Os valores primeiros permanecerão, porque
haverá sempre pessoas estudiosas e sérias, como Nogueira
Pinto, que ajudarão a mantê-los, os excessos das modas,
verificado o ridículo, serão eliminados, ou postos na prateleira dos enjeitados.
Outras modas virão, e modos, é certo, num mundo sempre em mudança, numa dança
que se contempla com desprezo, ou se partilha, mas também passa, sebo que arde e se derrete , deixando o cheiro para a poluição… É preciso rever os clássicos.
Valores europeus? Que valores europeus?
Quem propõe estes novos valores
europeus? Que grau de adesão têm? Quem mandatou os responsáveis por uma UE que
é essencialmente económica para os irem acrescentando à Carta dos Direitos
Fundamentais?
JAIME NOGUEIRA PINTO Colunista do
Observador
OBSERVADOR,14 mai 2022, 00:1765
A
ideia dos pais-fundadores da Europa, ou melhor, da União Europeia – já que a Europa, como Cristandade, Respublica
Christiana, ou concerto das “nações civilizadas”, de Vestefália a Viena, começou
muito mais cedo – resultou da quebra que representaram as duas “guerras
civis” europeias do século XX: a Grande Guerra e a Segunda Guerra Mundial. Com elas acabou o
mundo eurocêntrico e o “Direito Público Europeu”. Por isso, no pós-guerra, num tempo de reconstrução
política e económica, franceses, alemães, italianos, traumatizados pelo que
tinham vivido e contemplado, quiseram juntar esforços para que não se repetisse
a tragédia.
A
grande maioria destes “pais fundadores” – Robert Schumann, Jean Monnet, Konrad Adenauer, Alcide
de Gasperi – eram
católicos de convicção e prática e queriam a paz pelo comércio e pela
prosperidade. O eixo franco-alemão foi também decisivo para unir a Europa Ocidental
nos valores da liberdade económica e política, de expressão, de credo e de
ideologia, já que, depois da guerra, a Cortina de Ferro, trazida pelas tropas
soviéticas na sua marcha sobre Berlim, descera sobre o Centro-Leste do
Continente, com os países e os povos que ficavam para lá do Elba submetidos a
Moscovo e ao comunismo por partidos e ditadores interpostos.
Hoje,
por razões diferentes, muitos
europeus – à
semelhança dos fundadores da Europa e dos povos e dirigentes dos países do
Leste Europeu que, depois do fim da União Soviética e da libertação, entre
1989-1991, recuperaram a sua independência – estão longe, muito longe,
da deriva pós-moderna dos “novos
direitos humanos” que algumas instituições e dirigentes políticos da União
Europeia querem apresentar como “valores europeus”.
Quem propõe estes novos valores e “direitos”?
Que grau de adesão têm? Quem mandatou os deputados e os burocratas de uma União
que é essencialmente económica para acrescentarem à Carta novos “direitos
fundamentais”, muitas vezes contrários a outros direitos verdadeiramente
fundamentais e à Ciência, ao senso comum e às crenças de grande parte dos
europeus? Quem os
indigitou para lavrarem recomendações de bom e correcto comportamento político
e ideológico e fazer depender do seu cumprimento a atribuição de subsídios ou a
aplicação de sanções? Que “valores europeus” são estes, que agora nos propõem –
ou, até, que nos impõem –, geralmente ao sabor da influência dos grupos e dos lobbies
mais “activistas”?
Os valores pré-cristãos
Há
valores europeus com muitos séculos ou, mais precisamente, com cerca de três
milénios. Uma leitura
dos poemas homéricos, do teatro grego, da Eneida de Virgílio, das Histórias
e dos Anais de Tácito, traz a
dimensão desses valores no tempo pré-cristão: são valores e ideais ligados à
liberdade dos heróis, condicionada pela ética do grupo, da comunidade, do
respeito pela cidade, pela tribo, pela família – e pelos deuses, enquanto
símbolos, mediadores ou intérpretes de uma vontade ou de um poder superior.
