhe sobra muito tempo para sequer pagar (alguns) impostos... "Subsidiária irlandesa da Microsoft lucrou 315 mil milhões, mas pagou zero de IRC em 2020" (notícia de ontem, na concorrência)              Joaquim Almeida: Arrasador: é de nos sentirmos arrasados. Hoje, o "para gente surda e endurecida" do Poeta quer dizer "pérolas a porcos", J. N. P. Manuel Magalhães: Excelente artigo como sempre, grande país, pobre país...              A.l. Sameiro: De acordo. Bravo!!!         Jorge Lopes: Excelente artigo .             Simplesmente Maria: O saber expresso neste artigo dá-nos alento e até comoção, ingredientes básicos para continuar. Obrigada, Jaime Nogueira Pinto. Maria Nunes: Admirável artigo de JNP. Obrigada. Ainda há esperança.         Carlos Quartel: Cá vamos resistindo ao politicamente correcto e não somos tão poucos como alguns desejariam. Ainda há muita gente que se comove vendo a bandeira e que se põe de pé quando ouve o hino. Nas comunidades, por esse mundo fora, é onde se nota mais esse sentimento de pertença a uma comunidade, Está arreigado e não é assunto para limpar com doutrinação de "género". Por cá, e por desejo de uns quantos, deveria ser o dia de pedir desculpas por termos saído da barra do Tejo e por termos sido lugar de nascimento do Infante, do Afonso ou do Fernão. Só falta catalogar o Camões como homofóbico, racista e, já gora, de fascista. Mas não passarão ....... Manuel Barradas: O melhor cronista do Observador. A melhor voz de resistência !              VICTORIA ARRENEGA: Que pérolas vai a cancel culture doméstica apresentar para denegrir o 10 de Junho? Estou à espera, embora não espere nada de original: martelamos o mesmo de sempre!           Américo Silva: A nação idealizada aqui, nunca existiu. As nações europeias surgiram como um espaço de domínio de grupos de senhores, no caso português os godos, sobretudo visigodos. Nesse grupo foi enxertado, entre outros, um ramo dos senhores borgonheses. Sempre os senhores. E os servos tiveram que se conformar com a extorsão que os senhores lhe iam fazendo. Na alta idade média a extorsão por nações era mais eficaz, a partir do século XVIII a extorsão internacional passou a ser mais eficaz. Desde cedo os senhores atraíram auxiliares estrangeiros para os ajudar a explorar o povo, papel que foi principalmente desempenhado pelos judeus. Daí, em parte, o ódio do povo aos judeus. Estas nações compostas por dominantes e dominados avivaram a antiga separação no presente por muitos motivos, o principal sendo que os senhores impuseram uma exploração multinacional e multicultural, e reduziram os governos a uma administração local tipo câmara municipal, sendo as decisões mais importantes tomadas em instâncias supra nacionais, não escrutinadas, tais como a regulação do comércio ou das migrações, criando um conflito entre os nativos, por exemplo os nativos franceses, e os senhores colonizadores agora representados pelas multinacionais, pela banca, pelo CRIF e outros. Por motivos raciais de identificação externa, a fusão aparente entre senhores e servos num mesmo povo, não resultou com africanos indianos ou chineses, de modo que decorre uma espécie de OPA aos africanos levada a cabo pelos senhores à custa dos povos europeus. Por exemplo, os maiores beneficiários dos genocídios dos índios, ou do genocídio das mãos no Congo, desculpam os senhores e responsabilizam os europeus servos.  O que está em causa na decadência do ocidente é alargar o domínio senhorial à antiga união soviética, por exemplo Ucrânia, à África, ajudas e imigração ilegal, à Ásia, Japão e Taiwan, e como objectivo final, o domínio universal. Conseguirão?          Francisco Tavares de Almeida > Américo Silva > Deve ser difícil sobreviver ao cheiro do interior desse cabecinha.           Rui Lima > Américo Silva: É temporal, ele amanhã toma o medicamento. Não há inocentes mas foram os europeus a civilização mais humana quando comparamos com as restantes civilizações , os escravos vítimas do ocidente tem dezenas de milhões de descendentes , os mundo árabe que escravizou mais não há eram castrados. Os maiores genocídios de África não é feito por europeus hoje o ADN ajuda a saber porque eles não tinham escrita. joao lemos > Américo Silva: tenho lido muita coisa . tanta tolice e ignorância , nunca!             Fernando Pité > Américo Silva: Os tempos são outros. Os genocídios dos índios foram perpetrados por Europeus, nomeadamente por Espanhóis e anglosaxónicos. Já ninguém se lembra que no antigo Congo Belga, o rei Leopoldo dos Belgas tinha um poder absoluto nessa colónia e as belgas, quando prenhes, iam ter os filhos na Pátria. Quanto às outras regiões citadas, as potências mais imperialistas na actualidade, salvo seja, são a Rússia e a China, e quanto à imigração para a Europa, ela talvez se deva a dois factores predominantes, a exploração dos recursos minerais pela China e pelos países ocidentais. A China à laia do pretenso desenvolvimento económico, vai substituindo os Europeus em África, e os Africanos sentem que o "eldorado" está na Europa, porque não conseguem por motivos religiosos, sociais e ambientais, criar governos não corruptos e mais igualitários e desenvolvidos , ou com menos desigualdades sociais...             