domingo, 29 de maio de 2022

As costas quentes do Costa


Ou, em versão cristianizada: “Venha a Nós o vosso reino”, com a respectiva troca das maiúsculas, segundo a arte governativa. Helena Matos, como sempre, após as evidências de uma pesquisa resultante da sua “clara mente”, assim conclui com brilhantismo. O reino está seguro para quem o pediu e obteve. Só nos resta o Amen, da nossa anuência convictamente deferente.

A eleição de Luís Montenegro e a contratatação de Rui Tavares

Luís Montenegro e Rui Tavares são os novos líderes da oposição. O primeiro porque lidera o principal partido da oposição. O segundo porque para tal foi seleccionado

HELENA MATOS Colunista do Observador

OBSERVADOR; 29 mai 2022, 04:4515

Enquanto o PS aprovava a fraude anedótica das alterações ao OE propostas pelo Livre, PSD, BE e PCP partilhavam a impotência perante o poder do PS. Mais precisamente viam como à esquerda o Governo não se limita a esmagar a oposição, inventa-a. E como à direita impõe regras de um jogo viciado.

Comecemos pela esquerda. Para insuflar Rui Tavares, o PS prestou-se a uma farsa na discussão deste Orçamento do Estado: impavidamente os socialistas aprovaram medidas que já existiam – caso do conforto térmico e do IVA dos produtos de higiene menstrualdeixando que Rui Tavares as apresentasse como pioneiras e suas. Esta ficção política deixou o BE e o PCP a nadar em seco. Os parceiros da geringonça, sobretudo o BE, foram descartados e não sabem o que fazer consigo mesmos.

Já para fragilizar Luís Montenegro, o PS vai buscar o Chega. Obviamente aos socialistas não chegava rearrumar a esquerda. E aí, na neutralização do PSD, o Chega desempenha um papel crucial não tanto pelos votos que conseguiu (e são muitos) mas sim porque o PS, ao mesmo tempo que dá uma importância desmesurada ao partido de Ventura, institui para o PSD o tabu Chega. Quanto mais votos tiver o Chega e quanto mais tempo levar o líder do PSD, seja ele qual for, a explicar que nunca teve nem terá contactos com o Chega, melhor para o PS. A isto juntem-se os jogos de Marcelo e o ensimesmamento obstinado de Rui Rio e percebe-se facilmente porque passou o PSD de partido que discute o futuro do país a partido que discute se tem lugar nesse futuro.

A invenção da oposição, caso do Livre, e a definição das opções que esta pode tomar (relação PSD-Chega) são sintomáticas do poder socialista. Inquestionável.

Os maquinistas do Metro de Lisboa (ML) são claustrofóbicos? Não digo todos, mas alguns? Tenho fortes razões para crer que sim. Senão vejamos, a empresa Metro de Lisboa emprega 260 maquinistas. Um número manifestamente exagerado mesmo tendo em conta o crescimento das linhas. Note-se contudo que, dentro em breve, estes 260 maquinistas passarão a quase trezentos, pois, após várias greves e ameaças de greve, o Governo entendeu por bem que se vão contratar mais maquinistas. Afinal estão aí os arraiais à porta e uma greve nesses dias é algo que António Costa não está preparado pera enfrentar. Já era esta a sua resposta à contestação na CML e é agora a sua forma de calar os protestos laborais. A factura como de costuma segue para o contribuinte. Mas o mais interessante destes dados é que constatamos que o número de maquinistas ao serviço do Metro de Lisboa aumenta ao mesmo tempo que diminui o número de passageiros transportados pela empresa. Já se sabe que em 2020 e em 2021 o número de passageiros diminuiu em consequência da pandemia: em 2020 o ML perdeu 50,7%  dos passageiros, ou seja mais de metade. Em 2021 perdeu ainda mais passageiros: transportou menos 7,6% do que em 2020. E quando se esperava que 2022 o ML apresentasse uma recuperação significativa, constata-se que no Metro de Lisboa a recuperação de passageiros acontece de forma muitos mais lenta que nas outras outras empresas de transportes, a começar pela Metro do Porto. O número de passageiros transportados nos primeiros quatro meses deste ano pela ML está 28% abaixo do mesmo período no ano de 2019. Nada que se compare, por exemplo, com o Metro do Porto, onde esta percentagem é de 6%, Tendo em conta a degradação do serviço prestado pelo Metro de Lisboa, mais a perturbação introduzida pelas greves e anúncios de greve, importa-se o senhor ministro do Ambiente e da Acção Climática de vir explicar qual a razão para obrigar o contribuinte a sustentar uma empresa com tão mau desempenho? E já agora de caminho assumir que está sob a tutela do seu ministério, dito de Acção Climática, uma das empresas que mais contribui para a utilização do automóvel individual a saber o Metro de Lisboa.

GOVERNO  POLÍTICA  METRO DE LISBOA  TRANSPORTES PÚBLICOS  TRANSPORTES  PAÍS  LUÍS MONTENEGRO  RUI TAVARES

COMENTÁRIOS:

Lidia Santos; Helena Matos não foram só o PSD, o PCP e o Bloco que partilharam a impotência perante o absoluto PS.Não acha que a Iniciativa Liberal e o Chega também foram bloqueados? porque não fala neles? Influência do Observador?              José Paulo C Castro: Há uma relação verificável de causalidade entre os anos de poder socialista e a degradação das contas e realidade económica do país. Curiosamente, os media nunca realçam esta relação, talvez por dependência mútua. Esta anestesia mediática é a verdadeira face do jogo político socialista, que lhe permite promover e despromover quem quer aos olhos dos portugueses. Sem combater isto, não se combate nada. Apenas se é usado. A luta faz-se nas redações. Proibir publicidade institucional em meios privados era a primeira medida. Esses privados teriam de se diferenciar das agências oficiais para sobreviverem na sua quota de mercado. Só daqui a 4 anos, suponho...       Dr. Feelgood: Olá e adeus, pois parece que d'hoje em diante, doravante e para o futuro isto por aqui vai ser uma espécie de coito interrompido em virtude das novas regras anti-falência. Como não dou para esse peditório apresento os meus comprimentos, larguras e alturas. Os novos " patronos " que vos sustentem.            FME > Dr. Feelgood: Fazer por aqui uns comentários não deixa de ser um vício. A lógica é que depois de viciados já não conseguimos deixar a droga. Treta, quando os vícios batem de frente contra uma parede, partem-se. Também vou fazer uma pausa. A situação é propícia a pausas. Governo maioritário, extinção do Covid, saturação da guerra, PSD na mesma, e os temas dos artigos sem novidade nem criatividade. Fico-me pelas manhãs na Rádio Observador que continuam imperdíveis sempre que posso, apesar de no verão, terem muito mais concorrência. Cumprimentos a todos      Dr. FeelgoodFME: Interpretou mais ou menos a metáfora do " coito interrompido ". A questão não é fazermos um comentário para matar o bicho, é apenas termos acesso a metade do artigo que nos impulsiona a intervir. Cuidado com os tímpanos.           António Lamas: Brilhante como sempre. Obrigado MHM. Já o escrevi. Tavares anda deslumbrado com a importância que Costa lhe dá. Coitado, ainda não percebeu que para ele, Costa, não passa de um bibelot piroso para pôr em cima da televisão               Cisca Impllit > António Lamas: É mesmo!          Dr. Feelgood > António Lamas: Com origem nas Caldas, I suppose....

 

Nenhum comentário: