(“…da capital / pelo nosso Júlio Dantas /ou qualquer coisa entre tantas / duma antipatia igual…”). Provavelmente José Pacheco Pereira sente-se num estado de espírito semelhante ao desse, de Mário de Sá Carneiro exposto no seu poema “Serradura”. Alguns comentadores condenam, embora outros o aplaudam, na sua verrina parcial, que já tem sido apontada, e mais uma vez se verificam opiniões contrárias, a esse respeito. “Tudo menos ter razão”! – também foi dito por Álvaro de Campos. Talvez JPP se sinta identicamente lúcido, como aquele disse que era, mergulhado em outra sorte de aparentes complexos. Está no seu direito, afinal, o nosso PP. Eu acho-o contraditório ou, pelo menos, parcial, no seu desprezo pelos da direita (ou do centro), onde hoje se posiciona, tendo pertencido antes àqueles a quem parece continuar a pertencer hoje, apesar do refúgio das conveniências práticas…
OPINIÃO: O argumento soviético da loucura
A dissidência era considerada uma doença mental no
período de Brejnev e este argumento soviético é hoje muito usado no mundo do
ataque pessoal da direita radical.
PÚBLICO, 19 de
Junho de 2021
Os
mecanismos do radicalismo
hoje em curso à direita do espectro político são bem visíveis em textos
de articulistas, nas páginas das redes sociais e nesse espelho das cabeças que
são os comentários em caixas de comentários sem moderação ou pouco moderadas,
seja no Observador, no Sol, e mesmo no PÚBLICO. Aliás, a prática de uma
mesma publicação ser moderada no corpo principal e permitir tudo nas páginas do
seu Facebook favorece a degradação da opinião, com o falso argumento da sua
democratização.
Embora
seja fácil perceber que uma multiplicidade de nomes falsos e pseudónimos
pertencem à mesma pessoa, para se criar a ilusão da quantidade, não é
irrelevante conhecer esta forma ficcional de vox populi, intencional e
pretendendo obter objectivos políticos. Do mesmo modo, é possível perceber
outros mecanismos deliberados, como seja enviar opiniões pejorativas ou no
início ou numa fase já avançada dos comentários, de modo a que estes sejam ou
os primeiros ou os últimos e, de algum modo, condicionarem a leitura do
conjunto. Há gente que faz isto como quem respira, verdadeiros militantes das caixas de comentários, e há
profissionais de agências de comunicação ou grupos organizados nos partidos
políticos, semelhantes aos que existem nos programas de rádio, os fóruns em
directo de opiniões, a actuarem escondidos.
Muitos
dos mecanismos deste tipo não são exclusivos da direita radical, existem
também à esquerda, mas a maré tribal que está a subir é a da direita radical,
associada ao populismo antidemocrático, exacerbado pelo
sentimento de impotência face à situação política actual e às sondagens. Os temas e o modo de os apresentar e discutir são tão
semelhantes entre si, do Observador ao Diabo, que representam um elenco que
pode ser identificado e discutido.
Noutros
artigos voltarei a esta questão, com os retratos do “argumentário”, quase
todo associado a ataques pessoais, que desde o início do século XX foi identificado
e estudado como um modus operandi do jornalismo de ataque populista radical.
Hoje fico-me por aquilo que é o uso do argumento
soviético do período de Brejnev para usar a interpretação psicológica,
psicanalítica e psiquiátrica para explicar a dissidência. A dissidência era considerada uma doença mental, e
vários opositores ao regime soviético como Vladimir Bukovski, Leonid
Pliushch e Grigorenko foram perseguidos como doentes. A ideia
apresentada de forma simplista era esta: como é possível, sem padecer de uma
qualquer doença mental, pôr em causa um regime perfeito de sociabilidade
política como o socialismo soviético, fonte de felicidade e bem-estar? Como era
possível, sem diminuição das faculdades mentais, estar “contra o povo”?
Este argumento soviético é hoje muito
usado no mundo do ataque pessoal da direita radical. Pode parecer estranho pela aparente oposição política,
mas não é: há uma similitude na vontade de destruir o outro e os
mecanismos para o fazer são idênticos. Este
tipo de ataques muito comuns nas margens cinzentas da política está cada vez
mais a emigrar para as zonas “respeitáveis” da opinião. Como é possível sem
se ser doente, demente, senil, “maluquinho”, lunático, sem se ter as faculdades
mentais diminuídas, pôr em causa o discurso da direita radical sobre o
“ditador” Costa, sobre o “socialismo autoritário” que nos rege, como não é
possível ver a essência corrupta da democracia, descrita como o “sistema”, como
é possível não se aceitarem as teses “científicas” sobre a realidade, como, em
suma, se pode discordar sobre o mundo do Mal que nos governa sem se ser ou
servil ou doente ou as duas coisas?
Não
se trata de debater ou discutir, mas de considerar que o outro não pode nunca
ser ouvido ou ser um interlocutor, porque está diminuído nas suas faculdades
mentais, como se vê pelas suas posições...
Os termos que usei e que repito – demente,
senil, “maluquinho”, lunático, sem as faculdades todas – foram todos usados por
cá nos dias de hoje, e são uma espécie de upgrade da redução das
posições políticas a traços e comportamentos psicológicos, seja a inveja, seja
o ressentimento, os dois mais comuns, que são centrais nos ataques pessoais. É um estilo cada vez mais vulgar, que acompanha a
crescente incapacidade de aceitar posições numa conversação democrática, ou
sequer admitir que ela possa existir porque isso é aceitar o “sistema”. O melhor
exemplo são os republicanos pró-Trump, e os seus
imitadores nacionais.
Se
retirarmos o psicologismo, e a sua forma superior no argumento da dissidência
ou da discordância como doença mental, não sobra quase nada. Espreme-se e sai
vazio, o que significa que não se trata de debater ou discutir, mas de
considerar que o outro não pode nunca ser ouvido ou ser um interlocutor, porque
está diminuído nas suas faculdades mentais, como se vê pelas suas posições...
Historiador
TÓPICOS: DIREITA
REDES SOCIAIS PSICOLOGIA COMPORTAMENTO DOENÇA MENTAL UNIÃO SOVIÉTICA LIBERDADE DE EXPRESSÃO
COMENTÁRIOS:
PLOliveira INICIANTE: Caro JPP, há muito anos que o ouço e o leio, e folgo
muito em constatar que mantém a argúcia, a lucidez e o discernimento intactos.
O senhor é da poucas pessoas em Portugal que tem a faculdade de dissecar o que
se mal se passa e a coragem de o dizer sem rodeios, doa a quem doer! Obrigado! Luís Marques INICIANTE: É tristemente mais frequente a forma como as caixas de
comentários às opiniões do PP acabam por verificar empiricamente o conteúdo da
opinião. Sim, pessoa que acabou de ler este meu comentário e já começou a
cavalgar o teclado para me responder a letra: Você dá razão a Pacheco Pereira. António Cunha EXPERIENTE: Os comentaristas' apócrifos das profecias de JMT,
ressabiados com as vergastadas a este outro, vêm todos aqui com a lição mal
estudada. Malhe neles, caro JPP! Sempre com elegância, acutilância e
conhecimento! :) timóteo_p INICIANTE: pacheco, o "democrata" que insulta soezmente
quem das suas ideias se atreva a discordar e que exige aperto na censura. É bem
possível que aos tachos que lhe permitiram e permitem a vida pública de burguês
ostentivo e ocioso o regime venha brevemente a acrescentar outros. Figueira da Foz INFLUENTE: O que o senhor timóteo_p escreveu é uma vergonha.
