Deu o texto rico de JNP, com tantos comentadores embarcando
nessas e noutras pistas… Uma óptima leitura que serve também para nos
libertarmos do nosso mundo paralisante, de Covid-19. Mas esperamos não vir a soçobrar,
com tais perspectivas alarmistas, bem superiores a essa, em destruição e morte…
A viagem de Biden /premium
Os modos e o tom podem ser outros mas
a resposta norte-americana à China está de volta e promete ser musculada.
JAIME NOGUEIRA
PINTO, Colunista do Observador OBSERVADOR,
18 jun 2021
Além da esperada retórica do regresso
da América simpática (agora redimida e livre de Donald Trump), a viagem de Joe
Biden à Europa fez-se acompanhar de referências históricas a outros encontros
simbólicos, como a viagem de
F.D. Roosevelt ao encontro de Churchill, em 14 de Agosto de 1941, na Terra Nova,
para redigir a Carta do Atlântico, ou o discurso de Truman de 12 de Março de 1947, em
Washington, para obter apoio do Congresso na ajuda à Grécia e à Turquia,
ameaçadas pela URSS.
A Nova
Carta Atlântica
Quase 80 anos depois, no passado 10 de Junho, Joe
Biden e Boris Johnson reeditaram,
na Cornualha, uma “Nova Carta Atlântica”, em que se comprometeram a
“defender os princípios, valores e instituições da democracia e das sociedades
abertas contra os que pretendem subvertê-las”, e a cooperar na resolução pacífica
de conflitos, na defesa da soberania e da integridade territorial, na promoção
da segurança colectiva e da estabilidade internacional contra ameaças físicas e
cibernéticas e na inovação científica e tecnológica. E depois de reafirmada a disponibilização
do armamento nuclear anglo-americano para defender a NATO e os aliados da NATO
e de brevemente glosada a economia do século XXI, a crise climática e a
biodiversidade, terminaram com uma também previsível nota final sobre a crise
pandémica e a cooperação na defesa contra ameaças sanitárias.
Atravessando o Canal, o Presidente americano seguiu
para Bruxelas, para a reunião dos 30 parceiros da NATO. Quando a NATO foi fundada, em 1949, o inequívoco inimigo de Washington era
a União Soviética e entre os fundadores e membros da Aliança contavam-se alguns
Estados não democráticos – como a
Grécia, Portugal e a Turquia.
Setenta e dois
anos volvidos, os aliados da NATO, incluindo a Turquia, estão já todos
aparentemente convertidos à Democracia. E, aparentemente, já não se enfrentam
Estados ideológicos totalitários – como a União Soviética e os seus satélites
europeus e a China de Mao Tsé-Tung.
Mas como não pode haver Bem sem Mal nem alianças
defensivas sem Inimigo, há Estados que não se conseguem libertar do papel de
maus da fita, como a Rússia de Putin, “cujas acções agressivas
constituem uma ameaça à segurança euro-atlântica”, e a República Popular da China, cuja influência se multiplica
nas armas tecnológicas, informáticas e agora também espaciais, que ameaçam a segurança
ocidental.
Há, no entanto, um inimigo
principal, neste caso, uma arqui-vilã, uma suprema rainha-má. Embora mencionada no fim,
depois da Rússia de Puttin, do terrorismo sob todas as formas e de outras
ameaças permanentes e persistentes, não restam dúvidas de que é a China.
Outra bipolaridade
Retóricas à parte, a nova ordem internacional parece
querer outra vez articular-se num sistema
bipolar: de um lado os “Estados livres”
– como os Estados Unidos e os aliados da NATO – e do outro as “potências autoritárias” – como a China e a Rússia.
