O que nos deixa estarrecidos é a
quantidade assustadora de críticos verrinosos sobre as proezas do Estado Novo em termos de realização, em confronto
com as antigas e as actuais – proezas - que o artigo de Nuno Palma mereceu. E foi assim que me lembrei da
canção de Caetano Veloso e o seu “Só não tendo coração, fazê tal judiação…”
Ei-lo, saidinho da Internet e do Youtube para nos alegrar os tempos:
Ouvir Kalu / Caetano Veloso
Kalu, Kalu Tira o verde desses óios
di riba d'eu
Kalu, Kalu Não se esqueça que você
já me esqueceu
Kalu, Kalu Esse oiá despois do que assucedeu
Com franqueza só não tendo coração
Fazê tar judiação Você tá
mangando di eu
Com franqueza só não tendo coração
Fazê tar judiação Você tá
mangando di eu…
OPINIÃO: A profundidade histórica do atraso português
Na sequência do texto de Fernando
Rosas no P2 sobre a polémica que envolveu a intervenção de Nuno Palma na
convenção do Movimento Europa e Liberdade, o professor de Economia na
Universidade de Manchester responde aos argumentos do historiador.
NUNO PALMA PÚBLICO, 27 de Junho de 2021
Fernando Rosas merece os
parabéns por elevar o debate sobre as causas do atraso português
acima do nível infantil em que vários políticos o têm tentado colocar. Rosas
reconhece que “no pós-guerra (…) a economia regista um crescimento sem
precedentes. Será, na história recente do país (…) o período em que se
verificou uma aproximação real em relação às outras economias do Ocidente
europeu”. Quanto eu disse isto no MEL, fui acusado de estar a defender “as
virtudes do regime fascista em Portugal” (eurodeputado Pedro Marques), de ser
“simpatizante da ditadura” (deputado e secretário-geral da Juventude
Socialista) e de estar a “branquear o Estado Novo” (líder parlamentar do PS).
Será que Fernando Rosas também virá a ser alvo das mesmas acusações? O
texto de Rosas, ao afastar-se deste tenebroso obscurantismo anticientífico, é
suficientemente rico para merecer uma resposta, ainda que não tenha conseguido
deixar de lado lamentáveis insinuações e julgamentos de intenção.
O erro fundamental de Rosas e outros
da sua escola, condicionados como estão pelos seus estereótipos ideológicos, é desconhecerem
a profundidade histórica do atraso português. O essencial é isto: as raízes do atraso de Portugal são muito
anteriores ao Estado Novo, tanto a nível económico como político ou
institucional.
Em
termos económicos, o declínio de Portugal começa décadas antes das
guerras napoleónicas (gráfico
abaixo). Quando
chegamos a meados do século XIX, Portugal já era o país mais pobre da Europa
Ocidental (conforme tabela). Em 1900,
era o país com maior percentagem de analfabetos (75%). Em termos
institucionais, as Cortes deixaram de se reunir em Portugal a partir de finais
do século XVII. Voltaram a reunir-se no século XIX, em moldes diferentes, mas o
sistema político manteve-se disfuncional.
Por tudo isto, o Estado Novo herdou um
país profundamente atrasado. Não é de
surpreender que, em meados do século XX, vários indicadores de bem-estar
estivessem piores do que os de outros países europeus. Quando se
quer analisar as políticas do Estado Novo, é necessário entender este contexto
histórico. E é por isso que não faz sentido centrar o debate das causas do
atraso exclusivamente nesse regime.
Como já tenho salientado, assistimos hoje à mesma lógica política que funcionou
durante séculos: os partidos dominantes do presente sentem a necessidade
de culpar o regime anterior para se legitimarem.
O Estado Novo tinha essa mesma
narrativa para justificar o 28 de Maio. É instrutivo vermos como um livro único
de História, obrigatório para todas as áreas de estudo no antigo 7.º ano do
Liceu, descrevia a Primeira República.
