A santa afinidade entre o poder político
e o religioso na Rússia, admirável de
zelo apostólico conjunto, no ataque ao Mal, sem querer olhar para o monstruoso
do que pratica.
▲Cirilo
I lidera a maior Igreja Ortodoxa do mundo, o Patriarcado de Moscovo, com 90
milhões de fiéis GETTY
IMAGES
Patriarca Cirilo I. O bispo amigo de
Putin que terá passado pelo KGB e que está na mira das sanções europeias
Nasceu Vladimir, pensou estudar física e acredita-se
que colaborou com o KGB, o que o terá ajudado a subir na carreira eclesiástica.
Quem é Cirilo I, o Patriarca de Moscovo na mira das sanções da UE?
OBSERVADOR, 05
mai 2022, 18:044
“Qualquer
guerra tem de ter armas e ideias. Nesta guerra, o Kremlin forneceu as armas e
acredito que a Igreja está a fornecer as ideias.” As palavras são do padre ortodoxo ucraniano Cyril
Hovorun, professor
de eclesiologia, relações internacionais e ecumenismo na Universidade de
Estocolmo, ao jornal norte-americano The
Washington Post — e
resumem de modo particularmente incisivo as relações entre o regime de Vladimir
Putin e a Igreja Ortodoxa Russa.
Há
vários anos que o Patriarcado
de Moscovo, a maior Igreja Ortodoxa do mundo, com 90 milhões de fiéis, tem vindo a usar a sua enorme influência popular para consolidar
junto do povo russo a narrativa de que o Kremlin está empenhado num esforço
sagrado de combate contra um Ocidente perverso e moralmente fracassado, com o
objetivo de defender os valores tradicionais do Cristianismo. Vladimir Putin não hesitou em associar-se a esta
narrativa, repetindo vários argumentos religiosos e apoiando-se
na Igreja Ortodoxa para justificar a guerra na Ucrânia.
No
centro da Igreja Ortodoxa Russa está um homem controverso: o Patriarca Cirilo I, uma
figura com um passado como informador do KGB que lidera o Patriarcado de
Moscovo desde 2009 e que se transformou num dos homens mais poderosos do
círculo de Vladimir Putin. Apesar das suas pontes para o Ocidente — foi ele
quem, em 2016, quebrou o historial de um milénio sem contactos com Roma, ao
reunir-se com o Papa Francisco em Cuba —, Cirilo I está novamente de costas
voltadas para o Ocidente depois de se ter envolvido numa troca de acusações com o líder da Igreja Católica.
▲ Cirilo I é um dos grandes
aliados de Vladimir Putin GETTY IMAGES
Índice
No mesmo dia em que a Igreja Ortodoxa
reagia em tom crítico à forma como Francisco se referiu à conversa com Cirilo
I, em março (e que levou ao esfriar das relações), o Politico escrevia
que o líder religioso russo estava na mira de Bruxelas quanto ao alargamento
da lista de indivíduos russos que serão alvo de sanções em retaliação pela
invasão russa da Ucrânia. Documentos
internos citados pelo jornal europeu caracterizam Cirilo I como “um dos mais proeminentes apoiantes da
agressão militar russa contra a Ucrânia” e como uma das principais vozes
envolvidas na difusão da retórica de guerra de Putin.
O
Politico não descreve o tipo de sanções que a Comissão Europeia
pretende aplicar ao Patriarca Cirilo, no âmbito do sexto pacote de medidas
aplicadas a figuras de relevo associadas ao regime de Vladimir Putin. E a verdade é que não há informações oficiais
disponíveis sobre todo o património detido pelo líder da Igreja Ortodoxa.
Mas, ao longo dos anos, várias investigações jornalísticas foram procurando
levantar esse véu, com destaque para
um trabalho do jornal Proekt.
Um artigo publicado em 2020 apontava para um património imobiliário, em Moscovo e noutros pontos da
Rússia, avaliado em cerca de 225 milhões de rublos — ou 3,2 milhões de euros.
Mas já no ano anterior o Novaya Gazeta apontava a outro
valor, resultado de uma investigação mais alargada ao universo do
líder da Igreja Ortodoxa: uma fortuna de entre 3.800 e 7.600 milhões de euros,
se considerados os negócios na área da joalharia, petróleo e pescas, além do
património móvel de Cirilo I. Realidades e valores que o Patriarca de Moscovo
foi sempre negando.
Agora, Bruxelas juntou-o ao rol de
milionários, políticos, militares e instituições na mira das sanções aplicadas
ao regime de Vladmir Putin, um universo em que Cirilo se
consolidou como uma das figuras de maior destaque. Quem é,
afinal, o Patriarca de Moscovo?
