Helena
Matos enumera e reconta. Com o desassombro e clareza de
sempre. Foram 130 os comentários de um triste apoio. Como costumava estar
contido num blog extinto de Pacheco
Pereira – “ABRUPTO” de orientação psicológica, repomos o seguinte passo de Sá de Miranda “…M’ESPANTO E ÀS VEZES M’AVERGONHO”… para
o contestar, todavia: não, não é de espantar, nem de envergonhar, sequer. Faz
parte do nosso dia-a-dia. Do nosso modus
vivendi actual. Sem grandes surpresas, pois.
O VISCO /PREMIUM
É urgente acabar este Processo de “Peessificação” em
Curso porque a fase seguinte é o esfrangalhar do país em nome da
regionalização.
HELENA MATOS,
Colunista do Observador
OBSERVADOR, 13 jun
2021
No Mar de Marmara uma gosma
resultante da reacção das algas ao excesso de nutrientes (eufemismo para
esgotos) cobre a água. Em Portugal, um visco repulsivo emana dos casos
agravados pelo poder sem freio dos socialistas: afinal
não só a CML transmitia dados pessoais de cidadãos estrangeiros às embaixadas
contra as quais esses cidadãos se manifestavam, como os ministros Eduardo
Cabrita e Santos Silva estavam ao corrente desse procedimento. Como de costume
ninguém assume responsabilidades.
Note-se
que o caso Medina,
agora também caso Santos Silva/Eduardo Cabrita nos fez esquecer o caso da nomeação de Pedro Adão
e Silva para a comissão organizadora dos 50 anos do 25 de Abril, sendo que o
caso Pedro Adão e Silva por sua vez já nos fizera esquecer o caso da nomeação
de Ana Paula Vitorino para a
Autoridade da Mobilidade e dos Transportes (AMT), caso esse mais ou
menos contemporâneo do caso Pedro Nuno Santos/TAP-Michael O’Leary/Ryanair…
Marmara é aqui. O visco cerca-nos. A
passividade faz-nos cúmplices. A forma como cada novo caso apaga o anterior
mostra muito do estado de anomia a que chegámos: tão constrangedor quanto os
acontecimentos revelados é eles não gerarem reacção. Décadas a conceder à
esquerda o monopólio da indignação só podiam resultar nisto!
Só
nos podemos queixar de nós mesmos quando esta semana virmos Fernando Medina a
fazer comentário político na TVI, não temendo perguntas inconvenientes nem
manifestações frente aos Paços do Concelho pelo facto de a estrutura tentacular
da CML, com os seus dez mil funcionários, ser um ente inimputável, ávido de
recursos e incapaz de abrir um simples mail ou ler uma lei. O que Medina naturalmente receia é ser apanhado
no fogo cruzado dos diversos candidatos à liderança do PS pois agora, que a
esquerda exerce o poder sem oposição, apenas as suas lutas internas podem
penalizar os envolvidos.
É
à luz desta ocupação do Estado pelo PS, do sentimento de impunidade que cresce
dia a dia entre os seus dirigentes, da ausência de oposição e do apoio
militante dos comunicadores do regime, que o PS se prepara para a fase
seguinte, aquela em que vai lançar a regionalização. Ou mais precisamente apresentá-la
como o objectivo de Abril que falta cumprir.
A nomeação de Pedro Adão e Silva não foi um engano, não duvido que a
polémica era esperada quer por ele quer pelo PM, o seu vencimento não resultou
de uma distração e obviamente a sua equipa não está sobredimensionada para
aquilo que dela se espera: Pedro Adão e Silva vai dirigir um ministério da
Propaganda, que procurará fazer dos objectivos do PS as novas conquistas
irreversíveis. O que o PS espera de Pedro Adão e Silva é que ele
transforme o discurso do PS no discurso do país e que transforme em
irreversível o que tem de ser debatido. Tal como aconteceu com as do PCP,
também estas conquistas irreversíveis garantirão ao PS uma influência e um
poder imunes aos resultados eleitorais.
