domingo, 20 de junho de 2021

Pano para mangas


Deu o texto rico de JNP, com tantos comentadores embarcando nessas e noutras pistas… Uma óptima leitura que serve também para nos libertarmos do nosso mundo paralisante, de Covid-19. Mas esperamos não vir a soçobrar, com tais perspectivas alarmistas, bem superiores a essa, em destruição e morte…

A viagem de Biden /premium

Os modos e o tom podem ser outros mas a resposta norte-americana à China está de volta e promete ser musculada.

JAIME NOGUEIRA PINTO, Colunista do Observador           OBSERVADOR, 18 jun 2021

Além da esperada retórica do regresso da América simpática (agora redimida e livre de Donald Trump), a viagem de Joe Biden à Europa fez-se acompanhar de referências históricas a outros encontros simbólicos, como a viagem de F.D. Roosevelt ao encontro de Churchill, em 14 de Agosto de 1941, na Terra Nova, para redigir a Carta do Atlântico, ou o discurso de Truman de 12 de Março de 1947, em Washington, para obter apoio do Congresso na ajuda à Grécia e à Turquia, ameaçadas pela URSS.

A Nova Carta Atlântica

Quase 80 anos depois, no passado 10 de Junho, Joe Biden e Boris Johnson reeditaram, na Cornualha, uma “Nova Carta Atlântica”, em que se comprometeram a “defender os princípios, valores e instituições da democracia e das sociedades abertas contra os que pretendem subvertê-las”, e a cooperar na resolução pacífica de conflitos, na defesa da soberania e da integridade territorial, na promoção da segurança colectiva e da estabilidade internacional contra ameaças físicas e cibernéticas e na inovação científica e tecnológica. E depois de reafirmada a disponibilização do armamento nuclear anglo-americano para defender a NATO e os aliados da NATO e de brevemente glosada a economia do século XXI, a crise climática e a biodiversidade, terminaram com uma também previsível nota final sobre a crise pandémica e a cooperação na defesa contra ameaças sanitárias.

Atravessando o Canal, o Presidente americano seguiu para Bruxelas, para a reunião dos 30 parceiros da NATO. Quando a NATO foi fundada, em 1949, o inequívoco inimigo de Washington era a União Soviética e entre os fundadores e membros da Aliança contavam-se alguns Estados não democráticos – como a Grécia, Portugal e a Turquia.

Setenta e dois anos volvidos, os aliados da NATO, incluindo a Turquia, estão já todos aparentemente convertidos à Democracia. E, aparentemente, já não se enfrentam Estados ideológicos totalitários – como a União Soviética e os seus satélites europeus e a China de Mao Tsé-Tung.

Mas como não pode haver Bem sem Mal nem alianças defensivas sem Inimigo, há Estados que não se conseguem libertar do papel de maus da fita, como a Rússia de Putin, “cujas acções agressivas constituem uma ameaça à segurança euro-atlântica”, e a República Popular da China, cuja influência se multiplica nas armas tecnológicas, informáticas e agora também espaciais, que ameaçam a segurança ocidental.

Há, no entanto, um inimigo principal, neste caso, uma arqui-vilã, uma suprema rainha-má. Embora mencionada no fim, depois da Rússia de Puttin, do terrorismo sob todas as formas e de outras ameaças permanentes e persistentes, não restam dúvidas de que é a China.

Outra bipolaridade

Retóricas à parte, a nova ordem internacional parece querer outra vez articular-se num sistema bipolar: de um lado os “Estados livres” – como os Estados Unidos e os aliados da NATO – e do outro as “potências autoritárias” – como a China e a Rússia.