Vejamos por exemplo a 4.ª edição de A. Martins Afonso, Curso de História
da Civilização Portuguesa: descreve o regime
republicano parlamentar como uma “permanente agitação política que não lhes dá
tempo nem possibilidade de resolver os grandes problemas da administração
pública”. O direito à greve é considerado facilitador da desordem e balbúrdia.
Já “as efémeras gerências dos sucessivos governos parlamentares não conseguiram
realizar a obra de valorização económica e de pacificação social de que
Portugal carecia”. Tudo óbvia propaganda em causa própria: “Em vez da prometida
‘paz laboriosa’, o país via-se, ao fim de poucos anos, a braços com uma grande
pressão económica e uma permanente agitação política e social.”
Neste
livro, escreve-se também que a ditadura nacional teria, depois, aberto o
caminho ao que é descrito essencialmente como uma epopeia
nacional não menos pacífica nem gloriosa do que os termos em que a Resolução de Conselho de Ministros que nomeou Pedro
Adão e Silva descreve o 25 de Abril. Sem surpresa, os próprios republicanos tinham
antes feito o mesmo: culparam a monarquia como sendo a causa do nosso atraso. E
os monárquicos liberais haviam culpado os miguelistas. É sempre a
mesma estratégia de passa-culpas.
Rosas
e outros como ele são incapazes de se libertar dos seus estereótipos
ideológicos. A ditadura também veiculava esta visão primária: quem não era pela
situação era logo rotulado de comunista. Não podemos admitir que um regime
democrático fomente este primarismo em que quem analisar objectivamente o Estado
Novo é logo rotulado de fascista. Rosas
insinua que o meu objectivo, ao “defender” (segundo ele) as “maravilhas da
economia estado-novista”, consistiria em “apresentar o modelo económico do
Estado Novo como de exemplar actualidade”. Rosas assina como “historiador”.
Também o fazem Manuel Loff, candidato várias vezes nas listas da CDU, ou
Pacheco Pereira. Seria mais honesto assinarem “político”.
No
que respeita às críticas de Rosas ao corporativismo e condicionamento
industrial, é curioso ver alguém defensor de um Estado fortemente
intervencionista (ao contrário de mim) queixar-se dos problemas que resultam da
supressão da concorrência e de sectores “garantidos administrativamente pelo
Estado”. Já no que respeita à existência de salários baixos, chamo a atenção
para um estudo onde se mostra que numa
grande empresa oligopolista, a CUF do Barreiro, o salário médio real da mão de
obra cresceu 250% entre 1925 e 1974 (Lima et al. 2010).
Infelizmente, quando faz comparações de salários internacionais, Rosas mostra
desconhecer a noção de paridades de poder de compra.
Apesar
de o crescimento só se ter iniciado em força a partir do pós-guerra, na
verdade, já havia crescimento anterior, ao contrário do que Rosas afirma — como
pode ser verificado no gráfico.
Mas o que é mais importante é que houve aspectos em que a ditadura
militar e o Estado Novo estiveram associados a progresso desde um momento
anterior à guerra. Um aspecto importante foi o combate contra um problema
secular da economia portuguesa: o analfabetismo. Na sequência de uma Primeira
República que nesta área tudo havia prometido e pouco havia conseguido, houve um claro progresso na luta contra o
analfabetismo infantil logo desde 1926, tendo sido a validade do
nosso estudo já reconhecido em Portugal, por exemplo, pelo economista Luís Aguiar-Conraria.
É
por isso falsa a ideia de que o país só se desenvolveu a partir do pós-guerra.
