terça-feira, 22 de junho de 2021

Folhetim


(“…da capital / pelo nosso Júlio Dantas /ou qualquer coisa entre tantas / duma antipatia igual…”). Provavelmente José Pacheco Pereira sente-se num estado de espírito semelhante ao desse, de Mário de Sá Carneiro exposto no seu poema “Serradura”. Alguns comentadores condenam, embora outros o aplaudam, na sua verrina parcial, que já tem sido apontada, e mais uma vez se verificam opiniões contrárias, a esse respeito. “Tudo menos ter razão”! – também foi dito por Álvaro de Campos. Talvez JPP se sinta identicamente lúcido, como aquele disse que era, mergulhado em outra sorte de aparentes complexos. Está no seu direito, afinal, o nosso PP. Eu acho-o contraditório ou, pelo menos, parcial, no seu desprezo pelos da direita (ou do centro), onde hoje se posiciona, tendo pertencido antes àqueles a quem parece continuar a pertencer hoje, apesar do refúgio das conveniências práticas…

OPINIÃO: O argumento soviético da loucura

A dissidência era considerada uma doença mental no período de Brejnev e este argumento soviético é hoje muito usado no mundo do ataque pessoal da direita radical.

JOSÉ PACHECO PEREIRA

PÚBLICO, 19 de Junho de 2021

Os mecanismos do radicalismo hoje em curso à direita do espectro político são bem visíveis em textos de articulistas, nas páginas das redes sociais e nesse espelho das cabeças que são os comentários em caixas de comentários sem moderação ou pouco moderadas, seja no Observador, no Sol, e mesmo no PÚBLICO. Aliás, a prática de uma mesma publicação ser moderada no corpo principal e permitir tudo nas páginas do seu Facebook favorece a degradação da opinião, com o falso argumento da sua democratização.

Embora seja fácil perceber que uma multiplicidade de nomes falsos e pseudónimos pertencem à mesma pessoa, para se criar a ilusão da quantidade, não é irrelevante conhecer esta forma ficcional de vox populi, intencional e pretendendo obter objectivos políticos. Do mesmo modo, é possível perceber outros mecanismos deliberados, como seja enviar opiniões pejorativas ou no início ou numa fase já avançada dos comentários, de modo a que estes sejam ou os primeiros ou os últimos e, de algum modo, condicionarem a leitura do conjunto. Há gente que faz isto como quem respira, verdadeiros militantes das caixas de comentários, e há profissionais de agências de comunicação ou grupos organizados nos partidos políticos, semelhantes aos que existem nos programas de rádio, os fóruns em directo de opiniões, a actuarem escondidos.

Muitos dos mecanismos deste tipo não são exclusivos da direita radical, existem também à esquerda, mas a maré tribal que está a subir é a da direita radical, associada ao populismo antidemocrático, exacerbado pelo sentimento de impotência face à situação política actual e às sondagens. Os temas e o modo de os apresentar e discutir são tão semelhantes entre si, do Observador ao Diabo, que representam um elenco que pode ser identificado e discutido.

Noutros artigos voltarei a esta questão, com os retratos do “argumentário”, quase todo associado a ataques pessoais, que desde o início do século XX foi identificado e estudado como um modus operandi do jornalismo de ataque populista radical. Hoje fico-me por aquilo que é o uso do argumento soviético do período de Brejnev para usar a interpretação psicológica, psicanalítica e psiquiátrica para explicar a dissidência. A dissidência era considerada uma doença mental, e vários opositores ao regime soviético como Vladimir Bukovski, Leonid Pliushch e Grigorenko foram perseguidos como doentes. A ideia apresentada de forma simplista era esta: como é possível, sem padecer de uma qualquer doença mental, pôr em causa um regime perfeito de sociabilidade política como o socialismo soviético, fonte de felicidade e bem-estar? Como era possível, sem diminuição das faculdades mentais, estar “contra o povo”?