Ulisses, homem de muitos ofícios e talentos, é um modelo
desses valores. A começar pela liberdade: Calipso oferece-lhe a imortalidade e a “perfeição”, e Ulisses
recusa-as, pois quer voltar para Penélope e para Ítaca, para a sua mulher, para
a sua família, para a sua terra, para o seu reino. Ulisses é astuto, mas também
é corajoso; tem senso comum, mas nunca treme; é generoso, mas castiga
impiedosamente os pretendentes de Penélope; é, enfim, um homem em cuja natureza coexistem e lutam o bem e o
mal.
Onde
estão os valores dos poemas homéricos?
Estão nessa liberdade dos heróis e dos deuses, na
relação com a Terra e com o Céu – com homens, mulheres, deuses e deusas na
ancestralidade e na intermediação. A beleza e a força física também são
importantes, tal como o realismo, a aceitação da imperfeição e a astúcia para a
ir navegando e superando. A fidelidade, a fidelidade engenhosa, simbolizada por
Penélope na sua interminável teia, é outro dos grandes valores do texto
clássico. Há liberdade e criatividade dentro da lealdade, do sacrifício na
defesa da pátria e da família.
Heitor, bem mais que o leviano Paris, é, com Aquiles, o herói daIlíada. Herói
temerário que, ousadamente, enfrenta um Aquiles ofendido por Agamémnon e
destroçado com a morte de Pátroclo.
A
tragédia não está longe destes valores. Para von Wilamowitz-Möllendorff, um
filólogo alemão da transição do século XIX para o século XX, a “tragédia
ática” é uma emanação da “lenda heróica”, em volta de
dois elementos-chave – a escolha e o sofrimento. A
viagem através do sofrimento, que precede o mistério cristão do sofrimento de
Cristo-Deus e se opõe às correntes epicuristas e às evasões platónicas,
descreve, problematiza e detalha o dilema trágico e o sofrimento que uma
escolha coerente pode implicar.
Há uma interrogação sobre a natureza
humana no heroísmo épico da “escolha de Aquiles”, na luta que o levará a uma
morte nobre e certa; e há também uma interrogação sobre o mistério do
sofrimento humano perante o mundo poderoso e impiedoso a que os protagonistas
se submetem.
A
hybris pode levar um homem, um herói, um semideus, a desafiar os outros homens,
e a desafiar o mundo, os deuses e as circunstâncias, no limite da razão. Heitor agiu assim quando, contra o conselho de Polidamos,
decidiu enfrentar em campo aberto um Aquiles furioso.
Acabou mal o filho de Príamo, e o seu cadáver foi arrastado pelo carro de
cavalos do vencedor, perante a viúva, Andrómaca, que tudo vê de cima das
muralhas de Troia, sofrendo a dor extrema da humilhação e da derrota do amado.
O
teatro, toda a tragédia grega, da Antígona de Sófocles às Tebanas de Eurípedes, vai contar os dilemas e as alternativas diabólicas
de todas estas histórias que, em Homero, nos são dadas pelo lado mais épico,
mais solar. No teatro, é mais o sofrimento
que Nietzsche censuraria em Eurípedes como sinal pré-cristão, nas “origens da Tragédia”; um
sofrimento que é, no entanto, parte integrante dos valores da Europa, no risco
assumido de pagar o preço dos princípios, mesmo quando a causa parece perdida.
Há
também medida, sentido de equilíbrio, sentido de justiça nestas narrativas e
nas que se vão seguir em Roma e no Império Romano. A Eneida sofre a influência dos poemas homéricos, mas inverte-lhes a ordem: os seis cantos da Primeira Parte
inspiram-se na Odisseia e narram a viagem de Eneias pelo Mediterrâneo na fuga
de Troia: o encontro
com Dido, rainha
de Cartago, a paixão
incurável e o suicídio da rainha, inconsolável perante o abandono do troiano. A
segunda parte segue a Ilíada, ao contar os combates dos troianos no Lácio.
No
canto IV, Virgílio, pela boca de Anquises,
pai de Eneias, dirige um
conselho a Augusto, o príncipe da Paz que trouxe a Roma o fim das guerras
civis: Tu regere imperio populos, Romane, memento (Hae tibi erunt artes),
pacique imponere morem, Parcere subjectis et debellare superbos (“E tu, Romano,
cuida de reger os povos sob o teu Império/ As tuas artes serão impor a paz,
poupar os submissos e abaixar os soberbos”)
Cristãos e europeus
Alguns
destes conselhos sobre o bom governo vão ser absorvidos pelo Cristianismo que,
a partir de Constantino, se impõe. Neste
primeiro Cristianismo, dominam os ensinamentos paulinos da Epístola aos
Romanos, que, salvaguardando a autoridade suprema de Deus, de quem procede todo
o poder sobre os reis e príncipes deste mundo, exorta os cristãos a respeitar
e a obedecer às autoridades instituídas. Mas
se a autoridade política é necessária, a resistência às leis e ordens iníquas é
também imperativa – pelo preço do martírio, se preciso for.