Parece-me pouco rigoroso, e até estrategicamente desastroso, equiparar aqui a Rússia à China, ou empurrar para o campo do Inimigo um Estado cristão, onde o poder político tem como parceira a Igreja Ortodoxa, um Estado que adopta políticas conservadoras e patrióticas. A Rússia pós-soviética não tem ambições expansionistas na Europa Ocidental nem no mundo e parte da sua reacção responde ao avanço que a NATO fez até às suas fronteiras. Além disso, apesar do seu poder militar e recursos energéticos, a Rússia tem uma demografia baixa e um território imenso e dificilmente constituirá uma ameaça para Europa e muito menos para os Estados Unidos. Porquê então a insistência norte-americana em manter a Rússia no papel de vilão? Talvez porque o conservadorismo ortodoxo da Rússia e o seu nacionalismo inspirado nos czares Alexandre I ou Nicolau I não se coadune com a “liberal mind” americana e repugne ao radicalismo puritano neo-marxista que está a fazer carreira nos Estados Unidos.

Foi, de resto, o que emergiu do longo encontro frente a frente, em Genebra, dos dois presidentes: muito provavelmente, Biden ter-se-ia já esquecido que chamara assassino a Putin, e Putin, fizera por esquecê-lo. E Biden lá se fora referindo à Rússia como “grande potência”. Talvez porque o seu Secretário de Estado, Tony Blinken, e o seu conselheiro nacional de Segurança, Jake Sullivan, lhe tivessem recordado a máxima de Kissinger, quando da abertura à China no tempo de Nixon, de nunca deixar que a Rússia e a China estivessem mais próximas uma da outra do que dos Estados Unidos.

E a China é outra história, outra dimensão, outro perigo. A China é hoje uma grande potência económica e tecnológica que, graças ao seu poder económico e financeiro e a um sistema político que deixou a economia crescer mantendo-a sob controlo absoluto, prossegue uma estratégia de extensão da influência, através de iniciativas como as Rotas da Seda. Pequim já não recorre hoje, como outrora, nos tempos do maoismo, à formação de partidos “chineses”, com jovens lunáticos, inconscientes ou profundamente ignorantes, capazes de aderirem, em Paris, em Roma, em Lisboa, a um regime responsável pela morte à fome de 40 ou 50 milhões de camponeses no Grande Salto em Frente e pelas perversidades da Revolução Cultural. Não, o regime chinês mudou: é hoje um regime autoritário, um regime de partido único, que vigia, que controla, que faz desaparecer, que elimina até, mas que não mata indiscriminadamente ou ao sabor dos caprichos de um Grande Timoneiro sádico e paranóico.

E, no entanto, a ameaça que esta China constitui para os Estados Unidos, e sobretudo para a economia e para o domínio global dos Estados Unidos, parece agora ser maior. Talvez por isso esteja de volta a política norte-americana declaradamente hostil em relação à China, a que Trump e Mike Pompeo deram voz. Os modos e o tom podem ser outros, mas a política é a mesma ou até mais musculada. Até porque o Deep State norte-americano, depois de Trump o ter hostilizado ou, pelo menos, marginalizado, regressou em força, e com ele as corporações e respectivas burocracias militares, de inteligência e diplomáticas.

Biden, que antes se mostrava tranquilo e tranquilizante em relação à China, com o seu eloquente “They are not bad folks, folks!”, parece agora empenhado em garantir ao povo que, enquanto for ele a estar de sentinela, a China não há-de passar: “On my watch, China will not achieve its goal to become the leading country in the world, the wealthiest country in the world, and the most powerful country in the world.”

Diferenças paralelas

Será este o sinal de uma nova Guerra Fria? Há diferenças e semelhanças. Na Guerra Fria estava em jogo um conflito ideológico, uma confrontação entre formas de vida, liberdade versus totalitarismo, ou capitalismo versus socialismo (conflito que, a ser reeditadodemocracia capitalista versus capitalismo autoritáriotrará outras consequências, contornos, complexidades e realinhamentos). E, sobretudo, havia então, de um e de outro lado, pessoas e movimentos simpatizantes de um e do outro lado – os partidos comunistas no Ocidente, os dissidentes clandestinos no bloco soviético e na China.

