- “Necessárias e suficientes” - para
deslindar as actuações quer do PC quer de outros muitos – entre os demais
partidos, e especialmente o de António Costa – face à actuação do ditador russo
no presente contexto de razia étnica: é o que nos apresenta a excelente crónica
de Rui Ramos.
Porque é que o PCP não condena Putin?
Muita gente tem interesse em não ver o
que o PCP é. É essa impunidade que alimenta a sua ousadia: por mais que pactue
com Putin, nunca será demonizado como o Chega, que até condenou Putin.
RUI RAMOS Colunista do Observador
OBSERVADOR, 29 abr
2022
Há
uma coisa que toda a gente percebe: quando o PCP, em vez de condenar a Rússia,
condena genericamente a “guerra”, está a alinhar com a Rússia, porque numa
guerra em que há um agressor, tudo o que seja fingir imparcialidade, não é
prudência, mas apoio a quem começou a guerra. Mas há outra coisa que nem toda a
gente percebe: porque é que o PCP se expõe a tanta abjecção por causa da
Rússia? No tempo da União Soviética, ainda se percebia: era o clubismo
comunista. Mas Putin não é comunista. “Continuo a não perceber”, confessava
ontem a ministra Ana Catarina Mendes.
Mas nem é necessário suspeitar de
dependências secretas da Rússia para perceber o PCP. Basta ter em
conta o que o PCP quer ser. O PCP
quer ser um partido que ocupa posições e tem poder nesta democracia: quer ter
deputados, câmaras municipais, sindicatos, etc. Mas o PCP não quer reconhecer
que os fundamentos da actual democracia — o pluralismo partidário, o Estado de
direito ou a economia de mercado — têm tanto valor em si próprios, que nenhum
objectivo político é válido se os colocar em causa. Para o PCP, o “comunismo” está acima do pluralismo
partidário, do Estado de direito e, claro, da economia de mercado. O PCP é, como
Álvaro Cunhal fazia questão de lembrar, “um partido revolucionário”: um partido
que disputa eleições legalmente, mas cuja razão de ser é a revolução, isto é, a
destruição do “capitalismo”. O PCP sabe
que não está próximo desse dia. Mas nem por isso quer deixar de ser
revolucionário. Putin,
seja qual for a sua filosofia, contesta a ordem mundial que impede revoluções
como as que o PCP deseja. Estar com Putin, que não é comunista, pode parecer
contraditório. Mas estar contra Putin seria estar com quem não deixa a
revolução comunista acontecer, e isso seria ainda mais contraditório.
Não é um suicídio? Não
necessariamente. O PCP
perdeu, entre as eleições de 2015 e de 2022, metade do seu eleitorado. Há quem
argumente que perdeu votos por ter deixado de sustentar o governo socialista.
Mas a maior queda eleitoral ocorreu entre 2015 e 2019, enquanto foi fiel ao PS.
É provável que os comunistas acreditem que o afastamento dos seus eleitores
tenha sido causado, não pela retirada de apoio ao PS, mas pelo apoio ao PS, na
medida em que terá identificado o PCP com causas que os socialistas podem
representar de um modo mais efectivo, tornando o PCP dispensável. Estar com a Rússia, quando os outros partidos parecem
estar com a Ucrânia, é mostrar que há coisas de que só o PCP é capaz. Dir-me-ão: sim, mas são coisas que tornam o PCP
inelegível. Têm a certeza? Na primeira volta das presidenciais francesas, Le Pen,
Mélenchon e Zemmour, todos com um passado de aplauso a Putin, reuniram 52,3%
dos votos. O fundo de revolta e de iconoclastia que, no Ocidente, suscita votos
contra o “sistema”, não está exausto. É óbvio que o PCP calcula que vale a pena sujeitar-se
às invectivas gerais para explorar esse fundo. Há gente escandalizada com isso?
Mas essa gente votaria PCP se, por acaso, o PCP excomungasse Putin?