Cure-se, beba água e passeie pelo campo ou cidade. Não vomite ódio! EXPERIENTE: As aspas em “científicas” diz tudo o que é preciso
saber sobre o que o estado intelectual de JPP e outros "Boomers" do
sistema (sem aspas) como Miguel Sousa Tavares. Tudo, até a evidência empírica e
factual, se deve vergar à sua imensa proeminência intelectual que sustenta e é
sustentada pela sabedoria aceite por esse sistema de promoção circular cuja
existência negam. O que interessam os factos e o comentariado da ralé quando
temos a opinião dos sumo-sacerdotes para nos dizer que o rei tem umas vestes
lindas? orion INFLUENTE: Miguel Sousa Tavares(MST) não tem contraditório no
"Expresso" - aliás, este jornal acabou com as caixas de comentários
dos leitores. Nem estou a imaginar o que seria o texto semanal de MST objecto
de comentários, tão polémicas e fortes são as opiniões deste veterano da
comunicação. Conraria, economista da Escola do Minho, igualmente polémico ou
não fosse a Economia uma ciência social extremamente conflitual, onde se
discute a repartição do bolo social. Depois do "Observador" e do
"Público", onde era alvo de comentários e opiniões frontalmente
opostas às suas, Conraria rumou ao "Expresso", onde não há contraditório
dos leitores. O mesmo que Conraria fez Louçã, incomodado com o
"Público", rumou ao "Expresso". De acordo: Pacheco detesta
comentários de "gente inferior"- Paulo Batista EXPERIENTE: Concordo consigo JPP. No meu entendimento a culpa de
tudo isto é a Justiça que em Portugal, a nível processual, ainda funciona como
há 100 anos, permitindo manobras dilatórias que arrastam processos e não punem
adequada e temporalmente os grandes crimes de colarinho branco em Portugal.
Isso leva à descredibilização do sistema politico - democracia parlamentar
representativa - e ajuda os movimentos radicais de direita e de esquerda a
crescer em virtude de as pessoas considerarem que os políticos são uns
vendilhões do templo face a haver uma larga franja deles envolvidos em
processos menos claros, no mínimo, e tornarem-se inimputáveis. Este lodo
arrasta-se desde os tempos da Caixa Faialense, do BPN, do BIC, do BANIF, do
BES, da PT, e ... finas
EXPERIENTE: Interessante
como continua a ter lata para escrever depois da rabetada Que levou do JMT no
outro dia. francisco cruz EXPERIENTE: Ahahahahahahahahahah!!! Você toma os seus delirantes
desejos por realidade. Há muito que não gargalhava tão desabridamente. JMT tem
que esgrimar argumentos com alguém do tamanho dele, jamais com um gigante como
José Pacheco Pereira. João Lima INICIANTE: E nós que tínhamos visto precisamente o contrário...
Você dá-se ao trabalho de ler os artigos? (ler com olhos de ver) finas
EXPERIENTE: Fico feliz por lhe ter feito ganhar o
dia! fmart8 EXPERIENTE: Sério?? O LPP mandou a canalha estudar e não lhes
passou mais cavaco. Eles esbracejam, esbracejam, mas estudar não é com eles. francisco cruz EXPERIENTE: Finas. Gratidão por mostrar Fair Play e simpatia. Aprenda
a apreciar José Pacheco Pereira, olhe que vale a pena, é um oceano de
conhecimento. orion INFLUENTE: Curiosa a designação de Pacheco Pereira como gigante
Muito acertadamente Newton disse que se ergueu aos ombros de gigantes - Kepler,
Copérnico e Galileu e tantos outros. Gigante, Pacheco Pereira? Meça as suas
palavras!!! EXPERIENTE: Se Finas lhe fez gargalhar, os comentários do Francisco
fazem-me chorar de tristeza por verificar que depois de 50 anos da revolução
dos cravas ainda haja tanto lambebotismo. Quintinos EXPERIENTE: Será que JPP nunca se olhou ao espelho e perguntou:
quem nunca pecou que atire a primeira pedra? Ahfan Neca INICIANTE: Este artigo lembrou-me aquela história do tipo que
andava sempre a estalar os dedos e fazia sinais com as mãos não se sabe para