Note-se, aliás, que Rosas escreve que, “com cerca de 29% de analfabetos em
1970, Portugal só era ultrapassado pela Turquia”. Comete a falácia de misturar
gerações: em 1970 o Estado Novo já tinha resolvido o problema do analfabetismo
entre as crianças, por isso resolvendo o problema a prazo. E com referência aos
dias de hoje, Portugal continua a ser dos países mais atrasados da Europa a
nível educativo, mesmo entre os jovens: continua a ser dos mais próximos da Turquia,
mesmo para as gerações posteriores ao 25 de Abril. Também isto é culpa do
Estado Novo? Foto
Como
eu sempre disse, o progresso económico que aconteceu durante o Estado Novo não
justifica o regime a nível político. Mas, ao contrário do que afirma
Rosas, é evidente que a política se pode separar da economia no sentido em que
também foi por ter sido uma economia de mercado, progressivamente integrada no
mercado europeu, que Portugal cresceu e convergiu de forma sustentada — o que
não aconteceu nas economias comunistas do Leste da Europa. A economia
chinesa tem crescido de forma sustentada nas últimas décadas numa lógica
semelhante, e reconhecer isso não é branquear coisa nenhuma. O ridículo é
querer fazer do Estado Novo bode expiatório para os sérios problemas que
Portugal tem hoje, como tentam fazer políticos oportunistas.
O Estado Novo foi um regime do seu
tempo, que até conseguiu fazer reformas a nível educativo, de justiça (Álvares e Garoupa 2020) e de integração europeia.
Nem eu nem nenhum outro liberal tem qualquer tipo de atracção por ditaduras:
pelo contrário, são as economias de planeamento central que Rosas admira que
são por natureza ditatoriais. Já os nossos problemas de hoje são em primeiro
lugar responsabilidade das instituições e dos políticos atuais.
Termino
com uma dolorosa observação: se até um regime tão iníquo e
condenável como o Estado Novo conseguiu gerar convergência e aumentos de
bem-estar para a população, algo de grave tem de estar a falhar com o comportamento das instituições e elites políticas que
nos governam. A verdade é que o modelo económico
português excessivamente assente no Estado e nas ajudas europeias gera menos
crescimento e mais desigualdade do que os modelos mais liberais e mais
democráticos de vários países da Europa do Leste, ainda que tenham partido de
uma situação económica pior do que a nossa há apenas 20 anos. É por isso que
estamos a divergir da Europa e é para aqui que temos de olhar para encontrar a
verdadeira fonte dos nossos problemas.
Quanto à historiografia militante
antifascista de Rosas e outros como ele: é manifestamente provinciana, sendo a
sua influência nacional proporcional à sua completa irrelevância internacional.
Define-se pela falta de rigor quantitativo, pela incapacidade de separar
afirmações descritivas de normativas e pelas constantes manipulações demagógicas
que tornam inviável qualquer tipo de análise isenta. Tudo não passa de política
mascarada de história e, como tal, tem o mesmo destino da historiografia
nacionalista do tempo do Estado Novo: daqui a 50 anos, será vista como um
curioso produto do seu tempo — e nada mais.
Professor
de Economia na Universidade de Manchester e Investigador do ICS-ULisboa
TÓPICOS
ECONOMIA ESTADO NOVO HISTÓRIA EUROPA PORTUGAL PARTIDOS POLÍTICOS MEL
COMENTÁRIOS:
Leclerc EXPERIENTE: Pordata - esperança média de vida em 1971 - 66,8 anos
"Morria-se de tuberculose apesar de já haver cura" - continua-se a
morrer e temos tuberculose multi-resistente (e deixámos de fazer o BCG para
todos). No Estado Novo construíram-se quantos sanatórios para tratar a
tuberculose? É verdade todo o mal agora é do Passos. Quantos continuam a sair
com o Costa e quantos o Costa conseguiu que voltassem mesmo com a promessa de
redução do IRS para metade (enquanto quem cá ficou continua a pagar o IRS sem
desconto)? RUI ESTEVES EXPERIENTE: Nessa altura ainda a penicilina e uma alimentação em
condições faziam efeito. Não havia o problemas das bactérias multi-resistentes.