Este argumento soviético é hoje muito usado no mundo do ataque pessoal da direita radical. Pode parecer estranho pela aparente oposição política, mas não é: há uma similitude na vontade de destruir o outro e os mecanismos para o fazer são idênticos. Este tipo de ataques muito comuns nas margens cinzentas da política está cada vez mais a emigrar para as zonas “respeitáveis” da opinião. Como é possível sem se ser doente, demente, senil, “maluquinho”, lunático, sem se ter as faculdades mentais diminuídas, pôr em causa o discurso da direita radical sobre o “ditador” Costa, sobre o “socialismo autoritário” que nos rege, como não é possível ver a essência corrupta da democracia, descrita como o “sistema”, como é possível não se aceitarem as teses “científicas” sobre a realidade, como, em suma, se pode discordar sobre o mundo do Mal que nos governa sem se ser ou servil ou doente ou as duas coisas?

Não se trata de debater ou discutir, mas de considerar que o outro não pode nunca ser ouvido ou ser um interlocutor, porque está diminuído nas suas faculdades mentais, como se vê pelas suas posições...

Os termos que usei e que repito – demente, senil, “maluquinho”, lunático, sem as faculdades todas – foram todos usados por cá nos dias de hoje, e são uma espécie de upgrade da redução das posições políticas a traços e comportamentos psicológicos, seja a inveja, seja o ressentimento, os dois mais comuns, que são centrais nos ataques pessoais. É um estilo cada vez mais vulgar, que acompanha a crescente incapacidade de aceitar posições numa conversação democrática, ou sequer admitir que ela possa existir porque isso é aceitar o “sistema”. O melhor exemplo são os republicanos pró-Trump, e os seus imitadores nacionais.

Se retirarmos o psicologismo, e a sua forma superior no argumento da dissidência ou da discordância como doença mental, não sobra quase nada. Espreme-se e sai vazio, o que significa que não se trata de debater ou discutir, mas de considerar que o outro não pode nunca ser ouvido ou ser um interlocutor, porque está diminuído nas suas faculdades mentais, como se vê pelas suas posições...

Historiador

TÓPICOS: DIREITA  REDES SOCIAIS  PSICOLOGIA  COMPORTAMENTO  DOENÇA MENTAL  UNIÃO SOVIÉTICA  LIBERDADE DE EXPRESSÃO

COMENTÁRIOS:

PLOliveira INICIANTE: Caro JPP, há muito anos que o ouço e o leio, e folgo muito em constatar que mantém a argúcia, a lucidez e o discernimento intactos. O senhor é da poucas pessoas em Portugal que tem a faculdade de dissecar o que se mal se passa e a coragem de o dizer sem rodeios, doa a quem doer! Obrigado!             Luís Marques INICIANTE: É tristemente mais frequente a forma como as caixas de comentários às opiniões do PP acabam por verificar empiricamente o conteúdo da opinião. Sim, pessoa que acabou de ler este meu comentário e já começou a cavalgar o teclado para me responder a letra: Você dá razão a Pacheco Pereira.           António Cunha EXPERIENTE: Os comentaristas' apócrifos das profecias de JMT, ressabiados com as vergastadas a este outro, vêm todos aqui com a lição mal estudada. Malhe neles, caro JPP! Sempre com elegância, acutilância e conhecimento! :)            timóteo_p INICIANTE: pacheco, o "democrata" que insulta soezmente quem das suas ideias se atreva a discordar e que exige aperto na censura. É bem possível que aos tachos que lhe permitiram e permitem a vida pública de burguês ostentivo e ocioso o regime venha brevemente a acrescentar outros. Figueira da Foz INFLUENTE: O que o senhor timóteo_p escreveu é uma vergonha. Cure-se, beba água e passeie pelo campo ou cidade. Não vomite ódio!         EXPERIENTE: As aspas em “científicas” diz tudo o que é preciso saber sobre o que o estado intelectual de JPP e outros "Boomers" do sistema (sem aspas) como Miguel Sousa Tavares. Tudo, até a evidência empírica e factual, se deve vergar à sua imensa proeminência intelectual que sustenta e é sustentada pela sabedoria aceite por esse sistema de promoção circular cuja existência negam. O que interessam os factos e o comentariado da ralé quando temos a opinião dos sumo-sacerdotes para nos dizer que o rei tem umas vestes lindas?           orion INFLUENTE: Miguel Sousa Tavares(MST) não tem contraditório no "Expresso" - aliás, este jornal acabou com as caixas de comentários dos leitores. Nem estou a imaginar o que seria o texto semanal de MST objecto de comentários, tão polémicas e fortes são as opiniões deste veterano da comunicação. Conraria, economista da Escola do Minho, igualmente polémico ou não fosse a Economia uma ciência social extremamente conflitual, onde se discute a repartição do bolo social. Depois do "Observador" e do "Público", onde era alvo de comentários e opiniões frontalmente opostas às suas, Conraria rumou ao "Expresso", onde não há contraditório dos leitores. O mesmo que Conraria fez Louçã, incomodado com o "Público", rumou ao "Expresso". De acordo: Pacheco detesta comentários de "gente inferior"-            Paulo Batista EXPERIENTE: Concordo consigo JPP. No meu entendimento a culpa de tudo isto é a Justiça que em Portugal, a nível processual, ainda funciona como há 100 anos, permitindo manobras dilatórias que arrastam processos e não punem adequada e temporalmente os grandes crimes de colarinho branco em Portugal. Isso leva à descredibilização do sistema politico - democracia parlamentar representativa - e ajuda os movimentos radicais de direita e de esquerda a crescer em virtude de as pessoas considerarem que os políticos são uns vendilhões do templo face a haver uma larga franja deles envolvidos em processos menos claros, no mínimo, e tornarem-se inimputáveis. Este lodo arrasta-se desde os tempos da Caixa Faialense, do BPN, do BIC, do BANIF, do BES, da PT, e ... finas EXPERIENTE: Interessante como continua a ter lata para escrever depois da rabetada Que levou do JMT no outro dia.         francisco cruz EXPERIENTE: Ahahahahahahahahahah!!! Você toma os seus delirantes desejos por realidade. Há muito que não gargalhava tão desabridamente. JMT tem que esgrimar argumentos com alguém do tamanho dele, jamais com um gigante como José Pacheco Pereira.             