Que por vezes resultam em obras primas como “Tabacaria”, outras em bufonaria, igualmente de engenho genial, como é o caso deste texto de AG, embora tal resulte, por vezes, de verdadeiro sofrimento alheio, mas que seria bem menor, caso não houvesse tanto alarde sobre o problema focado na sua sátira. Alarde exibicionista, com reflexos sobre as criaturas visadas, e sobre o ensino pretensioso esmiuçando temas que pertencem ao foro íntimo e sanitário dessas pessoas e respectivas famílias, tal como é todo esse alarido à volta das variantes sexuais que talvez preferissem não ser tão atentatoriamente visadas numa catalogação extremista, que lhes nega a possibilidade de passar discretamente como seres humanos, apenas, com o direito às suas opções de vida. No fundo, é essa a mensagem que a “peça” de Alberto Gonçalves brilhantemente traduz.
Por uma escola sem segredos, sem intolerância e sem nexo
A quantidade de peritos preocupados
com o sexo do corpo discente é directamente proporcional às consumições que o
sexo alimenta. Quanto mais criaturas esmiúçam o drama, maior é o drama.
ALBERTO GONÇALVES Colunista
do Observador
OBSERVAOR, 21 mai 2022, 00:267
“Quatro
em cada cinco jovens LGBT ocultam orientação sexual aos docentes”, rezava a
manchete do Público na terça-feira. A
revelação, sem dúvida escandalosa, consta de um “estudo” do Centro de
Psicologia da Universidade do Porto, o qual, para reforçar a indignidade,
acrescentava que os alunos em questão não ocultam a orientação sexual apenas
aos docentes, mas também aos funcionários escolares. Não tarda, nem sequer se
assumem na papelaria onde compram as sebentas. O mundo está realmente perdido.
No “secundário” da minha juventude não
havia segredos. Fôssemos homossexuais ou hétero, pansexuais ou assexuais, a
nossa inclinação tornava-se familiar ao professor de Química logo após dez
minutos da aula de apresentação. Lembro-me de um colega do 9º ano, o Zé Luís,
que não pedia uma tosta mista sem antes informar a senhora do bar de que era
(ele, não a senhora) scolio-sexual (o que, ao contrário do que possa parecer,
não significa atracção por indivíduos que padecem de escoliose). E lembro-me do
entusiasmo da turma no momento em que, a meio de uma partida de voleibol do
11º-F, a Carla Alexandra se confessou uma semi-rapariga panromântica não
binária. Eu mesmo liguei de madrugada à “setora” de Inglês para esclarecer
dúvidas acerca do simbolismo de um pólo cor-de-rosa que envergara no dia
anterior. A franqueza imperava.
E
a franqueza era recíproca. Os professores, os funcionários e a senhora das
tostas mistas naturalmente partilhavam connosco a sua identidade de género e as
suas preferências sexuais.
Eis uma saudação típica: “Bom dia a todos! O meu nome é Ricardo Areias, sou o
vosso professor de Matemática, gosto de coleccionar moedas e defino-me como
‘genderqueer’ com uns pozinhos de poliamoroso aos sábados. Os pronomes por que
atendo são ‘aqueloutrx’ e ‘Y’.
Bem, agora vamos lá ouvir com atenção a história da minha relação fluída com
três técnicos dos serviços de água e saneamento que quero entrar na
trigonometria logo no início do segundo período. Ou do terceiro, vá, que não
pretendo criar ansiedade a ninguém.”
Hoje, pelos vistos, não há nada disto. Hoje,
receio bem, é possível que os próprios professores – e os funcionários, Deus do
céu – escondam a sexualidade deles dos alunos.
O que causou tamanho retrocesso? Não foi de
certeza a falta de “estudos”, inquéritos, associações, institutos e
observatórios dedicados a analisar a situação – e a concluir sempre que está
pior. Aliás, fica até a ideia de que a quantidade de peritos preocupados com o
sexo do corpo discente (sem trocadilhos) é directamente proporcional às
consumições que o sexo alimenta. Quanto mais criaturas esmiúçam o drama, maior
é o drama. Quanto maior é o drama, mais criaturas aparecem a esmiuçá-lo. E
assim continuamos num círculo vicioso de ocultação, vergonha, bullying e outras
calamidades, felizmente denunciadas por investigadores/activistas. As
calamidades aumentam de seguida? Aumenta-se, em subsídio e número, os
investigadores/activistas. E por aí afora.