Nessa altura, ir aos hospitais públicos era uma roleta. Podia ter-se a sorte de
apanhar um médico bom e interessado. Mas tb podia aparecer um sujeito vestido
de bata e com o estetoscópio dependurado e ser uma besta quadrada a enxotar o
sossego do senhor doutor. Reparo que passou ao lado da realidade nos nossos
jovens em 1971. Eu fui professor desses 14% de analfabetos que vieram das
várias ilhas do arquipélago dos Açores. E sei que entre os soldados recrutados
em Trás os Montes, nas Beiras, ou no Alentejo, também havia analfabetos. Como o
general Leclerc deve saber, a escola já era obrigatória, mas contra factos, os
argumentos resvalam e caem pela encosta. Chamo
a atenção do general Leclerc que estar acabado aos 45 ou 50 anos não
significava exactamente morrer nessa idade. Mas com uma previdência social
incipiente como era dantes, quando essas pessoas já não podiam trabalhar, só
lhes restava a mendicidade. Chamo tb a atenção para a mortalidade infantil. O
Portugal salazarista era uma fábrica de anjinhos, que era como chamavam aos
filhos dos pobres que morriam antes de chegar aos 5 anos. E intriga-me porque
escolheu você o pseudónimo de Leclerc. Teria ficado mais compostinho com o
apelido Salan, Zeller ou Challe. mpro EXPERIENTE: O crescimento pessoal, foi sempre ao longo da história
da humanidade um processo complicado, e, com fases muito difíceis. O Nuno, não
se amofine, e procure primeiro perceber a relação dos números que tem debitado,
com o bem estar das pessoas a quem deveriam ser destinados. Depois, a origem,
os meios, e as condições, de como se processava o dito milagre. Se não
conseguir chegar lá, aconselho-o a fazer um estágio pelos lares da misericórdia
espalhados pelo país. Quanto ao resto, as suas opiniões sobre os Rosas, deste
país, não fique preocupado, porque eles, com certeza têm a noção do ridículo. Leclerc EXPERIENTE: Brilhante o último parágrafo. É só comparar os
trabalhos publicados por Rosas e Nuno Palma (não vale o esquerda-ponto-net). Se
a evolução económica e o bem-estar do povo tivesse evoluído tanto desde o 25 de
abril, não paravam as comparações com o Estado Novo feitas pela esquerda
radical. Como a comparação não corre de feição... chamam os outros de fascistas
(e já estão com sorte).
ipsolorem EXPERIENTE: Sim, o que é preciso são dois salazares. Vá estacionar
o táxi. JPR_Kapa INFLUENTE: É preciso ter lata ou querer fazer dos leitores
imbecis ou algo do género. Afinal confirma os piores receios e contradições,
acusa os outros de fazerem aquilo de que se quer defender e pretende separar a
política da economia, a chave para perceber onde assenta toda esta verborreia
"histórica"- a TINA, dos neoliberais, a base do raciocínio enviesado
que nos quer vender. Qq progresso em democracia vale sempre mais que qq um,
obtido em ditadura. Para este artista, combater o analfabetismo é ter a maioria
com a 1ª classe e bons ordenados é a maioria com salários de miséria (como a
sua tabela mostra) mas ter uma CUF que até paga bem. Para um idiota não está
nada mal. Umbral despencado INICIANTE: Ora aí está um jovem cheio de si. Nisto não há nada de
mal, não fora o facto de padecer dos males de que verbera os outros
(provincianismo, agudizado por se ver como docente numa instituição
estrangeira, e má-educação, que disfarça com um tom pedante a dar para a falta
de verniz). Além disso, não propõe nada que remotamente se assemelhe a um
sistema interpretativo das estruturas da modernidade portuguesa, contrastando
com o que afirma ser a sua diferença relativamente aos outros, os que ficaram a
fazer história em Portugal. Portanto, é pior e mais medíocre na sua análise
historiográfica. Quanto ao resto, venham as opiniões. Que a sua aparição no MEL
foi instrumental e ideológica, sob o véu de uma intervenção científica (e
estrangeirada), disso não haja dúvidas. Jorge Sm MODERADOR: Obrigado, Nuno Palma, por confirmar o seu
branqueamento da ditadura. Fica tudo ainda mais claro. Nem sei por que razão
escreveu o artigo: bastava mostrar gráficos, era igual. Ele há, em teoria, duas
hipóteses: ou Nuno Palma não percebeu o historiador Fernando Rosas ou escreve
para enganar totós. Inclino-me, claro, para a segunda hipótese, tal a
desonestidade intelectual revelada até agora. viana EXPERIENTE: "A verdade é que o modelo económico português
(...) gera menos crescimento e mais desigualdade do que os modelos mais
liberais e mais democráticos de vários países da Europa do Leste," Mais
democráticos?! Em que sentido? A Hungria, a Polónia, a Eslováquia? São mais
democráticos que Portugal?! Assim se percebe, mais uma vez, ao que vem Nuno
Palma, e o que pretende. Nada de novo, na verdade. É a mesma ladainha dos
defensores de Pinochet: era um ditador samguinário mas desenvolveu a economia.