Para
perceber os comunistas, há finalmente este aspecto a considerar: a quantidade de gente que pergunta: como é
possível o PCP agarrar-se ao ditador Putin? Ana Catarina Mendes
confessa-se “absolutamente perplexa”. Mas a perplexidade que neste caso faz
sentido é outra: como é possível alguém ainda esperar que o PCP optasse, em
qualquer conflito, pelo lado onde está o “imperialismo americano”? Como é
possível que, perante a fidelidade do PCP à memória da ditadura soviética e às
ditaduras de Cuba ou da Coreia do Norte, ainda haja pessoas que acreditem que a decência impediria o
PCP de condenar a NATO em vez de Putin? O PCP pode
ser o que é porque demasiada gente tem interesse em não ver o que o PCP é. Essa impunidade alimenta a sua ousadia: por mais que
pactue com Putin, sabe que nunca será demonizado como o Chega, que até condenou
o ditador russo. Em 1975, Mário Soares resistiu à instalação de um
regime militar sob influência comunista. Mas entre 2015 e 2021, o PS governou
arrimado ao PCP. Conveio
então dizer que era um partido como os outros. Não era nem é. E quem quis
perceber isso não precisou da guerra da Ucrânia. Aos que não quiseram perceber
é que talvez dê jeito agora fazer de perplexos.
GUERRA NA
UCRÂNIA UCRÂNIA EUROPA MUNDO PCP POLÍTICA VLADIMIR
PUTIN RÚSSIA
COMENTÁRIOS:
Jorge Tavares: Este artigo desmonta e arrasa completamente a "argumentação" do troll de serviço, que é tão fiel à verdade quanto Vladimir
Putin.
Freddy G: Porque
é que havia de condenar? Melhor, porque é que havia de centrar o discurso na crítica, já que se
ainda sei ler as opiniões dos próprios, não apoiaram o apoiaram, e esquecer,
como fazem os bons à maneira dos cheganos, que um conflito surge porque duas ou
mais vontades em conflito podem escalar até aí e que o belicismo não é via para
a paz. O cálculo racional da estratégia é uma coisa -consegue tornar menos
violentas as guerras - enquanto o belicismo é uma espécie de chafurdar porcino
na miséria humana. Mariana
Silva: Está na hora de
limpar a AR e manter os partidos verdadeiramente democráticos. O PCP não é um deles. Ah Pois: Para mim é óbvio, o que induz em erro na apreciação é a
palavra "Putin". O
PCP não apoia Putin, o PCP apoia a Rússia o que é totalmente diferente. Putin é um obstáculo ao PCP, mas a invasão é apoiada
pelo segundo maior partido da Rússia, que é o Partido Comunista da Rússia. Portanto, todos os partidos europeus de extrema-esquerda
apoiam a Rússia. Alguns
podem pedir para acabar com a guerra, pedir para apoiar os refugiados, ou
outras nuances, mas nenhum condena a Rússia. O resultado desta guerra, caso a
Rússia ganhe, poderá levar a um reforço do movimento comunista internacional. Não por culpa de Putin, que é anti-comunista e sempre
quis a integração com o Ocidente. Mas
por culpa do próprio Ocidente. Se
a Rússia perder, podemos não estar cá para contar como foi. Vasquez da Gama > Ah Pois: Os comunistas apoiam a antiga URSS e pensam que a
Russia também. O que não perceberam é que o comunismo está hoje a lutar pelo
seu futuro na Ucrania. Eles estão com os globalistas da NU e OMS, etc a apoiar
a Ucrania! E vão perder. P.S. O Putin vai dar cabo desses comunas. Geiger Dieter: O PCP não condena Putin porque depende dos dinheiros
que ele lhes manda. Putin é o benfeitor do PCP. Freddy G > Geiger Dieter: Gostava, já que o afirma com grande certeza, que
apresentasse indícios consistentes e fizesse queixa junto do MP. Penso que é
proibido financiamento estrangeiro aos partidos. João Alves: A perplexidade de Ana Catarina Mendes após seis anos de
convívio íntimo com o PCP é pura hipocrisia. E tanto assim é que António Costa e demais colegas
presentes na AR, entre os quais, penso, a sobredita perplexa, se recusaram a
aplaudir o discurso de Zelensky, para não desagradar ao futuro dirigente da
Eurásia (do Norte), de Lisboa a Vladivostok, (Ras)Putine. Talvez que António
Costa aspire a um lugar de liderança numa futura UE integrada nesse espaço
geoestratégico, a fim de lhe conferir um certo tom euro-asiático. pedro santos > João Alves: Pondo de parte as hipóteses improváveis de ser por
ignorância ou até por ingenuidade, também tenho para mim que só pode ser pura
hipocrisia, assim como a de outra "perplexa" deputada, Isabel Moreira.
Mas o não terem aplaudido o discurso de Zelensky foi por uma mera questão de
protocolo: os membros do governo nunca aplaudem os discursos proferidos por
entidades estrangeiras no parlamento. De resto, por muito que se desgoste do
governo, e é o meu caso, nesta matéria, o apoio de Portugal à Ucrânica tem sido
inequívoco.