Parece-me
pouco rigoroso, e até estrategicamente desastroso, equiparar aqui a Rússia à
China, ou empurrar para o campo do Inimigo um Estado cristão, onde o poder
político tem como parceira a Igreja Ortodoxa, um Estado que adopta políticas
conservadoras e patrióticas. A Rússia pós-soviética não tem ambições
expansionistas na Europa Ocidental nem no mundo e parte da sua reacção responde
ao avanço que a NATO fez até às suas fronteiras. Além disso, apesar do seu poder
militar e recursos energéticos, a Rússia tem uma demografia baixa e um
território imenso e dificilmente constituirá uma ameaça para Europa e muito
menos para os Estados Unidos. Porquê então
a insistência norte-americana em manter a Rússia no papel de vilão? Talvez porque o conservadorismo ortodoxo da Rússia e
o seu nacionalismo inspirado nos czares Alexandre I ou Nicolau I não se coadune
com a “liberal mind” americana e repugne ao radicalismo puritano neo-marxista
que está a fazer carreira nos Estados Unidos.
Foi, de resto, o que emergiu do longo encontro
frente a frente, em Genebra, dos dois presidentes: muito provavelmente, Biden
ter-se-ia já esquecido que chamara assassino a Putin, e Putin, fizera por
esquecê-lo. E Biden lá se fora referindo à Rússia como “grande potência”.
Talvez porque o seu Secretário de Estado, Tony Blinken, e o seu conselheiro
nacional de Segurança, Jake Sullivan, lhe tivessem recordado a máxima de
Kissinger, quando da abertura à China no tempo de Nixon, de nunca deixar
que a Rússia e a China estivessem mais próximas uma da outra do que dos Estados
Unidos.
E a China é outra história,
outra dimensão, outro perigo. A China é hoje uma grande
potência económica e tecnológica que, graças ao seu poder económico e financeiro
e a um sistema político que deixou a economia crescer mantendo-a sob controlo
absoluto, prossegue uma estratégia de extensão da influência, através de
iniciativas como as Rotas da Seda. Pequim já não recorre hoje, como outrora,
nos tempos do maoismo, à formação de partidos “chineses”, com jovens lunáticos,
inconscientes ou profundamente ignorantes, capazes de aderirem, em Paris, em
Roma, em Lisboa, a um regime responsável pela morte à fome de 40 ou 50 milhões
de camponeses no Grande Salto em Frente e pelas perversidades da Revolução
Cultural. Não, o regime chinês mudou: é hoje um regime autoritário, um regime
de partido único, que vigia, que controla, que faz desaparecer, que elimina
até, mas que não mata indiscriminadamente ou ao sabor dos caprichos de um
Grande Timoneiro sádico e paranóico.
E, no entanto, a ameaça que esta China constitui para os Estados Unidos, e
sobretudo para a economia e para o domínio global
dos Estados Unidos, parece agora ser maior. Talvez por isso esteja de volta a política
norte-americana declaradamente hostil em relação à China, a que Trump e Mike Pompeo deram voz. Os modos e o tom podem ser outros, mas a
política é a mesma ou até mais musculada.
Até porque o Deep State norte-americano, depois de Trump o ter hostilizado ou,
pelo menos, marginalizado, regressou em força, e com ele as corporações e
respectivas burocracias militares, de inteligência e diplomáticas.
Biden, que
antes se mostrava tranquilo e tranquilizante em relação à China, com o seu
eloquente “They are not bad folks, folks!”, parece agora empenhado em garantir
ao povo que, enquanto for ele a estar de sentinela, a China não há-de passar:
“On my watch, China will not achieve its goal to become the leading country in
the world, the wealthiest country in the world, and the most powerful country
in the world.”
Diferenças
paralelas
Será este o sinal de uma nova Guerra
Fria? Há diferenças e semelhanças.
Na Guerra Fria estava em jogo um conflito ideológico, uma confrontação entre
formas de vida, liberdade versus totalitarismo, ou capitalismo versus socialismo (conflito que, a ser reeditado – democracia capitalista versus capitalismo autoritário – trará outras consequências, contornos,
complexidades e realinhamentos). E, sobretudo, havia então, de um e de
outro lado, pessoas e movimentos simpatizantes de um e do outro lado – os
partidos comunistas no Ocidente, os dissidentes clandestinos no bloco soviético
e na China.
