E assim vamos todos arrulhando, com Centeno, que muito
arrulhou sempre, aparentemente com precaução.
Será Centeno
a última das pombas do BCE?
Ninguém pode dizer que o BCE está com
uma tarefa fácil. Mas até os que se tinham oposto mais à subida dos juros
começam a mudar. Menos Mário Centeno.
HELENA GARRIDO OBSERVADOR, 10
mai 2022, 00:2126
Os
banqueiros centrais tiveram, na última semana, dias agitados de declarações. E
com isso mostraram que algumas pombas se tornaram mais falcões, ou menos
pombas. Para quem não está familiarizado com a língua de banqueiro central,
a classificação de pombas é em geral dada aos que preferem juros mais baixos,
enquanto os falcões são os que defendem que se ataque com a subida de
juros ao mínimo sinal de inflação.
Regra
geral os falcões são protagonizados pelos banqueiros centrais do norte e centro
da Europa, enquanto as pombas vivem no sul. Nada de surpreendente, reflectindo, na prática, as
preferências dos cidadãos dos seus países – uns odeiam a inflação, como os alemães,
outros nem por isso, como os italianos ou mesmo os portugueses.
A
surpresa desta última semana foi que Mário Centeno pareceu isolado, meio
abandonado por uma das mais importantes “pombas”, membro da Comissão Executiva
do BCE, o italiano Fabio Panetta. Numa
entrevista ao La Stampa,
a 5 de Maio, disse que “nas actuais
circunstâncias, taxas de juro negativas e compra de activos podem já não ser
necessárias”. Foi o
suficiente para se ler que estava menos disponível para aceitar o adiamento da
subida das taxas de juro, pois se juros negativos já não fazem sentido, do
que se está à espera? Também o economista-chefe do BCE, igualmente visto
como avesso à subida dos juros, parece ter mudado de posição. E num evento
do think-tank Bruegel disse que haverá um momento em que os juros vão subir.
Também o vice-presidente do BCE Luis de Guindos afirmou na mesma altura, igualmente em entrevista,
que os juros podem aumentar em Julho ou mais
tarde, mas defendeu que a compra de activos deve terminar já em Julho.
Na
sequência de todas estas declarações, o economista do banco ING dizia ao Financial Times:
“Este é provavelmente o momento em que as pombas choram e capitulam sob
pressão dos falcões”.
Mais
falcão, a alemã Isabel Schnabel, também da comissão executiva do BCE, foi bastante mais clara:
“Na actual perspectiva, uma subida dos juros é possível em Julho”. Para
não falar, obviamente, dos responsáveis pelos bancos centrais nacionais,
membros do Conselho de Governadores. Um dos exemplos é a entrevista dada pelo
presidente do Bundesbank Joachim Nagel.
Concordando que o banco central não controla a oferta de produtos no mercado –
como que respondendo aos argumentos de Lagarde, e seguida por aqui, que subir
juros não altera o preço do petróleo –, sublinhou que os bancos centrais têm de
salvaguardar a estabilidade de preços, sendo esse “o mandato”.
É
neste ambiente de proliferação de declarações e com comentadores e analistas a
contarem os que vão ficando menos pombas que o governador do Banco de Portugal
Mário Centeno resolveu pedir aos seus colegas do Conselho de Governadores que
tivessem “calma” e “ponderação”. Durante a apresentação do Boletim Económico de
Maio, Mário Centeno diz: “A menos que algum desses
membros do conselho de governadores tenha acesso a dados que ainda não foram
divulgados, eu recomendaria alguma calma e ponderação nessas comunicações,
porque ou somos dependentes de dados ou alguém tem acesso a informação que não está
disponível para todos e há aqui uma assimetria”. Na sua perspetiva uma
subida das taxas de juro é desejável, mas se não puser em risco a recuperação
da economia.