É a ladainha dos que não toleram verdadeiramente a Democracia. Porque não
aceitam que ponha em causa os seus privilégios, os quais assentam e crescem com
o "desenvolvimento" da economia que temos. A qual serve antes de mais
uma pequena minoria e os Nunos Palmas que estão ao seu serviço. Sara Aragão INICIANTE: Lá vem este acenar com a "falácia do
espantalho". Os que não alinham na narrativa dele são
"fascistas"!
viana EXPERIENTE: "Termino com uma dolorosa observação: se até um regime
tão iníquo e condenável como o Estado Novo conseguiu gerar convergência e
aumentos de bem-estar para a população, algo de grave tem de estar a
falhar(...)" Aparentemente não consegue perceber o facto básico de que
convergir é tanto mais fácil quanto mais baixo é o ponto de partida. E diz-se
economista?!... Por outro lado, a Democracia não garante que o PIB cresça mais
do que num regime ditatorial. A Democracia não existe para isso. E o PIB não
equivale a bem-estar no seu sentido mais lato. A verdade é que o modelo
económico português excessivamente assente no Estado e nas ajudas europeias
gera menos crescimento e mais desigualdade do que os modelos mais liberais e
mais democráticos de vários países da Europa do Leste, Opps, houve aqui um copy-past que funcionou mal... a
última frase está no texto, e é criticada no meu comentário seguinte. Sara Aragão INICIANTE: Se convergir é mais fácil quanto mais baixo é o ponto
de partida, então porque é que a economia portuguesa tem divergido da média
europeia neste século? É porque já estava boa demais? LOL Andreia Viegas INICIANTE: O autor escreve muito e nada diz. As suas afirmações
iniciais foram proferidas numa convenção das direitas na qual o único partido
com dimensão governativa os deixou, para nosso bem, órfãos de pai. Uma
convenção na qual foram vários os oradores a fazer uma apologia reaccionária ao
estado novo, tentando branquear factos porque têm vergonha da história da sua
família política. A direita que defende desce todos os dias nas sondagens - e
as soluções que propõem estão testadas, provando-se que não resultam - o Estado
não deve intrometer-se nos negócios, mas deve estar sempre lá, pronto a pagar a
conta e a conceder benefícios e auxílio. Quanto às melhorias económicas do
estado novo, seria aconselhável um périplo pelo país a fim de conversar e
conhecer as suas gentes - talvez aprendesse algo. Um país onde eram
distribuídas senhas de refeição e a comida racionada não tem desenvolvimento
algum. E já agora, é certo que Salazar construiu escolas em todos os pontos do
país. Mas nas mesmas aprendeu-se a escrever e a ler o que a propaganda do
regime ensinava. Acabar com o analfabetismo é muito mais do que isto. FilzC
INICIANTE: Uau. Que tamanha arrogância intelectual. Tiago O. Vasconcelos INICIANTE: Não vejo arrogância. Arrogância foi a de Pacheco
Pereira que não refutou nenhuma afirmação de Nuno Palma e ainda por cima
escreveu "se quiserem mando bibliografia". Nuno Palma até está a ser
muito contido perante as insinuações nojentas que tem vindo a ser alvo por
parte de indivíduos que negam a verdade histórica. ipsolorem EXPERIENTE: Não é preciso refutar Nuno Palma porque qualquer curso
de Economia o desmente. O Nuno Palma faz interpretações ao nível dos defensores
da terra plana. cascaismile INICIANTE: Excelente artigo de Nuno Palma e que coragem em
enfrentar o livro vermelho do regime e o obscurantismo. Parabéns! Paulo Batista EXPERIENTE: Muito bom este artigo de opinião.