João Alves > pedro santos: Todavia, era uma reunião extraordinária da AR numa
ocasião especial, em que todos os presentes se levantaram e aplaudiram,
nomeadamente o PR e os que estavam nas galerias, com violação do protocolo e
sem que o Presidente da AR interviesse para repor a ordem. Inequívoco,
inequívoco, mas com algumas restrições. pedro santos > João Alves: Sim, o que diz tem razão de ser, não viria mal ao mundo
por isso se o tivessem feito. Só entendi dever expor o que vi na televisão como
razão para não terem aplaudido o discurso de Zelensky, por sinal, fraquinho,
mas isso são já outras contas... J Sm: Rui Ramos lamento dizer duas coisas que um historiador
deveria saber - o PCP não condena Putin porque não pode apoiar a NATO e a sua
política imperialista; a segunda coisa que por certo lhe escapou é que existe
uma guerra civil há oito anos. Manuel Cabral > J Sm: De
que «guerra civil» está a falar? «Oito anos»? Quer dizer que a Rússia e a
Ucrânia estão em «guerra civil» desde 2014? Uma «guerra civil»? Isso é o que
diz o Putin e a sua corja de ditadores treinados desde o tempo do KGB... Mas há
mais de 100 anos que a Ucrânia lutava para ser independente e já então foi esmagada
pela Rússia na altura de Lenine e mais tarde de novo esmagada por Estaline!
Quanto ao PCP, «não pode apoiar a NATO» e o imperialismo norte-amnericano?
Coitadinho: se não pode, arreie! Vasquez da Gama > Manuel Cabral: Há mais de 100 anos que a Ucrânia luta por quê? A Ucrânia
não existe há 100 anos existe desde 1990 e foi criada contra a vontade da Rússia. António Afonso: Resumindo: O PC não é nem nunca foi um partido
democrático. Apenas usa a democracia para a tentar destruir. Quem não sabe isto ao fim de tantos anos só pode ser
ignorante!
Cisca Impllit: Atavismo
e fascínio pelo imperialismo soviético, é o que é! E o comunismo sempre foi uma dinheirama para um
restrito conjunto que vivem como nababos, depois há os que fazem número, meio
remediados, e os que vivem bem mal! Atavismos! Patricio Guerreiro: As guerras também contêm pontos positivos, um deles
saído desta Guerra da Ucrânia é o PCP ter sido claramente exposto aos olhos dos
Eleitores como o Partido Antidemocrático que sempre foi. Só combateu a ditadura
Salazarista para a substituir por uma de cariz Estalinista. Estes são os factos
que estão em cima da mesa! Ana Paula Cabrita > Patricio Guerreiro: Como todos os outros. Nunca existiu democracia em
Portugal. Os cleptocratas portugueses não são melhores nem piores que os
"outros".
Rott Caputo > Patricio Guerreiro: E quebrar as colônias com umas independências
selectivas, lançando-as para uma miséria que perdura até os dias de hoje Nuno A:
Fernando Martins do Vale disse tudo. Não
há ilógica. Há sobrevivência material, são as fontes de financiamento que
esclareceriam num segundo as atitudes do PcP e do Trump Zé Cunha > Nuno A: E que tem a ver o Trump com este jurássico park pcp? Era bem melhor começar por todas as fontes de
financiamento de tds os políticos corruptos e seus partidos. O Trump é um bem sucedido homem de negócios.
Bilionário! O que não invalida que não seja corrupto também… antonio rodrigues >
Utilizador Removido: Caro sr. Na França a sra. Le Pen não votou comunista
mas até gosta de Putin
Calcule que até contraiu um um empréstimo volumoso para a sua campanha a um
banco russo ligado à oligarquia ""Putinista" Na Itália Salvini não votou comunista mas até gosta de
Putin a
ponto de ter sido vaiado na Polónia pois o presidente da Câmara onde estava
mostrou uma foto com o sr.Salvini vestido com uma camisola com a foto do sr.
