domingo, 8 de maio de 2022

No segredo dos deuses


Mais uma crónica de Jaime Nogueira Pinto a comprovar a aliança entre o seu muito saber fazer e o seu muito saber ser, o humanismo de formação intelectual a aliar-se ao de formação moral que transparecem continuamente nos seus textos analíticos de uma sociedade em convulsão de princípios, estatuídos em lei, no jogo estridente dos oportunismos aquando da revolução democrática – por cá, onde, naturalmente, importamos, mesmo – e sobretudo – as ideologias que outros aplicam há mais tempo. Assim foi com a despenalização do aborto, tema que esta crónica de JNP retoma, ao debruçar-se sobre uma possível reavaliação da lei sobre o “direito ao aborto” nos Estados Unidos, não deixando JNP de exprimir serenamente o seu humor contra os mantedores dos “direitos adquiridos” por cá, sem receio dos confrontos, que os comentadores oponentes não deixarão de estabelecer. Um texto rico de referências, a merecer atenção entre nós, sobre uma lei ela própria um aborto, a chamá-la à liça para uma reavaliação necessária. A fazer-se aborto, que seja “no segredo dos deuses”, como antigamente, há sempre casos que o justificam, mas legalizá-lo, e pôr o SNS a colaborar nisso, parece errado. Se a mulher é responsável pelo seu corpo, que faça os seus abortos, se assim o entender, sem o alarde público, ou a comparticipação estatal.

Aconteceu na América

Revolução vem de revolutionibus orbium coelestium, de Copérnico, e quer dizer voltar ao ponto de partida. Aconteceu na América.

JAIME NOGUEIRA PINTO,  Colunista do Observador

OBSERVADOR, 07 mai 2022, 00:1824

A bomba veio no Político, com origem numa fuga de informação de algum zeloso burocrata do Supremo Tribunal dos Estados Unidos que, perturbado com a decisão em preparação, decidiu torná-la pública: o Supremo ia abolir, por maioria, a decisão que fizera do direito ao aborto um direito constitucional em todo o território americano; e o caso era de tal maneira inédito, grave e escandaloso que justificava que se quebrasse, de forma inédita, grave e escandalosa, a tradição de sigilo do Supremo Tribunal.

Nada de novo. Todos sabemos que, quando a “democracia” e os “direitos humanos” estão em perigo, ou quando a verdade, a legalidade, a legitimidade, a democraticidade ou o que seja contrariam a agenda das Esquerdas, liberais ou iliberais, quebrar as regras do jogo é plenamente justificável, ou até desejável.

Roe v. Wade

O tempo tem sido pródigo em novidades “populistas”, “ultra-conservadoras”, “nacionalistas”, enfim, “fascistas”; novidades não-alinhadas com a “marcha da História”, novidades que saem da forma e desacertam o passo, ou pior, que embargam ou até revertem as mais céleres e recentes conquistas do “Progresso”, científica e didacticamente expressas em “legislação avançada” – e isso enerva.

E a anunciada reversão da famosa decisão Roe vs. Wade, que consagra constitucionalmente o direito ao aborto, enerva especialmente. Daí  o recurso a medidas drásticas, como a “fuga de informação”, prática inédita nos anais do Tribunal, segundo todas as fontes e jornais, do New York Times ao The American Conservative. Assim, quebrando as regras da confidencialidade, divulgou-se um documento de 98 páginas que só deveria estar pronto, aprovado e concluído em Junho, contendo uma decisão que o New York Times qualifica como “uma mudança sísmica na lei e na política americana”.

Considerando, a partir da consagração constitucional do “direito à privacidade”, o direito ao aborto como um direito consequente do direito à privacidade da mulher, Roe v Wade, julgado em 1973, é a base de legitimação, no direito constitucional norte-americano, do que quer ser agora, já não a despenalização de uma prática privada, mas a sua elevação pública a “direito fundamental”. O mesmo “direito” que Emmanuel Macron, como primeiro gesto da presidência francesa da União Europeia, quer ver consagrado na Carta dos Direitos Fundamentais da União, aprofundando a resolução de 2013, que penaliza os que põem “obstáculos regulamentares ou práticos” ao “acesso ao aborto”, tais como “o abuso da objeção de consciência, os períodos obrigatórios de espera e o aconselhamento tendencioso”.