Não havia confrontação militar directa
porque existiam, de parte a parte, armas de destruição maciça, e por isso
ninguém queria correr o risco do aniquilamento. As guerras quentes da Guerra Fria eram por interpostos
aliados – na Grécia, na Coreia, no Vietname, na África, nas revoluções e golpes
de Estado da América Latina – e obedeciam à lógica das alianças. E a União Soviética, com um regime socialista
economicamente desastroso, era muito mais fraca economicamente que os Estados
Unidos. E foi enfraquecendo; e quando pretendeu reformar-se, em
vez de abrir a economia e manter a política fechada (como já estavam a fazer os
comunistas chineses com Deng Xiaoping) abriu na política e removeu o terror. E
foi o colapso e o fim da URSS e da Guerra Fria.
A
China é um Estado nacional autoritário de Partido único e ideologia oficial
marxista. Ideologia
que o Presidente Xi Jinping rebaptizou como “socialismo
com características chinesas”, ou, como
esclareceria num artigo de 2019 na RevistaQiushi, “uma combinação dos
princípios básicos do marxismo com a realidade concreta chinesa”.
Desde
a sua ascensão ao cargo de Secretário-Geral do Partido, Xi procedeu a uma
revolução discreta no sistema de comando do Partido e da RPC, acabando com os
equilíbrios entre os sete ou nove Grandes da Comissão Permanente do Politburo
do Partido, e tornando-se o chefe único e singular do sistema. Fê-lo através de
mecanismos de combate à corrupção, com o indiciamento e punição de alguns
dirigentes e núcleos simbólicos do poder, uma caça a altas figuras do Partido e
do Estado ou uma caça aos “Tigres”, ou uma purga entre “Tigres”.
É a partir desse poder
ultra-concentrado, que já demonstrou a sua eficácia e modo de funcionamento em
Hong Kong e no Sinkiang, que devemos avaliar o perfil do novo Challenger do
poder dominante americano, num momento em que a América está traumatizada e
dividida.
Mas
talvez o perigo exterior, um inimigo comum, uma suprema rainha-má, ajudem à
reconstrução da unidade nos Estados Unidos e nos conduzam a um final mais ou
menos feliz. E a verdade é que, no último século, a América
decadente já mostrou várias vezes a sua capacidade de regeneração e resposta.
ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA AMÉRICA
MUNDO
CHINA JOE BIDEN UNIÃO EUROPEIA EUROPA
G7 NATO
COMENTÁRIOS:
José Veiga:
para mim os imperialismos
rússia e a china são primordialmente um problema do imperialismo americano.
o que me preocupa
principalmente é a implosão da civilização europeia judaico-cristã, ou
seja, nas palavras de Douglas Murray " A Estranha Morte da Europa",
ou parafraseando a "profecia" de Umberto Eco " a Europa
vai mudar de cor, vai correr muito sangue e não há nada a fazer"...
Via conflitos internos por aumento dos extremismos ("fascistas",
"populistas" vs "democratas", "progressistas"
etc.), via demografia, via migrações, etc.