Inconforme INICIANTE: "Como eu sempre disse..." É tão
inconveniente este género de afirmações, dá o mote para todo o texto. Mas
compreende-se, a juventude tem muitos valores mas poucas vezes é sábia. Victor Pereira 2 INICIANTE: Que fez Nuno Palma pelo seu país, além de tentar
mascarar a realidade económica do estado novo? Fale com quem sabe e guarde o
seu pedantismo para afogar o seu ego. Manuel Figueira.529114 EXPERIENTE: Enfim, a luta ideológica inserida no PREC da
Extrema-direita em velocidade de cruzeiro, de que Nuno Palma é compagnon de
route. Estranho é o erro crasso de um historiador que se acha possuidor de tão
altos pergaminhos: vaticinar como hão-de olhar as pessoas em 2070 para a obra
de Rosas. Este vaticínio é um sacrilégio, uma armadilha em que um historiador
nunca deve cair, ao tornar-se um adivinhador do futuro. Que estude bem o
passado e chega. AARR EXPERIENTE: "O erro fundamental ... é desconhecerem a
profundidade histórica do atraso português. O essencial é isto: as raízes do
atraso de Portugal são muito anteriores ao Estado Novo, tanto a nível económico
como político ou institucional." Como comentar esta afirmação? Mas existe
alguém (e não é necessário cingirmo-nos aos estudiosos e especialistas) que
desconheça isto? Então qual o sentido desta afirmação do autor? É difícil de
entender. Ingenuidade? Falta de seriedade. Talvez o autor necessite de mais
leituras, e incluo as de muitos dos nossos maiores escritores do século XIX. AARR EXPERIENTE: Cito: "O texto de Rosas, ao afastar-se deste
tenebroso obscurantismo anticientífico, é suficientemente rico para merecer uma
resposta, ainda que não tenha conseguido deixar de lado lamentáveis insinuações
e julgamentos de intenção." De seguida o autor desenvolve algumas ideias e
no meio e para finalizar insere considerações que, essas sim, são lamentáveis
insinuações e julgamentos de insinuação. Basta ler e é de pasmar a lata com que
ele acusa outros e depois ainda faz pior!!! Refiro-me ao artigo de F. Rosas a
que N Palma está a responder e não aos comentários de alguns políticos. Rui Henrique Pena INICIANTE: «Quanto à historiografia militante antifascista de
Rosas e outros como ele: é manifestamente provinciana, sendo a sua influência
nacional proporcional à sua completa irrelevância internacional. Define-se pela
falta de rigor quantitativo, pela incapacidade de separar afirmações
descritivas de normativas e pelas constantes manipulações demagógicas que
tornam inviável qualquer tipo de análise isenta. Tudo não passa de política
mascarada de história e, como tal, tem o mesmo destino da historiografia
nacionalista do tempo do Estado Novo: daqui a 50 anos, será vista como um
curioso produto do seu tempo — e nada mais.» --- EXCELENTE! A esquerda é avessa
a contas e à lógica. Por isso, nada de admirar. AARR EXPERIENTE: Para responder no estilo do seu comentário: No BPN,
BES e quejandos é que sabem aplicar a lógica e fazer bem as contas. Demasiado
bem, para mal de todos nós. Todos não, porque alguns saíram-se muito bem,
portanto corrijo - para mal da grande maioria. joaquim pocinho EXPERIENTE: O que mais gostei foi a referência à irrelevância
internacional dos rosas, oloffs e pachecos. De facto, ninguém ouve estes
“académicos “ a não ser uns maluquinhos aqui da choldra. Muito bom! Manuel Figueira.529114 EXPERIENTE: pocinho, não se afogue no seu contentamento. tiagolanca INICIANTE: Qual a relevância internacional de NPalma?