quem. Um dia, alguém lhe perguntou porque é que andava sempre a estalar os
dedos e a fazer sinais com as mãos. Ao que respondeu: " é para afastar os
leões". Para afastar os leões? "Mas aqui não há leões",
respondeu o intrigado interlocutor. "Exactamente, exactamente, este método
é infalível". Leste de Java INICIANTE: O controleiro ml usa a mesma receita. Filipe Paes de Vasconcellos INICIANTE: Espremi o seu texto e saiu vazio. Acho muito bem que
estejamos todos preocupados com os radicais, mas note que a esquerda radical
que tem governado este país já fez muito mal aos Portugueses. E, o seu amigo
Costa, que na ganância de chegar ao poder deu palco à esquerda radical foi o
principal responsável pelo aparecimento do Chega. Quanto à estratégia dos
comentadores noto que estuda e muito o assunto está muito expedito neste tipo
de esquemas. Olhe, vou estudar, só que não tenho a sua sebenta. Fique bem! João Lima INICIANTE: Não é necessário estudar muito, nem aconselhável:
basta, de quando em quando, ler uma série de comentários Chama-se a isto uma
amostra. francisco cruz EXPERIENTE: Ahahahah! Não entendeu nada da
leitura do texto - se é que na verdade leu - afinal a sua reacção espelha na
perfeição o que José Pacheco Pereira deseja demonstrar. A sua falta de educação
- ou respeito - também é patente
Caetano Brandão INICIANTE: Boa análise de PP. chagas_antonio MODERADOR: Em defesa das caixas de
comentários, na sua versão mais solar servem de escape, de terreno de
experimentação de argumentos, de verdadeiras caixas de sugestões; claro que, na
sua versão mais lunar, são coios de ressentimento, de desinformação e de
transmissão mais ou menos velada de ódio. Mas, tal como as redes sociais, as
caixas de comentários são apenas estruturas que as pessoas - essas sim,
verdadeiramente solares e lunares - usam para os seus propósitos. Ficam reféns
de profissionais e de grupos políticos organizados? Ficam, na medida em que a
sociedade está refém dos mesmos segmentos. Mas também podem ser espaços de
exposição e desmantelamento desses mesmos mecanismos, e podem ajudar a mostrar
vias para outras realidades.
Jose MODERADOR: Caro chagas antonio Estas
caixas de comentários têm apenas como beneficiário o Público que os gere. Cada
comentário é apenas lido por um ou dois membros do painel e obviamente pelo
algoritmo que os esmiúça. Não têm nenhum impacto na opinião pública. Os
comentários e posts que fazem caminho são produções tecnicamente assistidas e
difundidos a propósito e despropósito milhares de vezes. Têm conteúdos e forma
estudados para obterem a atenção, mesmo subliminar e semear falsidades. Isto
aqui não passa de entretenimento. chagas_antonio
MODERADOR: É
entretenimento, sim. Mas isso não quer dizer que seja menor: no nosso paradigma
neo-epicurista, é no entretenimento que a maioria das pessoas busca refúgio. Aónio Eliphis INFLUENTE: Caro JPP, não me recordo de os
colunistas do Observador ou do Sol terem categorizado aqueles com os quais não
concordam, de dementes. Mas posso estar equivocado. Coletivo Criatura INFLUENTE: Um jogo de espelhos por quem julga
que só há censura numa das faces deles. Supostamente, os opostos são a 'direita radical'
e a 'esquerda' (será toda a esquerda radical?; ou haverá medo de chamar a uma
certa esquerda, 'esquerda radical?)! Partilho quase 70% das ideias de PP, mas
julgo que a 'coisa' (um direito, um dever, a necessidade de discussão, até o
erro) de haver quem discorde dele o está a incomodar demasiado. Não me parece
estar a sedimentar autoridade com esta deriva de necessidade em legitimar a sua
'interpretação' do mundo e das ideias, por oposição a uns 'trafulhas' e
'extremistas', a quem faltou apenas chamar de 'doentes, atacados pela loucura',
dentro do espírito do seu artigo.