Do seminário ao KGB
Cirilo
I nasceu em novembro de 1946 em
Leninegrado — o nome da cidade de São Petersburgo durante o tempo da União
Soviética — e foi batizado como Vladimir Mikhailovich Gundyaev. A teologia
ortodoxa seria o caminho natural, uma vez que era esse o percurso da sua
família, como conta a biografia oficial do Patriarca. O
pai, Mikhail, era sacerdote. O avô, Vasiliy, também. E o seu irmão mais velho,
Nikolay, seguiria a mesma via.
Aos
16 anos de idade, enquanto frequentava o ensino secundário, o jovem Gundyaev
trabalhou como cartógrafo para a administração geológica soviética e
ainda pensou estudar Física na Universidade de Leninegrado — mas esse desvio da
teologia durou poucos anos, por influência do irmão mais velho. Em 1965,
entrou no Seminário de Teologia de Leninegrado, onde se graduou com distinção
em 1970. Um ano antes de receber a primeira ordenação diaconal, Gundyaev
adoptou aquele que seria o seu nome religioso daí em diante: Cirilo.
A
partir da ordenação, Cirilo percorreu uma carreira religiosa que o levou a
praticamente todos os lugares de poder dentro da hierarquia da Igreja Ortodoxa
Russa. Foi professor universitário de teologia, representante do Patriarcado
de Moscovo no Conselho Mundial de Igrejas em Geneva, bispo e arcebispo antes
de, em 1989, ser nomeado para liderar o departamento de relações exteriores do
Patriarcado — um dos lugares de maior relevo da estrutura ortodoxa russa e
frequentemente apontado como o lugar do sucessor do Patriarca.
Em
2009, tornou-se no primeiro Patriarca de Moscovo eleito após a queda da
União Soviética, recebendo o título de Cirilo
I e sucedendo no lugar a Alexey II, que
havia sido eleito em 1990.
Durante a sua pujante carreira
religiosa, Cirilo terá tido uma vida dupla como informador — ou mesmo espião —
do KGB, a polícia secreta soviética, de acordo com relatos que vieram a público
ao longo dos últimos vinte anos comprometendo não só o atual Patriarca de
Moscovo mas também o seu antecessor e várias outras importantes figuras da
hierarquia ortodoxa russa.
Os primeiros
indícios de que o antigo Patriarca de Moscovo, Alexey II, teria sido um informador
do KGB surgiram no início da década de 1990, quando o primeiro
Presidente russo pós-URSS, Boris
Yeltsin, permitiu
que uma comissão parlamentar tivesse acesso a partes dos arquivos soviéticos. A
investigação durou pouco tempo, mas o padre ortodoxo Gleb Yakunin, um
dissidente do Patriarcado de Moscovo que entretanto se tornara deputado,
afirmou ter encontrado várias referências ao agente “Drozdov”, o nome de código
do antigo Patriarca ortodoxo.
Mais tarde, em 1999, um documento encontrado na Estónia trouxe a confirmação final de que Alexey
não tinha sido apenas um mero informador, mas um verdadeiro agente do KGB, tal
como vários outros padres e bispos ortodoxos, cujas promoções na carreira
eclesiástica teriam sido aceleradas com a ajuda da polícia secreta.
As suspeitas viriam, depois, a recair
também sobre Cirilo I, que durante anos foi o braço direito de Alexey II antes
de ser eleito Patriarca.
▲ Vladimir
Putin participa regularmente em celebrações ortodoxas junto a Cirilo I GETTY IMAGES
“De acordo com material dos arquivos
soviéticos, Cirilo foi um agente do KGB (tal como Alexey). Isto significa que
ele foi mais do que um mero informador, dos quais havia milhões na União
Soviética. Era um agente activo da organização”, escreveu em 2009, a propósito
da eleição de Cirilo I como Patriarca, o historiador norte-americano David Satter,
especialista na história da União Soviética e da Rússia. “Nem Cirilo nem Alexey
alguma vez reconheceram ou pediram perdão pelos seus laços com as agências de
segurança.”
Uma luta do bem contra o mal
A história da Igreja Ortodoxa Russa é
antiga e complexa. O Cristianismo
chegou no final do século X àquela região (na altura sem grandes fronteiras que
dividissem aquilo que hoje corresponde à Ucrânia, Bielorrússia e Rússia)
oriundo do sul, de Constantinopla, pouco antes do grande cisma que dividiu o
mundo cristão entre Ocidente e Oriente. A comunidade
cristã foi elevada à dignidade de Patriarcado autónomo já no século XVI,
durante a Rússia dos czares, junto da qual a Igreja Ortodoxa foi sempre
bastante influente. Em 1721, o
czar Pedro I proclamou-se imperador e inaugurou o
Império Russo — e quis acabar com a influência eclesiástica no regime.
Se, até então, a Igreja Ortodoxa Russa era liderada pelo Patriarca de Moscovo, a
partir daí o imperador quis acabar com a influência eclesiástica externa no
regime político de Moscovo e cessou a
autonomia da Igreja em relação ao Estado. Pedro, o Grande destituiu
o Patriarca e criou um Santo Sínodo, um organismo dirigido por um leigo,
para governar a Igreja a partir do Estado. A
promiscuidade total entre a Igreja Ortodoxa e o Império Russo perdurou até 1917
— e a partir daí a Igreja foi largamente reprimida pela doutrina
ateísta da União Soviética.
A
queda da União Soviética, em 1991, abriu
as portas a um ressurgimento da Igreja Ortodoxa, que encontrou novamente espaço
para se afirmar como elemento central da identidade russa. A partir de 2000, já com a Rússia sob a liderança de
Vladimir Putin, o peso da Igreja Ortodoxa Russa foi reforçado e a instituição
aproximou-se gradualmente do poder político, tornando-se numa ferramenta útil a
Putin na sua busca pela recuperação do império perdido.
O Presidente russo encontrou na
narrativa da Igreja Ortodoxa Russa um argumentário adequado à justificação das
suas pretensões militares e territoriais — e encontrou no Patriarca Cirilo I um
parceiro à altura.
Tal como Putin tem procurado enquadrar
a sua política externa como uma de defesa da integridade russa contra o
expansionismo militar do Ocidente que ameaça a sua sobrevivência, também Cirilo
I tem usado uma versão religiosa do mesmo discurso, classificando o embate
entre a Rússia e o Ocidente como uma luta do bem contra o mal.
Este
posicionamento não é novo. No mesmo artigo de 2009,
o historiador americano David
Satter lembrava como
já em 2006, antes de ser eleito
Patriarca de Moscovo, o então metropolita Cirilo já falava publicamente contra
o Ocidente, afirmando que as democracias ocidentais agiam como
“ditaduras” na imposição de direitos como a homossexualidade ou a eutanásia,
contrários à doutrina ortodoxa. O
agora Patriarca voltaria a este tema já depois de a Rússia ter invadido a
Ucrânia, num sermão dominical em Moscovo no início de março: “As paradas do
orgulho gay são concebidas para demonstrar que o pecado é uma variação do
comportamento humano. É por isso que, para se juntar ao clube desses países
[ocidentais], é preciso ter uma parada do orgulho gay.”
Cirilo
I afirmava mesmo que este era um argumento que justificava a operação militar
russa na Ucrânia. “Há oito
anos que tem havido tentativas de destruir o que existe em Donbass. Em Donbass há
uma rejeição, uma rejeição fundamental, dos chamados valores que são oferecidos
por aqueles que alegam deter o poder mundial.”
Com uma enorme influência espiritual
sobre os cerca de 90 milhões de fiéis (cerca de dois terços da população do
país), a Igreja Ortodoxa Russa tornou-se numa peça-chave para a difusão da
narrativa de Vladimir Putin junto da população russa. Ao classificar insistentemente o Ocidente como um
sinal do demónio que tem de ser duramente combatido pelos esforços sagrados de
uma Rússia apostada em defender os valores tradicionais, Cirilo I usa os seus sermões para criar na população
russa a ideia de que a guerra na Ucrânia é um acto de Deus em defesa do bem
contra o mal — e leva
os seus padres e bispos a fazer o mesmo.
A 6
de março deste ano, quando a Rússia já tinha invadido a Ucrânia e aberto as
portas à guerra na Europa, o
Patriarca Cirilo I falou em Moscovo sobre o lugar ocupado por esta guerra num
plano mais alargado. “Entrámos numa luta que tem um significado não físico, mas
metafísico”, disse o líder ortodoxo russo.
“Hoje
há um teste à lealdade a esta nova ordem mundial, uma espécie de passaporte
para esse mundo ‘feliz’, um mundo de consumo excessivo, o mundo da falsa
‘liberdade’. Sabem que teste é este? É um teste muito simples e ao mesmo
tempo terrível — a parada gay”, continuou, sugerindo que o povo de Donbass
estava a sofrer a fúria do Ocidente por recusar a realização de paradas gay
e que a Rússia tinha de libertar aquelas populações. Cinco anos antes, em
2017, Cirilo I tinha ido mais longe e comparado as leis
dos países europeus que permitem o casamento entre pessoas do mesmo sexo com as
leis “imorais” da Alemanha nazi.
Este
foco de Cirilo I nos valores tradicionais da família e da moral cristã foi
instrumental para que Putin se aproximasse da Igreja Ortodoxa e consolidasse a
ideia de uma Igreja nacional, em que os valores da pátria e da religião se
confundem — e em que a defesa de uma é a defesa da outra. Basta olhar para o que têm sido as decisões políticas
de Putin nestas matérias, proibindo a “propaganda das relações sexuais
não-tradicionais”, formalizando a proibição dos casamentos homossexuais ou até descriminalizando
a violência doméstica.
O “acólito de Putin”
O discurso de Cirilo I não é novo, mas
intensificou-se desde que a Rússia invadiu a Ucrânia. O Patriarca de Moscovo tem-se multiplicado em elogios à
ofensiva militar russa e aos soldados de Moscovo, tendo inclusivamente
presidido a celebrações de bênção dos militares, onde apelou a que a inspiração
divina descesse sobre os “jovens soldados que fazem o juramento e embarcam no
caminho da defesa da pátria”. Dentro da própria Igreja Ortodoxa Russa, este
posicionamento a favor da guerra na Ucrânia já está a causar desconforto: em
março, quase 200 clérigos ortodoxos
publicaram uma carta aberta pedindo a Cirilo I que se
pronunciasse publicamente contra a guerra na Ucrânia.
No
plano internacional, Cirilo I chegou a ser equacionado como um interlocutor de excelência para uma possível mediação bem sucedida do conflito. Por um
lado, é um dos aliados mais poderosos de Putin — e um dos homens com maior
influência sobre o Presidente russo. Mas,
por outro lado, Cirilo I vinha desde a sua eleição em 2009 a trilhar um caminho
de aproximação ao Vaticano, com quem os ortodoxos estão de costas voltadas
desde o século XI.
Em
2016, por exemplo, o Patriarca Cirilo I e o Papa Francisco reuniram-se no
aeroporto de Havana, em Cuba, naquela que foi a primeira vez que um Patriarca
de Moscovo e um Papa católico se encontraram (no que toca ao diálogo ecuménico,
Moscovo era até então o patriarcado ortodoxo mais reticente em estabelecer o
contacto com Roma). Desse encontro nasceu uma relação de maior
proximidade entre Roma e Moscovo, entretanto confirmada por encontros de nível
mais baixo entre outras figuras das hierarquias católica e ortodoxa.
▲O Papa Francisco e o Patriarca
Cirilo I reuniram-se em Cuba em 2016
GAMMA-RAPHO VIA GETTY IMAGES
Mesmo
quando, em 2018, o mundo
ortodoxo entrou em cisma, a relação entre Cirilo I e Francisco
manteve-se à tona de água. Na altura, a decisão do Patriarca de Constantinopla, o primus inter pares dos
ortodoxos, de reconhecer
a independência de uma Igreja Ortodoxa Ucraniana (deixando de aceitar a
soberania religiosa de Moscovo sobre aquele território) levou o Patriarca de
Moscovo a romper as ligações com Constantinopla, partindo o universo ortodoxo em
dois. Ainda assim, Roma e Moscovo continuaram a comunicar — e, quando estalou a
guerra na Ucrânia, foi até colocada em cima da mesa a possibilidade de
uma intervenção
diplomática do Papa Francisco junto de Cirilo I poder
contribuir para serenar a crise.
Mas
Cirilo I recusou intervir em nome da paz, continuando a posicionar-se incondicionalmente
do lado de Vladimir Putin. Nos últimos dias, as relações entre Francisco e
Cirilo I parecem ter azedado de vez.
No
centro da discórdia está o modo como ambos os líderes religiosos retrataram o
que aconteceu durante o seu segundo encontro, que decorreu em março através de
videoconferência e que levaria à mais recente troca de argumentos em público.
Na altura, Moscovo e Vaticano tinham divulgado dois comunicados com as suas
versões do diálogo.
“A
conversa incluiu uma discussão detalhada da situação em solo ucraniano. Foi
dada atenção especial aos aspetos humanitários da actual crise e às acções da
Igreja Ortodoxa Russa e da Igreja Católica Romana para ultrapassar as suas
consequências”, lia-se no comunicado do Patriarcado de Moscovo. “As duas partes
sublinharam a importância primordial do actual processo de negociação,
expressando a esperança de que uma paz justa possa ser alcançada o mais
rapidamente possível.”