Há, pois, a aceitação do Estado, da sua necessidade, da sua legitimidade, mas
dentro de um espírito crítico e combativo de fidelidade a mais altos valores.
Vai ser esta a dualidade dos valores
cristãos europeus, numa unidade espiritual e territorial depois interrompida, no século XVI, pela Reforma luterana e pelos seus
seguidores na Inglaterra dos Tudor e entre os reis escandinavos.
A
partir de Vestefália, estes
valores terão uma expressão laica – o concerto europeu das “nações
civilizadas”, com regras na paz e na guerra, regras de reconhecimento mútuo das
nações como parceiras legítimas no concerto das potências, de onde resultarão
convenções escritas e consuetudinárias. Tudo isto formará, no seu conjunto,
aquilo a que Carl Schmitt chamará o Jus
Publicum Europaeum, um
direito que teve a sua maior glória na regulação da guerra, pondo em questão o
conceito de “guerra justa” a partir da “causa”, ao considerar que a
legitimidade estava na legitimidade do sujeito protagonista, que era o sistema
interestatal que seleccionava os protagonistas da guerra: os Estados
soberanos assim reconhecidos pelos outros Estados, actuando em nome dos seus
interesses nacionais e geopolíticos. A
introdução de uma medida realista das causas e das condições da guerra, impondo
regras à inimizade radical dos combatentes, foi uma importante conquista da
civilização europeia.
A ruptura
A
Grande Guerra e a preocupação de a transformar numa “boa guerra” ou numa
“guerra justa” acabou com este equilíbrio. Os nascentes serviços de informação e propaganda dos
Aliados, para cativarem e mobilizarem combatentes e povos, pintaram os alemães
como “criminosos de
guerra”, os únicos “criminosos de guerra”, os “hunos maus”, que decepavam as
mãos das crianças belgas. Uma lenda
negra, como se provou no fim das hostilidades. Com a
Grande Guerra de 14-18 e o seu segundo episódio em 39-45, acabou o Direito
Público Europeu e os valores comuns, alguns dos quais a Europa Unida iria
querer depois recuperar por via comercial ou económica.
No
entanto, a acreditar na retórica do Conselho Europeu sobre os “novos direitos humanos”, esses milenares valores, perdidos e resgatados
– o heroísmo, o realismo, o respeito pela
transcendência, pela vida e pela morte, pelo corpo e pelo espírito, a
liberdade, a defesa da pátria e da família, o sentido de justiça e de
fidelidade aos princípios e aos compromissos –, estão em vias de ser substituídos por uma nova ordem de
valores; valores como que decorrentes dos primeiros mas que, na realidade, se
lhes opõem frontalmente; valores inspirados no hedonismo e epicurismo
pós-modernos, no experimentalismo temerário e voluntarista e na
cultura do cancelamento.
Ou
é, pelo menos, este o espírito com que muitas instituições europeias acolhem
com atenta e respeitosa veneração as mais obtusas inovações, como a “linguagem
epicena”, destinada a anular o “binarismo de género”, ou seja, a fazer com que a linguagem reflicta a
“natural indiferenciação sexual” dos seres humanos e induza a sua libertação da
“tirania da biologia”.
A
socióloga nigeriana Oyèrónké Oyewùmí, especialista em Desigualdade de Género e
Crítica Feminista Pós-colonial, veio recentemente defender que os Iorubás, da
Nigéria, só tinham passado a distinguir os homens das mulheres, como grupos
diferenciados, com a colonização ocidental. E o que deveria então o Ocidente
fazer? Mostrar
arrependimento e devolver os Iorubás aos tempos pré-coloniais, confirmando-os
na sua sabedoria e nas suas crenças iniciais? Evangelizar depois o resto do
mundo, em jeito de penitência, na nova fé da indiferenciação de que os Iorubás
tinham sido pioneiros? Talvez. De
resto, a agenda de alguns grupos de activistas com franco acesso às
instituições europeias não parece andar muito longe de semelhantes programas
expiatórios ou de acção e legislação avançada.