José Pinto de Sá > Fernando Pité: Nunca houve genocídio dos índios. Nem podia haver, com apenas alguns milhares de europeus por lá, na época. Os índios foram dizimados pelos germes de que europeus e africanos eram portadores involuntários (nem se sabia que havia germes...) Quanto ao Congo, no tempo em que Leopold II lá mandava, quase não havia lá mulheres belgas. Em 1910, já Leopold morrera, havia 3400 belgas no Congo, a maioria homens - administrativos, missionários, oficiais e alguns comerciantes. Mas sim, se pudessem as belgas iriam ter os filhos à Europa, pela simples razão de ter muito melhor assistência médica. Mas tem razão no resto. Os africanos vêm para a Europa atrás dos colonos que os abandonaram à independência e às chatices e despesas que a África dava e dá... Américo Silva > José Pinto de Sá: Ajuntando com respeito alguns esclarecimentos às pessoas que comentam educadamente, quero dizer que não me sinto dono da razão. Existe uma evidência empírica do ser português, materializada nos milhares de minhotos e beirões que demandaram o Brasil, nos alentejanos que demandaram Angola, nos portugueses que demandaram a França, no Heimat que acompanha todos, até os judeus que deixaram Portugal há séculos. Esse ser português de Marcelino da Mata, do orgulho de ser português, pouco tem que ver com o Portugal nação, nacionalidade portuguesa do traidor Jacinto Veloso, ou do traficante de droga tailandês que nunca conheceu ou falou português, mas tem passaporte português, como milhares de traidores indianos de Goa. O Portugal nação, cujo nome vem de Porto galego, é como as demais nações da europa uma ferramenta de extorsão. Dona Teresa, leonesa, com Henrique da borgonha, queriam um território para explorar do Porto até ao mar Cantábrico, englobando a Galiza. Afonso Henriques, impaciente, impertinente e valente, ficou contente com o território do rio Minho para baixo, não em nome do povo, mas em seu nome e dos donos do povo. Os mesmos senhores que quiseram conquistar Ceuta, para que os portugueses habitantes de Portugal lhe pagassem mercês pela conquista, e não pelo bem do povo português. Esses dominantes empurraram o povo para as naus e caravelas, porque em Portugal não deixavam aos habitantes com que se sustentar. No século XIX, formou-se em Coimbra uma geração declinante de Oliveiras, Anteros, Ramalhos e Eças, de grande mérito, mas para quem o português trabalhador, produtor e honesto estava na cauda, na cauda da instrução, na cauda da cultura, na cauda do saber fazer, na cauda da Europa. Daí vem o complexo de inferioridade de muitos portugueses, falsamente ditos cultos. Estas nações europeias, cuja pertença o primeiro-ministro espanhol não conseguiu esclarecer a uma criança de doze anos, são apenas conjuntos de pessoas sem afinidade, exploradas por um determinado governo e uma determinada elite financeira. O marquês de Pombal mandava queimar vivos os refugiados na Trafaria, Afonso Costa mandava morrer na Bélgica, enquanto pobres pastorinhos alucinados com fome e tuberculose viam coisas nas azinheiras. O 10 de Junho poderá ser o dia do povo português, mas ser dia de Portugal é o mesmo que dizer dia do Novo Banco, dia da EDP, dia da TAP, dia da RTP, e outros que fazem a extorsão ao povo, com muitos medalhados à mistura.             Américo SilvaFernando Pité: Não falei em genocídio das mães, falei em genocídio das mãos, que estão na extremidade do antebraço.             Rui Lima: O ocidente terá um fim sombrio, caminha para a soma de várias minorias que se odeiam, a carta dos generais e militares do activo em França aponta para a guerra civil. Até há pouco tempo os funcionários do estado tinham obrigação da neutralidade, mas em nome da liberdade religiosa eles estão a ganhar nos tribunais e podem ir para empregos públicos brevemente de burca . Para meu espanto a esquerda que no passado era anticlerical agora defende e nomeia gente para empregos públicos de cabeça tapada.          Fernando Pité > Rui Lima: A carta dos generais e oficiais no activo, em França, aponta para a guerra civil. Não é porque os militares sejam a guarda pretoriana no caso das democracias, mas porque são eles que apanham com as confusões geradas pelos políticos e pelo "politicamente correcto". Daí também a ascensão das extremas-direitas que expressam a desilusão dos cidadãos...           Joaquim Almeida > Rui Lima: Para os neo-marxistas o principio de contradição não existe, meu caro. (Não estou a brincar, não).

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