João Lima INICIANTE: E nós que tínhamos visto precisamente o contrário... Você dá-se ao trabalho de ler os artigos? (ler com olhos de ver)            finas EXPERIENTE: Fico feliz por lhe ter feito ganhar o dia!            fmart8 EXPERIENTE: Sério?? O LPP mandou a canalha estudar e não lhes passou mais cavaco. Eles esbracejam, esbracejam, mas estudar não é com eles.            francisco cruz EXPERIENTE: Finas. Gratidão por mostrar Fair Play e simpatia. Aprenda a apreciar José Pacheco Pereira, olhe que vale a pena, é um oceano de conhecimento.      orion INFLUENTE: Curiosa a designação de Pacheco Pereira como gigante Muito acertadamente Newton disse que se ergueu aos ombros de gigantes - Kepler, Copérnico e Galileu e tantos outros. Gigante, Pacheco Pereira? Meça as suas palavras!!!        EXPERIENTE: Se Finas lhe fez gargalhar, os comentários do Francisco fazem-me chorar de tristeza por verificar que depois de 50 anos da revolução dos cravas ainda haja tanto lambebotismo.          Quintinos EXPERIENTE: Será que JPP nunca se olhou ao espelho e perguntou: quem nunca pecou que atire a primeira pedra?           Ahfan Neca INICIANTE: Este artigo lembrou-me aquela história do tipo que andava sempre a estalar os dedos e fazia sinais com as mãos não se sabe para quem. Um dia, alguém lhe perguntou porque é que andava sempre a estalar os dedos e a fazer sinais com as mãos. Ao que respondeu: " é para afastar os leões". Para afastar os leões? "Mas aqui não há leões", respondeu o intrigado interlocutor. "Exactamente, exactamente, este método é infalível". Leste de Java INICIANTE: O controleiro ml usa a mesma receita.          Filipe Paes de Vasconcellos INICIANTE: Espremi o seu texto e saiu vazio. Acho muito bem que estejamos todos preocupados com os radicais, mas note que a esquerda radical que tem governado este país já fez muito mal aos Portugueses. E, o seu amigo Costa, que na ganância de chegar ao poder deu palco à esquerda radical foi o principal responsável pelo aparecimento do Chega. Quanto à estratégia dos comentadores noto que estuda e muito o assunto está muito expedito neste tipo de esquemas. Olhe, vou estudar, só que não tenho a sua sebenta. Fique bem!          João Lima INICIANTE: Não é necessário estudar muito, nem aconselhável: basta, de quando em quando, ler uma série de comentários Chama-se a isto uma amostra.          francisco cruz EXPERIENTE: Ahahahah! Não entendeu nada da leitura do texto - se é que na verdade leu - afinal a sua reacção espelha na perfeição o que José Pacheco Pereira deseja demonstrar. A sua falta de educação - ou respeito - também é patente            Caetano Brandão INICIANTE: Boa análise de PP.         chagas_antonio MODERADOR: Em defesa das caixas de comentários, na sua versão mais solar servem de escape, de terreno de experimentação de argumentos, de verdadeiras caixas de sugestões; claro que, na sua versão mais lunar, são coios de ressentimento, de desinformação e de transmissão mais ou menos velada de ódio. Mas, tal como as redes sociais, as caixas de comentários são apenas estruturas que as pessoas - essas sim, verdadeiramente solares e lunares - usam para os seus propósitos. Ficam reféns de profissionais e de grupos políticos organizados? Ficam, na medida em que a sociedade está refém dos mesmos segmentos. Mas também podem ser espaços de exposição e desmantelamento desses mesmos mecanismos, e podem ajudar a mostrar vias para outras realidades.      Jose MODERADOR: Caro chagas antonio Estas caixas de comentários têm apenas como beneficiário o Público que os gere. Cada comentário é apenas lido por um ou dois membros do painel e obviamente pelo algoritmo que os esmiúça. Não têm nenhum impacto na opinião pública. Os comentários e posts que fazem caminho são produções tecnicamente assistidas e difundidos a propósito e despropósito milhares de vezes. Têm conteúdos e forma estudados para obterem a atenção, mesmo subliminar e semear falsidades. Isto aqui não passa de entretenimento.           