Noutra perspectiva, de resto, a União Europeia, não
sendo sequer um Estado, é irrelevante face aos outros 3 Imperialismos em termos
políticos e militares, não deixando por isso de poder ser um aliado
interessante , "idiota ùtil" para biden. Agora biden paladino dum
enfrentamento das democracias contra as autocracias, tem muito para correr
mal... talvez ainda se venha a ter saudades de trump... Lembrar-me que obama
foi prémio nobel da paz... Gustavo
Ferreira: O Ocidente
aproveitando as condições sociológicas vigentes da China de então, transferiu
maciçamente fábricas e tecnologia para o gigante asiático. Considerou que
certas indústrias menos relevantes (e outras…) ficariam bem entregues aos
cuidados chineses menos exigentes na massa salarial, e libertas de outros
percalços aborrecidos como reivindicações e greves… Os chineses aproveitaram a
benesse e desenvolveram-se tecnologicamente a ponto de competirem hoje com os
EE. UU. e Europa nas mais altas esferas da ciência com algumas vantagens
evidentes e sem alardes. E, como bónus, progrediram económica e socialmente
retirando centenas de milhões de chineses da pobreza. As elites
governamentais ocidentais acordaram há tempos para este pesadelo vendo as
desvantagens competitivas no âmbito da globalização, e a desgraça da sua
crescente dívida para acudir despesas de segurança social, salários
confortáveis, defesa, competição científica, e uma malvada demografia que faz a
Europa definhar. Junte-se uns pós de revolução nos costumes com quebra de
regras e valores ancestrais e temos o caldo bem entornado… A China passou a ser
o inimigo que Biden não reconhecia há poucos meses mas que agora lhe convém
desenterrar para “unir” a América que ele ajudou a desconjuntar… O artigo do Dr. J. N. P. foca muito bem o lado político desta situação em
que, pela primeira vez, o inimigo principal é a China. Mas a China, que como nação ancestral é um ‘pouco’ mais
velha que os States, só aceitará o confronto económico e, como não tem pressa,
aguardará pelo definhamento da sociedade e dos valores ocidentais em franco e
acelerado declínio, para tomar conta do mundo. O Ocidente ficará pobre… mas
ganhará um sorriso amarelo!… PortugueseMan: ...a máxima de Kissinger, quando da abertura à China no tempo de Nixon, de nunca
deixar que a Rússia e a China estivessem mais próximas uma da outra do que dos
Estados Unidos... Infelizmente já passámos essa fase. Basta ver o que aconteceu na altura da cimeira:
...The Russian Navy is conducting what Russian
officials call its largest exercise in the Pacific Ocean since the end of the
Cold War. The exercise, about 300-500 miles west of Hawaii, comes just ahead of
the meeting between Russian President Vladimir Putin and U.S. President Joe
Biden... Um claro sinal de que a Rússia está bem mais próxima da China do que os
EUA. A Rússia só este ano vai receber 3 submarinos nucleares, o que vai
aumentar ainda mais a pressão. Este ano com a conclusão do Nord Stream 2, fica
garantido a entrega de energia aos países europeus que a queiram. Pela Ucrânia
vai acabar e para o ano acaba o contrato de fornecimento com a Polónia. Para
o mercado asiático vai começar a ir bastante mais gás, sendo a China o
principal beneficiário. Basta ver o acelerar do Power of Siberia 2. A Rússia está a ajudar os chineses a construir um sistema antí-míssil e
vão para a lua juntos. Falta saber o que vão fazer com a ISS e a nova estação
espacial. A Rússia abriu uma nova rota marítima que liga a Europa á Ásia, mais
rápida e que não tem possibilidade de controlo pela marinha americana. A Boeing vai deixar de ter quota
mercado tanto na China como na Rússia. Ambos os países estão a construir um
novo avião em conjunto, na gama dos modelos 787 (Boeing) e A350 (Airbus). A
China e a Rússia já estão a actuar em conjunto em várias frentes e visam o
enfraquecimento americano. Esta década será uma década muito atribulada entre grandes potências. Tiago T: Os US estão sozinhos nisto,
porque a Europa nem sequer consegue definir uma estratégia comum. Condenam a
China pelas violações de direitos humanos enquanto fazem o maior acordo
comercial de sempre. Condenam a Rússia enquanto ficam cada vez mais dependentes
dela a nível energético. Não se pode contar com a Europa para geopolítica. Luís Martins: Sim, é verdade que no último
século a América "decadente" já mostrou várias vezes a sua capacidade
de resposta e de regeneração, mas em nenhum momento teve, como tem agora,
uma veia neo-marxista tão pronunciada e com tanta capacidade de influência
política. Duarte
Figueiroa Rego: Uma das poucas vezes em que não concordo totalmente com a análise de
JNP. Deixa-me com bastantes dúvidas a sua afirmação que "A Rússia
pós-soviética não tem ambições expansionistas na Europa Ocidental nem no
mundo". De acordo que actualmente a China é o grande rival do Ocidente,
mas a Rússia, tem mesmo ambições expansionistas na Europa. É só deixa-la (ou,
não) que, ela aproveita para manter, e reconquistar a sua zona de influência.