Não havia confrontação militar directa porque existiam, de parte a parte, armas de destruição maciça, e por isso ninguém queria correr o risco do aniquilamento. As guerras quentes da Guerra Fria eram por interpostos aliados – na Grécia, na Coreia, no Vietname, na África, nas revoluções e golpes de Estado da América Latina – e obedeciam à lógica das alianças. E a União Soviética, com um regime socialista economicamente desastroso, era muito mais fraca economicamente que os Estados Unidos. E foi enfraquecendo; e quando pretendeu reformar-se, em vez de abrir a economia e manter a política fechada (como já estavam a fazer os comunistas chineses com Deng Xiaoping) abriu na política e removeu o terror. E foi o colapso e o fim da URSS e da Guerra Fria.

A China é um Estado nacional autoritário de Partido único e ideologia oficial marxista. Ideologia que o Presidente Xi Jinping rebaptizou como “socialismo com características chinesas”, ou, como esclareceria num artigo de 2019 na RevistaQiushi, “uma combinação dos princípios básicos do marxismo com a realidade concreta chinesa”.

Desde a sua ascensão ao cargo de Secretário-Geral do Partido, Xi procedeu a uma revolução discreta no sistema de comando do Partido e da RPC, acabando com os equilíbrios entre os sete ou nove Grandes da Comissão Permanente do Politburo do Partido, e tornando-se o chefe único e singular do sistema. Fê-lo através de mecanismos de combate à corrupção, com o indiciamento e punição de alguns dirigentes e núcleos simbólicos do poder, uma caça a altas figuras do Partido e do Estado ou uma caça aos “Tigres”, ou uma purga entre “Tigres”.

É a partir desse poder ultra-concentrado, que já demonstrou a sua eficácia e modo de funcionamento em Hong Kong e no Sinkiang, que devemos avaliar o perfil do novo Challenger do poder dominante americano, num momento em que a América está traumatizada e dividida.

Mas talvez o perigo exterior, um inimigo comum, uma suprema rainha-má, ajudem à reconstrução da unidade nos Estados Unidos e nos conduzam a um final mais ou menos feliz. E a verdade é que, no último século, a América decadente já mostrou várias vezes a sua capacidade de regeneração e resposta.

ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA  AMÉRICA  MUNDO  CHINA  JOE BIDEN  UNIÃO EUROPEIA  EUROPA  G7  NATO

COMENTÁRIOS:

José Veiga: para mim os imperialismos rússia e a china são primordialmente um problema do imperialismo americano. o que me preocupa principalmente é a implosão da civilização europeia judaico-cristã, ou seja, nas palavras de Douglas Murray " A Estranha Morte da Europa", ou parafraseando a "profecia"  de Umberto Eco " a Europa vai mudar de cor, vai correr muito sangue e não há nada a fazer"... Via conflitos internos por aumento dos extremismos ("fascistas", "populistas" vs "democratas", "progressistas" etc.), via demografia, via migrações, etc.