As
referências ao Estado Novo são o pano de fundo excelente para que se condicione
a discussão: o receio de ser classificado como fascistóide (para usar a gíria do deputado
José Magalhães a propósito de um site que lhe desagrada, o Notícias Viriato)
estará lá a cada momento.
À
beira de cumprir 50 anos sobre o 25 de Abril, o regime repete os mesmos bloqueios
daquele Estado Novo cujo derrube celebra: a incapacidade de actualmente
discutir a sustentabilidade da Segurança Social ou mais precisamente a sua
falta de sustentabilidade, é um bloqueio similar ao do Estado Novo em relação
ao esforço de guerra no Ultramar. Em ambos os casos, as gerações mais novas são
as mais directamente afectadas pelas consequências de uma situação que aqueles
que governam não ousaram em devido tempo discutir para que o seu status quo não
fosse questionado.
Portugal é hoje uma democracia em perda –
não só já foi mais livre do que é como se acomodou ao papel de pedinte: não
se discute como vamos produzir mais riqueza mas sim quando chegam os apoios,
que num constrangedor sinal do infantilismo de quem nos governa são designados como
bazuka.
Portugal vive actualmente um Processo
de “Peessificação” em Curso. Comissões,
entidades, autoridades e institutos constituem uma rede tentacular em que o PS
multiplica o seu poder. Às vezes
uma notícia dá conta dos vencimentos e regalias de alguém dessa casta sem
escrutínio. Mas
rapidamente se esquece e a comissão o instituto, a entidade… lá continuam na
produção da grande burocracia, indispensável aos estados mais a mais se eles
forem socialistas.
E é neste país e a este país que o PS
se prepara para apresentar a regionalização como um desígnio. Constituir uma outra camada na
administração surge ao PS como necessariamente óbvio.
A regionalização é o meio que disfarça os fins: conquistar mais
poder e esconder o falhanço.
PS1. Dão-se
alvíssaras a quem consegui decifrar a comunicação de Marcelo Rebelo de Sousa
sobre o facto de os ministros Santos Silva e Eduardo Cabrita estarem ao
corrente da entrega dos dados dos organizadores das manifestações: “A gravidade não está nem em ser A,B,C por si mesmo, o
essencial da gravidade em chegar ao ministério não chegar ao ministério… É
preciso proteger direitos, importa proteger os direitos, onde quer que haja o
risco de eles serem atingidos. Que direitos? Os direitos dizem respeito à
protecção de dados pessoais. Quer dizer hoje há uma preocupação com os dados
pessoais que não havia há cinquenta anos, ou há quarenta anos ou há trinta
anos. Mas é esse o direito que devemos ter e que cada vez mais será o direito
do futuro.” Marcelo está reduzido a isto: fala e fala, diz uma coisa
e o seu contrário, para ocupar o vazio da sua falta de frontalidade.
PS2.No
meio do desinteresse geral por parte dos jornalistas e dos activistas frenéticos
começou em França o julgamento dos acusados de ameaçarem Mila. Mila
é uma jovem francesa que em Janeiro de 2020 criticou o Islão. Rapidamente Mila
viu-se acusada de blasfémia nas redes sociais. Desde Janeiro de 2020 que vive escondida.Mudou de escola, mas
até o liceu militar onde foi colocada acabou a pedir-lhe que deixasse de
frequentar as aulas por razões de segurança.Escreveu um livro que vai agora ser publicado em França. Quem sabe Mila
ainda vai ser notícia por cá.
PS POLÍTICA REGIONALIZAÇÃO PAÍS FERNANDO
MEDINA 25 DE ABRIL
COMENTÁRIOS:
José Ramos: SIM, como
sempre! Paula Quintão:
Tudo cada vez
mais vergonhoso, gente invertebrada, oportunista e freteira. Muito Bom HMatos Carlos Pamplona: Muito bom! Parabéns Maria Campos: A nossa liberdade chegou ao
fim. Voltamos atrás! O MEDO! Pedro Pupo: É por artigos assim que subscrevo
o Observador. Obrigado, Helena Matos, pela clareza e objectividade. antonyo antonyo: A desfaçatez da nomeação da Ana
Paula Vitorino é talvez a maior enormidade feita até hoje pelo PS. De notar que
existem 5 ( cinco ) entidades reguladoras para os transportes … J.C.
Maya: Excelente artigo.
Muito obrigado e muitos parabéns. Maria Rouxinol: Obrigado Helena Matos, por este
artigo lúcido. Continue a escrever com esta verdade de factos. Não ligue aos comentários
alucinados de alguns comentadores cegos. José Romão: Como é possível que o actual
governo Português, cuja única força que se lhe conhece, é a concentração de
poderes e a disseminação tentacular das influências que o suportam, continuar a
optar pela regionalização para reforçar o compadrio e o clientelismo?
Portugal, carece e muito de uma
desconcentração do poder de um Estado Central, que é tutelar, obeso,
ineficiente, gastador e prejudicial ao cidadão em geral (apesar da sua função
social, onde garante apenas uma singela amostra de qualidade geral e por isso,
muito longe de a desempenhar condignamente) e que, verdadeiramente, devesse
haver uma aposta no desempenho e mérito, ao invés da promoção e reconhecimento
para quem tem cartão ou é simpatizante do partido. Têm sido custos acumulados, que
o País alguma vez recuperará (apesar dos novos Fundos Europeus) depois desta
herança envenenada e por isso maléfica. Ana Oliveira: excelente artigo obrigado Carminda Damiao: Obrigada Helena por nos trazer
este excelente texto. Quinta
Sinfonia > Joel Freitas: É o chamado partido de estado de que o saudoso
Medina Carreira tanto falava. É imenso e está cada vez maior... Já
ninguém fala em gorduras do estado, produtividade, competitividade, empresas,
IRC, justiça, segurança social, dívida pública, défice, nada, tudo isto são
apontamentos breves nos media e pouco mais. Paradoxalmente é a Europa
que sustenta toda esta inércia, já olham para Portugal como uma colónia de
férias que é preciso manter estável para virem para aqui passar os seus
merecidos dias de férias em paz e sossego, nada melhor que um povo submisso
para os receber.
José Paulo C Castro > Quinta Sinfonia: As colónias de férias
compram-se e frequentam-se. A questão é que não podem fazê-lo se os gestores da
colónia continuarem a impedir as vendas e a nacionalizar. Isso vai acabar. Talvez
a mudança venha por aí: o Estado comprado e reduzido a mínimo por ter de
abdicar do seu domínio a favor dos 'donos' da colónia de férias. Se pensarmos bem, esse sempre
foi o plano do PS para este regime. Entregues as colónias, entregarmos Portugal
à Europa. Está quase feito. A
mudança pode vir da Europa, entretanto: as eleições de 2022 em França estão já
aí... Pode haver ondas de choque. Se isso acontecesse, o destino de Portugal
continuaria a ser o de chegar às ideias dos outros
Alberto Pires: Cada vez mais me vêm à mente as magistrais palavras de
Camões, referidas há dias por Jaime Nogueira Pinto, estrofe 145 do Canto X: -
"No
mais, musa, no mais que a lyra tenho
Destemperada
e a voz ensurdecida
........................................................
No gosto
da cobiça e da rudeza
De
uma austera, apagada e vil tristeza"
e
que logo a seguir, na 148 lembra os que se levantam acima da miséria, da
cobardia e do conformismo
"Por
vos servir a tudo aparelhados
De
vós tão longe, sempre obedientes
A
quaisquer vossos ásperos mandados
Sem
dar resposta, prontos e contentes"
Ainda
há gente, ainda há valor, ainda há crença no futuro, capaz de passar por cima
da desgraça e do lixo que rasteja, levantando a velhinha bandeira das quinas,
azul e branca, ao serviço das causas maiores. Gente para quem é 10 de Junho
todos os dias.
Jose Costa: Os pedintes do estado, os que
se servem dele e os imbecis, são neste momento a garantia do PS para continuar
a ser poder. Nunca antes visto e com um presidente ausente e anestesiado, a
mostrar sinais de demência
José Carvalho: Quando já não há remédio
pedimos a Deus. Sendo assim, que Deus nos livre da regionalização! E do PS!
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