João Lima INICIANTE: Serena resposta aos boçais escrevinhadores
e suas difamações. Francisco Bessa INICIANTE: Estou genericamente de acordo
com JPP. Pena é que "aponte" apenas à direita populista radical, e
não faça o mesmo à simetria, ou seja, aos mesmos populistas radicais mas, de
esquerda.... Assim acaba por perder a coerência, ou quiçá é
propositado!!! chagas_antonio MODERADOR: Na mesma frase do artigo onde
se diz que estes mecanismos não são exclusivos da direita radical, explica-se
que, de momento, é esta a tribo que concentra mais ímpeto. Não será tanto uma
questão de falta de coerência, mas antes uma tentativa de descrição do presente.
DavidGomes INICIANTE: Se o PP "estudasse"
os comentários aos artigos do JMT, verificava a quantidade de comentários a
insultar e a malhar no JMT, e não são de pessoas da estrema direita.
Francisco Sampaio: INICIANTE: Ena, vieram quase todos enfiar
a carapuça! Mário Guimarães EXPERIENTE: JPP continue porque as suas ideias
e o que escreve é muito bom. O ataque à saúde mental parte sempre de quem sabe
que não tem razão. É um último argumento para quem não tem defesa. Quanto às
caixas de comentários não se preocupe porque só são lidas aquelas que são
escritas com boa intenção. As que contêm ódio, ataques pessoais são passadas à
frente. Mas há quem se divirta com elas. pintosa EXPERIENTE: Pacheco Pereira está no seu
direito de "tomar partido" e só abrir um olho, mas a acusação de que
quem rejeita "as teses científicas" é anormal só a tenho visto à
esquerda. Vai desde a teoria do aquecimento global antropogénico até ao
"racismo estrutural". E usa hoje em dia um argumento que os da
geração de JPP se lembram bem: o da autoridade académica para menorizar os
dissidentes! A frequência de um curso qualquer da escola de Rosas ou Boaventura
é o pergaminho típico, revivendo de novo o "magister dixit"
escolástico contra o qual os iluministas se insurgiram. INICIANTE: Não escreveria melhor! Jose MODERADOR: “ " (...) O País perdeu a
inteligência e a consciência moral. Os costumes estão dissolvidos e os
caracteres corrompidos. A prática da vida tem por única direcção a
conveniência. Não há princípio que não seja desmentido, nem instituição que não
seja escarnecida. Ninguém se respeita. Não existe nenhuma solidariedade entre
os cidadãos. Já se não crê na honestidade dos homens públicos. A classe média
abate-se progressivamente na imbecilidade e na inércia. O povo está na miséria.
Os serviços públicos vão abandonados a uma rotina dormente. O desprezo pelas
ideias aumenta em cada dia. Vivemos todos ao acaso. Perfeita, absoluta
indiferença de cima a baixo! Todo o viver espiritual, intelectual, parado. O
tédio invadiu as almas. (Continua) Jose MODERADOR: ...A mocidade arrasta-se,
envelhecida, das mesas das secretarias para as mesas dos cafés. A ruína
económica cresce, cresce, cresce... O comércio definha, A indústria enfraquece.
O salário diminui. A renda diminui. O Estado é considerado na sua acção fiscal
como um ladrão e tratado como um inimigo. Neste salve-se quem puder a burguesia
proprietária de casas explora o aluguel. A agiotagem explora o juro…(…)"”
—Uma Campanha Alegre (1890-1891) Assim foi escrito para nos ser possível
comprovar que o alarmismo intelectual não passa disso. Uma coisa é
acrescentar ao conhecimento e coisa inversa é diluir-se na conversa do
obscurantismo de tasca, como aconteceu aos melhores. Cuidado PP. joaquim.trindade0503.1025117 INICIANTE: Politicamente não estou perto
de JPP, mas reconheço que é um grande pensador português, leio os seus
comentários e concordo com o seu artigo de hoje. Continue! orion INFLUENTE: Há uns meses mantive alguma
esperança na utilidade social da actividade do septuagenário Pacheco Pereira.