De acordo que tudo isto é uma resposta à humilhação que a mãe Rússia sofreu e
ao expansionismo da NATO que chegou às suas fronteiras, mas não deixa de ter
ambições territoriais. E faz muito bem a NATO evitar
que, Putin e a China se unam como um bloco. Há que ser realista/pragmático e
evitar que, essa aliança se realize Anarquista
Coroado > Duarte Figueiroa Rego: É por isso que Jaime Nogueira
Pinto é inteligente e você não.
Duarte Figueiroa Rego > Duarte Figueiroa Rego: Pelo seu comentário/
argumento e sem negar a superior inteligência e cultura do JNP, evidencia-se
que, mesmo assim, a minha inteligência consegue ser superior à sua. Pensamento Positivo > Duarte Figueiroa Rego: Caro: A Rússia IMHO mantém as
suas ambições de domínio tal como sempre as teve... Simplesmente sem o material
com que se compram e vendem os caracóis, muito dificilmente se compram essas
ambições. A Rússia está dependente de tudo e de todos... E não se prevê que
venha a deixar de estar nos próximos anos, pelo que, nem em sonhos poderá
pensar em voltar às velhas aventuras. Apenas isso... Francisco Tavares de
Almeida: É a primeira vez em muitas
semanas que JNP me deixa com dúvidas e desconfortos em vez de certezas e
esclarecimentos. A Rússia é agora nacionalista e
conservadora e o poder tem como aliado a Igreja Ortodoxa. Substituindo Ortodoxa
por Católica, ficamos com o regime salazarista. Ora o salazarismo não teria sido
possível - da maneira que o foi - sem o império. Será que a Rússia se contenta
com uma zona de influência muito menor do que foi o império Soviético? A Europa
já dependia em perto de 40% da energia proveniente da Rússia, antes do Nord
Stream 2. E continua a depender de matérias-primas africanas e também de
"chips" (cerca de 50% fabricados em Taiwan) e irá provavelmente
depender de terras raras chinesas. Como gerir esta diversidade de dependências?
Como gerir dependências básicas da Rússia e da China dentro de uma aliança
militar (NATO ou outra) de que não podemos prescindir? JNP caracteriza a Rússia
actual e não concorda com a sua demonização. Terá razão ou, pelo menos, tem
muito maior preparação do que eu mas, mesmo assim, nem consigo desvalorizar a
tradicional violência da política russa de todos os tempos, nem me tranquiliza
a percepção que tenho de que o actual governo russo foi capturado por
gangsters. Amandio
Teixeira-Pinto > Francisco Tavares de Almeida: Os Russos parecem assustar
muita gente e poucos percebem que geográfica e historicamente a Rússia é um
grande país europeu. E quando houver políticos que entendam isso e saibam
trilhar uma atitude sóbria, firme, exigente e também fraterna com a Rússia, a
Europa voltará a ser o centro do Mundo. Enquanto andar às arrecuas consigo própria,
apontando o dedo a Vladimir Putin e depois comprando-lhe gás às
escondidas-abertas, a Europa afunda, perde-se no ridículo de ver assuntos
sérios, como os direitos humanos, a democracia, o respeito pelos outros, e tudo
o mais, a serem dirimidos e discutidos por gente incapaz, de cultura limitada e
de visão estratégica nula. mário Unas: Finalmente alguém que refira o que o regime russo é no
presente: Nacionalista e Conservador. Muito me tem surpreendido ler por aqui
acérrimos comentadores de direita completamente alinhados pela narrativa de
(extrema) esquerda! Anarquista Coroado > mário Unas: E qual é o mal de ser nacionalista, sem ser agressivo
e expansionista, e conservador, em certos aspectos culturais? mário Unas > Anarquista Coroado: Nenhum. Eu sou nacionalista e
conservador. Anarquista
Coroado > mário Unas: Está bem. Não tinha entendido. josé
maria: Para mim, a viagem de Trump
para o exílio dourado é sem regresso... E
não é que foi expulso da Casa Branca por um político "fraco"? Essa deve ser muito difícil de digerir, não é
verdade JNP ? Nuno
Borges > josé maria: trump não foi expulso por um político fraco, foi
escorraçado pelo deep state corrupto até à medula. O verdadeiro poder em Washington.