Noutra perspectiva, de resto, a União Europeia, não sendo sequer um Estado, é irrelevante face aos outros 3 Imperialismos em termos políticos e militares, não deixando por isso de poder ser um aliado interessante , "idiota ùtil" para biden. Agora biden paladino dum enfrentamento das democracias contra as autocracias, tem muito para correr mal... talvez ainda se venha a ter saudades de trump... Lembrar-me que obama foi prémio nobel da paz...           Gustavo Ferreira: O Ocidente aproveitando as condições sociológicas vigentes da China de então, transferiu maciçamente fábricas e tecnologia para o gigante asiático. Considerou que certas indústrias menos relevantes (e outras…) ficariam bem entregues aos cuidados chineses menos exigentes na massa salarial, e libertas de outros percalços aborrecidos como reivindicações e grevesOs chineses aproveitaram a benesse e desenvolveram-se tecnologicamente a ponto de competirem hoje com os EE. UU. e Europa nas mais altas esferas da ciência com algumas vantagens evidentes e sem alardes. E, como bónus, progrediram económica e socialmente retirando centenas de milhões de chineses da pobreza. As elites governamentais ocidentais acordaram há tempos para este pesadelo vendo as desvantagens competitivas no âmbito da globalização, e a desgraça da sua crescente dívida para acudir despesas de segurança social, salários confortáveis, defesa, competição científica, e uma malvada demografia que faz a Europa definhar. Junte-se uns pós de revolução nos costumes com quebra de regras e valores ancestrais e temos o caldo bem entornado… A China passou a ser o inimigo que Biden não reconhecia há poucos meses mas que agora lhe convém desenterrar para “unir” a América que ele ajudou a desconjuntar… O artigo do Dr. J. N. P. foca muito bem o lado político desta situação em que, pela primeira vez, o inimigo principal é a China. Mas a China, que como nação ancestral é um ‘pouco’ mais velha que os States, só aceitará o confronto económico e, como não tem pressa, aguardará pelo definhamento da sociedade e dos valores ocidentais em franco e acelerado declínio, para tomar conta do mundo. O Ocidente ficará pobre… mas ganhará um sorriso amarelo!…           PortugueseMan: ...a máxima de Kissinger, quando da abertura à China no tempo de Nixon, de nunca deixar que a Rússia e a China estivessem mais próximas uma da outra do que dos Estados Unidos... Infelizmente já passámos essa fase. Basta ver o que aconteceu na altura da cimeira: ...The Russian Navy is conducting what Russian officials call its largest exercise in the Pacific Ocean since the end of the Cold War. The exercise, about 300-500 miles west of Hawaii, comes just ahead of the meeting between Russian President Vladimir Putin and U.S. President Joe Biden... Um claro sinal de que a Rússia está bem mais próxima da China do que os EUA. A Rússia só este ano vai receber 3 submarinos nucleares, o que vai aumentar ainda mais a pressão. Este ano com a conclusão do Nord Stream 2, fica garantido a entrega de energia aos países europeus que a queiram. Pela Ucrânia vai acabar e para o ano acaba o contrato de fornecimento com a Polónia.  Para o mercado asiático vai começar a ir bastante mais gás, sendo a China o principal beneficiário. Basta ver o acelerar do Power of Siberia 2. A Rússia está a ajudar os chineses a construir um sistema antí-míssil e vão para a lua juntos. Falta saber o que vão fazer com a ISS e a nova estação espacial. A Rússia abriu uma nova rota marítima que liga a Europa á Ásia, mais rápida e que não tem possibilidade de controlo pela marinha americana. A Boeing vai deixar de ter quota mercado tanto na China como na Rússia. Ambos os países estão a construir um novo avião em conjunto, na gama dos modelos 787 (Boeing) e A350 (Airbus). A China e a Rússia já estão a actuar em conjunto em várias frentes e visam o enfraquecimento americano. Esta década será uma década muito atribulada entre grandes potências.          