O debate e conflito à volta do aborto é uma das “questões fracturantes” que divide a América e a Europa neste meio século; conflito que tem vindo a adensar-se nos últimos anos, com a subjugação de grande parte dos organismos e das instituições nacionais e supranacionais à ofensiva das agendas radicais. No passado, vários juízes do Supremo Tribunal norte-americano condenaram Roe v Wade: Antonin Scalia afirmou que basear o aborto no “direito à privacidade” era, do ponto de vista jurídico, desprovido de racionalidade; e o juiz William Rehnquist evocou a 14ª Emenda à Constituição, que proíbe os Estados de privar uma pessoa da vida, liberdade e propriedade, sem o “due process of law”. Para Rehnquist, o Tribunal tinha ultrapassado e pervertido a Lei Constitucional, ao excluir as crianças por nascer da categoria de seres humanos.

Tradicionalmente, os argumentos a favor da despenalização do aborto vinham, num extremo, de uma defesa social, feminista e anti-patriarcal dos direitos das mulheres, sobretudo das mulheres condenadas à miséria do abuso e da exploração; e, noutro, da abusiva auto-defesa do capitalismo liberal radical, a braços com os custos para o Estado e para as empresas das licenças de parto das mulheres trabalhadoras. Mas hoje, com a crescente visibilidade do feto e do conhecimento científico da vida intrauterina, com a multiplicação dos processos anti-concepcionais, será a banalização do aborto subsidiável ou mesmo admissível? E, logo, a sua banalização em sociedades que mais depressa promovem a morte do que a vida, sociedades com elites hedonistas, alheadas das questões sociais e e focadas em “resgatar o planeta” e em verter lágrimas em público perante micro-ameaças a ínfimas formas de vida animal e vegetal.

Para o historiador Pierre Chaunu, em La Mémoire et le Sacré, o que hoje se quer proclamar um “direito fundamental” era “o crime absoluto contra o homem-indivíduo”. Para os crentes – cristãos, judeus, muçulmanos, hinduístas, budistas – mas também para muitos não-crentes, o aborto equivale a umamatança dos inocentes”. De acordo com o Unborn Victims of Violence Act os nascituros são seres humanos com direito à vida, ou ainda eram, em 2004. Que se despenalize e compreenda o aborto caso a caso, é uma coisa, que se eleve a direito fundamental e se penalize quem a ele se opõe ou quem com ele não queira pactuar é outra.

Desta vez, ao mais alto nível da hierarquia judicial norte-americana, a decisão de voltar atrás na solução de há quase 50 anos parece firme e vencedora, com cinco (ou até seis) dos nove juízes do Supremo Tribunal alinhados com a reversão e com o regresso à situação anterior, em que a regulação dos direitos do nascituro e do direito ao aborto ficava ao critério dos Estados federados.

Segundo Samuel Alito, o juiz redactor do documento indevidamente divulgado: “Durante 185 anos, a partir da adopção da Constituição, cada Estado podia decidir de acordo com as opiniões dos seus cidadãos”. É este regime que, num acto revolucionário, a decisão do Tribunal – agora denunciada e tornada pública, com a clara intenção de a dificultar senão de a bloquear – pretende trazer de volta.

É evidente que a escandalosa “fuga” de informação se destina a intimidar os juízes e a gerar uma “onda de indignação” nos media, no Congresso e no próprio Executivo contra os que querem revogar o “inalienável direito”. E a indignada onda não se fez esperar: às reacções da vice-presidente Kamala Harris, da líder do Congresso Nancy Pelosi e da senadora Elisabeth Warren, juntou-se a do próprio presidente Biden (cujos níveis de impopularidade não têm precedentes), todos numa manifesta falta de respeito pela independência do Tribunal. Haverá coisa mais iliberal do que estas proclamações incendiárias, que põem descaradamente em causa o princípio da separação dos poderes?