Do qual Biden não passa do homem de palha. Zé Cunha > josé maria: Trump foi expulso por uma press corrupta aliada às
grandes tecnologias de lavagem ao cérebro. E por último a maior vigarice em
eleições num país aonde a democracia está sendo uma ilusão. Chinavirus. advoga diabo: Saúde-se o
"regresso" do calculista JNP à, como ele jocosamente chama, simpática
América, depois do apoio entre o fervoroso e o desconfiado, conforme as conveniências,
ao bandoleiro Trump. Quanto ao resto parece óbvio que perante o imparável
crescimento chinês, Rússia e EUA estão condenados a entender-se. MCMCA > advoga diabo: E todo o mundo rendido ao muito corrupto e meio senil
Biden que já voltou "atrás?" ao que priorizava em relação à China (?)
e está a colocar o Médio Oriente em guerra novamente. Como JNP diz a corporação
industrial militar dos USA ganhou novo folgo e mais dinheiro a entrar nos
cofres vindo de várias partes do mundo onde os conflitos estão e irão ser
criados e/ou reactivados. De facto a "simpática" América de volta.
Esquece-se que esta América está de joelhos perante uma China que assegura 95%
da produção, altamente poluente, de terras raras no mundo necessárias à
industria militar americana ( e europeia), telecomunicações e ao Green New Deal
com as baterias e eólicas a substituir os combustíveis fósseis. Por algum
motivo a China, no Acordo de Paris, pode aumentar as suas emissões de carbono
em 30% quando já emite mais que os USA e a UE juntas. Alguém está a querer
enganar alguém. Elvis
Wayne > advoga diabo: Quanto ao resto parece óbvio que perante o imparável
crescimento chinês, Rússia e EUA estão condenados a entender-se. Tantas
certezas vindas de uma pobre tola. Viste isso nas borras do café foi? Vai
trabalhar malandra. PortugueseMan:
...Porquê então a insistência norte-americana em
manter a Rússia no papel de vilão?... Concorrência. Caído o muro, foi necessário criar uma
nova barreira artificial entre a Europa e a Rússia, porque estes aproximavam-se
e esta situação não era (e continua a não ser) favorável aos EUA. Com a Rússia
no pleno controlo das suas riquezas, onde no meu entendimento, foi a
intervenção para impedir que a Yukos passasse para controlo americano que
começou a grande reviravolta. Não podemos esquecer que há 20 anos a Rússia
estava num programa de "recuperação" do FMI, o que limitava e muito
as suas opções. Foi a estratégia de pagar tudo em tempo record ao FMI, que
permitiu outro tipo de decisões (autonomia) no interesse da própria Rússia.
Nitidamente houve uma aposta no conhecimento, de forma a conseguir passar para
as gerações seguintes, o acumulado até aí. O maior perigo para os EUA é o
conhecimento existente na Rússia, e que hoje posso afirmar que conseguiram. Estamos
a assistir nesta década a vários sectores de alta tecnologia em verdadeira
expansão, apesar das sanções. A aproximação à Europa foi algo que se viu em
vários sectores, onde destaco alguns: Colaboração no Espaço Um dos foguetões usados pela
ESA é um Soyuz, que é usado na Guiana Francesa. O sistema GPS europeu tem
compatibilidades com o sistema russo. A próxima missão para Marte da Europa é
uma parceria com os russos. A Europa sempre teve acesso à ISS garantido pela
Rússia. A Rússia está neste momento a propor uma parceria para lançamentos
tripulados a partir da Guiana Francesa (a Rússia continua a propor coisas
interessantes à Europa). Colaboração na Aviação Civil: A Europa foi e está a ser um parceiro fundamental
para a recuperação da aviação civil russa. As certificações dos novos aviões
russos são feitos na Europa pela EASA. Foi assim com o Sukhoi Superjet e agora
com o MC-21 (sendo este um concorrente do Boeing 737 Max e o A320 NEO). O novo
motor russo PD-14 também vai passar por uma certificação europeia, que terá o
potencial de ser colocado também nos aviões da Boeing, Airbus e os novos aviões
chineses. Existe um centro de desenvolvimento da Airbus (e da Boeing) na
Rússia. Cá temos os Kamov, uma tentativa de espalhar este tipo de helicópteros,
mas que roça a sabotagem o que tem sido feito aos mesmos. Colaboração no sector Automóvel: Muitos fabricantes europeus
começaram a abrir fábricas no país e este obriga que muitos dos componentes
sejam fabricados localmente. Merkel deu o aval para a aquisição da Opel
pelos russos, mas os EUA impediram tal passagem. Colaboração no Sector Naval: A Rússia encomendou
porta-helicópteros à França, algo que nem na Rússia caiu bem a muita gente.