chagas_antonio MODERADOR: É entretenimento, sim. Mas isso não quer dizer que seja menor: no nosso paradigma neo-epicurista, é no entretenimento que a maioria das pessoas busca refúgio. Aónio Eliphis INFLUENTE: Caro JPP, não me recordo de os colunistas do Observador ou do Sol terem categorizado aqueles com os quais não concordam, de dementes. Mas posso estar equivocado. Coletivo Criatura INFLUENTE: Um jogo de espelhos por quem julga que só há censura numa das faces deles. Supostamente, os opostos são a 'direita radical' e a 'esquerda' (será toda a esquerda radical?; ou haverá medo de chamar a uma certa esquerda, 'esquerda radical?)! Partilho quase 70% das ideias de PP, mas julgo que a 'coisa' (um direito, um dever, a necessidade de discussão, até o erro) de haver quem discorde dele o está a incomodar demasiado. Não me parece estar a sedimentar autoridade com esta deriva de necessidade em legitimar a sua 'interpretação' do mundo e das ideias, por oposição a uns 'trafulhas' e 'extremistas', a quem faltou apenas chamar de 'doentes, atacados pela loucura', dentro do espírito do seu artigo.            João Lima INICIANTE: Serena resposta aos boçais escrevinhadores e suas difamações.     Francisco Bessa INICIANTE: Estou genericamente de acordo com JPP. Pena é que "aponte" apenas à direita populista radical, e não faça o mesmo à simetria, ou seja, aos mesmos populistas radicais mas, de esquerda.... Assim acaba por perder a coerência, ou quiçá é propositado!!!       chagas_antonio MODERADOR: Na mesma frase do artigo onde se diz que estes mecanismos não são exclusivos da direita radical, explica-se que, de momento, é esta a tribo que concentra mais ímpeto. Não será tanto uma questão de falta de coerência, mas antes uma tentativa de descrição do presente. DavidGomes INICIANTE: Se o PP "estudasse" os comentários aos artigos do JMT, verificava a quantidade de comentários a insultar e a malhar no JMT, e não são de pessoas da estrema direita.    Francisco Sampaio: INICIANTE: Ena, vieram quase todos enfiar a carapuça!       Mário Guimarães EXPERIENTE: JPP continue porque as suas ideias e o que escreve é muito bom. O ataque à saúde mental parte sempre de quem sabe que não tem razão. É um último argumento para quem não tem defesa. Quanto às caixas de comentários não se preocupe porque só são lidas aquelas que são escritas com boa intenção. As que contêm ódio, ataques pessoais são passadas à frente. Mas há quem se divirta com elas.         pintosa EXPERIENTE: Pacheco Pereira está no seu direito de "tomar partido" e só abrir um olho, mas a acusação de que quem rejeita "as teses científicas" é anormal só a tenho visto à esquerda. Vai desde a teoria do aquecimento global antropogénico até ao "racismo estrutural". E usa hoje em dia um argumento que os da geração de JPP se lembram bem: o da autoridade académica para menorizar os dissidentes! A frequência de um curso qualquer da escola de Rosas ou Boaventura é o pergaminho típico, revivendo de novo o "magister dixit" escolástico contra o qual os iluministas se insurgiram. INICIANTE: Não escreveria melhor!          Jose MODERADOR: “ " (...) O País perdeu a inteligência e a consciência moral. Os costumes estão dissolvidos e os caracteres corrompidos. A prática da vida tem por única direcção a conveniência. Não há princípio que não seja desmentido, nem instituição que não seja escarnecida. Ninguém se respeita. Não existe nenhuma solidariedade entre os cidadãos. Já se não crê na honestidade dos homens públicos. A classe média abate-se progressivamente na imbecilidade e na inércia. O povo está na miséria. Os serviços públicos vão abandonados a uma rotina dormente. O desprezo pelas ideias aumenta em cada dia. Vivemos todos ao acaso. Perfeita, absoluta indiferença de cima a baixo! Todo o viver espiritual, intelectual, parado. O tédio invadiu as almas. (Continua) Jose MODERADOR: ...A mocidade arrasta-se, envelhecida, das mesas das secretarias para as mesas dos cafés. A ruína económica cresce, cresce, cresce... O comércio definha, A indústria enfraquece. O salário diminui. A renda diminui. O Estado é considerado na sua acção fiscal como um ladrão e tratado como um inimigo. Neste salve-se quem puder a burguesia proprietária de casas explora o aluguel. A agiotagem explora o juro…(…)"” —Uma Campanha Alegre (1890-1891) Assim foi escrito para nos ser possível comprovar que o alarmismo intelectual não passa disso. Uma coisa é acrescentar ao conhecimento e coisa inversa é diluir-se na conversa do obscurantismo de tasca, como aconteceu aos melhores. Cuidado PP. joaquim.trindade0503.1025117 INICIANTE: Politicamente não estou perto de JPP, mas reconheço que é um grande pensador português, leio os seus comentários e concordo com o seu artigo de hoje. Continue!     