Desinformação

Poucos dias antes desta polémica, outra medida, igualmente “liberal”, estalara nos Estados Unidos: o Department of Homeland Security, criado na presidência de George W. Bush para defender a América dos jihadistas e proteger as fronteiras do país, ia ter uma nova Direcção – a Direcção de Desinformação (Desinformation Governance Board).

Segundo o titular da Homeland Security, Alejandro Mayorkas, destina-se o novo organismo a lutar contra a desinformação dos traficantes de pessoas e a combater as interferências russas na política interna americana. Há quem compare o novo organismo ao Ministério da Verdade, imortalizado por Orwell em 1984. A comparação, repetida por vários senadores republicanos, como Ted Cruz e Rand Paul, remete para a criação de um “estado de excepção” artificial, de um “perigo iminente para a democracia”, que os democratas querem impor perante uma sucessão de desaires políticos – a decisão do Supremo, a compra por Elon Musk do Twitter, a baixa de popularidade de Biden.

Distopias

Não é fácil escolher, entre distopias, a que melhor possa descrever o nosso tempo, Brave New World, de Huxley? 1984, de Orwell? Nós de Zamyatin? Farnheit 451, de Ray Bradbury? A dificuldade talvez nos venha de assistirmos a uma mistura de todas: a Brave New World, com o domínio absoluto dos civilizados esclarecidos, o controlo e selecção dos nascimentos, as clínicas de luxo da Eutanásia e a manipulação da Ciência a favor do hedonismo de uns poucos e da escravização dos deploráveis; a 1984, com o poder dos observatórios, a manipulação da linguagem, a repressão dos que resistem e se revoltam pelo voto contra o domínio dos Grandes Irmãos do Progresso; a Nós, com o terrorismo selectivo das palavras de ordem em nome dos “bons”, o maniqueísmo tutelar e tutelado, a solidão assistida, a dissuasão da dissidência, os cortejos de adesão; a Farnheit 451, com a queima dos livros e o cancelamento da História.

Mas talvez, como na Sexta Coluna, de Robert Heinlein, da ofensiva resulte uma resistência que revolucione este “admirável mundo novo” e o seu NewSpeak, este Nós que nada tem a ver connosco.

Já estivemos mais longe.

ABORTO  SAÚDE  ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA  AMÉRICA  MUNDO

COMENTÁRIOS:

Liberales Semper Erexitque: Mais sonhos ultraconservadores e cripto-fascistas, no fundo quem aqui vem vai sempre encontrar mais do mesmo. O fanatismo é dominador, para o fanático.            josé silva: Artigo muito bom como sempre. Em anterior comentário já o tinha dito mas reafirmo. A Jaime Nogueira Pinto e às suas crónicas deve este jornal a minha fidelização.               Álvaro dos Santos: Há poucos dia um comentário meu foi para revisão, vindo depois a ser publicado. O tema era outro, o comentário não era ofensivo, enfim... Hoje vejo aqui que um tal Zeca Demo pode ofender profundamente as pessoas, independentemente de concordarmos ou não com elas. Leio aqui neste espaço 2 comentários que metem nojo em termos de cidadania e de respeito pessoal. Um deles aliás parece-me contraditório com aquilo que aparentemente defende, transcrevo: "A tua mãe poderia ter abortado devia ter abortado".              Zeca Demo > Álvaro dos Santos: Oh pazinho, quem quer tanto o aborto de inocentes, também o deveria querer para si próprio. Metes nojo, comuna-nazi. A liberdade de expressão é só para o que te agrada?            Zeca Demo: Quem quer abortos que os pague. Não usem o dinheiro dos meus impostos para a matança de inocentes.              José Paulo C Castro: Há uma confusão enorme neste "direito ao aborto" que não existe, na verdade. O que existe é um conflito entre dois direitos: o direito à vida (do feto) e o direito à integridade física (da mulher). A variedade de soluções depende da forma como é avaliado cada um desses direitos e qual deve prevalecer. Em Portugal foi definido que o primeiro só prevalece após as 10 semanas de gestação e se esta for viável. Noutros casos, outras soluções...O que não faz sentido é sobrepor sempre um direito ao outro, quer criando um "direito ao aborto" artificial, quer baseando a questão num direito à privacidade em que a do feto é fortemente violada. Um aborto de decisão, a do Supremo em 1973. E depois ainda há a questão lateral: pode um terceiro matar o feto se não é o direito dele à integridade física que está em causa ?             Rui Teixeira: Um saber sustentado, uma prosa escorreita, uma sólida visão do mundo...Excelente, Jaime nogueira Pinto!           Maria Melo: Ninguém deve ter o direito de legislar sobre o corpo da mulher. Enquanto feto, este faz parte do corpo da mulher. Fazer um aborto não é algo que se faça levianamente, pois afecta a mulher física e psicologicamente, e não me parece que esta prática se tenha banalizado. É evidente que, actualmente, existem muitas formas anti-concepcionais, mas pode haver uma falha, uma violação. Apenas à mulher deve ser reservado o direito de querer ou não querer dar à luz uma criança. Se tem condições para criar essa criança, tanto financeiras como afectivas e disponibilidade de tempo para dedicar à sua educação. Tudo isto é o mais importante. O ser humano que nascer irá sofrer as sérias consequências se não tiver essas condições e não for desejado. Será infeliz toda a sua vida e quiçá até um fora-da-lei. O aborto não deverá nunca ser penalizado e a mulher deverá ter acesso a um local onde este seja realizado em segurança se assim o decidir. Por favor, não vamos regredir! Não misturem política e religião com este assunto!      Carminda Damiao > Maria Melo  Defende o aborto, referindo que pode haver uma falha, ou uma violação. Procure aqui no Observador uma notícia que refere que só no ano passado 600 mulheres portuguesas foram a Espanha fazer aborto. Como o aborto é livre em Portugal e como é ínfimo o número de pessoas que se deslocam ao estrangeiro para fazer algo que cá fazem grátis e lá têm que pagar, imagina quantos milhares de aborto foram feitos no ano passado em Portugal? Isto não tem nada a ver com violações, ou falhas, tem a ver com a banalização do aborto. A criança não faz parte do corpo da mulher é um ser diferente. Se a mulher não tiver condições de a criar pode dá-la para adopção e esta criança pode ser tão feliz, ou mais que uma não adoptada. Ser a favor ou contra o aborto não tem nada a ver com religião, mas sim com respeito pela dignidade humana.    Maria Melo > Carminda Damiao: É a sua opinião…           José Paulo C Castro > Maria Melo: O feto faz parte do corpo da mulher? Se a definição fosse essa, o aborto seria permitido até ao nascimento. Acontece que o feto é apenas um corpo dependente do da mulher. Aliás, é isso que se considera no caso das barrigas de aluguer. E, quando se parte de uma premissa errada, tudo o resto vem com erro oculto. E, geralmente, as justificações estão relacionadas com os fins pretendidos e não com a substância da coisa. É o caso.            Zeca Demo > Maria Melo: A tua mãe poderia ter abortado devia ter abortado.             