Ou a bolsa, tanto faz, para a continuação da vida.
Portugal quer ficar no bolso da China?
Como a invasão da Ucrânia pela Rússia
provou, o dinheiro das autocracias compra dependências que saem caras. Por
isso, há que exigir explicações às autoridades portuguesas sobre a relação com
a China.
ALEXANDRE HOMEM
CRISTO
OBSERVADOR,
26/5/22
Uma
pergunta incómoda: no dia em
que a China constituir uma ameaça efectiva e inequívoca à segurança dos
cidadãos europeus, qual será a posição de Portugal, cada vez mais na
dependência de Pequim? A resposta
não é nada óbvia para um país que se atirou voluntariamente para o bolso dos
chineses em diversos sectores estratégicos. Mas importa insistir na pergunta (já feita pelo Bruno Faria Lopes) em busca de uma resposta cabal. Se já antes o risco era evidente e o silêncio
ruidoso, a guerra na Ucrânia lembrou-nos das consequências para quem se coloca
na dependência de Estados autocráticos — veja-se, por exemplo, a dependência energética alemã
face à Rússia. As
escolhas estratégicas importam e por isso devem ser tema no debate público e
político.
A Rússia foi, durante anos, avaliada com
benevolência. Houve um
tempo em que os
líderes europeus faziam fila para construir uma relação privilegiada com Putin. Agora,
desde que a Rússia invadiu a Ucrânia, os aliados do Kremlin em países
ocidentais têm sido postos em xeque. Em Portugal, a pressão recaiu sobre o PCP, que se
ergue (como sempre) pela defesa dos interesses russos. Em França, a candidata presidencial Marine Le Pen viu
a sua campanha contaminada pelo financiamento do regime russo de que o seu partido beneficia há largos
anos. E, por toda a Europa, a situação
repetiu-se: nos extremos da esquerda e da direita, Putin
havia comprado aliados, unidos pelo objectivo comum de enfraquecer as
democracias e as instituições europeias. A invasão da Ucrânia pela Rússia tornou insustentável
essa relação — e esses aliados de Putin têm sido ostracizados.
Agora,
imagine o seguinte: e se esses aliados, em vez de estarem nas franjas
anti-sistema dos Estados europeus, estivessem mesmo no centro do sistema
político (nos partidos de governo, nas maiores empresas nacionais, nos sectores
estruturais das economias europeias) — quão limitada estaria a resposta dos
Estados europeus contra o inimigo? A questão não tem de ser tão
abstracta: para colorir a imaginação, bastará
pensar na ambição da China e na dependência que países como Portugal têm
actualmente do financiamento de Pequim.
A China é o 5º país que mais investe em Portugal — os EUA
estão em 8º lugar. À frente
da China, só Espanha, França, Reino Unido e empresas portuguesas sediadas no
estrangeiro. Não é um
acaso, mas sim tratamento privilegiado: Portugal está no topo dos países europeus onde a China
mais investe. E, ao contrário de Espanha ou França, o peso do
investimento chinês concentra-se em sectores estratégicos, como os da
electricidade, água e gás, em virtude da posição da China Three Gorges na EDP e
da Fosun na REN. Na mesma
linha, a China viu no Porto de Sines um ponto-chave da sua “Rota
Marítima da Seda”, que visa ligar os portos chineses ao resto do mundo
e alargar o alcance das exportações de produtos chineses — e Portugal, desde o
início, demonstrou-se disponível para entregar Sines aos chineses (veja-se, por
exemplo, como Marcelo e Costa já abordaram a questão). Nos
Açores, fala-se da possibilidade de aquisição chinesa do
porto da Vitória, com
vista a colocar a China no centro das redes mundiais de energia. As visitas de
altos responsáveis chineses aos Açores ilustram esse interesse.
Os exemplos multiplicam-se noutros
sectores, como o sistema financeiro ou a saúde. E, ao mesmo ritmo alucinante a
que cresce a influência do capital chinês em Portugal, aumentam as preocupações
internacionais. Em 2019, Portugal foi descrito na imprensa
internacional como um
cavalo de Tróia da China, instalado no coração da UE. Dando conteúdo a essas inquietações internacionais,
o primeiro-ministro António
Costa interveio
frequentemente em defesa do investimento chinês, nomeadamente em entrevista ao
Financial Times,
justificando o valor estratégico das parcerias com a China. No mês passado, António Costa insistiu e pediu o reforço da
cooperação de Portugal com a China. Ora, nos EUA
e na UE, a apreensão é cada vez mais evidente. Recorde-se
que, em 2020, a pressão dos EUA manifestou-se de forma explícita: o
embaixador norte-americano em Lisboa avisou que
Portugal teria de escolher entre os EUA e a China. Consequentemente, em vários
negócios em áreas estratégicas, os EUA ponderam entrar para assim travar a
expansão da China.