Segundo
o comunicado do Vaticano, os dois líderes concordaram que “a
Igreja não deve usar a linguagem da política, mas a linguagem de Jesus” — e
discutiram “o papel dos cristãos e dos seus pastores para fazerem todos os
possíveis para garantir que a paz prevalece”. O Papa Francisco disse a
Cirilo que ambos teriam de assumir o seu papel como líderes cristãos e
acrescentou: “Houve um tempo, até nas nossas Igrejas, em que as pessoas
falavam de guerra santa ou guerra justa. Hoje, não podemos falar assim. Foi
desenvolvida uma noção cristã da importância da paz.”
Mais
recentemente, porém, o Papa Francisco deu uma
entrevista ao jornal italiano “Corriere della Sera “na
qual descreveu num tom mais duro a conversa com Cirilo I. Segundo Francisco,
os primeiros 20 minutos da conversa foram passados por Cirilo I a dar
“justificações” para a guerra na Ucrânia. O Papa considerou ainda que “o
Patriarca não se pode considerar no acólito de Putin” — palavras que caíram mal
em Moscovo.
Num
comunicado
publicado esta semana, o Patriarcado de Moscovo considerou
“lamentável que um mês e meio depois da conversa com o Patriarca Cirilo, o
Papa Francisco tenha escolhido um tom errado para relatar esta conversa”. E
acrescentou: “Declarações destas dificilmente contribuem para que se
estabeleça um diálogo construtivo entre as Igrejas Católica Romana e Ortodoxa
Russa, que é particularmente necessário neste momento.”
GUERRA NA
UCRÂNIA UCRÂNIA EUROPA MUNDO ASSEMBLEIA DA
REPÚBLICA
COMENTÁRIOS:
Rui Mendes: As
relações de proximidade entre a Igreja Católica e a Igreja Ortodoxa Russa, após
muitos séculos de separação e incompreensão mútua, são um desenvolvimento
recente. Começou ainda com tentativas do Papa João Paulo II, com Bento XVI
deram-se passos extraordinários, com o Papa Francisco o processo
intensificou-se. O Vaticano e o Patriarcado de Moscovo têm colaborado em muitos
fóruns internacionais, religiosos ou não. Muitos vezes de forma que é incómoda
para parte da "actual cultura dominante" (em temas como a defesa
da Família, dos Cristãos perseguidos, das Igrejas Orientais, e das lutas contra
o Aborto e a Eutanásia). Não é por acaso que tem aparecido estes ataques
infames ao Patriarca Kirill, q obviamente não são partilhados pelo Papa. Penso
q a proposta de sancionar o Patriarca Kirill é impossível de ser aprovada. A UE
tem mts países de tradição/religião Ortodoxa (Grécia, Bulgária, Roménia,
Chipre, além de outros países com minorias Ortodoxas significativas). Haver
quem pondere que ao "Cancelamento" da Rússia a nivel económico,
financeiro, cultural, científico, desportivo, etc... se deve associar/adicionar
a "dimensão religiosa" é inclassificável. Perseguição religiosa no
século XXI promovida pelas instituições políticas da UE. RUSSOFOBIA
😞😞🙏‼️: O
Papa tem sido bastante coerente e firme na defesa da Paz. Em denunciar, como
absurdo que se fale apenas em proporcionar mais e mais armamento... em vez de
que haja incentivos sérios, por parte da Europa, para negociações que conduzam
à Paz. Mas teve uma ingenuidade inacreditável na entrevista q deu... acabou por
dar oportunidade para q se discuta sancionar (pela UE) o líder religioso dos
Ortodoxos Russos (o Papa da Igreja Ortodoxa Russa). A maior igreja ortodoxa,
com muitas centenas de milhar de fiéis na UE. Que passou por momentos mt
difíceis no século XX. Com milhões de perseguidos e mártires. Mais do que
durante as perseguições aos cristãos no império romano. A UE, sem qq
vergonha, tirou o tapete ao Papa - q é completamente contra a que haja qq tipo
de ação semelhante, quase a reproduzir páginas mt traumáticas do Grande Cisma
entre Católicos e Ortodoxos. Luís
Abrantes: KGB
encapotado…!!!
Álvaro dos Santos: Não
sei quem é mas sei o que representa. Representa
cerca de 100 milhões de crentes em Cristo na Rússia e mais alguns milhões
espalhados pelo mundo.
bento guerra: Só
me interessa a opinião" isenta" do Milhazes Luís
Abrantes > bento guerra: É bom que aprenda com quem sabe…!!!
Nenhum comentário:
Postar um comentário