orion INFLUENTE: Há uns meses mantive alguma esperança na utilidade social da actividade do septuagenário Pacheco Pereira. Aconteceu quando este começou a abordar temas de Literatura Portuguesa, socorrendo-se das suas colecções e arquivos. Os anos vão passando e o cronista continua a olhar para o seu umbigo. Desta vez o que lhe ocupa a mente é a defesa da "democracia", do seu conceito de democracia, aterrado que está com o crescimento da extrema-direita entre nós. E porquê? Pacheco e os seus compagnons de route falharam estrondosamente, chame-se o que se quiser aos seus modelos de actuação (a dita social-democracia que ficou sempre na gaveta e o resultado está à vista). Neste jornal, de matriz diferente do "Correio da Manhã", acolhem-se estes textos. São textos que passam por cima da tragédia que criaram.               Manuel Figueira.529114 EXPERIENTE: O exemplo que dá do JPP, «septuagenário» diz tudo sobre si. E justifica e cauciona o artigo do JPP como uma boa análise da realidade dos dias que correm          orion INFLUENTE: Presunção, Figueira. É septuagenário, tem um longo percurso e quando tinha vinte e tal anos chegou a ser "ML". Veio o 25 de Abril e engrossou o caudal dos democratas que queriam fazer alguma coisa por este país, depois do isolacionismo de Salazar. Ao fim de cinquenta anos, o trabalho não foi feito: zonas de pobreza e exclusão; um sistema garantista na justiça que tudo permite a corruptos; as clientelas partidárias são vorazes. A Pacheco Pereira resta o queixume e a má consciência de ter feito um péssimo trabalho enquanto actor deste regime bafiento. Vem Pacheco desabafar neste espaço, um sinal do reconhecimento do seu fracasso. É preciso ter lata. Pacheco, poupe-nos. francisco cruz EXPERIENTE: O facto de mencionar sequer, referência ao Correio da Manhã e chamar jornal a esse pasquim abjecto, diz o essencial sobre sua visão e perspectiva do mundo. Não aprecia o pensamento de José Pacheco Pereira, é natural em alguém que referencia um pasquim da comunicação social.          orion INFLUENTE: Mais valia que Pacheco se tivesse dedicado à música e não a um conjunto de actividades que poucos frutos sociais geraram. Pacheco não pode dizer como David Gilmour, dos Pink Floyd, após décadas de criatividade e simbiose cultural com milhões e milhões de pessoas habitantes deste planeta:"O trabalho está feito". Com a simplicidade duma pessoa, nascida em Março de 1946, três anos antes de Pacheco Pereira, que viveu uma vida plena de partilha, embora, reconheça-se, tenha enriquecido, mas por meios que o modo de produção capitalista considera perfeitamente legítimos. Por isso, em detrimento dos políticos, os meus heróis são as rock stars, de que é exemplo David Gilmour.          orion INFLUENTE: Compro o CM por vezes. Faz parte de um grupo de comunicação social e defende os seus interesses. Não há bons nem maus. Não há na minha frase nada de maniqueísmo. Mas, reconheço que o CM objectivamente faz ressaltar a corrupção e a voracidade das clientelas partidárias, tal como o Público. Mas o Público. jornal da Sonae, cumpre o seu destino de jornal que se pretende ufanar de um determinado estatuto de emissor cultural. Claro que não alcança o brilhantismo e a grandeza do "Le Monde", até porque não tem, a exemplo do diário francês, um núcleo independente liderado por jornalistas e grupos de leitores que lhe dão um indomável espírito como observador da realidade nacional e sobretudo a conjugação da evolução dos factos à luz da luta geopolítica. Essa estrutura independente é o guia editoria         orion INFLUENTE: Francisco Cruz: a minha perspectiva é antes ditada pela leitura do "Le Monde". O CM é um pasquim? Opiniões. Às vezes compro o CM, mais para ver as questões de corrupção central e local. Eduardo Dâmaso, com diversos livros sobre o assunto e director do CM, imprime esta característica ao Jornal. Eduardo Dâmaso é, mais exactamente, director da "Sábado". ernestocarneiro.883138 INICIANTE: Para entender o que escreve o “velho sábio da Marmeleira” há que reler “A Violação das Massas pela Propaganda Política” Sergei Stepanovich Tchakhotine ou Tschachotin, em russo, ?????? ?????????? ???????, , o microbiologista russo, ativista político e um dos inventores das modernas formas de propaganda baseadas na teoria dos reflexos condicionados de Ivan Pavlov, tendo sido um dos principais teóricos da psicologia de massas do século XX. Outro livro fundamental a reler para descodificar a prosa do JPP seria “O Triunfo dos Porcos” de George Orwell. Ho, Ho Chi Minh!!!!!!!         Manuel Figueira.529114 EXPERIENTE: Ernesto Carneiro: O que eu disse ao comentador Orion, um pouco mais acima deste comentário, a propósito da caracterização do JPP como septuagenário, aplica-se a si quando o refere como o velho sábio da Marmeleira. Ambas as caracterizações são «ad hominem», pretendendo, portanto, desvalorizá-lo, pois não se centram nas ideias expressas por JPP, sempre passíveis de contraditório, mas em características pessoais (naturais ou escolhidas). É triste, mas JPP explica-as muito bem no artigo. O problema é que poucos lerão o artigo e menos ainda o compreenderão. Fernando Reinaldo Pires INICIANTE: Dr. Pacheco Pereira: durante anos li-o e tive em devida conta tudo o que escrevia. Ultimamente, a sua deriva umbilicalista só me causa repulsa.           pronouncer EXPERIENTE: Outro martelo de que os extremistas sacam, é o de exigir detalhe justificativo absoluto aos argumentos dos outros, praticando a máxima leviandade com os seus. Por exemplo, dizendo a um descrente na rotação da Terra que se viajar de avião entre os pontos A e B, lugares concretos ligados por um arco na direcção de rotação, verificará que o voo não dura o mesmo tempo, é respondido com Os horários e relógios são manipulados para dar essa ilusão. Prove lá que estou enganado. Só quem come toda a palha que lhe colocam à frente é que não vê. Luis Morgado EXPERIENTE: Pacheco Pereira parece estar a responder de modo elegante a João Miguel Tavares, acusando-o indirectamente de utilizar argumentos-ataques, do tipo soviético, agora comuns nos radicais de direita. O texto é muito bom, mas parece-me haver alguma injustiça na avaliação de JMT, se é que a minha suposição é correcta. JMT é alvo constante de ataques ad hominem nas caixas de comentários: é chamado recorrentemente de “vendido”, “fascista”, etc. O próprio PP aconselhou JMT a “ir estudar”, mas JMT já escreveu uma crónica sobre as “trincheiras” que impedem pontes. Por outro lado, PP, para além do fenómeno dos radicais de direita, poderia também incluir no seu texto a cultura do cancelamento (dos radicais de esquerda?) que faz da vitimização uma arma que legitima a obliteração de toda a crítica.          Joao Sousa.633686 INICIANTE: E será mesmo que os ataques pessoais nas redes sociais são método usual da direita radical? Não acontece precisamente o mesmo à esquerda? Veja e.g. o twitter do mais recente fascista Prof. Nuno Palma. Não se percebe a (habitual) parcialidade na análise do inteligente historiador Pacheco Pereira.            Tristão Bretão EXPERIENTE: A palavra "maluquinhos" foi usada por JMT na frase "coisa que só existe na cabeça dos maluquinhos" - no artigo capciosamente intitulado "E assim cá vamos, cantando e rindo" (17/06). Artigo cujo nervosismo se nota até nos erros de gramática que ostenta logo no 1º parágrafo. Foi uma tentativa de emendar a mão à desastrosa resposta a JPP, "As manipulações do grande educador Pacheco Pereira". Emendou mal e não disfarçou os tiques autoritários que fazem com que JMT defenda argumentos de direita querendo convencer-nos de que está só a enunciar evidências incontestáveis (é o rasto da TINA). JPP nota todos os detalhes da retórica ideológica e não os menoriza. A direita portuguesa radicalizada é muito vulnerável a esse exame e não perdoa que lhe seja feito por um inequívoco anticomunista.         