A civilização do mal-estar
No
século XVIII, alguns iluminados europeus, como Montesquieu, Voltaire e Rousseau, procuraram criticar a civilização europeia e os seus
valores, contrastando-os
com os valores dos persas, dos chineses e dos “bons selvagens” ameríndios. Freud
chamou depois a este olhar depreciativo sobre si mesmo e admirativo sobre o
outro longínquo “o mal-estar na civilização”. E perante semelhante olhar míope
tudo ou quase tudo tendia a tornar-se invisível ou irrelevante – como o facto de, na Pérsia, os cristãos serem
perseguidos e massacrados, ou de, na China do século XVIII, reinar um muito
pouco paradisíaco despotismo imperial, ou de os “bons selvagens” rousseauneanos
serem antropófagos.
Mais
tarde, os pós-marxistas
do Maio de 68, na senda
de Sade, e depois os desconstruccionistas franceses, colonizaram o campus americano. Um campus
que os vem repetindo à exaustão e com fanáticas e puritanas diferenças,
herdando a sanha de todas as cegas fés, agora em versão anticristã e
“anticivilizacional”. O resultado é o neo-marxismo reformado que hoje
substituiu as causas da justiça, da igualdade, do trabalho, por uma utopia
ultra liberal, hedonista, decadentista que serve e se serve do hipercapitalismo
global e que, perante a inconsciência e a inércia de muitos europeus, vai
inscrevendo nos anais da União Europeia pseudo-direitos cada vez mais distantes
dos valores pagãos, cristãos, universais e nacionais que fizeram a grandeza da
Europa.
A SEXTA COLUNA CRÓNICA OBSERVADOR UNIÃO EUROPEIA EUROPA MUNDO
COMENTÁRIOS
Julius Evola: Texto
excelente. A UE nao têm cura, é agora uma organização cancerígena na Europa, é
urgente a sua destruição.
Maria Odete Coutinho: JNP é talvez o
maior pensador português do nosso tempo. Admiro sem reservas a sua superior
cultura, capacidade de análise e de expressão. Não significando isto que o sigo
integralmente, em diversas das vertentes do seu pensamento. Mas sempre deixa
atrás do que escreve, ou do que diz, um rasto de classe e de valor
argumentativo, que não permite esquecê-lo de imediato assim que se acaba de o
frequentar. Cabral
Paula: Os valores Europues são confinar pessoas
e condicionar a sua liberdade mediante certificados digitais, confiscar
propriedade e haveres sem procedimento judicial, descriminação com base na
nacionalidade. O grande valor Europeu nestes dias é a guerra. Maria Rodrigues > Cabral Paula: Os
grandes valores europeus não serão "as questões fraturantes"? Não
disse há pouco tempo o Sr. Macron, patrão da União que queria o aborto como um direito
"fundamental" da dita União Europeia? Antiwoke
Tuga: A Europa está
decadente tal como os seus valores. Não me sinto europeu, sinto-me a viver numa
distopia em que uma sociedade de escravos abanam bandeirinhas que não são as
minhas. Ecologia (ou também a nova religião pagã do fim do mundo),
homossexualidade, destruição do conceito de mulher e homem, destruição e
substituição das culturas nacionais pelo culto do racialismo. São hoje o porta-estandarte
da Europa. Gustavo
Ferreira: O Professor
Jaime Nogueira Pinto não escreveu um artigo de jornal. Ofereceu-nos uma lição,
uma conferência de qualidade superior, onde revela a sua grande e sedimentada
cultura e onde alardeia com naturalidade um poder de análise cheio de rigor e
sensatez. Esta foi uma temática espectacularmente desenvolvida e apresentada. A
falta que fazem estas pessoas em Portugal! Parabéns, Professor! Tiro Liro > Gustavo Ferreira: Não é só uma lição ou
conferência, é também um combate pela liberdade e democracia. José Miranda: Grande crónica! Tiago Rainha: Espetacular Prof. Jaime
Nogueira Pinto Acg: Como sempre, mais um belissimo
texto de JNP. Mas, lendo esta síntese da história e cultura dos povos, também
mitológica, ficamos sempre com a eterna inquietação e conclusão: tudo isto é
muito mais complicado do que parece. Ainda assim, o pior que nos tem acontecido
e como refere JNP, é reduzirmos tudo ou quase à economia, como se o bem comum e
dos povos, objectivo maior, possa contar com ela tal como se encontra. Porquê a
guerra e invasão da Ucrânia? Razões económicas, comerciais, sempre assim foi ao
longo dos séculos, históricos e mitológicos. Pois se o próprio cristianismo (o
verdadeiro) foi o que foi e deu no que deu, cruzadas, inquisição e outras
desgraças em nome da fé cristã? Mas que fé cristã se um só mandamento é o
maior, a verdadeira utopia a ser seguida, "amai-vos uns aos outros"?
E tal é possível? Ou o Mundo foi assim criado para nos irmos entretendo e
dar-lhe sentido e à vida ... questões filosóficas, também não resolvem o
problema dos pobres, são cada vez mais, apesar da fartura. Enfim, não é fácil,
fácil é ler JNP recordando-nos muito do que já esquecemos e isto também vale
muito a pena, só por ele vale apena assinar o Observador, tanta penúria anda
por estas páginas ...
Carminda Damiao: Excelente artigo
Zé Colmeia : Desde 1914 que a Europa não faz outra coisa que não seja cometer suicídio.
Como diz o filósofo Michel Onfray, a nossa civilização já não tem salvação
possível. Habituemo-nos pois aos novos tempos, pois vamos andar de cavalo para
burro. Já assim foi com o fim da civilização clássica da Grécia e de Roma,
porque é que agora haveria de ser diferente? Como tudo no universo, as
civilizações também morrem e a nossa já está moribunda há muito.
Lamentavelmente, a culpa é toda nossa. José Carvalho: Este artigo merece ser escrito
na pedra! advoga diabo: Tal como o poder, por muito crente que se seja, não
cai do céu, conquista-se, também os valores vão crescendo à volta da prática
condutora das vontades de cada vez mais adeptos. A construção da UE tem-se
constituído farol do mundo para os que anseiam por liberdade, civismo e
conhecimento. A guerra, como tem demonstrado e para desespero de alguns,
servirá para dar mais um passo nesse caminho de união com a criação do exército
comum. Outros se seguirão!
Der Führer Returns > advoga diabo:
Sim em direcção à nova urss. Bernardo Vaz Pinto: Gostei muito de ler esta síntese…a
história será isto mesmo, um olhar para trás que deve orientar o olhar do
presente, a capacidade de construir um olhar, sempre indefinido, para o
futuro…o processo de relativização pós -moderno onde tudo é igual a tudo, vem
colocar o grande desafio da actualidade…não parece que sejam as
universidades a criarem o pensamento crítico necessário para abrir caminho. Américo Silva: Os valores europeus, enquanto distintos de valores não
europeus, assentam no domínio e partilha do império romano pelos chamados
bárbaros. Uma tradição cristã conformista, fundiu-se com a tradição bárbara de
mudança. O sul que aprecia a repetição do passado, juntou-se ao norte que
aprecia a inovação. O modelo transformou-se com a revolução francesa e outras,
e com a independência dos USA, para sobreviver. A nobreza foi substituída pela elite financeira,
jurídica e política, e os dominados não se conformam, e colocam frequentemente
o modelo em questão, principalmente através dos intelectuais. Os juristas,
autores do sistema, guardaram para si um bom bocado, a resguardo de qualquer
legitimidade no terreno, e os políticos venderam-se à melhor oferta. Esta
civilização teve sucesso e lidera o mundo. De natureza
predatória, muito mais rico é o predador que a presa, por isso todos querem
imigrar para os estados unidos e europa, usufruir do bem-estar dos donos do
mundo, assimilar a narrativa dos senhores, comportar-se como eles, só que quem
contesta, na primitiva tradição bárbara, tem sempre quem apoie. Foi o que
sucedeu com o judeu Marx. Marx está empiricamente errado. O
marxismo nunca resultou quando levado à prática, mas a raiz da questão pela
qual tem sido apoiado permanece, uma carência de justiça e equidade por parte
dos servos, dos explorados, daqueles cuja opinião não conta. Continua a existir
lugar para os que dizem não, como continua a existir lugar para os senhores. Daí existirem duas narrativas para o covid, duas
narrativas para a ucrânia, duas narrativas para o direito à privacidade, duas
narrativas para os direitos humanos, duas narrativas para a democracia, duas
narrativas para o controlo de dopagem, duas narrativas para os crimes de
guerra, e assim sucessivamente. É a vida. João
