País de touradas, sem morte de touro, sensíveis que
somos… Será que o governo estava informado? Mas mesmo que estivesse não o diria
e as mãos lavaria, como sempre se fez por cá, na parvónia.
Quanto ao partido que nela impera, nessa parvónia que
tudo adultera, ponho um retrato, simples mas certo, que um email me trouxe,
para me ilustrar, mas que ajuda a desmascarar…
Será um reforço para o entendimento da
nossa idiossincrasia de servilismo e astúcia … por vezes de idiotia, por vezes
de argúcia…
Portugal: paraíso para espiões russos
Moscovo usa como ninguém este recreio para espiões. Até
porque aqui ninguém acredita que alguém no Kremlin esteja interessado em
informações que chegam de Portugal. É o cenário perfeito.
RAQUEL ABECASIS Jornalista
e ex-candidata independente pelo CDS nas eleições autárquicas e legislativas
OBSERVADOR, 03 mai 2022
Este
cantinho europeu à beira-mar plantado, onde vive um povo que não se governa nem
se deixa governar, é o lugar certo para estacionar espiões que por cá podem
trabalhar, longe de olhares curiosos e com o sossego e à-vontade necessários à
prática da atividade.
A fama já vinha de longe. Dos tempos da
Segunda Guerra Mundial, quando as esplanadas, restaurantes e hotéis de luxo
eram perfeitos para sacar informações preciosas que chegavam direitinhas aos
senhores da guerra. Por essa
altura, deu grande impulso à economia nacional o negócio do urânio que
vendíamos sem peso na consciência aos dois campos opostos do teatro de guerra.
A guerra para nós é um negócio e pode
mesmo ser promissor. Basta continuarmos sem vergonha na cara a justificar todos
os casos que vêm a público como ingenuidades, distracções, boa-fé, cumprimento
de normas, rotinas. E não adianta argumentar com queixas e denúncias. Se não
apareceu no jornal ou na TV, ninguém viu ou ouviu.
Moscovo
usa como ninguém este recreio para espiões. Até porque
aqui ninguém acredita que alguém no Kremlin esteja interessado em informações
que chegam de Portugal. É o cenário perfeito. Quando a coisa dá para o torto, os responsáveis anunciam os mais variados inquéritos,
que é o mesmo que dizer: enquanto os resultados chegam e não chegam, esquece-se
o caso e o espião encontra outra forma de continuar a atividade. Cereja em cima do bolo: aqui há
um partido disposto a colaborar, muito habituado a estas coisas da
clandestinidade e que é visto como um partido pacífico e amigo da democracia.
Em
Portugal, foi possível um Presidente de Câmara da capital ter escapado incólume
ao fornecimento de dados de cidadãos críticos à embaixada russa. Como se não bastasse, outro Presidente de Câmara, poucos meses depois, acha
normal invocar, outra vez, a ingenuidade e a burocracia para colocar russos a
acolher refugiados ucranianos. Os dois
têm em comum uma reacção: sorriem quando lhes é sugerido que o regime de Putin
está interessado na informação e pode usá-la na perseguição aos seus inimigos.
Os portugueses não se levam a sério
nem levam o país a sério. Usam a nossa pequena dimensão no concerto das nações
para desvalorizarem as consequências do que aqui se passa. Mesmo quando o que
aqui se passa é muito grave e contraria todas as regras de uma democracia
ocidental.
O que se passou (ou será que ainda
passa?) na Câmara Municipal de Setúbal é uma vergonha e não precisamos de
nenhum inquérito para o concluir, como também não precisámos do célebre
inquérito na Câmara de Lisboa para ter a certeza de que a autarquia denunciou
dissidentes ao regime russo.
As
declarações públicas do Presidente da Câmara de Setúbal sobre o caso fazem-nos
temer o pior. Este
representante da nossa democracia acha que fez tudo bem e, a menos que alguém
lhe prove o contrário, continuará a usar os amigos russos para acolher e talvez
mesmo aconchegar os refugiados ucranianos que fogem do terror que os russos
estão a espalhar nas suas terras. O Kremlin e Putin agradecem e garantem que
vão continuar a investir em Portugal.