Aconteceu quando este começou a abordar temas de Literatura Portuguesa,
socorrendo-se das suas colecções e arquivos. Os anos vão passando e o cronista
continua a olhar para o seu umbigo. Desta vez o que lhe ocupa a mente é a defesa
da "democracia", do seu conceito de democracia, aterrado que
está com o crescimento da extrema-direita entre nós. E porquê? Pacheco e
os seus compagnons de route falharam estrondosamente, chame-se o que se quiser
aos seus modelos de actuação (a dita social-democracia que ficou sempre na
gaveta e o resultado está à vista). Neste jornal, de matriz diferente do
"Correio da Manhã", acolhem-se estes textos. São textos que passam por
cima da tragédia que criaram.
Manuel Figueira.529114 EXPERIENTE: O exemplo que dá do JPP,
«septuagenário» diz tudo sobre si. E justifica e cauciona o artigo do JPP como
uma boa análise da realidade dos dias que correm orion INFLUENTE: Presunção, Figueira. É
septuagenário, tem um longo percurso e quando tinha vinte e tal anos chegou a
ser "ML". Veio o 25 de Abril e engrossou o caudal dos democratas que
queriam fazer alguma coisa por este país, depois do isolacionismo de Salazar.
Ao fim de cinquenta anos, o trabalho não foi feito: zonas de pobreza e
exclusão; um sistema garantista na justiça que tudo permite a corruptos; as
clientelas partidárias são vorazes. A Pacheco Pereira resta o queixume e a má
consciência de ter feito um péssimo trabalho enquanto actor deste regime
bafiento. Vem Pacheco desabafar neste espaço, um sinal do reconhecimento do seu
fracasso. É preciso ter lata. Pacheco, poupe-nos. francisco cruz EXPERIENTE: O facto de mencionar sequer,
referência ao Correio da Manhã e chamar jornal a esse pasquim abjecto, diz o essencial
sobre sua visão e perspectiva do mundo. Não aprecia o pensamento de José
Pacheco Pereira, é natural em alguém que referencia um pasquim da comunicação
social. orion INFLUENTE: Mais valia que Pacheco se
tivesse dedicado à música e não a um conjunto de actividades que poucos frutos
sociais geraram. Pacheco não pode dizer como David Gilmour, dos Pink Floyd,
após décadas de criatividade e simbiose cultural com milhões e milhões de
pessoas habitantes deste planeta:"O trabalho está feito". Com a
simplicidade duma pessoa, nascida em Março de 1946, três anos antes de Pacheco
Pereira, que viveu uma vida plena de partilha, embora, reconheça-se, tenha
enriquecido, mas por meios que o modo de produção capitalista considera
perfeitamente legítimos. Por isso, em detrimento dos políticos, os meus heróis
são as rock stars, de que é exemplo David Gilmour. orion INFLUENTE: Compro o CM por vezes. Faz
parte de um grupo de comunicação social e defende os seus interesses. Não há
bons nem maus. Não há na minha frase nada de maniqueísmo. Mas, reconheço que o CM
objectivamente faz ressaltar a corrupção e a voracidade das clientelas
partidárias, tal como o Público. Mas o Público. jornal da Sonae, cumpre o
seu destino de jornal que se pretende ufanar de um determinado estatuto de
emissor cultural. Claro que não alcança o brilhantismo e a grandeza do
"Le Monde", até porque não tem, a exemplo do diário francês, um
núcleo independente liderado por jornalistas e grupos de leitores que lhe dão
um indomável espírito como observador da realidade nacional e sobretudo a
conjugação da evolução dos factos à luz da luta geopolítica. Essa estrutura independente
é o guia editoria orion INFLUENTE: Francisco Cruz: a minha
perspectiva é antes ditada pela leitura do "Le Monde". O CM é um
pasquim? Opiniões. Às vezes compro o CM, mais para ver as questões de corrupção
central e local. Eduardo Dâmaso, com diversos livros sobre o assunto e director
do CM, imprime esta característica ao Jornal. Eduardo Dâmaso é, mais
exactamente, director da "Sábado". ernestocarneiro.883138 INICIANTE: Para entender o que escreve o
“velho sábio da Marmeleira” há que reler “A Violação das Massas pela Propaganda
Política” Sergei Stepanovich Tchakhotine ou Tschachotin, em russo, ??????
