quarta-feira, 11 de maio de 2022

Pessimismo natural


Que actuações como a de Macron junto de Xi Jimping, aparentemente apelativas de intervenção do presidente chinês junto do presidente russo, e que descambaram nas propostas cínicas de sempre de Xi Jimping e na actuação docilmente enviesada para os assuntos próprios, de Macron, mostrando como a vida vai continuar nos mesmos moldes, de uma guerra sem fim à vista, de facto, (texto a seguir ao de João Marques Almeida), e segundo os interesses, cinismos  e cobardias próprias – vão elucidando sobre a eternização da guerra, de que o comentário de Portuguese Man acentua a trajectória.

Uma guerra sem fim àvista

Neste momento não é possível um acordo de paz. Os russos querem conquistar mais território, os ucranianos expulsar o invasor. Mas nenhum dos lados tem força militar suficiente para uma vitória rápida.

JOÃO MARQUES DE ALMEIDA Colunista do Observador

OBSERVADOR, 11 mai 2022, 00:186

Ao contrário da previsão de muitos, no discurso de 9 de Maio, Putin não ofereceu aos russos uma celebração de vitória. O Presidente russo não tem uma vitória para oferecer, já que a guerra na Ucrânia chegou a um impasse de onde não se vê saída a curto prazo. Por isso, Putin também não declarou o fim da guerra e a retirada das tropas russas. O Presidente russo não pode sair da Ucrânia sem uma vitória. Prefere a guerra a uma retirada humilhante. No discurso de 9 de Maio, Putin preparou a população russa para uma longa guerra.

Os ucranianos também não aceitam um acordo de paz com a situação militar na Ucrânia, onde os russos conquistaram mais território desde o início da guerra, ocupando agora cerca de 20% do país. Nenhum governo na Ucrânia sobreviveria a uma paz que aceite a perda de 20% do território. Além disso, os ucranianos acreditam que podem forçar as tropas russas a recuar no campo de batalha. Será difícil e, se acontecer, demorará muito tempo.

Os dois lados preferem assim continuar a guerra. Neste momento, não é possível fazer um acordo de paz que satisfaça os dois lados. Os russos querem conquistar mais território, e os ucranianos querem expulsar o invasor do seu país. Mas nenhum dos lados tem a força militar suficiente (no caso russo, a força militar convencional) para uma vitória rápida. A guerra vai assim durar meses, ou mesmo anos.

Irá Putin seguir uma estratégia de escalada militar para alcançar a vitória? Não acredito que use armas nucleares. Putin não é razoável, mas também não é irracional e as forças armadas não querem o uso de armas nucleares. Mas pode alargar a Guerra a outros países. A Moldávia está na linha da frente, sobretudo se Moscovo decidir tentar conquistar Odessa.

Mas há outra data importante. A Finlândia prepara-se para pedir a adesão à NATO, assim como a Suécia. O caso finlandês é mais problemático para Putin, visto que os dois países partilham uma longa fronteira. Também não acredito que Putin ataque a Finlândia, o que levaria a uma guerra com a NATO, o que o Presidente russo seguramente não deseja. Mas haverá provocações russas, e poderá haver respostas da NATO. Imaginem a repetição do que aconteceu há uns anos na Turquia quando os turcos abateram um avião russo que havia invadido o seu espaço aéreo. Por vezes, há acidentes e escaladas militares involuntárias.

De qualquer modo, mesmo que se evite um confronto militar directo entre a NATO e a Rússia (e convém fazer tudo para evitar), a guerra na Ucrânia vai continuar por muito tempo. Neste momento, ninguém tem interesse na paz. A Rússia e a Ucrânia querem ambos ganhar e não aceitam a actual situação no terreno. Vou mesmo mais longe. Não acredito que algum dia Putin assine um acordo de paz com um governo ucraniano, qualquer que seja esse governo. Convém recordar que a primira fase da guerra, entre 2014 e Fevereiro deste ano, durou oito anos e nunca foi possível assinar um tratado de paz. Só haverá paz na Ucrânia quando Putin abandonar o poder na Rússia. Mas podem passar anos até esse dia chegar.