só um sistema profundamente republicano,
laico, democrático, "internacionalista" e, sim, ideologicamente
comprometido com a possibilidade de divergência de opiniões, metodologias e
visões do mundo poderia produzir um Nuno Palma. As políticas culturais,
educativas e sócio-económicas do Estado Novo nunca lhe dariam a possibilidade
de andar a discutir com os grandes historiadores nas páginas dos jornais, a
falar nos encontros das direitas liberais ou estudar na Europa (tudo antes dos
40 anos, né filho!). Vai com calma! Malasartes CostaINICIANTE: Muito bem !! Os Licenciados em Política de Ocasião e
de sustentação das suas famílias e clientelas a cúpula dirigente dos Kolkhozes
e Sovkhozes tal qual a Orwelliana Animal farm têm de ser de uma vez por todas
desmascarados. ipsolorem EXPERIENTE: Mais um texto ridículo de Nuno Palma. Por favor
PÚBLICO, poupe-nos.
rikkfranco INICIANTE: O economista Nuno Palma vem falar de história, de que
nada sabe e separa economia de política, algo só ridículo. Portanto o economista
Nuno Palma não sabe falar nem de economia, que é a única coisa que faz. A
ignorância é muito atrevida!
pintosa EXPERIENTE: Só uma pequena correcção, a um número que aqui surge:
em 1970 a taxa de analfabetismo em Portugal não era de 29%, mas sim de 22,7%.
Números do censo de 1970. 19.6% no sexo masculino, 25.8% no feminino. Não li o
texto de Rosas onde isso terá constado, e não sei de onde terá ele tirado esse
número. Manuel Figueira.529114 EXPERIENTE > pintosa: Correcção ao seu comentário. Segundo a Pordata (que
se baseia nos Censos de 1970), a taxa de analfabetismo é 25,7% (19,7% masculina
e 31% feminina). correiaramos INICIANTE: Sabemos bem como é fácil compilar dados e criar
relações que se configuram como argumentos imbatíveis. Confesso que não gostei
da forma nem do estilo revelado neste ajuntamento de palavras. Como não gostei
das citações e das invocações de Nuno Palma que não fazem jus ao nível elevado
das constatações apresentadas por Fernando Rosas. Os remoques pessoais também
não favorecem o estilo já de si tosco de Nuno Palma. FalinhasMansas INICIANTE: Mas alguém aqui contesta que Portugal está a divergir
da Europa desde 2000? Aqui é que devia estar o debate. O PIB per capita, que
até pode esconder desigualdades extremas, é um indicador revelador da
estagnação em que caímos.
joaquim pocinho EXPERIENTE: Muito muito muito bem! Estes Neo comunistas precisam
de ser combatidos. Felizmente que a educação ideológica da democracia pós 25
abril não formou só idiotas úteis mas também gente que ainda sabe pensar.
Manuel Figueira.529114 EXPERIENTE: Todos os extremismos devem ser combatidos, os da
extrema-direita também. Mas estes estão a florir, para contentamento dos
pocinhos. R. Sottomezio INICIANTE: Li este artigo 2 vezes. Pasmo. Este gajo é professor?