?????????? ???????, , o microbiologista russo, ativista político e um dos
inventores das modernas formas de propaganda baseadas na teoria dos reflexos
condicionados de Ivan Pavlov, tendo sido um dos principais teóricos da psicologia
de massas do século XX. Outro livro fundamental a reler para descodificar a
prosa do JPP seria “O Triunfo dos Porcos” de George Orwell. Ho, Ho Chi
Minh!!!!!!! Manuel Figueira.529114 EXPERIENTE: Ernesto Carneiro: O que eu
disse ao comentador Orion, um pouco mais acima deste comentário, a propósito da
caracterização do JPP como septuagenário, aplica-se a si quando o refere como o
velho sábio da Marmeleira. Ambas as caracterizações são «ad hominem»,
pretendendo, portanto, desvalorizá-lo, pois não se centram nas ideias expressas
por JPP, sempre passíveis de contraditório, mas em características pessoais
(naturais ou escolhidas). É triste, mas JPP explica-as muito bem no artigo. O
problema é que poucos lerão o artigo e menos ainda o compreenderão. Fernando Reinaldo Pires INICIANTE: Dr. Pacheco Pereira: durante
anos li-o e tive em devida conta tudo o que escrevia. Ultimamente, a sua
deriva umbilicalista só me causa repulsa. pronouncer EXPERIENTE: Outro martelo de que os
extremistas sacam, é o de exigir detalhe justificativo absoluto aos argumentos
dos outros, praticando a máxima leviandade com os seus. Por exemplo, dizendo a
um descrente na rotação da Terra que se viajar de avião entre os pontos A e B,
lugares concretos ligados por um arco na direcção de rotação, verificará que o
voo não dura o mesmo tempo, é respondido com Os horários e relógios são
manipulados para dar essa ilusão. Prove lá que estou enganado. Só quem come
toda a palha que lhe colocam à frente é que não vê. Luis Morgado
EXPERIENTE: Pacheco
Pereira parece estar a responder de modo elegante a João Miguel Tavares,
acusando-o indirectamente de utilizar argumentos-ataques, do tipo soviético,
agora comuns nos radicais de direita. O texto é muito bom, mas parece-me haver
alguma injustiça na avaliação de JMT, se é que a minha suposição é correcta.
JMT é alvo constante de ataques ad hominem nas caixas de comentários: é chamado
recorrentemente de “vendido”, “fascista”, etc. O próprio PP aconselhou JMT a
“ir estudar”, mas JMT já escreveu uma crónica sobre as “trincheiras” que
impedem pontes. Por outro lado, PP, para além do fenómeno dos radicais de
direita, poderia também incluir no seu texto a cultura do cancelamento (dos
radicais de esquerda?) que faz da vitimização uma arma que legitima a
obliteração de toda a crítica. Joao Sousa.633686 INICIANTE: E será mesmo que os ataques
pessoais nas redes sociais são método usual da direita radical? Não acontece
precisamente o mesmo à esquerda? Veja e.g. o twitter do mais recente fascista
Prof. Nuno Palma. Não se percebe a (habitual) parcialidade na análise do inteligente
historiador Pacheco Pereira. Tristão Bretão EXPERIENTE: A palavra
"maluquinhos" foi usada por JMT na frase "coisa que só existe na
cabeça dos maluquinhos" - no artigo capciosamente intitulado "E assim
cá vamos, cantando e rindo" (17/06). Artigo cujo nervosismo se nota até
nos erros de gramática que ostenta logo no 1º parágrafo. Foi uma tentativa de
emendar a mão à desastrosa resposta a JPP, "As manipulações do grande
educador Pacheco Pereira". Emendou mal e não disfarçou os tiques
autoritários que fazem com que JMT defenda argumentos de direita querendo
convencer-nos de que está só a enunciar evidências incontestáveis (é o rasto da
TINA). JPP nota todos os detalhes da retórica ideológica e não os menoriza. A
direita portuguesa radicalizada é muito vulnerável a esse exame e não perdoa que
lhe seja feito por um inequívoco anticomunista. Luis Morgado EXPERIENTE: Tristão, na minha opinião as
coisas não são assim tão simples. É curioso, por exemplo, que a palavra
"maluquinhos" tenha sido utilizada por JMT, em abstracto, para se
referir àqueles que hipoteticamente manifestem o desejo de voltar aos tempos do
Estado Novo. Neste caso o JMT estava a malhar nos radicais de direita, não
acha? joaquim pocinho EXPERIENTE: Ao que um homem chega. nunos EXPERIENTE: Parece-me que isto é um falso
problema. HNeves EXPERIENTE: Os mecanismos do radicalismo
sempre existiram, antes e depois do 25 de Abril. O JPP sabe muito bem como
desde o 25 de Abril, em Portugal, no grosso da comunicação social, nos locais
de trabalho, no aparelho de Estado e nos altares das igrejas foi condicionado e
continua a ser condicionado o livre pensamento e a liberdade de acção às
pessoas e organizações de esquerda.