Parte deles foi construído na Rússia, há estaleiros na Alemanha que estão nas
mãos da Rússia e com uma grande carteira. Cá tentaram com os estaleiros de
Viana de Castelo, mas... já bastou a tentativa com os Kamov. Há muitas
parcerias em sectores estratégicos que não são de todo, interesse dos
americanos. Cada uma destas ligações prejudica-os e estão a prejudicá-los. E só
não há ligações maiores, porque a questão NATO inquinou a situação. O que
beneficiou (e continua a beneficiar) os EUA. José Luis Salema: Grande artigo Jaime Nogueira
Pinto! Muito Obrigado bento
guerra: Demasiado tarde. eles
têm o dinheiro, a tecnologia e o poder
Pontifex Maximus: Pela primeira vez vejo escrito o óbvio nos jornais: a
Rússia não tem que ser inimiga do ocidente, pois partilha os valores ancestrais
da nossa civilização, de raiz greco-romana e judaico-cristã. É um país
autoritário (também o Portugal pré 25 de Abril o era), mas sempre o foi desde a
sua fundação medieva (convém lembrar que os governantes que mereceram o cognome
de o grande foram todos autoritários: Ivan, Alexandre II, Catarina, Pedro) mas
isso é problema dos russos. Nós temos que os aceitar como são e deixá-los
governar-se. Não se esqueçam da maior reserva de matérias-primas do mundo e o
segundo exército do mundo e em boa verdade a única potência de nos ajudar a
conter a China, agressiva até ao tutano apesar das falinhas mansas António Reis > Pontifex Maximus: Muito bom comentário. S Belo > Pontifex Maximus: Conter a China ???? Anarquista
Coroado > Pontifex Maximus: Muito bem! Nuno Borges: Nem Moscovo abdicou da política
expansionista propugnada por Piotr Velikyi nem a China desistiu de a contrariar
sabendo que o ataque será sempre a melhor defesa. Enquanto os EUA estão a um
oceano de distância, a Eurásia é contígua. E os EUA tudo farão para impedir a
sua consolidação. Uma Europa fragmentada nem conta, é presa fácil para Moscovo
sem o guarda-chuva nuclear americano. PortugueseMan:...empurrar para o campo do Inimigo um Estado cristão, onde o poder
político tem como parceira a Igreja Ortodoxa, um Estado que adopta políticas
conservadoras e patrióticas. A Rússia pós-soviética não tem ambições
expansionistas na Europa Ocidental nem no mundo e parte da sua reacção responde
ao avanço que a NATO fez até às suas fronteiras... Estou deveras surpreendido ver
um artigo de opinião aqui no Observador a dizer tal coisa. Seria impensável por
exemplo ver José Milhazes fazer tal observação. Eu discuto com ele este tema há
mais de uma década. Tudo o que a Rússia tem dito (e demonstrado) é que
considera a NATO uma organização hostil e uma ameaça para a sua segurança. E
tem reagido em conformidade. E tem demonstrado firmeza quando ela é requerida.