No meu tempo, a argumentação tão rasteirinha, não o deixava passar em história
económica portuguesa. Um gajo quer números, factos, e leituras, opiniões,
interpretações, é só desagua em bocas, o Rosas, a treta. Mais um, para os
painéis, opinativos da cmtv. Está certo…. Soeiro INICIANTE: Leia as vezes que precisar. Não desista, não é um caso
perdido. Isabel F. EXPERIENTE: Mas não será possível argumentar sem chamar
repetidamente ignorante a quem tem interpretações diferentes? Haverá algum
historiador português que desconheça o atraso histórico do país? O que é que o
Nuno Palma ignora para ter tantas certezas? Feio, torto e ignorante EXPERIENTE: Eu li o seu estudo sobre o ensino primário e, aí sim,
a falta de rigor é grande. Não basta usar números e gráficos. É preciso
perceber os números e de onde eles vêm. Não se pode tirar conclusões primárias
como as que lá se tira, e depois vir para a praça pública armar em grande
investigador. Ali não se analisa minimamente as políticas educativas dos
regimes e os seus efeitos a curto, médio e longo prazo, e seria fundamental
fazê-lo para se ter alguma autoridade sobre o assunto. É incrível que desconheça que o grande investimento
feito em educação na 1a República tenha tido os seus resultados, obviamente,
anos mais tarde. Falo da criação de um ministério da instrução, de escolas
primárias, da formação de professores primários (que retrocedeu na ditadura) e
do investimento em jardins de infância. É incrível também que desconheça que a
propaganda que se fazia nos livros de escola sobre a instabilidade política da
1a República ainda hoje esteja nos livros de escola actuais. E que omita que a
bandalheira financeira da monarquia tenha sido corrigida em meia dúzia de anos
pela República, com os primeiros superavits orçamentais em 60 anos (há quem
pense que só os houve com Salazar, e mais cedo do que realmente aconteceu como
o próprio propagandeou no início da década de 30 - sabendo-se hoje que era
falso). pintosaEXPERIENTE: Sugiro-lhe a leitura da única História do ensino em
Portugal, da autoria de alguém cuja isenção certamente não questionará: Rómulo
de Carvalho. Um calhamaço de quase mil páginas, que já vai na 4ª edição,
mas que curiosamente quase ninguém parece conhecer. Lá se mostra que as
medidas educativas da República nunca passaram do papel, e que as que se
materializaram mal compensaram o fim das escolas das ordens clericais devido ao
anti-clericalismo republicano. Um bom exemplo é a famosa 4ª classe que a
ditadura eliminou. Não havia nenhuma 4ª classe na República a não ser no papel.
E o livro de Rómulo de Carvalho já tem 25 anos, pelo que o que ele historiou
não é nenhuma descoberta recente. Manuel Figueira.529114 EXPERIENTE > pintosa:
Houve uma grande diferença entre o
discurso de luta contra o analfabetismo da República e as realizações. Como há
sempre. Mas discurso e prática eram coerentes, por isso a República recebeu
75% de analfabetos e deixou 66%. Já o discurso do Estado Novo foi
contraditório, até aos finais de 1940 enaltecia o analfabetismo e a ignorância
como condição para a felicidade: leia os discursos da Virgínia Castro
Almeida e outros na Assembleia Nacional e na Câmara Corporativa (a tese
de doutoramento de M. Filomena Mónica transcreve muitos). Só o pós-2.ª GG e
a entrada nas instituições internacionais levaram ao desenvolvimentismo. A Campanha de
Alfabetização de Veiga de Macedo (1952-54), dava 500 escudos a cada professor
primário que tornasse um analfabeto doutor com a 3.ª classe, o topo da
escolaridade, que só nos anos 60 passou para a 4 anos. E a República durou só
16 anos, foi a 2.ª numa Europa de monarquias, grande mudança, e viveu numa
grande instabilidade com a 1ª GG a meio, tudo isso atrasou a alfabetização. A
Ditadura em 1970 ainda tinha 25,7% de analfabetos, após 44 anos de bom
governo, estabilidade e sucesso educativo (segundo N. Palma). Fim. SeuMatois EXPERIENTE: Mas como é que ainda é dado espaço a este senhor? Já
demonstrou que além de mal-educado se há alguém que não se consegue libertar de
estereótipos ideológicos é ele. Fugo MODERADOR: Bem-haja, Doutor Nuno Palma. Não desista de nós,
porque a maioria está interessada e a tempo de ser resgatada deste nó górdio
que os políticos nos tentam impor, apenas para alimentar a sua subsistência
ideológica e económica. Haja lucidez, isenção e clareza para nos indicar
caminhos viáveis.
ipsolorem EXPERIENTE: Fico descansado com a moderação entregue a pessoas que
escrevem comentários engajados como o seu.
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