Como
quase sempre sucede, o dinheiro manda em quem olha apenas para o curto prazo. Mas, como a história nos relembrou na recente
invasão da Ucrânia pela Rússia, o dinheiro das autocracias compra dependências
que, mais tarde, saem caras. Por isso, talvez devêssemos discutir, fazer
perguntas e exigir explicações às autoridades portuguesas sobre a relação com a
China — antes que chegue o dia em que lamentaremos o silêncio.
CHINA MUNDO DIPLOMACIA ECONOMIA
COMENTÁRIOS:
Otavio Luso: Tenho que reconhecer o meu imperdoável
desconhecimento: em que empresas é que os USA investem em Portugal? Será que
algum leitor ou mesmo o autor do artigo me podiam esclarecer? Maria Reisinho: Vejo muita gente a ir buscar o
Ex-Primeiro Ministro Passos Coelho de boa memória para muitos, com excepção
para os que se vendem por subsídios de caca. Porém nunca se lembram de quem
trouxe a troika 3 vezes para Portugal. Gente de fraca memória que levarão mais
cedo ou mais tarde Portugal de novo á bancarrota. Afinal os políticos
mais não fazem que, em nosso nome, estender a mão a Bruxelas, naturalmente que
de pouco tem servido porque, esse dinheiro não tem servido para as melhorias
necessárias, e mais do que evidentes aos olhos até dos mais “cegos” que, com
certeza, não será a banda da esquerda. Tenho muita pena deste pobre país
cheio de políticos corruptos e de um povo malandro, com as devidas excepções
que, naturalmente são poucas, e certamente voaram para outros países uma vez
que não querem viver na mediocridade o resto da vida, tal como eu fiz vai fazer
40 anos fugindo da primeira troika com que a governação socialista nos
presenteou poucos anos depois do 25 de Abril. Filipe Costa: Podem-me corrigir, mas a
participação chinesa na EDP é de 19% e na REN de 17%, controlam o quê? Ze Portugal > Filipe Costa:
...controlam tudo! Paulo Silva:
Portugal já
estava no bolso quando baixou as calças na primeira visita do Dalai Lama. O
PCP, que deve ter mesa, roupa e cama lavada em Pequim, ficava de trombas e amuava
a um canto, e o Cenoura acedia a Pequim… Agora que o país está mesmo preso
pelos to… tes, é que as alminhas vêm pedir actos de heroísmo. No início de 2015
poucochinho Costa disse que Portugal estava “muito diferente”, (para melhor),
mas não agradeceu a Passos Coelho nem aos portugueses pelo esforço. Foi aos
chineses.
João Ramos: Com governantes incompetentes e pedinchões não há
volta a dar, quem nos oferece dinheiro é para onde vamos, não passamos disso,
um dia virá o reverso da medalha e vamos ver no que isso dá, neste momento já
temos um exemplo flagrante, o caso da Ucrânia, vamos ver se aprendemos alguma
com isso… mas infelizmente duvido… D. Quixote: Homem Cristo sempre com uma
volta de atraso... Não aprendeu nada com o caso angolano... E que tal a coragem para propor
o corte de relações (ou pelo menos a sua redução substancial para começar) com
tudo o que seja estado não democrático e/ou que não respeite o estado de
direito e as cartas fundamentais da ONU?!... G. Silva: Quando alguém está falido,
normalmente, não olha à origem do dinheiro que lhe oferecem. E este país está
falido há muito tempo. Podia ser a China, podia ser outro país qualquer. A
China tem sido o que oferece mais dinheiro (porque tem tesouraria). Carlos Figueiredo: A única questão que está errada
no título, é que ele já não tem ponto de interrogação, mas sim um ponto final.
É triste, mas é a realidade. Quem detém hoje a REN e a EDP? Filipe Costa > Carlos
Figueiredo: Os chinocas, nem 20% de cada. Maria
Reisinho: Haverá sempre
silêncio quando a maioria do povo português bate na mesma tecla “Passos Coelho
“, é mais fácil e não obriga a ir atrás de respostas a outro lado, na medida em
que o povo português prefere o silêncio, prefere manter a política sempre no
mesmo estado, prefere fechar os olhos a tudo o que vai acontecendo na governação
pós-passos coelho. Até se poderiam perguntar, já passaram anos suficientes para
vermos sinais positivos, afinal a troika foi uma má herança deixada a Passos
Coelho pela governação socialista. Até poderiam andar mais para trás e pensar “
cada vez que Portugal cai nas lonas foi pela “bela” governação de socialistas”.