Floriano: É sempre um prazer ler e ouvir JNP. Em
relação a Ulisses prestemos homenagem ao seu cão Argos. Afinal a fidelidade
canina é tão de louvar e lendária como a fidelidade de Penélope e a parte da
obra em que Ulisses volta passados 20 anos e é reconhecido logo pelo seu
envelhecido Argos, é dos textos mais bonitos que se podem ler ( em tradução
claro). JNP diz-nos que os valores wokes, cancelamento e afins que hoje poluem
a Europa são uma adulteração dos antigos valores que se vieram a desenvolver
desde os tempos clássicos. Como chegamos até aqui, como deixamos que uma UE com
fundação económica acabe por decidir sobre questões ditas fracturantes e
causando o confronto entre Bruxelas e governos nacionais como no caso da
Hungria ou Polónia? a resposta mais simples parece-me igualmente a mais
provável e a mais próxima da verdade: os cidadãos europeus estão-se nas tintas
e as eleições para o parlamento europeu decorrem de forma muito discreta com
uma abstenção enorme. Fui ver à Pordata e em 2019 a abstenção em Portugal foi
de 69,3%. Imagine-se que entre os 30,7% que votaram havia ainda uma percentagem
de votos em branco e nulos. A conclusão é que muitos poucos legitimaram
deputados europeus em Bruxelas no mínimo muito pouco representativos mas que
tomam decisões decisivas ( a redundância é propositada) para o nosso modo de
vida. Só nos podemos queixar de nós mesmos. Manuel
Magalhães: As infelizes variações nos valores
europeus, decretadas por burocratas e por influências exteriores à própria
Europa que nada têm a ver com os seus valores tradicionais é que têm provocado
esta confusão e desagregação e que a estão a tornar numa zona incaracterística
e decadente!!! Ah Pois:
Ficção: A
UE apoia a Ucrania porque os nossos valores fundamentais de Dignidade e
Direitos Humanos, Liberdade e Democracia são inalienáveis. Realidade: A
UE apoia a Ucrania, de regime pro-nazi, por que é lacaia de um país que perdeu
uma guerra de 20 anos contra pastores de cabras e todo o seu poderio reside na
moeda que domina o mundo.
Maria Carmen Alpoim > Ah Pois: Verdade que
magoa mas é a realidade dos factos numa guerra que poucos se apercebem que é
iminentemente financeira com o dólar ou melhor o petro-dólar a enfrentar pela
primeira vez a rebelião da sua caixa forte a Arábia Saudita e a morder as mãos
porque os novos ventos querem acabar com o uso da "comodity" que lhe
tem assegurado a dominância e a imbecilidade dos políticos a hostilizarem os
sunitas em favor dos xiitas e os novos poderes que surgem da Ásia Andrade Q > BAh Pois: "Freud
chamou depois a este olhar depreciativo sobre si mesmo e admirativo sobre o
outro longínquo “o mal-estar na civilização”." João Floriano > Ah Pois: Lembro-lhe
que onde os americanos foram derrotados (a retirada americana é das coisas mais
vergonhosas da História recente dos EUA), também os russos levaram uma valente
coça. Haver uma moeda que é aceite em todo o mundo e sobretudo nos países mais
pobres que demonizam os Estados Unidos tem vantagens. O euro já está ao nível
do dólar, ou quase, como moeda dominante. Como é que a federação russa domina o
«seu mundo»? Com a narrativa do passado glorioso (que agora quer reviver) e a
ameaça de armas nucleares. Assim sendo prefiro a maneira como o Ocidente
domina. O seu comentário vai debilmente ao encontro do texto de JNP. Parece-me
mais um comentário de propaganda pró russa que não acrescenta novidades. Ah Pois > Paul C. Rosado: As massas são sempre manipuladas e portam-se como
animaizinhos não pensantes, incapazes de produzir algo articulado. Coronavirus corona:
A propósito desta sanha
persecutória, veja-se a capa do DN de hoje. Não é que não seja conhecida a
natureza do DN (e do Público); mas convém recordá-lo sempre, para que não se