Tiago T: Os US estão sozinhos nisto, porque a Europa nem sequer consegue definir uma estratégia comum. Condenam a China pelas violações de direitos humanos enquanto fazem o maior acordo comercial de sempre. Condenam a Rússia enquanto ficam cada vez mais dependentes dela a nível energético. Não se pode contar com a Europa para geopolítica.             Luís Martins: Sim, é verdade que no último século a América "decadente" já mostrou várias vezes a sua capacidade de resposta e de regeneração, mas em nenhum momento teve, como tem agora, uma veia neo-marxista tão pronunciada e com tanta capacidade de influência política.          Duarte Figueiroa Rego: Uma das poucas vezes em que não concordo totalmente com a análise de JNP. Deixa-me com bastantes dúvidas a sua afirmação que "A Rússia pós-soviética não tem ambições expansionistas na Europa Ocidental nem no mundo". De acordo que actualmente a China é o grande rival do Ocidente, mas a Rússia, tem mesmo ambições expansionistas na Europa. É só deixa-la (ou, não) que, ela aproveita para manter, e reconquistar a sua zona de influência. De acordo que tudo isto é uma resposta à humilhação que a mãe Rússia sofreu e ao expansionismo da NATO que chegou às suas fronteiras, mas não deixa de ter ambições territoriais. E faz muito bem a NATO evitar que, Putin e a China se unam como um bloco. Há que ser realista/pragmático e evitar que, essa aliança se realize Anarquista Coroado > Duarte Figueiroa Rego: É por isso que Jaime Nogueira Pinto é inteligente e você não.           Duarte Figueiroa Rego > Duarte Figueiroa Rego: Pelo seu comentário/ argumento e sem negar a superior inteligência e cultura do JNP, evidencia-se que, mesmo assim, a minha inteligência consegue ser superior à sua.       Pensamento Positivo > Duarte Figueiroa Rego: Caro: A Rússia IMHO mantém as suas ambições de domínio tal como sempre as teve... Simplesmente sem o material com que se compram e vendem os caracóis, muito dificilmente se compram essas ambições. A Rússia está dependente de tudo e de todos... E não se prevê que venha a deixar de estar nos próximos anos, pelo que, nem em sonhos poderá pensar em voltar às velhas aventuras. Apenas isso...             Francisco Tavares de Almeida: É a primeira vez em muitas semanas que JNP me deixa com dúvidas e desconfortos em vez de certezas e esclarecimentos. A Rússia é agora nacionalista e conservadora e o poder tem como aliado a Igreja Ortodoxa. Substituindo Ortodoxa por Católica, ficamos com o regime salazarista. Ora o salazarismo não teria sido possível - da maneira que o foi - sem o império. Será que a Rússia se contenta com uma zona de influência muito menor do que foi o império Soviético? A Europa já dependia em perto de 40% da energia proveniente da Rússia, antes do Nord Stream 2. E continua a depender de matérias-primas africanas e também de "chips" (cerca de 50% fabricados em Taiwan) e irá provavelmente depender de terras raras chinesas. Como gerir esta diversidade de dependências? Como gerir dependências básicas da Rússia e da China dentro de uma aliança militar (NATO ou outra) de que não podemos prescindir? JNP caracteriza a Rússia actual e não concorda com a sua demonização. Terá razão ou, pelo menos, tem muito maior preparação do que eu mas, mesmo assim, nem consigo desvalorizar a tradicional violência da política russa de todos os tempos, nem me tranquiliza a percepção que tenho de que o actual governo russo foi capturado por gangsters.          Amandio Teixeira-Pinto > Francisco Tavares de Almeida: Os Russos parecem assustar muita gente e poucos percebem que geográfica e historicamente a Rússia é um grande país europeu. E quando houver políticos que entendam isso e saibam trilhar uma atitude sóbria, firme, exigente e também fraterna com a Rússia, a Europa voltará a ser o centro do Mundo. Enquanto andar às arrecuas consigo própria, apontando o dedo a Vladimir Putin e depois comprando-lhe gás às escondidas-abertas, a Europa afunda, perde-se no ridículo de ver assuntos sérios, como os direitos humanos, a democracia, o respeito pelos outros, e tudo o mais, a serem dirimidos e discutidos por gente incapaz, de cultura limitada e de visão estratégica nula. mário Unas: Finalmente alguém que refira o que o regime russo é no presente: Nacionalista e Conservador. Muito me tem surpreendido ler por aqui acérrimos comentadores de direita completamente alinhados pela narrativa de (extrema) esquerda! Anarquista Coroado > mário Unas: E qual é o mal de ser nacionalista, sem ser agressivo e expansionista, e conservador, em certos aspectos culturais?       