O Dr. Luís
Soares de Oliveira ironiza sobre as Marias governantes, a propósito da
eleição de Giorgia
Meloni na Itália, que Jorge
Fernandes vem defender. Cá entre nós também muitas mulheres se
salientaram, e cito M. Lurdes
Pintassilgo, mas refiro outras de quem gostei – Manuela Ferreira Leite e Maria Luís Albuquerque, que me
pareceram sempre bem aprumadas. Da Infopédia transcrevo alguns dados sobre a 1ª
Ministra MLP. Mas também de Golda Meir, que admirei. Como construtora de uma
nação.
Da INTERNET:
Maria de Lourdes Ruivo da Silva de Matos Pintasilgo GCC • GCIH • GCL (Abrantes, São João, 18 de janeiro de 1930 — Lisboa, 10 de julho de 2004) foi uma engenheira química, dirigente eclesial e política portuguesa. Foi a única mulher que desempenhou o cargo de primeira-ministra em Portugal, tendo chefiado o V Governo Constitucional, em funções de julho de 1979 a janeiro de 1980. Foi a segunda mulher a desempenhar o cargo de primeira-ministra na Europa, dois meses depois da tomada de posse de Margaret Thatcher no Reino Unido.
Golda Meir (em hebraico: גולדה מאיר; em árabe: جولدا مائير; nascida Golda Mabovitch) (Kiev, Império Russo, 3 de Maio de 1898 — Jerusalém, 8 de Dezembro de 1978) foi uma fundadora e Primeira-ministra do Estado de Israel. Emigrou para a Terra de Israel no ano de 1921, onde actuou no sindicato Histadrut e no partido trabalhista Mapai. Além de primeira embaixadora israelense, na extinta União Soviética, em 1948, ela foi Ministra do Interior, Ministra das Relações Exteriores, Ministra do Trabalho e secretária-geral do Mapai. Conhecida pela firmeza de suas convicções, estava à frente do Estado de Israel em seu momento mais dramático: a Guerra do Yom Kipur, na qual tropas egípcias e sírias atacaram Israel, cuja população estava distraída pelas comemorações do Dia do Perdão judaico. David Ben-Gurion, certa vez, disse, dela: "Golda Meir é o único homem do meu gabinete".
TEXTOS:
I - Do Facebook de LUIS SOARES
DE OLIVEIRA
Ontem às 11:38 : «Ao
ouvir a nova chefe do governo italiano, Giorgia Meloni, admito que não se trata de fascismo,
nem de populismo, mas tão-somente de Marianismo. A Itália aderiu finalmente ao MARIANISMO. A
França para lá caminha, a Alemanha já lá está e bem assim o UK. Quando
chegará a nossa vez ?»
COMENTÁRIOS:
Henrique Borges: Luis, nós estamos em coma profundo... José Correia Guedes: "Marianismo"? Lá vou ter que consultar o
doutor Google Maria João Correia: Que Marias no horizonte português?
II - Eleições italianas: Estão surpreendidos?
Eu não
Seria surpreendente que os eleitores
italianos, depois de experimentarem (quase) tudo ao longo dos últimos 20 anos
não acabassem por chegar ao momento em que iriam ceder à tentação das soluções
fáceis
JORGE FERNANDES OBSERVADOR, 28 set 2022,
No domingo à noite, a Europa
sofreu um novo abalo sísmico. Desta vez, num dos países fundadores da União
Europeia. A direita mais dura chegou ao poder em Itália com Giorgia Meloni a
preparar-se a ascender ao cargo de primeira-ministra. A confirmar-se, será a
primeira mulher de sempre na Europa do Sul a aceder a tal cargo depois de
eleições, um momento simbólico que não deve ser desvalorizado. Antes de continuar este artigo, noto aqui que vivi
durante cinco anos em Itália. Depois de já ter vivido noutras latitudes durante
vários anos, considero Itália o país mais maravilhoso do mundo. Isto não me habilita especialmente para falar sobre
as eleições neste país, até porque Itália, tal como o Brasil, não é para
principiantes. Habilita-me, no entanto, a dizer que, da minha experiência, Itália
não tem um quarto da população composta por xenófobos, misóginos e racistas.
Antes
de falar das causas próximas da eleição de Meloni, vejamos o contexto. Itália
está há vinte anos estagnada economicamente. Depois do milagre económico do
pós-guerra, que levou Itália a ser um dos países mais ricos e desenvolvidos do
mundo durante a segunda metade do século XX, os últimos vinte anos foram um desastre. Os dados económicos podem
surpreender. Até 2005, os dados do Banco Mundial
mostram que Itália era mais rica do que o
Reino Unido e era tão rica como a Alemanha, medidos em PIB per capita a preços
constantes em paridade de poder de compra. Desde então, o país tem vindo a perder lugares
relativos na União Europeia e a testemunhar a fuga de milhares de jovens que
partem para outros países em busca de oportunidades de emprego. Ainda
utilizando o medidor do Banco Mundial, Itália tem hoje uma posição não só
relativa, mas também absoluta pior do que no início dos anos 2000. O declínio
do estatuto de Itália e dos seus votantes é indesmentível.
