Como afirma Madalena Meyer Resende? Mas há homens na Ucrânia que dão os seus corpos para
que o não seja, e mulheres também. As notícias de ontem, colocadas a seguir,
mostram essa força, mas foram ontem. Os comentadores do texto de MMR não discordam dele, mas somos todos comentadores de
sofá, o “che sarà” da velha canção da Doris Day, restricta ao futuro, da
curiosidade pessoal, nada tem a ver com o “che sarà” que nos pomos hoje, sobre
o desconhecido aterrador que se prepara.
A escalada da guerra da Ucrânia
A expansão do conflito para a Europa
Central está em curso. Para evitar a escalada para um confronto global, o
regresso a uma retórica de contenção por todos os aliados é uma prioridade.
MADALENA MEYER RESENDE, Departamento
de Estudos Políticos. Faculdade de Ciências Sociais e Humanas – NOVA FCSH
OBSERVADOR, 06 mai
2022, 00:15
O perigo de expansão da guerra da Ucrânia
para um conflito mais vasto está à vista, tanto no perímetro regional da Europa
Central, como no contexto global. As
visitas de Nancy Pelosi a Kyiv e do Comandante das forças armadas russas Valeri
Gerassimov à frente de batalha na passada semana demonstram como, sem
perspetiva de negociação a curto prazo, os dois lados se predispõem a uma
escalada na guerra. A consolidação da narrativa das democracias versus estados
autoritários – e a evocação da Segunda Grande Guerra – é evidência da
trajetória da guerra.
A expansão da guerra na Europa Central
O
primeiro sinal da vontade de expansão do conflito por parte da Rússia é a intensificação
dos bombardeamentos de cidades ucranianas longe dos combates no terreno, sem
qualquer objetivo militar ou estratégico. Esta é uma estratégia
de punição a quem resista à Rússia, e uma forma de impedir a
reconstrução da Ucrânia – um dos
objectivos de Zelensky a que o Ocidente mais tem atendido.
Também a vizinha Moldávia se tornou
alvo de desestabilização, depois do anúncio da sua intenção de aderir à União
Europeia. As explosões
na república
separatista da Transnístria,
povoada pela Rússia, presumem-se serem “de falsa bandeira russa” e
servirem para justificar a intervenção russa. Apesar de a Rússia não dispor de tropas suficientes
para tentar anexar a Transnístria, a decisão mais fácil para o Kremlin
seria reconhecer uma declaração Transnistriana de independência.
Por
fim, o anúncio pelo Presidente Bielorusso Aleksandr
Lukashenko de que tenciona formar com a Rússia uma “União de Estados soberanos“, a que se
poderão juntar outras antigas repúblicas soviéticas, aponta para o caminho da
formação de uma “Grande Rússia”.
Este é, presumivelmente, o mecanismo
de integração das partes da Ucrânia, da Geórgia e da Moldávia ocupadas pela
Rússia. Seria a versão
minimalista da formação de um império.
Face a
esta investida, os países da Europa Central – exceto a
Hungria – reforçam o compromisso da sua pertença ao campo
ocidental. Por um lado, mostram-se cada vez mais frios face à
China, infligindo uma morte lenta à cooperação entre os estados da região
no formato “16+1”, que celebra este ano o seu 10º aniversário. Por outro lado, a activação esta semana pela UE do
mecanismo de Estado de Direito em relação à Hungria, que poderá resultar na
suspensão dos fundos de Recuperação e Resiliência a este país, demonstra que o
eixo Varsóvia-Budapeste está morto e que a Polónia poderá estar a negociar com
Bruxelas uma solução para o conflito em relação às violações do Estado de
Direito.
A escalada da guerra para o contexto
global
No
contexto internacional mais vasto, os holofotes viram-se para o discurso de Putin no dia 9 de Maio. A retórica
russa é concomitante com a escalada ocidental. Se o Secretário de Defesa Americano Lloyd
Austin anunciou que o objetivo dos EUA é o de enfraquecer a
Rússia e Boris Johnson evoca Churchill, espera-se que Putin declare uma
terceira fase nas operações militares, cujo objetivo é um confronto mais amplo
contra a NATO. Putin tem ultimamente concentrado a sua retórica no
apoio militar internacional à Ucrânia como casus belli para uma Terceira Guerra
Mundial. Igualmente possível é o anúncio de uma mobilização geral – potencialmente mais 150.000 soldados russos. Mesmo
que esta seja uma medida impopular e de último recurso, preconiza uma maior
prontidão militar, assim como uma maior
probabilidade de confronto direto entre a NATO e a Rússia.
Concluindo,
a actual trajectória é insustentável. Apesar de estarmos longe de um
cenário de Terceira Guerra Mundial, a expansão do conflito para a Europa
Central está em curso. Para evitar a escalada para um confronto global, o
regresso a uma retórica congruente com a estratégia de contenção por todos os
aliados é uma prioridade.
CAFÉ EUROPA UNIÃO
EUROPEIA EUROPA MUNDO GUERRA NA
UCRÂNIA UCRÂNIA
Pedro Lisboa: Enquanto o
Putin não for com os porcos 🐷 … a guerra continuará. José Dias: Pelos vistos quem apoie posições de contenção e diálogo
é de imediato insultado e ameaçado com as penas do inferno ... o mundo, pelo
menos o das "redes ditas sociais", está pejado de combatentes de sofá
cheios de bravatas e estratégias e certezas. Como não há coincidências, o
ambiente criado não acontece por acaso que os interesses em jogo são mesmo
muitos! A campanha massiva e continuada de desumanização de todos os que se
"distinguem" por ter nascido no interior das fronteiras do que é
chamado de Rússia não tem absolutamente nada de inocente e menos ainda de
espontâneo ... Carlos
Silva: Cara Madalena, Mas que grande novidade. Qualquer
"cegueta" vê que isto não vai parar tão cedo. E o "dedinho"
da China terá grande influência !
Notícias ao Minuto
(de ontem) no OBSERVADOR:
EUA. Putin "falhou" objectivos iniciais, diz
ex-conselheiro de segurança
O general considera que a Rússia tem
problemas que não conseguirá resolver em poucas semanas.
"Todas as suposições em que
Putin baseou a invasão revelaram-se falsas", disse Herbert McMaster em
declarações à Sky News.
O general e conselheiro de segurança
nacional dos EUA aponta especificamente o falhanço na tomada de Kyiv e Odessa,
atacadas durante a primeira fase da guerra, e considera ainda que a ofensiva no
leste da Ucrânia também deverá falhar e que a Ucrânia irá lançar uma
contraofensiva.
Ao contrário do que se tem declarado,
o ex-conselheiro norte-americano admite que é possível que o presidente russo
possa declarar formalmente guerra contra a Ucrânia no Dia da Vitória, já a 9 de
maio - quando a Rússia assinala a capitulação nazi na Segunda Guerra Mundial.
Ainda assim, o general considera que a
Rússia tem problemas que não conseguirá resolver em poucas semanas.
A Ucrânia tem resistido aos ataques
russos, com Putin a falhar a conquista das maiores cidades.
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