mário Unas > Anarquista Coroado: Nenhum. Eu sou nacionalista e conservador.          Anarquista Coroado > mário Unas: Está bem. Não tinha entendido.    josé maria: Para mim, a viagem de Trump para o exílio dourado é sem regresso... E não é que foi expulso da Casa Branca por um político "fraco"? Essa deve ser muito difícil de digerir, não é verdade JNP ?           Nuno Borges > josé maria: trump não foi expulso por um político fraco, foi escorraçado pelo deep state corrupto até à medula. O verdadeiro poder em Washington. Do qual Biden não passa do homem de palha.           Zé Cunha > josé maria: Trump foi expulso por uma press corrupta aliada às grandes tecnologias de lavagem ao cérebro. E por último a maior vigarice em eleições num país aonde a democracia está sendo uma ilusão. Chinavirus.           advoga diabo: Saúde-se o "regresso" do calculista JNP à, como ele jocosamente chama, simpática América, depois do apoio entre o fervoroso e o desconfiado, conforme as conveniências, ao bandoleiro Trump. Quanto ao resto parece óbvio que perante o imparável crescimento chinês, Rússia e EUA estão condenados a entender-se.         MCMCA > advoga diabo: E todo o mundo rendido ao muito corrupto e meio senil Biden que já voltou "atrás?" ao que priorizava em relação à China (?) e está a colocar o Médio Oriente em guerra novamente. Como JNP diz a corporação industrial militar dos USA ganhou novo folgo e mais dinheiro a entrar nos cofres vindo de várias partes do mundo onde os conflitos estão e irão ser criados e/ou reactivados. De facto a "simpática" América de volta. Esquece-se que esta América está de joelhos perante uma China que assegura 95% da produção, altamente poluente, de terras raras no mundo necessárias à industria militar americana ( e europeia), telecomunicações e ao Green New Deal com as baterias e eólicas a substituir os combustíveis fósseis. Por algum motivo a China, no Acordo de Paris, pode aumentar as suas emissões de carbono em 30% quando já emite mais que os USA e a UE juntas. Alguém está a querer enganar alguém.         Elvis Wayne > advoga diabo: Quanto ao resto parece óbvio que perante o imparável crescimento chinês, Rússia e EUA estão condenados a entender-se. Tantas certezas vindas de uma pobre tola. Viste isso nas borras do café foi? Vai trabalhar malandra.           PortugueseMan: ...Porquê então a insistência norte-americana em manter a Rússia no papel de vilão?... Concorrência. Caído o muro, foi necessário criar uma nova barreira artificial entre a Europa e a Rússia, porque estes aproximavam-se e esta situação não era (e continua a não ser) favorável aos EUA. Com a Rússia no pleno controlo das suas riquezas, onde no meu entendimento, foi a intervenção para impedir que a Yukos passasse para controlo americano que começou a grande reviravolta. Não podemos esquecer que há 20 anos a Rússia estava num programa de "recuperação" do FMI, o que limitava e muito as suas opções. Foi a estratégia de pagar tudo em tempo record ao FMI, que permitiu outro tipo de decisões (autonomia) no interesse da própria Rússia. Nitidamente houve uma aposta no conhecimento, de forma a conseguir passar para as gerações seguintes, o acumulado até aí. O maior perigo para os EUA é o conhecimento existente na Rússia, e que hoje posso afirmar que conseguiram. Estamos a assistir nesta década a vários sectores de alta tecnologia em verdadeira expansão, apesar das sanções. A aproximação à Europa foi algo que se viu em vários sectores, onde destaco alguns: Colaboração no Espaço Um dos foguetões usados pela ESA é um Soyuz, que é usado na Guiana Francesa. O sistema GPS europeu tem compatibilidades com o sistema russo. A próxima missão para Marte da Europa é uma parceria com os russos. A Europa sempre teve acesso à ISS garantido pela Rússia. A Rússia está neste momento a propor uma parceria para lançamentos tripulados a partir da Guiana Francesa (a Rússia continua a propor coisas interessantes à Europa). Colaboração na Aviação Civil: A Europa foi e está a ser um parceiro fundamental para a recuperação da aviação civil russa. As certificações dos novos aviões russos são feitos na Europa pela EASA. Foi assim com o Sukhoi Superjet e agora com o MC-21 (sendo este um concorrente do Boeing 737 Max e o A320 NEO). O novo motor russo PD-14 também vai passar por uma certificação europeia, que terá o potencial de ser colocado também nos aviões da Boeing, Airbus e os novos aviões chineses. Existe um centro de desenvolvimento da Airbus (e da Boeing) na Rússia. Cá temos os Kamov, uma tentativa de espalhar este tipo de helicópteros, mas que roça a sabotagem o que tem sido feito aos mesmos. Colaboração no sector Automóvel: Muitos fabricantes europeus começaram a abrir fábricas no país e este obriga que muitos dos componentes sejam fabricados localmente. Merkel deu o aval para a aquisição da Opel pelos russos, mas os EUA impediram tal passagem.       Colaboração no Sector Naval: A Rússia encomendou porta-helicópteros à França, algo que nem na Rússia caiu bem a muita gente. Parte deles foi construído na Rússia, há estaleiros na Alemanha que estão nas mãos da Rússia e com uma grande carteira. Cá tentaram com os estaleiros de Viana de Castelo, mas... já bastou a tentativa com os Kamov. Há muitas parcerias em sectores estratégicos que não são de todo, interesse dos americanos. Cada uma destas ligações prejudica-os e estão a prejudicá-los. E só não há ligações maiores, porque a questão NATO inquinou a situação. O que beneficiou (e continua a beneficiar) os EUA.              José Luis Salema: Grande artigo Jaime Nogueira Pinto! Muito Obrigado  bento guerra: Demasiado tarde. eles têm o dinheiro, a tecnologia e o poder           Pontifex Maximus: Pela primeira vez vejo escrito o óbvio nos jornais: a Rússia não tem que ser inimiga do ocidente, pois partilha os valores ancestrais da nossa civilização, de raiz greco-romana e judaico-cristã. É um país autoritário (também o Portugal pré 25 de Abril o era), mas sempre o foi desde a sua fundação medieva (convém lembrar que os governantes que mereceram o cognome de o grande foram todos autoritários: Ivan, Alexandre II, Catarina, Pedro) mas isso é problema dos russos. Nós temos que os aceitar como são e deixá-los governar-se. Não se esqueçam da maior reserva de matérias-primas do mundo e o segundo exército do mundo e em boa verdade a única potência de nos ajudar a conter a China, agressiva até ao tutano apesar das falinhas mansas          António Reis > Pontifex Maximus: Muito bom comentário.         S Belo > Pontifex Maximus: Conter a China ???? Anarquista Coroado > Pontifex Maximus: Muito bem!       Nuno Borges: Nem Moscovo abdicou da política expansionista propugnada por Piotr Velikyi nem a China desistiu de a contrariar sabendo que o ataque será sempre a melhor defesa. Enquanto os EUA estão a um oceano de distância, a Eurásia é contígua. E os EUA tudo farão para impedir a sua consolidação. Uma Europa fragmentada nem conta, é presa fácil para Moscovo sem o guarda-chuva nuclear americano.             PortugueseMan:...empurrar para o campo do Inimigo um Estado cristão, onde o poder político tem como parceira a Igreja Ortodoxa, um Estado que adopta políticas conservadoras e patrióticas. A Rússia pós-soviética não tem ambições expansionistas na Europa Ocidental nem no mundo e parte da sua reacção responde ao avanço que a NATO fez até às suas fronteiras... Estou deveras surpreendido ver um artigo de opinião aqui no Observador a dizer tal coisa. Seria impensável por exemplo ver José Milhazes fazer tal observação. Eu discuto com ele este tema há mais de uma década. Tudo o que a Rússia tem dito (e demonstrado) é que considera a NATO uma organização hostil e uma ameaça para a sua segurança. E tem reagido em conformidade. E tem demonstrado firmeza quando ela é requerida. E que não haja dúvidas que neste momento eles traçaram as suas linhas vermelhas e já não é possível expandir a NATO para mais perto da fronteira russa. E o que é que a Europa ganhou com isto? Nada, apenas perdeu. Um país em implosão (Ucrânia, onde cada vez vamos ter que meter mais dinheiro), sanções e contra-sanções que exponenciaram o aumento da diferença das importações/exportações, onde a Rússia ficou claramente beneficiada. Os anos passaram, a Rússia cresceu em poderio militar e económico e agora temos as nossas opções diplomáticas limitadas devido á constante pressão feita principalmente pelos media.        