torne como algo normal e aceitável. Com receio que o Tribunal Constitucional fuja ao
controlo dos "novos valores", que tão bem desenvolve na crónica, vão
buscar o que um potencial juiz do TC escreveu há quase 30 anos, para
condicionar a hipótese de integrar o colectivo desse tribunal. Não vá o comité
de propaganda perder o controlo e um dia esse tribunal vir a tomar uma decisão
semelhante à que iremos assistir em junho no EUA. Não se pode permitir isso. Há
que controlar bem as opiniões de quem se possa vir a sentar nas cadeiras do
Palácio Ratton, vasculhando à lupa o passado de cada pretendente. E caso
existam indícios de dissidência de pensamento, expor o traidor em praça
pública. E a maioria das pessoas assiste a isto impávida. Maria Correia: Muito bom. Obrigada Madalena Magalhaes Colaço: Texto fantástico. No período
entre as duas guerras, guerras que trouxeram o desequilíbrio como refere, o
director do museu Trocadero em Paris, Georges Henri Rivière, provocava
escândalo ao declarar que a superioridade da arte grega em relação à arte de
outras geografias tinha chegado ao fim. O "mal estar na civilização"
instalava-se mas provocava escândalo. Hoje, os europeus são uns zombies, que
inconscientemente tudo aceitam, mesmo a perda da liberdade.O que os burocratas
de Bruxelas decidem é para se cumprir e o trágico, é que ninguém se incomoda. José Dias > Madalena Magalhaes Colaço: Subscrevo, se me o permitir. Maria Carmen Alpoim
> Madalena Magalhaes Colaço: Muitos se incomodam, arrisco a
dizer que a maioria se incomoda, mas por covardia, ignorância e comodismo não
saem à rua para defender os seus valores com medo de serem apelidados por essas
"elites" bruxelenses de fascistas, populistas e afins, enquanto o
estado social reinar e houver sempre comida na mesa. Mas, esta guerra não irá
acabar bem para os detentores não eleitos e nem especialmente inteligentes de
Bruxelas, porque o bem estar da UE vai em breve acabar dado que parte do seu
orçamento irá para enriquecer os fornecedores da guerra. Tempos novos se
desenham no horizonte Antonio
Marques Mendes: O último parágrafo precisa de ser transformado num artigo. João Floriano > Antonio Marques Mendes: Certamente que sim. Concordo
inteiramente com a sua opinião. Também achei que JNP fala muito en passant dos
motivos que levaram à Reforma segundo figuras como Calvino e Lutero e porque
«cortaram» com Roma. Em Inglaterra o afastamento da autoridade papal tem motivos mais oportunistas. Rita Saldanha: Conhecimento admirável e
escrita divinal. Obrigada. Os totalitários, avençados dos lobistas, sentados em
Bruxelas, a cavalo na soberania espoliada aos povos europeus e para lá
traficada à socapa, não fazem a menor ideia do que são ou que significam os poemas
homéricos, o teatro grego, a Eneida de Virgílio, as Histórias ou os Anais de
Tácito. Os seus "novos direitos humanos", à la Macron, resumem-se a
um só imperativo: acabar com a Europa. Há que admitir com humildade que, ante a
nossa cobardia e a corrupção e traição dos políticos locais, levam já bem
avançada a empreitada. O à-vontade com que uma dessas galdérias, recentemente,
propôs abolir o Natal em obediência aos islamitas que infiltraram, até para os
mais distraídos, deve constituir sintoma bastante do já feito e do ainda
planeado fazer. Maria
Carmen Alpoim > Rita Saldanha:
Muito bom comentário Maria Nunes > Rita Saldanha: Comentário excelente. S Belo: Como sempre, muito bom! Um tema
bem actual para reflexão. Diogo Araújo Dantas: Artigo com uma perspectiva
histórica interessante e sobre o pensamento temporal progressista que conseguiu
dominar quase a totalidade do mundo. Tantas vezes já repeti isto que devo parecer
aborrecido.
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