Sendo
certo que o BCE quer evitar o erro que cometeu em 2011 e está com medo de gerar
de novo instabilidade financeira – leia-se,
problemas aos países mais endividados, como a Itália ou mesmo Portugal – a rapidez com que os Estados Unidos estão a subir
as taxas de juro arrisca a agravar ainda mais a inflação na Zona Euro por via
da desvalorização do euro. E o BCE, não aumentando os juros, está a alimentar a
inflação via importação, indo contra o seu mandato.
Neste
momento começa a ser manifestamente impossível considerar que a inflação está
circunscrita aos produtos energéticos e bens alimentares. Nem em Portugal isso está a acontecer. E uma
inflação de 7,5% é quase quatro vezes aquele que é o objectivo do BCE.
Claro
que o BCE tem uma escolha bastante
difícil entre mãos, mas pode acabar no pior dos dois mundos: ver a inflação
descontrolar-se e a economia a entrar em recessão. E, mais grave, perder credibilidade enquanto
instituição independente que defende o valor do euro. Neste momento, com o que
está a fazer, parece estar ao serviço dos governos, em vez de deixar os
governos resolverem a parte que lhes compete: combater a recessão. E Mário
Centeno neste ambiente de capitulação das pombas aparece, com as suas
declarações, como a última das pombas.
MÁRIO CENTENO PAÍS TAXAS DE JURO ECONOMIA BANCA
COMENTÁRIOS:
Filipe Costa: Subir os juros em 0,5% em Junho.
David Antunes: As taxas de juro dos depósitos subirão quando o BE
subir os juros, obviamente. Entretanto o governo, sempre de boa-fé, acabou com
os certificados que bonificavam em função do crescimento do PIB logo quando o
PIB sobe naturalmente devido ao período pós-pandemia. Coincidências... josé maria: As taxas de juros também devem
subir para os depósitos particulares e certificados de aforro ou aí a conversa
já é outra, HG ?
M L: Natural que não esteja interessada na subida das taxas
de juro. No dia em que as taxas de juro começarem a subir, fica
a descoberto a (não) evolução da economia tuga nos últimos anos. E da qual este
sr tem uma boa parte de responsabilidade. Eu Mesmo: Tem de ir para dar lugar a
outro taxista no banco de Portugal. E nós pagamos. Sem stress. Antonio Aguas: Mais pomba ou menos falcão, o
que interessa realmente é a credibilidade da instituição Banco Central Europeu
e essa qualidade e virtude parece estar a perder-se ou pelo menos em crise. Ou a União Europeia acredita
numa autoridade monetária verdadeiramente independente ou aceita que os
governos e os políticos dirijam ou influenciam a politica monetária. Dessa
opção resulta a defesa da estabilidade dos preços e do euro ou a manipulação de
variáveis fundamentais.
Paulo Nunes: Centeno não é uma pomba. É um lobo em pele de
cordeiro. Estas suas declarações não são mais que prestidigitação. É clarinho como
a água que a inflação é um problema perene, que está para durar, e mesmo que
seja parcialmente passageira, será preciso tomar decisões e ações já, para que
esta não se prolongue em demasia. Se a inflação é assim tão passageira como
Centeno teoriza, por que motivo esta era já anterior à Guerra? A questão que se coloca é
"a quem beneficia esta posição sonsa sobre inflação" e a resposta é simples:
o Governo. A inflação, a ser aplacada e controlada de modo sensato, levaria a
um aumento moderado de salários e pensões, algo que o Governo não pretende
fazer, poupando assim milhões, ao mesmo tempo que arrecada valores adicionais
pelo efeito nominal do aumento do produto interno. Esta inflação funcionará
como um adicional colectivo de imposto, injusto porque universal, levando a que
todos fiquemos mais pobres e por isso mais passíveis de nos tornarmos
socialistas. Os próximos anos funcionarão como o antigo crawling-peg, ou a
austeridade da Troika, em que ficaremos significativamente mais pobres, e a nossa
competitividade face ao exterior irá aumentar, por alteração dos termos de
troca. Em suma: pobreza, reforço do turismo e outras actividades "de
pobre", e continuação da divergência face à Europa. Mais do mesmo,
portanto... Graciete Madeira: Artigo muito oportuno.