João Floriano: Censuro a leviandade e a banalização em que o aborto se tornou, quase como um outro método anticoncepcional. Comecei por aceitar que o aborto legalmente aceite, com enquadramento legal acabaria por ser melhor do que ir parar às mãos de carniceiros de vão de escada em que as mulheres muitas vezes morriam. Mas tem-se vindo a assistir a uma vulgarização do processo, chocando-me fundamentalmente as propostas de alargamento de prazos quando já não teremos uma mórula de células à procura do seu lugar mas um ser já formado indefeso que dá pontapés, chupa no dedo e se espreguiça.              Carminda Damiao: Artigo muito interessante. O aborto nunca pode ser visto como um Direito da mulher, porque o aborto implica destruir um ser humano que está em formação. Há dias ouvi que era proibido tirar um ninho de andorinhas e que por isso incorria em crime quem o fizesse, mas para destruir um bebé na barriga da mãe o Governo até paga. Onde estão os valores humanos? Será que não é preciso pensar para onde caminhamos?              MENDONÇA: Nogueira Pinto sempre às voltas, às voltas.          advoga diabo: A IVG, ou a eutanásia, regulamentada corresponde ao mais sagrado direito universal, a liberdade de cada um decidir sobre si mesmo, chama-se livre arbítrio. Os persistentes efeitos do veneno espalhado por Trump nos EUA e no mundo, continua a produzir nefastos resultados por via dos seus seguidores. Vai demorar, mas será expurgado!             Carminda Damiao > advoga diabo: Pediram autorização ao bebé em formação para ser morto? Como é que vem com essa treta de cada um decidir sobre si mesmo? Deixem a criança nascer e não queiram ser donos da vida de pessoas indefesas.           Zeca Demo > advoga diabo: O teu lugar é no inferno. Até lá fica-te pelo Largo das Ratazanas.            bento guerra: Forças de bloqueio, sem representação democrática , mas com todo o poder. Tivemos durante a "troika"           Pedro: Muito bem Jaime a compensar o programa de ontem no qual até Trump foi acusado de matar 3 juizes do Supremo Tribunal. Infelizmente há muitas mãos sujas neste tema do aborto que impede as pessoas de verem o óbvio : o aborto é um crime com terríveis repercussões e neste caso no mínimo que cada Estado legisle como quiser. Pode ser o princípio do fim da barbárie.              Maria Nunes: Magnífico texto. A aprovação do aborto começou, porque era necessário proteger a vida das mulheres que abortavam em vãos de escada. Neste momento querem que seja um direito universal. Como é possível matar um ser indefeso? Na minha opinião é crime. O mundo dito civilizado, cada vez mais esquece os valores importantes que deviam reger a sociedade. Por isso mesmo, mais tarde ou mais cedo iremos ser engolidos por outras culturas.                     Américo Silva: O aborto é uma questão fria, porque a mulher só aborta os próprios filhos, pior é ter um cão perigoso que mata os filhos dos outros. Um feto passa a ser humano quando o cérebro funciona, o que pode ser detectado por um electroencefalograma, uma investigação proibida. Creio que a sociedade tem legitimidade para defender os seres humanos, mesmo antes do parto. Mas isto, sou eu que digo...            Paulo Silva:  Do princípio e do fim do artigo. É sempre interessante a visão da Política através da Geometria: dos conceitos de esquerda, direita ou centro... à revolução. Perceber as analogias e as limitações das analogias. Nas aulas de geometria ouve-se dizer, ‘cone de revolução’. Mas de ‘revolução’ porquê?... Terá a ver com as revoluções?!... Depois de se saber o porquê, percebe-se de onde vem a ideia do regresso à estaca zero, do fazer tábua rasa, do corte radical epistemológico com o passado. Mas se é assim na abstracção matemática, não é na vida real. Entre roturas que se vão fazendo há sempre algo que fica, que resiste e estabelece uma possibilidade de ligação com o passado, uma continuidade. Que não permite a desintegração total e completa. As sociedades ocidentais têm sofrido cada golpe, cada rotura do radicalismo mais dissimulado, que não se percebe como é que as instituições ainda não desmoronaram por completo... É isto que Putin aponta ao Ocidente, (mas de certa forma um tanto ou quanto hipocritamente). A Universidade há muito que foi tomada, como se vê com os fenómenos do wokismo e a cultura do cancelamento, (de que o autor do artigo já foi alvo). Os media e a CS são outro campo totalmente tomado. E a política idem aspas. O poder judicial é um dos últimos baluartes do Estado de Direito que ainda não foi tomado pelos radicais. E ao que parece está a querer contra-atacar na América… Mas é claro que nada vai voltar ao antes do antigamente. Mas é preciso reequilíbrio. Margarida Romano: Magistral. Caminho há só um, o da resistência.

 

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