DNG. MODERADOR: O aviso é pertinente contudo
creio tratar-se de um problema residual. Quem aceita barretes desse tipo? Há
mecanismos de auto-controlo neste fórum naturais que garantem uma natureza
aberta da discussão dentro dos limites do confronto saudável. O Centrista
Caviar pode ser o pobre Liberar travestido, não sei. O Leclerc ainda não sei.
Mas apareceu o Tristão em forma. Não estou preocupado. Não estou preocupado.
Olhemos o caso do JMT. Os artigos que se enquadram com casos de protesto são
objecto de escrutínio positivo. Expectável. Tudo o que é demagogia retórica
acaba por ser arrasado naturalmente. Felizmente o fórum tem uma maioria de
participantes a quem apenas interessa a verdade. Mario CoimbraINFLUENTE: Excelente texto. Quero só
ressalvar dois pontos. Eu faço parte dos descontentes com Costa e este governo.
Não uso o argumentário que refere apesar de reconhecer que existe. E com isto
quero dizer que existe gente como eu que argumenta de forma séria e correcta e
sempre educada. O uso destes métodos pela tribo, da direita, conceito redutor,
como gosta sempre de referir, também igual relevância na tribo da esquerda. Ou
seja a distância é cada vez mais acentuada e assim sendo mais difícil de
construir pontes. O centro está a desaparecer. Se hoje Costa defende políticas
pouco socialistas e mais de esquerda radical espero que o PSD não o faça com a
direita. E não argumente com a TINA. Quem a defendia era seguramente maluquinho Daniel A. Seabra INICIANTE: É por textos como este - e
muitos outros - que Pacheco Pereira é sempre a 1ª leitura deste jornal ao
sábado. Jose MODERADOR:"doente, demente, senil, “maluquinho”,
lunático" são insultos vulgares nas redes sociais, no parlamento, nos
corredores do poder, nas publicações de referência. Todos esses insultos foram
dirigidos a Vasco Gonçalves acrescentando o indulto supremo: comunista, agora
seria comuna como os PIDE's torturadores tratavam os democratas a serem
torturados. Pode ouvir-se isso no debate televisivo que precedeu os
acontecimentos de 25 de Novembro entre Álvaro Cunhal e Mário Soares. É a vulgaridade
da exploração do obscurantismo e a sua alimentação. Talvez o anti-comunismo
de PP o tenha levado a "teorizar" o tema incluindo o argumento de
autoridade dos dissidentes soviéticos. Curiosamente a primeira vez que ouvi a
palavra dissidentes foi associada a Sá Carneiro, Balsemão... "os fascistas
dissidentes". Francisco José Assis Miranda INICIANTE:
Só uma pessoa em adiantado
estado de alienação pode continuar a negar o fenómeno totalitário soviético.
Deve ser internada num hospital psiquiátrico? Não! Deve ser combatida com toda
a firmeza moral e política. JPP anda tão ocupado mentalmente com a extrema-
direita que tem descurado um pouco o processo em curso de branqueamento do
terror marxista-leninista.
Nenhum comentário:
Postar um comentário