Luis Morgado EXPERIENTE: Tristão, na minha opinião as coisas não são assim tão simples. É curioso, por exemplo, que a palavra "maluquinhos" tenha sido utilizada por JMT, em abstracto, para se referir àqueles que hipoteticamente manifestem o desejo de voltar aos tempos do Estado Novo. Neste caso o JMT estava a malhar nos radicais de direita, não acha?         joaquim pocinho EXPERIENTE: Ao que um homem chega.          nunos EXPERIENTE: Parece-me que isto é um falso problema.        HNeves EXPERIENTE: Os mecanismos do radicalismo sempre existiram, antes e depois do 25 de Abril. O JPP sabe muito bem como desde o 25 de Abril, em Portugal, no grosso da comunicação social, nos locais de trabalho, no aparelho de Estado e nos altares das igrejas foi condicionado e continua a ser condicionado o livre pensamento e a liberdade de acção às pessoas e organizações de esquerda.        DNG. MODERADOR: O aviso é pertinente contudo creio tratar-se de um problema residual. Quem aceita barretes desse tipo? Há mecanismos de auto-controlo neste fórum naturais que garantem uma natureza aberta da discussão dentro dos limites do confronto saudável. O Centrista Caviar pode ser o pobre Liberar travestido, não sei. O Leclerc ainda não sei. Mas apareceu o Tristão em forma. Não estou preocupado. Não estou preocupado. Olhemos o caso do JMT. Os artigos que se enquadram com casos de protesto são objecto de escrutínio positivo. Expectável. Tudo o que é demagogia retórica acaba por ser arrasado naturalmente. Felizmente o fórum tem uma maioria de participantes a quem apenas interessa a verdade.       Mario CoimbraINFLUENTE: Excelente texto. Quero só ressalvar dois pontos. Eu faço parte dos descontentes com Costa e este governo. Não uso o argumentário que refere apesar de reconhecer que existe. E com isto quero dizer que existe gente como eu que argumenta de forma séria e correcta e sempre educada. O uso destes métodos pela tribo, da direita, conceito redutor, como gosta sempre de referir, também igual relevância na tribo da esquerda. Ou seja a distância é cada vez mais acentuada e assim sendo mais difícil de construir pontes. O centro está a desaparecer. Se hoje Costa defende políticas pouco socialistas e mais de esquerda radical espero que o PSD não o faça com a direita. E não argumente com a TINA. Quem a defendia era seguramente maluquinho             Daniel A. Seabra INICIANTE: É por textos como este - e muitos outros - que Pacheco Pereira é sempre a 1ª leitura deste jornal ao sábado.         Jose MODERADOR:"doente, demente, senil, “maluquinho”, lunático" são insultos vulgares nas redes sociais, no parlamento, nos corredores do poder, nas publicações de referência. Todos esses insultos foram dirigidos a Vasco Gonçalves acrescentando o indulto supremo: comunista, agora seria comuna como os PIDE's torturadores tratavam os democratas a serem torturados. Pode ouvir-se isso no debate televisivo que precedeu os acontecimentos de 25 de Novembro entre Álvaro Cunhal e Mário Soares. É a vulgaridade da exploração do obscurantismo e a sua alimentação. Talvez o anti-comunismo de PP o tenha levado a "teorizar" o tema incluindo o argumento de autoridade dos dissidentes soviéticos. Curiosamente a primeira vez que ouvi a palavra dissidentes foi associada a Sá Carneiro, Balsemão... "os fascistas dissidentes".          Francisco José Assis Miranda INICIANTE: Só uma pessoa em adiantado estado de alienação pode continuar a negar o fenómeno totalitário soviético. Deve ser internada num hospital psiquiátrico? Não! Deve ser combatida com toda a firmeza moral e política. JPP anda tão ocupado mentalmente com a extrema- direita que tem descurado um pouco o processo em curso de branqueamento do terror marxista-leninista.

 

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