Mas a ignorância é tanta que só se lembram do Passos Coelho. Ou essa atitude é
pura ignorância, maldade ou medo de perderem os subsídios. Eu como não recebo
nenhum estou á vontade para falar.
josé maria:1 de maio de 2012. Sob assistência da troika, o Governo de Passos Coelho
celebra a venda de 21,35% da EDP à China Three Gorges (CTG), formalizando a
entrada da empresa estatal chinesa na elétrica portuguesa. Ainda hoje, 10 anos
volvidos, vão surgindo acusações de que Portugal entregou a Pequim o controlo
de um ativo estratégico nacional. Expresso, 8/5/2022, Interessa, AHC? Só agora se
lembrou da cedência da posição estratégica da EDP? Andava distraído em 2012? Tiago Amendoeira:
Quem é que vendeu a EDP aos
chineses, quem? advoga
diabo: Tem tudo a ver o imenso Portugal
dependente da China, dona de meio mundo, inclusive mais de 5% do tesouro dos
EUA!, e a camisa de forças em que estão os vizinhos da Rússia por dependência
energética... Carlos Gonçalves: Muito bem! Bom, bom é o bolso americano. É quentinho e
a administração americana não promove guerras em lado nenhum. Maria Augusta > Carlos
Gonçalves: Existe uma diferença ENORME e fundamental que não está
ao alcance de um qualquer xuxo-comuna: os EUA são uma grande Democracia com
muitos defeitos - Quem não os tem? - e a China é uma ditadura comunista.... António Monteiro >
Carlos
Gonçalves: Enxergas muito pouco. Joaquim Formiga > Maria
Augusta: Sem dúvida uma democracia. Muito permeável a lobby
nomeadamente lobby das armas e das farmacêuticas. Mas está a caminhar para a
Chinificação com estes democratas, até já tem uma ministra da verdade. Só
espero que os republicanos não deixem que isso aconteça. Os comunas adoram
impingir as suas ideias aos outros. Carlos Chaves: Caríssimo Alexandre Homem Cristo, este seu artigo é
mais que oportuno, obrigado.
Este é mais um exemplo de que em Portugal a maioria dos órgãos de comunicação
social (neste caso excepto o Observador) não cumpre a sua função de pôr a
debate assuntos como este de importância vital para o posicionamento de
Portugal no mundo. Todos têm culpa no cartório da esquerda à direita passando
pela Presidência da República, mas uns têm mais culpa que outros. Além dos
casos que muito bem mencionou como na energia (EDP/REN) os
socialistas/comunistas ((através da ANACOM) até nos meteram na polémica do 5G
quando querem optar pela tecnologia Chinesa (Huawey) em detrimento da Norte
Americana/Europeia levantando enormes preocupações em relação à nossa ciber segurança.
E tudo isto andou e anda a ser feito nas nossas costas com a colaboração da
nossa pseudo independente comunicação social. Pedromi: Até que enfim que vejo alguém (jornalista) a tocar
neste assunto! 👏👏👏 bento guerra: O dinheiro não tem pátria. Pode é ser roubado e estamos
a ver disso nas "respeitáveis" instituições internacionais Hipo Tanso: A ambição de poder dessa gente que diz governar o país
não hesitará se for necessário entregar a nossa soberania por inteiro. Cabral Paula > Hipo Tanso: Não
podem, foi entregue a Bruxelas. Pontifex Maximus: O melhor é fazer a pergunta ao Passos Coelho, esse
grande estadista que por aqui se chora baba e ranho para voltar pois foi ele o
responsável por se ter vendido tudo e mais alguma coisa ao Partido Comunista da
China ao preço da uva mijona em nome das directrizes europeias (o Estado
português não podia ter a Golden Share na EDO, embora nunca explicasse por que
razão a Alemanha ou a França podiam, tinham e têm), da dívida que o PS e o PSD
criaram (que estava lá e sabia muito bem que continuaria pois € 5 mil milhões
não faziam diferença nenhuma) ou, quiçá, desconfio eu, de uns euros caídos
inesperadamente no bolso de alguém…
Otavio Luso > Pontifex
Maximus: Mas o deputado europeu no qual votou não lhe explicou
porque é que a Alemanha e a França podiam ... Não lhe explicou também porque é que veio a troika e
quais as exigências? Ahmed Gany > Pontifex
Maximus: E a Manuela Ferreira Leite que hipotecou os créditos
fiscais da segurança social ao Citigroup sem consultar o IGF. O
Malandro da Ópera: Portugal já
está aos bocadinhos, espalhado por vários bolsos, no da China, no dos EUA e no
da UE. Resta-nos a
satisfação de quão grandes já fomos... Alberto Rei: Como o Alexandre diz no penúltimo parágrafo, aquilo não
foi um aviso, mas sim uma ameaça dos EUA Alberto Rei > Alberto Rei: Isso é que é
condicionar a política externa de um país ! isto são "os americanos",
aqueles que não têm interesses na Ucrânia Paul C. Rosado: Deste tema importantíssimo pouco se fala. Quer a
esquerda, quer alguma direita, têm culpas no cartório. Uns apoiam na esperança
de que a China venha a enfraquecer o sistema capitalista ocidental e assim
acelerar a revolução. Outros porque colocar fábricas na China para utilizar
escravos é excelente negócio e vender empresas por cá aos chineses, também.