MCMCA > PortugueseMan: Os USA estão presos do passado e insistem em olhar a Rússia como sendo a URSS porque não a conseguiram dominar economicamente. A asneira de Nikita Krushev em levar a Crimeia para a Ucrânia, imaginando que o império soviético nunca acabaria, colocou nos USA uma arma de arremesso contra a Rússia e a possibilidade de estrangular as exportações marítimas russas durante os meses inverno. Como não conseguiram na Crimeia tentaram na Síria, com a guerra, estrangular o porto de Tartus para controlar as exportações de petróleo russo via Mar Negro. A aliança com a China, iniciada por Nixon, falou sempre mais alto aos cofres americanos e hoje ainda funciona também a olear os bolsos de muitos responsáveis políticos de topo nos USA.        Américo Silva: Se comento Nogueira Pinto, não é para o contradizer, mas para complementar. Os USA são o país mais agressivo que o mundo conheceu. Exterminaram os índios, combateram franceses e espanhóis, e apoderaram-se das américas. No século XX apropriaram-se da Europa ocidental entre outros, promoveram a revolta de 69 que acabou com a França independente. Existe um programa de agressão que vitimou a Rússia onde apoiaram a vitória bolchevique, depois o bêbado Yeltsin, e tudo fizeram, depois da guerra, para destruir as democracias árabes, como no Irão. Mataram milhões na Ásia, proporcionam a miséria em África, e em qualquer outro lugar que lhes convenha. Salazar conhecia bem os USA. Podemos dividir o mundo em duas partes, o império americano e o resto. Seja na Ucrânia ou na Islândia, a política de agressão vai continuar até à vitória final, ou até à derrota. No primeiro caso teremos um grupo predador universal de topo a dominar o mundo, no segundo esse grupo será outro, ou em alternativa teremos a cisão do mundo em dois ou três grupos globais. A dinâmica internacional não permitirá qualquer país independente. A ilusão da propaganda é o contínuo agressor passar por vítima e a predação exacerbada passar por democracia. Certo é que viver na esfera americana proporciona mais bens de consumo, alimentação, transportes, espectáculos, além de toda a quinquilharia que as famílias têm em casa e vêem nas televisões.      António Reis > Américo Silva: A sério????          José Luis Salema > Américo Silva: Claro. E a questão de estarmos todos a falar alemão desde 1918 se os exterminadores não se tivessem resolvido a dar uma mãozinha? Tropelias todos os impérios fizeram.          Nuno Borges > José Luis Salema: As duas invasões que os americanos fizeram à Europa foram feitas no seu próprio interesse e só por ele. O receio que têm dos russos é o mesmo que tiveram dos europeus naquela altura. Sem essas invasões os ingleses e os russos teriam sido derrotados. E, de facto, estão no caminho de o vir a ser, agora que os americanos já só têm 50000 homens na Europa. Embora muito activos no ar e no mar. Para a Europa é melhor um Biden que um Trump. Trump foi amigo da Europa ao abrigar-nos a contribuir mais para a nossa defesa. Biden é mais um peso morto que enfraquece os EUA e nesse sentido enfraquece a contribuição americana para essa defesa. Moscovo não dorme, a guerra fria não acabou, apenas prossegue por outros meios.       Elvis Wayne > Américo Silva: O que nos vale é termos a protecção da Santa URSS. Mas espera aí camarada, isso já não existe pois não? Mais um esquerdoido jurássico a jorrar postas de pescada, mais do mesmo portanto.

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