Em
segundo lugar, a crise dos refugiados teve (e tem) um peso
desproporcional em Itália. A
União Europeia assinou em Dublin, em 1991, um tratado que visava o tratamento
comum dos refugiados. Todavia, na prática, quase todos os países, com a
excepção da Alemanha, deixaram Itália sozinha para lidar com os problemas na
fronteira sul. Recai sobre Itália todo o esforço financeiro, logístico e social
de receber a esmagadora maioria dos refugiados Africanos que tentam chegar à
Europa de barco. Em 2015,
a CNN realizou uma reportagem sobre
crianças que se prostituíam em redor de Roma Termini, a principal estação de
comboios de Roma, para pagarem as dívidas contraídas para cruzar o
Mediterrâneo. Apesar dos apelos continuados à solidariedade europeia, Itália
ouviu sempre um rotundo não, especialmente dos seus vizinhos franceses que,
agora, pela voz da primeira-ministra, aparecem preocupados com os direitos
humanos no país do Renascimento. A hipocrisia em todo o seu esplendor.
Em
terceiro lugar, os últimos anos viram despontar em Itália aquilo que poderemos
designar de tecno-democracia, isto é, uma democracia esvaziada da sua
componente popular e maioritária, na qual os eleitores escolhem os políticos
nas urnas. Pelo contrário, em dois momentos, com
a ascensão de Monti e, mais tarde, de Draghi, as forças exógenas da União
Europeia conseguiram colocar um primeiro-ministro no poder, o qual, apesar de
tolerado pelas duas câmaras do parlamento italiano, não emanava verdadeiramente
da vontade popular.
Face a este caldo de cultura, alguém fica espantado que uma
populista como Meloni, auxiliada por um geriátrico Berlusconi e por Salvini
ascenda ao poder? Pelo contrário, em minha opinião, seria surpreendente que os
eleitores italianos, depois de experimentarem (quase) tudo ao longo dos últimos
vinte anos, tirando a extrema-esquerda ex-comunista, não acabassem por chegar a
um momento em que iriam ceder à tentação das soluções fáceis. As eleições
de domingo foram analiticamente interessantes. Em primeiro lugar, tiveram a
mais baixa participação eleitoral da democracia italiana do pós-guerra, com
apenas 63,8% dos eleitores a irem às urnas. A descida da participação eleitoral
aponta para um desencanto com as soluções propostas e com a oferta partidária. Em
segundo lugar, pela primeira vez na história, as regiões da Toscana e da Emilia
Romagna têm uma maioria de direita. A perda destes bastiões históricos da
esquerda demonstra a nacionalização da vitória da direita nas eleições de domingo.
Finalmente,
como afirma Leonardo Carella, um cientista político italiano de Oxford, estas
eleições são, acima de tudo, de continuidade e não de ruptura. São a
continuidade da grande coligação social e política montada por Berlusconi e
Lega Nord, alicerçada no anti-comunismo, o desejo pela baixa de impostos, a
clivagem entre o Norte industrial e rico e o Sul pobre e agrícola, a luta
contra a mudança de valores e ainda a perda relativa de status, que tão bem foi
analisada pelos cientistas sociais na explicação do fenómeno Trump. Esta coligação teve já várias declinações. Em 1994,
2001 e 2008, Berlusconi ganhou as eleições com esta coligação eleitoral. Em
2022, Meloni articulou um discurso para mobilizar esta massa de eleitores,
prometendo mudança e um virar de página. Tal como os seus
antecessores, a mudança não chegará. E isso,
neste caso, é bom. Felizmente, Itália tem uma democracia e sociedade civis
suficientemente fortes e cheia de pontos de veto que impedirão grandes
aventuras e flutuações à la Orban.
ITÁLIA EUROPA MUNDO ELEIÇÕES POLÍTICA
COMENTÁRIOS:
Maria Clotilde Osório: A ver vamos. Nós por cá temos votado na esquerda ou no centro-esquerda e é
o que se vê. Primeiros dos últimos a caminhar para últimos. E não somos
governados há mais de 17 anos (em 20) por partidos de esquerda? E não aumenta
paulatinamente o índice de pobreza e de diferença social e económica entre os
portugueses? E estamos melhores? manuel rodrigues: Afinal as linhas vermelhas não
funcionaram e a "direita mais dura" chegou ao poder: "Eles"
passaram! .. A expressão "direita mais dura" é do
articulista. Acho interessante. Talvez a nossa direita fofinha aprenda alguma coisa.
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