A UCRÂNIA   UCRÂNIA    EUROPA   MUNDO

COMENTÁRIOS

PortugueseMan: ...O caso finlandês é mais problemático para Putin... Não posso deixar de sorrir com estas tiradas. Andou a ver as análises de "muitos", ou faz parte delas, e esta é a maravilhosa conclusão a que chegam. Vamos a ver se percebo. Agora que a Europa está em modo pânico para tentar (e não vai conseguir) arranjar alternativas para a quantidade massiva de energia que importa da Rússia, o que faz a Finlândia...? Cancela a construção da central nuclear. Porquê...? porque é russa. É mau demais. Mau demais. Isto são projectos para décadas. Este projecto arrancou há quase uma década e estaria para funcionar lá para 2028. Estamos aflitos com energia e cancelamos uma central nuclear. Fácil, vamos já fazer outra. O problema é que vendedores da banha da cobra não constroem centrais nucleares. Quanto mais em pouco tempo. Portanto, se a Finlndia vai recomeçar do ZERO, uma nova proposta para uma central, pensar em que tenha uma lá para 2040, digo-lhe já que é uma previsão muito, mas muito optimista. Sim, o caso finlandês nem vai deixar Putin dormir. De riso. ...Mas nenhum dos lados tem a força militar suficiente (no caso russo, a força militar convencional) para uma vitória rápida. A guerra vai assim durar meses, ou mesmo anos... Ou seja, parece que há mais gente que queira uma guerra rápida que os russos. Não vai haver uma guerra rápida, porque a questão ucraniana é apenas uma das questões (e nem é a principal) apresentado no ultimato russo do ano passado. E que toda a gente tenta esquecer. Nós mandamos os tipos à fava e aos seus ultimatos. Agora eles estão a tratar do assunto à sua maneira. É claro que não vai ser rápido. E está mais que visto que a integridade territorial da Ucrânia já foi. E é claro que Odessa também vai. A Ucrânia, (o que restar dela) vai deixar de ter acesso ao Mar Negro. ...Irá Putin seguir uma estratégia de escalada militar para alcançar a vitória?... Uma escalada para quê? eles estão a progredir. Alguém está com pressa? Alguém quer que isto acabe cedo, talvez antes do Inverno...? E ainda só estamos em Maio e já começamos a interrogar quanto tempo vai durar este "incómodo". Ainda não vimos e sentimos NADA. Há uma factura para os europeus pagarem e estou para ver como vai ser as conversas na Europa por essa altura.

Vitor Batista Tentar combater o invasor fascista russo no seu território, é para os Ucranianos desgastante e ruinoso mas não pode ser de outra forma e com o tempo espero e desejo que a nível internacional se comece a dar caça aos nazis russos, incluindo os destas caixas de comentários, por mim estarei disposto a fazer a minha parte, e "eliminar "alguns deles, para o mundo ficar menos poluído com tamanho lixo.

PortugueseMan: ...Ao contrário da previsão de muitos, no discurso de 9 de Maio, Putin não ofereceu aos russos uma celebração de vitória... Se calhar um dos problemas estão nesses "muitos". Esses "muitos", anunciam que os russos tem problemas de logística, que não têm combustível, que não têm mísseis, que os soldados estão desmoralizados, etc, etc. Parece que toda a gente sabe os planos de Putin, quantos dias seria para durar a guerra, o que iria discursar, tá toda a gente muito bem informada. E os "poucos" que não concordam com estas narrativas parvas, são, no mínimo colaboradores. Afinal, parece que é suposto só haver uma narrativa. Pelo menos no mundo Ocidental. A Rússia está a fazer o que disse que iria fazer quando começou isto. Não deu prazos. Talvez fosse bom olhar com mais atenção ao que os russos dizem. E assim fazer uns prognósticos mais acertados. Infelizmente muitos gostam de vender a banha da cobra e esses vendedores conseguem sempre atrair multidões e vender os seus produtos que curam todas as maleitas.mIsto até aparecer alguém a reclamar que as maleitas não desapareceram.