E que não haja dúvidas que neste momento eles traçaram as suas linhas vermelhas
e já não é possível expandir a NATO para mais perto da fronteira russa. E o que
é que a Europa ganhou com isto? Nada, apenas perdeu. Um país em implosão
(Ucrânia, onde cada vez vamos ter que meter mais dinheiro), sanções e contra-sanções
que exponenciaram o aumento da diferença das importações/exportações, onde a
Rússia ficou claramente beneficiada. Os anos passaram, a Rússia cresceu em
poderio militar e económico e agora temos as nossas opções diplomáticas
limitadas devido á constante pressão feita principalmente pelos media. MCMCA > PortugueseMan: Os USA estão presos do passado e insistem em olhar a
Rússia como sendo a URSS porque não a conseguiram dominar economicamente. A
asneira de Nikita Krushev em levar a Crimeia para a Ucrânia, imaginando que o
império soviético nunca acabaria, colocou nos USA uma arma de arremesso contra
a Rússia e a possibilidade de estrangular as exportações marítimas russas
durante os meses inverno. Como não conseguiram na Crimeia tentaram na
Síria, com a guerra, estrangular o porto de Tartus para controlar as
exportações de petróleo russo via Mar Negro. A aliança com a China, iniciada
por Nixon, falou sempre mais alto aos cofres americanos e hoje ainda funciona
também a olear os bolsos de muitos responsáveis políticos de topo nos USA. Américo Silva: Se comento Nogueira Pinto, não é para o contradizer, mas para complementar.
Os USA são o país mais
agressivo que o mundo conheceu. Exterminaram os índios, combateram franceses e
espanhóis, e apoderaram-se das américas. No século XX apropriaram-se da Europa
ocidental entre outros, promoveram a revolta de 69 que acabou com a França
independente. Existe um programa de agressão que vitimou a Rússia onde apoiaram
a vitória bolchevique, depois o bêbado Yeltsin, e tudo fizeram, depois da
guerra, para destruir as democracias árabes, como no Irão. Mataram milhões na
Ásia, proporcionam a miséria em África, e em qualquer outro lugar que lhes
convenha. Salazar conhecia bem os USA. Podemos dividir o mundo em duas partes,
o império americano e o resto. Seja na Ucrânia ou na Islândia, a política de
agressão vai continuar até à vitória final, ou até à derrota. No primeiro caso
teremos um grupo predador universal de topo a dominar o mundo, no segundo esse
grupo será outro, ou em alternativa teremos a cisão do mundo em dois ou três
grupos globais. A dinâmica internacional não permitirá qualquer país
independente. A ilusão da propaganda é o contínuo agressor passar por
vítima e a predação exacerbada passar por democracia. Certo é que viver na
esfera americana proporciona mais bens de consumo, alimentação, transportes,
espectáculos, além de toda a quinquilharia que as famílias têm em casa e vêem
nas televisões. António
Reis > Américo Silva: A sério????
José Luis Salema > Américo Silva: Claro. E a questão de estarmos todos a falar alemão desde
1918 se os exterminadores não se tivessem resolvido a dar uma mãozinha?
Tropelias
todos os impérios fizeram. Nuno
Borges > José Luis Salema: As duas invasões que os americanos fizeram à Europa foram feitas no seu
próprio interesse e só por ele. O receio que têm dos russos é o mesmo que
tiveram dos europeus naquela altura. Sem essas invasões os ingleses e os russos
teriam sido derrotados. E, de facto, estão no caminho de o vir a ser, agora que
os americanos já só têm 50000 homens na Europa. Embora muito activos no ar e no
mar. Para a Europa é melhor um Biden que um Trump. Trump foi amigo da Europa ao
abrigar-nos a contribuir mais para a nossa defesa. Biden é mais um peso morto
que enfraquece os EUA e nesse sentido enfraquece a contribuição americana para
essa defesa. Moscovo não dorme, a guerra fria não acabou, apenas prossegue por
outros meios. Elvis Wayne
> Américo Silva: O que nos vale é termos a protecção da Santa URSS. Mas
espera aí camarada, isso já não existe pois não? Mais um esquerdoido jurássico
a jorrar postas de pescada, mais do mesmo portanto.
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