Um troglodita reaccionário e
negacionista, passe as redundâncias, recomendaria juízo, o fim da histeria e o
regresso da criançada a uma vida normal, cheia de dúvidas, maçadas e borbulhas. Sucede que sou uma pessoa sensível, pelo que nunca
me ocorreria insinuar a existência de excessiva aflição com as tragédias
hormonais da adolescência. Pelo contrário, afirmo sem hesitações que urge
incrementar o nível de aflição. Na época actual, já não se justifica ocupar uma
percentagem absurda dos programas com “matérias” anacrónicas e desligadas de
uma realidade que começa em Harry Styles (um moço que se veste de mulher) e
termina em desabafos no Tik Tok.
Se repararmos, em pleno século XXI
ainda sobram uns intervalos em que o sistema educativo despeja nas cabeças dos
petizes, das petizas e d@s petizex informações ridículas sobre Stuart Mill,
Camões e Pitágoras, que além de caducos são símbolos da supremacia branca e do
heteropatriarcado (não ponho as mãos no fogo por Pitágoras). É inadmissível. E é tempo
precioso que poderia e deveria ser empregue nas supremas funções do ensino: poupar os fedelhos a contrariedades, convencer os
fedelhos de que são espectaculares, garantir aos fedelhos que o mundo se
curvará aos respectivos pés. Salvaguardadas a Educação Sexual e a Cidadania,
importa substituir as restantes disciplinas em vigor por Introdução à Tolerância, Identidade(s) I e II,
Inclusividade Avançada, História das Minorias, Culturas Trans(itórias),
Princípios de Susceptibilidade,
etc. Imagino uma escola repleta de psicólogos, assistentes sociais,
sociólogos e gabinetes de apoio. Imagino um “life coach” para cada aluno.
Não imagino é que, em semelhante
sarrabulho, alguém aprenda alguma coisa. Óptimo: se aprendesse, no futuro não
haveria profissionais disponíveis para dedicar a carreira a “estudar” o grau de
intimidade entre professores e alunos. Ou há “estudos”, ou há estudo.
IDENTIDADE DE
GÉNERO SOCIEDADE DIREITOS
LGBTQ DIREITO JUSTIÇA
COMENTÁRIOS:
Jose Costa: Brilhante!
Só mesmo com ironia se pode aturar tanta imbecilidade. José Manuel Pereira: É rir que nos faz falta e nada como uma boa crónica do AG para
isso, tal como esta, Antonio
Marques Mendes: Brilhante! FME: Uma delícia de ler. Quanto ao tema, é uma grande machadada na
minha antiguidade, já que me desconecta precocemente deste novo mundo em que o
género é indefinido. Se eu nascesse agora homem novamente, será que rodeado de
tanto pan… iria enjoar os “air-bags” femininos que lutam para rebentar com os
decotes? Será que uma bonita prateleira a bambolear-se à minha frente seria apenas
uma tipa armada com o cio? Enfim, um mundo novo que nasce para Homens novos,
perdão, para hominídeos novos de género indefinido. Madalena Gaspar: Também vi isso nesse suposto jornal. Mas aquilo era uma peça, a
coisa e a "notícia", de tal forma tosca e claramente de propaganda à
agenda que se conhece que a quase ninguém deixa dúvidas. O artigo está uma obra
excelente de fino humor, mas o assunto é muito grave e mero reflexo de algo
global. A esquerda tem toda a educação e os anexos, de ditos laboratórios a
institutos e associações, minados de pervertidos e de predadores. Que empenham
todo e cada instante das suas vidas naquilo a que em inglês se chama de
grooming sexual das crianças. Já vai muito mais avançado no asilo
anglo-saxónico, mas por cá vão também apressando muito esse caminho. Pretendem
e começam pelo trabalho de sexualização precoce das crianças, mas o intuito
final é dinamitar e desconstruir todas as "opressões", que são as
censuras que ainda existem, inclusive como crime, e que impedem que os adultos
possam livremente desenvolver e concretizar as suas "atracções românticas"
pelas crianças. Ou os pais se começam a informar, a abrir os olhos e a acertar
o passo a estes predadores ou só vão perceber o que se está a passar quando o
Joãozinho aparecer em casa a sangrar do rabo e tenha que ser levado ao médico
para cozer ou então a dizer que aprendeu na escola que se deve castrar e passar
a chamar-se Joaninha. Às meninas os próprios predadores pagarão os abortos às
escondidas.
José Paulo > C Castro: Já
estivemos muito mais longe desse cenário. A escola é hoje um laboratório de
conhecimentos subjectivos. Por enquanto, afecta o discurso do professor de
Matemática. Depois, será a própria Matemática. Fernando Gonçalves: LGBT? Lager, games, bacon and tits, right?
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