Dani Silva: O BCE teve uma péssima política
monetária nos últimos anos. Para salvar os países gastadores do Sul que têm
dívidas públicas gigantescas, está a acabar com a economia da UE e com o
Euro... Paulo
Nunes > Dani Silva: Mais ou menos. A política de compra de dívida é
transversal. Todos os países beneficiam do Programa. Se ele é errado ou certo,
é outra discussão, mas ele é em benefício de todos os governos... Dani Silva > Paulo Nunes: Uns mais do que outros... Os países com dívidas
públicas controladas não tinham, mesmo antes do programa, juros muito altos. É
em benefício de todos os governos, mas os Europeus agora vão todos empobrecer
por causa desse programa, uma vez que a inflação irá superar qualquer aumento
salarial médio... Manuel
Silva: Ora bem Dra.
Helena, o mundo socialista prepara-se para desabar, os responsáveis nunca são
eles, mas sim os outros que não os entendem! Isto vai acabar mal. Paulo Nunes > Manuel Silva: Não vai acabar mal porque não
vai acabar. O empobrecimento é um processo, e nós vamos continuar na sua
vanguarda! João
Afonso: As pombas andam
disfarçadas. São elas os verdadeiros falcões. Em países como Portugal, onde a
esquerda manda há décadas, virá sempre o dia em que a economia ou as finanças
públicas dão o traque. O dia em que a economia morre de exaustão de tanto se
esforçar por se manter à tona da água, ou o dia em que as finanças públicas
entram em default. Neste quadro micro económico, a inflação é a mão invisível
dos cortes salariais e das pensões, enquanto o PRR alimenta alguma economia. Digam
lá se o Centeno não sabe da missa! Paulo NunesJoão Afonso: Nem mais. Esta inflação é a
Troika dos nossos dias.
João Floriano: Que nome que haviam de ter arranjado para economistas
como Mário Centeno. Todos sabemos que as pombas são muitas vezes apelidadas de
ratos com asas, que espalham doenças várias nas cidades, que erodem a pedra das
edificações e estátuas com os seus dejectos ácidos. Roupa a secar num local
partilhado por pombas tem probabilidades de voltar novamente para a
máquina de lavar. Em resumo: as pombas só fazem ..........! Que
associação tão triste com Mário Centeno. Triste mas não totalmente despropositada. Carlos Almeida: Um tipo que pagar o tacho que o
Costa lhe deu, só lhe faz fretes!!! Um nojo de atitude. José Monteiro: Não , é o primeiro dos donkeys! bento guerra: O último dos patos bravos, talvez Sérgio: Pudera.... O nosso puto
maravilha e XR7 das finanças sabe que a subida das taxas de juro vai colocar a
descoberto o seu milagre económico e das "contas certas"....
(cativações, ausência de investimento público e empurrar a colossal dívida com
a barriga e para debaixo do tapete...). A portugalhada inapta e iletrada
MERECE! LJ ®Sérgio: A mais baixa iliteracia
financeira da Europa. David Antunes: Subam os juros e depressa. Pior
do que juros a 3 ou 4% é uma inflação de 7 ou 8. Houve quem não poupasse?
Paciência, tivessem-no feito, já houve mais do que oportunidades para se
aprender a lição.nLJ ®David Antunes: A história repete-se. Sempre. Quem não aprende com ela,
aprende à sua própria custa. Pedro Lisboa: A inflação actual na Zona Euro
está nos 7,5% e não é temporária. Depois da inflação e da subida
das taxas de juro para a combater, chegará uma recessão brutal que afectará
empresas e famílias. O Centeno sabe disso e anda assustado, pois a taxa de
juros da dívida pública portuguesa continuará
a aumentar. Francisco Marnoto: A zona Euro já não escapa à
estagflação. As pressões inflacionistas de segunda ordem são inevitáveis.
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