Por cá no pasa nada!
REFUGIADOS MUNDO GUERRA NA
UCRÂNIA UCRÂNIA EUROPA ESPIONAGEM SOCIEDADE
COMENTÁRIOS:
Jose Oliveira: Dra. Raquel
Creio que o cidadão comum, sujeito há 48 anos a um ruído social constante, por:
- "escândalos" diários - manifestações por tudo e por nada -
declarações "solenes" de ofendidos costumeiros - artigos enviesados
etc. foi, para defesa da saúde mental, levado a preocupar-se pouco com a moral
da vida pública porque, de alguma forma, os "habitués" (esquerda
radical), estariam "atentos". Quando gradualmente toma consciência
daquilo que é a esquerda, fica um bocado perdido e hoje já não sabe bem porque
se indignar. Creio que seja devido a isto que na falta da "indicação"
do que é um "novo escândalo" ele possa deixar passar coisas como
estas. Claro que a esquerda nunca vai sinalizar estes casos como escândalos.
Paulo Silva: Que tudo isto é uma vergonha, é. Agora queremos saber a
dimensão e o tipo de vergonha. Só negligência e ingenuidade, ou outra coisa?… Da polícia
política do Czar, a Okhrana, passando pela Tcheka e o NKVD ao KGB... a Rússia é
uma potência da espionagem mundial, e, cereja no topo do bolo, é hoje dirigida
por um ex-oficial dos serviços secretos. Putin é um
camaleão que engana muitos, mas também tem os que não precisa de enganar,
infelizmente. Os seus dedicados vassalos. O problema pode não se resumir à Câmara de Setúbal,
mas pelas declarações do vereador Fernando José este caso pode configurar algo
mais grave do que simples negligência. O autarca do PCP conhecia bem o cidadão russo
pró-Putin Igor Khashin. Já muitos
ouviram falar no caso dos Arquivos Mitrokhin, e do desaparecimento dos
ficheiros da PIDE. As eleições
ainda estão longe, mas aí veremos se os portugueses deixaram passar, uma vez
que ao dono dos cordões sanitários se lhe acabou a corda.
OS DARLINGS DO PCP
O
PCP apoia o regime cubano. É natural, sendo uma ditadura, com a repressão
associada, Cuba tenta implementar um regime comunista, com algumas qualidades,
mas sobretudo com algumas limitações e muita coerção. O PCP apoia o regime
norte-coreano. Na Coreia do Norte existe, de forma não constitucional, um
regime monárquico dinástico, que passa de pais para filhos. Muito mais do que caracterizar-se
pela procura do comunismo, o regime norte-coreano caracteriza-se pela arbitrariedade,
pela violência e por um superior grau de loucura. O PCP apoia o regime chinês
que, dizendo-se comunista, pratica o capitalismo mais feroz. Embora nem sempre
de forma explícita, o PCP apoia os regimes da Bielorrússia e de Moscovo, ditaduras
parasitadas por riquíssimos oligarcas, que mais facilmente podem ser
considerados de direita do que de esquerda. Com a queda do muro, o critério de
proximidade com o partido comunista deixou de ser a procura do
marxismo-leninismo. Actualmente o critério define-se por oposição. O PCP sente-se
próximo de todos os que se opõem ao mundo livre, às chamadas “democracias
burguesas” que são as nossas, e a qualquer forma de amizade com os Estados
Unidos. Várias vezes, especialmente em alturas próximas do 25 de Abril, se diz
que o PCP lutou pela liberdade. Pois é claríssimo que não. O PCP que lutou de
forma aguerrida e tenaz contra o Estado Novo, nunca o fez com ensejos de
liberdade, mas sim com vontade de impor uma ditadura que seria muito pior. Ideologias
como o comunismo, ou o fascismo, são incompatíveis com a liberdade. Tal é facílimo
de compreender, mesmo pelos charlatões que se gabavam de ter derrubado o muro que
separava os comunistas dos outros partidos.
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