Putin (em itália). O sr. tem na Europa milhões de adeptos do sr. Putin e todos
odeiam a esquerda comunista ou equivalente ao Bloco. Podemos expressar opiniões diversas. Ao contrário da Federação
Russa da Bielorússia Cuba Coreia do Norte China e dos pobres Países ex colónias
portuguesas que tiveram dirigentes formados na ex união soviética que falam
russo e têm explorado os povos com uma eficácia semelhante à
""putinista"" e os países da América Latina que tiveram
guerrilhas comunistas e ditaduras fingindo não ser comunistas Joaquim Moreira: Apesar de compreender os argumentos de Rui Ramos, não
sei se são estas as razões por que o PCP não condena Putin. Mas concordo
inteiramente com este ponto da situação: (...) entre 2015 e 2021, o PS
governou arrimado ao PCP. Conveio então dizer que era um partido como os
outros. Não era nem é. E quem quis perceber isso não precisou da guerra da
Ucrânia. Aos que não quiseram perceber é que talvez dê jeito agora fazer de
perplexos. Este o argumento que tem a minha compreensão! O PS é o único
culpado, por ter sido apoiado, pelo partido que sempre foi contra o mundo
civilizado. Que, como os países da NATO e da União Europeia, são democracias e
não ditaduras nem autocracias! Da
Grreite Rizete: O
PCP é o... PCP! Não muda e nesse sentido é coerente. Deve-se condenar Putin e
aí temos por aqui uns “democratas” que mantêm um olho aberto para escrutinar o
regime russo. Porém, quando se trata da Ucrânia, o outro olho já fica fechado.
Fingem não ver que, na “democracia” ucraniana afasta-se o PGR a “pedido” do
então VP dos EUA Joe “10% to the Big Guy” Biden, o que só prova que lá não
existe Estado de Direito nem separação de poderes. Por outro lado também não
querem ver que a Ucrânia é o único país “democrático” do Mundo que permite a
existência de grupos neonazis no seio das suas forças militares, os quais não
hesitam em ignorar a Convenção de Genebra no que toca a prisioneiros de guerra
e em utilizar civis como “escudos humanos” ou cometer sobre estes todo o tipo
de atrocidades e sevícias.
antonio rodrigues > Da Grreite Rizete:
Eleições na Rússia ah ah ah, Putin já foi
Presidente primeiro ministro e Presidente e pode alternar indefinidamente até
ir para junto dos que o seu poder já matou em Londres na Chechénia na Síria.
Recentemente morreram 6 oligarcas da mesma maneira. O que a sra designa como
neonazis é um pouco como os neoliberais o que são?? no caso que refere tiveram
poucos votos e não elegeram um único deputado nós não admitimos Partido Nazi
mas teriam alguns milhares de votos e daí?? Paulo Silva > Utilizador Removido: A Ucrânia já foi um capacho de Moscovo, e o sr. Putin
gostaria que assim continuasse, mas hoje é um Estado soberano e faz as alianças
com quem bem entender. O que o sr. diz é que os EUA também podem invadir Cuba
ou a Venezuela, é isso?!... É
sem nexo a comparação que fez, como sem nexo foi a sua resposta. Ficamos mesmo
é sem saber como reagiria se os EUA aplicassem a Cuba o mesmo tratamento que o
sr. Putin aplica à Ucrânia… Se eu fosse inteligente deduziria que ia anuir…
porque, lá está, é como diz, às portas de uma potência bola baixa. Mas como sou
burro sei que ficaria inconsolável... Claro que o mundo já mudou, mas quando interessa vai-se ao
passado, não é assim? Não sei em que
mundo vive o sr. Cesário, mas em Cuba não há misseis a voar pelos céus, sirenes
a tocar a toda a hora, milhões de deslocados, cidades arrasadas, aldeias
destruídas, massacres, violações de mulheres, idosos
e crianças, execuções sumárias, mortos, etc... Tá a ver diferença? Afinal quem
é que precisa de lentes, sr. Cesário?... E olhe, ser resort dos americanos é
melhor que caserna e soldadesca dos russos. Só
para acabar e rematar algumas pontas soltas. Indignou-se com uma deputada -
cujo país se encontra sob forte ataque militar - por esta ter chamado
‘terroristas’ aos seus, (separatistas, presumo). Disse também que nesse país
fecharam canais de televisão. Não foi? O que é isso comparado com um tirano que
se perpetua no poder há mais de 2 décadas, que persegue e mata os seus, e
prende os seus cujo crime é exibirem uma folha de papel em branco?!... Falou
também na ingerência de Washington. Mas essa, seja ela qual for, nunca pôs em
causa a integridade territorial da Ucrânia, acordada no Memorando de Budapeste.
A ingerência do Kremlin, sim, e quebrou-a. A Crimeia foi o primeiro passo.
Reitero. Afinal quem precisa de mudar as lentes?... julio Almeida:
Completamente de acordo com o cronista. E
penso que algum silenciamento do Chega e o tratamento de favor do PCP e do
Bloco minam, a prazo, a credibilidade de alguns órgãos de informação.
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