Américo Silva: Há uma guerra sem fim entre o império e o mundo. No mercado das moedas, o dólar concorre com o euro empurrado por mísseis nos sete mares. Não será na minha vida que vai acabar.

Pedro Natálio: Tendo a concordar que o fim não se avizinha nem será previsível enquanto o facínora se mantiver no poder. Esperemos que o Reino Unido e a América possam continuar a apertar o cerco ao animal, acelerando a sua queda, e a defender a democracia. Porque quanto ao resto estamos bem tramados com f. Ao que já tínhamos da ditadura chinesa e da vergonha alemã, juntou-se ontem a revelação plena do repugnante Macron, como nouveau petit Pétain, aliado de facto, como se insinuava desde o princípio, do carniceiro russo. Aqui quanto à piolheira nem vale a pena falar, entretêm-se a dar documentos portugueses aos seus espiões e a financiar directamente com fundos públicos a operação de espionagem do Putin. A contagem ainda vai no adro, mas, pelo que já foi noticiado, parece que o montante total superará largamente o montante que o labrego do Costa foi anunciar à televisão como auxilio à Ucrânia, envergonhando todos os portugueses.

Notícias ao Minuto

Notícias ao Minuto

Macron e Xi Jinping em conversações sobre guerra na Ucrânia

EMA GIL PIRES - Ontem às 15:44

As versões apresentadas por ambas as partes sobre esta conversa diferem ligeiramente no seu conteúdo.

O presidente francês, Emmanuel Macron, esteve, esta terça-feira, em conversações telefónicas com o homólogo chinês, Xi Jinping, tendo sido discutida a temática da guerra na Ucrânia e de uma eventual crise alimentar global associada.

De acordo com a Reuters, que cita o Palácio do Eliseu, os dois chefes de Estado terão concordado com a necessidade de um cessar-fogo urgente.

"Os dois chefes de Estado reiteraram o seu compromisso em respeitar a integridade territorial e a soberania da Ucrânia", acrescenta ainda o gabinete presidencial de Emmanuel Macron.

Porém, a informação avançada pelos chineses difere ligeiramente desta versão agora apresentada. A Reuters, citando os media estatais da China, relata que Xi Jinping avisou apenas o homólogo francês de que o confronto entre blocos, resultante da crise da Ucrânia, poderia tornar-se uma ameaça maior e mais duradoura à paz global do que a própria situação em território ucraniano.

Lembre-se, a este propósito, que a China tem instado repetidamente os países europeus a exercerem uma autonomia diplomática, em vez de se alinharem com os Estados Unidos nestas matérias. O país também ainda não condenou, até ao momento, a invasão russa sobre a Ucrânia.

Os media estatais chineses estão, no entanto, também a reportar que Xi Jinping terá dito a Macron que espera que França desempenhe um papel activo na promoção dos laços entre a China e o bloco europeu, numa altura em que o país detém a Presidência do Conselho da União Europeia.

O Palácio do Eliseu esclareceu ainda que os presidentes francês e chinês falaram sobre a iniciativa francesa FARM ('Food and Agriculture Resilience Mission'), enquanto uma possível resposta contra a crise alimentar global que pode vir a ser desencadeada como consequência do conflito militar na Ucrânia.

Num contexto em que a China continua a impor apertadas medidas de contenção da pandemia de Covid-19, que têm vindo a limitar a circulação de pessoas, Macron apelou também a Xi Jinping para ter em conta as preocupações da comunidade francesa naquele país - pedindo que mantenha, nomeadamente, as ligações aéreas entre ambos os Estados, informou ainda o gabinete presidencial francês.


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