Precisamos de políticos que defendam verdadeiramente o Ocidente. E só da
direita poderão chegar. Mas não podem é voltar às negociatas com Chinas e
Venezuelas. Para isso temos a esquerda. Carlos Silva E
os poltugueses adolam ! Nuno
Filipe: E os “portugueses” traidores à pátria que
defendem a China provocando desemprego e pouca paz social em Portugal, porque
não são desmascarados? E identificados? É porque não são os seus negócios
boicotados? Fazem-se
manifestações pelo futebol e pelos reality shows mas é que tal “abrir a boca”
para falar do que realmente faz mossa ao final do mês e também no longo prazo
por causa das decisões “económicas “ dos traidores… vivemos em “Vichy” e não
sabemos. <- sim a referência é mesmo aos traidores colaboracionistas. O Malandro da Ópera > Nuno Filipe: "porque
não são os seus negócios boicotados?" Porque se se proibisse qualquer
empresário de fazer negócios com quem quer que seja, no caso que aponta: com a
China, estar-se-ia a ser mais chinês que os próprios chineses. A liberdade de escolha não é um pressuposto garantido no liberalismo? joão reis > Nuno Filipe: Qual seria/é a sua sugestão de negócio para Portugal deixar de 'depender'
da China ? Pontifex
Maximus > Nuno Filipe: Não são boicotados porque precisamos de clicar no interruptor e ter
electricidade a funcionar e as alternativas são meras ficções para se dizer que
vivemos num mercado concorrencial, esta é a miserável razão para isto, Pedro Lisboa: Portugal já está no bolso da
China 🇨🇳,graças ao Nr 44 e ao vendedor de bazar. O
povo acéfalo e bovinizado continua a votar no PS. joão
reis > Pedro Lisboa: Você chegou a
Portugal recentemente? ou não quer olhar para o 'retrovisor'? João Floriano: Portugal
socialista, pobre de mão estendida, estará sempre no bolso de alguém. Cabral Paula: A China investiu em Portugal num momento em que nem os
brasileiros nos emprestavam dinheiro. Não cuspa na sopa!
Nuno Filipe > Cabral Paula: Os escravos
romanos também recebiam comida dos donos, isso não mudava a sua situação,
continuavam a ser escravos. E sim o exemplo é premente. Otavio Luso >Nuno Filipe: Imagino que a
sua empresa não negoceia com os chineses nem se deslocalizou para o oriente.
Estou certo não estou? Cabral
Paula > Nuno Filipe: Os
chineses trabalharam pelo dinheiro que têm, ao contrário dos romanos que faziam
os escravos trabalhar por eles. Não vejo razão nenhuma para desconfiar dos
chineses agora, nós não temos problemas com chineses, nós não temos problemas
com ninguém, porque é que raio é que temos que andar a arranjar inimigos se nos
damos todos bem? Andrade QB: Costa e Marcelo até a mãe
venderiam para satisfazer as suas ambições políticas. Infelizmente, lá no
fundo, lá no fundo, muita eleitor está de acordo com eles quando se babam com
as oportunidades de negócio trazidas pela pandemia (agricultura) ou pela
invasão da Ucrânia (turismo e captação do investimento que iria para o Leste).
Pedir proteção ao ocidente e vender a alma aos chineses faz parte da maneira de
ser dos melhores do mundo. FME: A China está para Portugal como os comunistas para
António Costa. É tudo uma questão de sobrevivência. Américo Silva: Não há qualquer problema, a UE, quando lhe apetecer,
nacionaliza tudo o que for chinês, nem precisa que haja guerra.
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